Ela ficou muda um instante, os olhos de Javier percorrera todo o ambiente como se quisesse estudá-lo de forma profunda e detalhada. Luiza só conseguia fitá-lo, procurando processar essa informação atordoante. Qual seria a reação dele a respeito da criança que ela estava carregando em seu ventre.

– Ainda bem que apareceu, preciso ter uma conversa seria com você. - disse.

O peão retirou o chapéu e a encarou com pouco caso.

– Então fale logo, pois tenho que descer até o riacho da pedra para arrumar a cerca. - grunhiu.

Uma sensação de culpa envergonhada fez ela enrubescer. No entanto, ela teria a chance de ver a reação, sentiu seu corpo estremecer. Isso pareceu mais assustador que qualquer outra coisa que fizera em toda sua vida. Respirou fundo e levantou se da confortável cadeira.

            – Não precisa ter pressa para arrumar essa maldita cerca, senta logo e me ouve de uma vez. - vociferou.

Ele espantou se com aquela atitude, sem questioná-la o peão aproximou se do local onde ela estava em pé com uma expressão nada agradável.

– Tudo bem. - disse.

Ela desviou seus olhos para um canto vazio do escritório, era visível que estava tão atordoada pela sua presença, que não conseguia fitá-lo abertamente.

Por um instante ele a encarou, reparou que ela estava ficando toda ruborizada. Ele meneou a cabeça, parecendo satisfeito com a reação dela, e depois se virou desviando seus olhos.

– Não sei como dizer e nem como começar. - disse.

Ele aproximou se dela por sobre a mesa e segurou sua delicada mão.

– Apenas fale.

Javier encarou a novamente, desejando saber o que estaria se passando em sua cabeça, estava começando a se preocupar, um arrepio percorreu-lhe a espinha.

– Mas que diabos, me conte logo Luiza. - grunhiu enquanto endireitava se na cadeira.

A pulsação dela disparou imediatamente. Era impossível afastar os olhos, nem ela queria fazer isso. Ele era tão fascinante, perigoso e bonito que seu corpo se agitou todo, despertando um forte interesse sexual por ele, embora isso fosse uma insensatez.

– Estou grávida. - disse

Ele permaneceu em silencio por alguns segundos, ela temeu essa reação e mal conseguia falar.

– Parabéns, mas o que tenho com isso? - quis saber.

Ela arregalou os olhos espantados, como assim ele não tinha entendido, Luiza cobriu o rosto com ambas as mãos e respirou profundamente tentando refletir.

– Você é o pai. - disse.

Javier levantou se e afastou se a passos largos, não podia acreditar no que estava ouvindo, virou se na direção dela, era como se peso acabava de ser acrescentado ao prato mais leve da balança. Mas logo um sorriso surgiu em seus lábios deixando a aliviada.

– P-Pai, meu Deus. - disse.

Era verdade. Luiza tinha passado a vida toda tentando agradar, buscando aprovação de todos que a cercava, sentia se arrasada quando não conseguia. Sua mãe sempre a disciplinou para buscar o que tanto desejava não importava as condições e os desafios, mas não estava em seu caderno de sonho e metas "engravidar de um peão" apenas acontecera por um devaneio seu.

– Se não quiser assumir a responsabilidade posso entender, mas essa criança é o elo que nos uni agora. - disse aflita.

O peão caminhou na direção dela deu a volta pela mesa e ajoelhou se na frente dela.

– Não poderia ser melhor essa noticia, é claro que irei arcar com minhas responsabilidades.

O medo de ser abandonada era um pesadelo constante de Luiza. Mas Javier deixara evidente que não a deixaria sentir se sozinha, sem dúvida, era loucura completa querer ter um envolvimento com o peão, que ela tanto criticou.

Ela sorriu.

– Pelo menos seremos bons amigos, assim espero. - disse.

Ele levantou se com uma expressão de espanto.

– Não quero ser apenas seu amigo, não vê que somos feitos um para o outro. - disse - Temos nossas desavenças mesmo que sejam muitas, mas podemos conviver em paz.

O coração deu um salto quando ouviu aquelas palavras.

– Você ouviu as palavras que disse?

Ele sorriu e balançou a cabeça de forma positiva. Era obvio que ele estava seriamente interessado em ter um relacionamento serio com ela, se ela aceitasse.

– Se você estiver disposta a aceitar? - questionou a.

Javier sentiu-se tomado de excitação. Ela tinha fogo. E coragem. Pensava por si mesma. A possibilidade de buscar um relacionamento com ela tornou-se mais forte, depois da boa noticia da gravidez, não havia como negar que ela era desejável e que o atraia sexualmente. Imaginou se seria porque ela tinha o mesmo gênio teimoso que ele possuía Isso, de fato, tornava a atração mais picante. Porém, naquele momento, era um pouco cedo para certificar-se ela também o desejava.

–C-Claro. - praguejou se por gaguejar - Tudo para o bem estar da criança.

A satisfação complacente do rosto dela vacilou. Deixando o em duvida se fora uma boa hora para confessar lhe aquelas palavras tão intimas, mas tinha que zelar pelo bem estar de sua futura família.

Luiza estava cabisbaixa, de ombros encolhidos, como se tentasse esconder seus piores temores a respeito daquela gravidez. Enquanto Javier mantinha um sorriso orgulhoso no rosto.

– Iremos levar a frente nosso acordo, mas sem vínculos afetivos somente por causa da criança. – sugeriu.

Mesmo achando loucura lutar contra um desejo evidente para ambos, ele aceitou.

– Se for dessa forma que desejas, respeitarei. – disse.

Luiza desviou seus olhos para um canto.

– Será melhor para todos, pois algo entre nós nunca poderia dar certo. – murmurou.

Javier franziu o cenho confuso, mas consentiu com um gesto.

– Bom, agora devo ir fazer meus afazeres. – disse.

Ela apenas concordou e observou o deixar o escritório, assim que desapareceu por entre a porta desmoronou sobre a cadeira, como pode ser tão infantil em sugerir aquela baboseira sem sentindo, pois todos os sentidos de seu corpo deixavam obvio que ama aquele homem, mas seu orgulho novamente falou alto colocando assim uma nova barreira entre eles.

Será que essa atitude da jovem ira levá-la em alguma parte, ou apenas a cegara de vez.

-Não poderia ser melhor essa noticia, é claro que irei arcar com minhas responsabilidades.- a voz do Peão ainda ecoava em sua mente.