Juramento de Sangue escrita por -strawberry


Capítulo 5
Meetings




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-Como ele chegou hoje e nós já estamos no meio da nossa coreografia, ele vai ficar só olhando por enquanto, e eu gostaria que alguma aluna o ajudasse depois das aulas, para ele conseguir se ajustar mais rápido.

Depois que a professora falou isso, várias mãos subiram, mas ele não parecia interessado em nenhuma delas. Na verdade, ele estava olhando fixamente para o chão.

-Michelle?

Hã?! Isso não vai ser bom.

-Sim professora.

Por favor, não me escolha!

-Você é uma de nossas melhores alunas, você poderia ajudá-lo?

Com isso ele levantou a cabeça. Só um pouco, para que eu pudesse ver os traços cor de mel por debaixo de seus cabelos e seu meio sorriso, agora ele estava gostando.

-Eu não sei professora, tenho andado um pouco atrasada na matéria da escola, não sei se vou conseguir.

Isso! A desculpa perfeita.

-Não tem problema, eu te ajudo com a matéria.

Não sei se foi só por que eu recusei, mas ele parecia bem disposto a fazer qualquer coisa para eu ajudá-lo.

-Nunca te vi na escola, como você vai me ajudar?- o que era verdade, ele não era da minha escola e provavelmente também não era da escola particular, as garotas teriam falado dele se fosse.

-Eu estudo em casa.

Foi tudo que ele disse pelo resto do dia. A professora não quis saber de nenhuma desculpa que eu dava e ficava repetindo que eu era a melhor e o próprio Sr. Daley havia falado que fazia questão que eu o ensinasse os passos. Ótimo momento para ser reconhecida na ‘carreira’.

No final da aula, arranjei uma sala que não iria ser utilizada para ensaiar. Combinamos que hoje ensaiaríamos e amanhã ele iria me ajudar com os deveres de física. Eu realmente espero que isso de certo. Se eu começar a tirar notas baixas meus pais vão querer me tirar do balé.

-Então... –falava enquanto procurava o CD dentro da mochila, pelo visto eu não estava com ele. Teremos que ensaiar sem música. –Onde você mora?

Eu sabia que não iria achar nada na mochila, mas se eu virasse pra ele, não teria coragem de continuar a conversa.

-Na Rua Emerson, perto da Ave. New Hampshire. Se não me engano, uma rua antes de você, certo?

Virei-me, ficando frente a frente com ele.

-Como você sabe onde moro?

Ele apenas deu mais um meio sorriso.

-Eu te vi ontem, esqueceu?

Na verdade, eu tinha esquecido sobre acontecimento no carro sim, mas como ele se mudou para uma rua antes da minha se não tinha nenhum caminhão de mudança?

Quer saber? Deixa pra lá.

-Parece que eu me esqueci do CD. Teremos que ensaiar sem música.

Nós ensaiamos por umas 2 horas, e ele conseguiu aprender os passos bem rápido, o que é bem incrível, já que a coreografia é um pouco longa.

Fui ao banheiro trocar de roupa para ir para casa.

Ninguém tinha reparado em meu pescoço, ou se repararam, não falaram nada. Botei minha calça jeans por cima do collant, uma jaqueta, troquei minhas sapatilhas por minhas botas de salto alto e, antes de colocar o cachecol e voltar pra lá me encontrar com ele, fiquei me olhando no espelho por alguns instantes, observando as marcas.

Calma Michelle. Talvez um bicho tenha te mordido.

Claro, um bicho que era humano, tinha olhos violetas e dentes afiados.

Finalmente coloquei meu cachecol, escondendo as marcas, pena que não conseguia esconder também as memórias que me lembravam que elas existiam.

Quando saí do banheiro, James estava encostado em uma parede, todo de preto como sempre, olhando para o chão, com seus cabelos caindo levemente sobre seus olhos.

Deveria estar o encarando, pois ele olhou pra mim e deu um sorrisinho meio suspeito, depois ele me olhou de cima a baixo e seu sorrio aumentou.

-Você demorou... Não conseguia achar o blush na bolsa?

-Não uso blush. -Falei séria, mas ele parecia não acreditar. –Acho que fica muito superficial.

     -Uma bailarina que não usa blush. Isso é novidade.

     Haha, muito engraçado.

    -Algum problema?

Minha voz saiu um pouco mais rude do que eu queria.

-Nenhum, acho legal você não ser superficial. -não sei muito bem porque mas esse comentário fez minhas bochechas queimarem. -Você tem que ir pra casa agora, ou podemos passar em um lugar antes?

Eu realmente tinha que ir pra casa, mas é impossível dizer não pra ele. Principalmente quando ele está olhando bem nos seus olhos. 

-Aonde nós vamos?

Perguntei no meio do caminho do estacionamento. Entramos em sua BMW preta que eu havia visto no primeiro dia e seguimos para o centro.

-Já ouviu falar da casa de jogos do Ro?

Todos já ouviram falar de lá.

Não que seja um lugar que eu freqüente, pelo contrário, meus pais me matariam se soubessem que eu estava indo pra lá.

-Claro que já. Você vai muito lá?

-Não muito, já que me mudei a pouco tempo, mas nas vezes que eu fui, achei bem legal.

O resto da viagem foi em silencio. Ele não me perguntou nada, e eu não conseguia achar a minha voz para perguntar qualquer coisa.

Quando entramos do lugar, comecei a tossir imediatamente. Parecia ter fumaça em tudo quanto era lugar. Não sabia que existiam tantas pessoas que fumavam reunidas em um único lugar.

No lugar tinham todos os tipos de jogos. Desde sinuca, até pegar bichinhos de pelúcia, e tinham pessoas de todos os tipos também.

Começamos a jogar totó e por mais que eu sempre me achei muito boa, ele conseguiu me vencer de 10x4. Humilhada, passamos para outro jogo.

Isso durou uma hora mais ou menos. Sentamo-nos em uma mesa, e começamos a conversar.

-Você é diferente Michelle.

Não sabia exatamente se isso era bom ou ruim.

-Diferente como?

-Por mais que você pareça ser metida, pelas suas roupas e pela sua popularidade, você não é assim. Muito pelo contrário.

-Obrigada. -tentei dar um meio sorriso igual ao dele, mas não é tão fácil assim. -Odeio quando as pessoas me confundem com as líderes de torcida. Na minha escola tem uma particularmente que me odeia, Stacey. Era minha amiga, até ter a chance de ser capitã da equipe. Desde então acha que nós estamos em um tipo de competição. Pena que ela está competindo sozinha.

-E aposto que mesmo ela competindo sozinha, ela ainda perde.

Minhas bochechas devem ter ficado roxas porque ele simplesmente abriu um sorriso magnífico.

E de repente tudo mudou.

Eu senti um arrepio desde o meu pescoço até o final de minhas costas.

Quando olhei para o fundo do salão, um garoto, mais ou menos da nossa idade estava encostado na parede, olhando diretamente para nós. Até aí tudo bem, mas quando eu reparei em seus olhos, gelei.

James percebeu a minha reação e quando se virou para ver o que era, percebi que ele também ficou tenso.

Um par de olhos violetas estava olhando diretamente para nós, com o mesmo sorriso medonho de meu sonho.


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