James se virou para mim e relaxou um pouco. Muito pouco.
    -Acho melhor nós irmos para casa. Está ficando tarde.

    Ele botou o dinheiro do nosso lanche na mesa, me pegou pelo braço e me puxou pela porta lateral.

    Quando chegamos ao carro, ele já estava tenso de novo, mal fechou a porta já ligou o carro e acelerou. 
    -Quem é ele?
    Perguntei enquanto ele dirigia incrivelmente rápido pelas ruas.
    -Quem é quem?- Até parece que eu ia acreditar.
    -O cara com os olhos violetas! Eu sei que você o conhece, e nem tente dizer o contrário.
    -Não se preocupe com isso. Ele não é ninguém que você deveria se preocupar.
    -Como eu não devo me preocupar se ele apareceu no meu sonho, se é que pode chamar aquilo de sonho. Estava mais para um pesadelo.
    Por um momento ele parou para me olhar, desviando sua atenção da estrada.
    -O que aconteceu em seu sonho?
    -Ele estava... -Eu estava prestes a contar, quando percebi, pelo retrovisor que uma moto, estava nos seguindo. -Nós estamos sendo seguidos.
     James olhava pelo retrovisor e para frente freneticamente, aumentando a velocidade. Quando ele já estava a praticamente 160 km/h ele fez uma curva repentina para a direita, e eu jurava que iríamos capotar. 
    Não aconteceu nada, mas nosso perseguidor também havia conseguido fazer a curva. 
    Ele aumentava a velocidade, e fazia curvas perigosas, mas o homem violeta (meu novo apelido para ele) continuava nos seguindo, até que, ele sumiu.
   Depois de algum tempo rodando pelas ruas, paramos em frente à uma casa de dois andares, pintada toda de branco com alguns detalhes mais escuros,que eu não conseguia distinguir se eram verdes ou azuis por causa da escuridão.
    -Onde nós estamos? -Perguntei a James, mas ele não me respondeu, saiu do carro e em questões de segundos já estava ao meu lado abrindo a porta do carro. -Onde nós estamos? 
    Perguntei de novo, e ele não respondeu.
    Quando estávamos em frente à porta, ele me mandou entrar, mas eu fiquei parada.
    -Você realmente vai querer ficar aqui fora com aquele cara podendo te ver?
    Era um bom motivo para entrar, mas eu não sou tão fácil assim.
    -Eu não vou entrar até você me explicar onde estamos, e porque estamos aqui.
    Ele pareceu cogitar a idéia de me deixar ali fora, mas quando seu meio sorriso apareceu em seu rosto, eu sabia que ele não faria aquilo.
    -Faremos o seguinte, nós entramos e eu te explico o que posso, por enquanto. -Ele já estava se virando para entrar em casa quando me olhou, seu sorriso agora completo, e explicou:
    -Estamos em minha casa.
    


    A casa de James não era nada como eu esperava principalmente seu quarto. Não que eu fique imaginando como seria o quarto dele, mas quando encontramos paredes brancas, cama bem feita, com lençóis claros em um quarto de um garoto que tem aparência debad boy, acho meio estranho.
    Nos sentamos em sua cama, e depois de cinco minutos de silêncio mortal, eu não aguentava mais.
    -Então, você vai me contar o que aconteceu ou não? E seu tio? Ele não vai achar estranho você aparecer com uma garota aqui no meio da noite sem avisar nada?
    -Meu tio não está em casa, e mesmo se estivesse ele não acharia estranho.
    Porque ele deve aparecer com garotas sempre.
    Como se ele pudesse ler a minha mente, ele falou:
    -Não, eu não trago muitas garotas aqui, mas o meu tio gostaria, já que eu não apareço com ninguém, nunca. Mas então, sobre as explicações... Eu não posso te dizer nada por enquanto, tenho que resolver umas coisas antes, mas não se preocupe. Sobre o seu sonho, o que aconteceu?
    Eu contei tudo, e ele ouvia com bastante atenção, sem dizer nada. Quando terminei, ele simplesmente se levantou e falou que ia me deixar em casa.
    Chegando em casa, eu estava abrindo a porta para sair do carro quando ele segurou minha mão.
    Seu toque era macio e gelado, mas não era ruim. Fez com que um arrepio percorresse desde o meu pescoço até o final da minha coluna.
    -Amanhã eu vou deixar seu carro em sua garagem. -Ele falou pegando as minhas chaves que estavam penduradas em minha bolsa. -E Michelle, por favor, tenha cuidado.
    Era difícil se concentrar em dizer qualquer coisa inteligente com aqueles olhos me encarando então eu simplesmente fiz que sim com a cabeça. 
    Ele me soltou e logo meu mundo voltou ao normal.
    Saí do carro, abri a porta de casa, e todos já estavam dormindo, ou em algum outro lugar. Não me preocupei em procurar bilhete de ninguém, subi as escadas para o meu quarto e fui dormir.
    Tudo que eu sonhei foram olhos violetas me encarando com raiva e depois se transformando em olhos cor de mel, com uma expressão totalmente diferente. Amor.