Juramento de Sangue escrita por -strawberry


Capítulo 2
Illusions




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O dia na escola demorou uma eternidade e mais um pouco. No último tempo, que deveria ter sido educação física, o diretor trocou por uma palestra sobre álcool e drogas. Ótimo.
    Assim que o último sinal tocou, saí rapidamente me despedindo de meus amigos e meu namorado e fui direto para meu carro. Não agüentaria nem mais um segundo nessa escola.
   
Fui parar em um restaurante à kg, precisava almoçar alguma coisa antes de ir para academia. Logo quando entrei senti o cheiro delicioso da comida e percebi o quanto estava com fome. Não havia comido no recreio.
    Peguei meu prato e coloquei tudo que tinha direito, me sentei em uma mesa perto da janela e comecei a comer.
     Enquanto eu estava com a cabeça baixa, preparando minha próxima garfada, senti um olhar fixado em mim, e quando olhei para o lado de fora da janela quase engasguei.
     Ao lado de uma BMW preta estava parado um garoto, da minha idade ou um pouco mais velho. Ele tinha cabelos muito escuros que assim como os meus faziam um belo contraste com a pele clara, mas a sua conseguia ser mais pálida do que a minha. Seus olhos eram castanhos quase mel e sua boca era carnuda com traços perfeitos. Ele olhava diretamente em meus olhos com um olhar triste e ao mesmo tempo reconfortante, mas assim que pisquei, ele havia desaparecido e a única coisa que eu via era a BMW preta.
    Devo estar enlouquecendo, falei para mim mesma e voltei a comer.
    Quando acabei, voltei para o meu carro e quando estava saindo do estacionamento percebi que a BMW também não estava mais lá. Vai ver era tudo minha imaginação... 
    Acabei chegando à academia cedo, então resolvi me trocar e começar a aquecer. Nenhuma amiga minha havia chegado ainda e não tinha quase ninguém no salão.
    Minha cabeça agora tinha além da preocupação com física e minha "meia ressaca" um garoto lindo que talvez só existisse na minha mente. 
    A única coisa que realmente conseguia tirar qualquer problema da minha cabeça, era a dança. Sem nem perceber, eu já estava dançando a coreografia de natal que faríamos no mês seguinte.
    Eu estava tão feliz ali, acompanhando a melodia que não estava realmente sendo tocada, que não percebi quando o diretor e produtor da academia entrou na sala.
    - Michelle?! -Perguntou Charlie Daley, me desconcentrando da coreografia-O que você está fazendo aqui sozinha?
    Olhei ao redor e realmente, as poucas pessoas que estavam ali a 10 minutos atrás haviam ido embora.
    -Estava ensaiando... E tentando esquecer um pouco os meus problemas.
    Falei com um sorriso meio tímido no rosto. Charlie devia ter uns 35 anos, mas parecia ser bem mais novo, e eu posso dizer, ele era bonito.
    -Sei bem como é... Você estava dançando muito bem, quem sabe na próxima temporada... -ele fez uma breve pausa e logo mudou de assunto-Enfim, todos então te esperando na outra sala.
    Com isso ele se virou e me deixou sozinha no salão. Olhei meu relógio e percebi que estava 20 minutos atrasa. Saí correndo e quando cheguei, todos estavam lá, no meio da coreografia. Pedi desculpas à professora e tomei meu lugar junto às outras garotas.
    Quando o ensaio terminou me reuni com minhas amigas para falar sobre a festa de ontem e dos acontecimentos de hoje com o Sr. Andrews e o "garoto misterioso". Elas não acharam que eu estava enlouquecendo, apenas pensavam que ele saiu de lá sem eu perceber.
    -Eu acho meio impossível alguém sumir em menos de dois segundos, mas se essa for a única possibilidade além de eu estar louca, que seja essa. -Falei brincando.
    As garotas foram embora e só restou eu e Kath, que iria voltar pra casa de carona comigo já que moramos na mesma rua.
    No caminho de casa, lembrei do que aconteceu com Charlie mais cedo e comentei com minha amiga.
    -Será que você vai ser a Prima Bailarina? Meu Deus, isso seria incrível!
    Kath falava animadamente sobre como seria ser a principal em uma peça, e eu não podia nem tentar convencê-la de que não era nada disso por que quando eu tentei, ela começou um discurso sobre como o pessimismo atrapalharia tudo.
    Nossa conversa chegou ao fim quando nós finalmente chegamos a sua casa. Parei ao lado da calçada e do nada, apareceu um garoto vindo em nossa direção.
    Antes que eu pudesse olhar direito para tentar reconhecê-lo, Kath, como sempre, começou a ficar histérica. 
    -Michelle, você está vendo aquilo? Que garoto lindo! -falou olhando para mim e para o garoto que agora estava mais perto- Eu estou bonita? Não quero sair do carro horrorosa. Seja lá quem ele for não quero causar uma má primeira impressão. 
    -Você está linda como sempre Kath... -assim que terminei de falar, ela abriu a porta para sair do carro, mas foi nessa hora que eu o reconheci, era impossível esquecer aquele rosto.
    Fechei a porta antes que ela conseguisse sair e ela ficou me encarando com uma expressão que nunca havia visto no rosto de Kath antes. Raiva.
    Não que ela nunca tenha se estressado comigo antes, mas é que ela é do tipo paz e amor, então ver essa emoção em sua cara me deu um pouco de medo. Mas naquele momento, eu não me importava com ela, estava preocupada demais com aqueles olhos cor de mel olhando diretamente nos meus, como na última vez, só que desta vez, ele sorriu pra mim e foi aí que eu percebi, ele me reconheceu.


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