Only You escrita por Lúcia Hill


Capítulo 20
Capítulo - Confissão


Notas iniciais do capítulo

Depois de tais palavras, Javier ainda ira querer seguir adiante com as regras?



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Levava seu plano exatamente como estava pensou, e logo estaria livre daquele lugar e das lembranças penosas. Tinha a clara impressão de que enquanto conseguisse manter-se como planejara no papel tudo daria certo. Quando chegasse o inverno entraria em seu apartamento luxuoso de Nova York, junto com todos seus amigos e tinha toda a intenção de continuar ali seus estudos e vida social com outro entusiasmo, esquecendo-se de seu passado e principalmente de Javier.

Seus olhos pareciam se perder entre a alvorada que riscava o céu fazendo um desenho alaranjado com pequenos raios amarelados do sol nascente, mal pregara os olhos por causa do beijo entre o peão e a filha do coronel Braxden. Largou o livro de romance barato sobre a pequena mesa.

Levantou-se e com passos lentos seguiu na direção do belo celeiro. Estava com as mesmas vestes da noite passada, aquele vestido que pagara uma nota não valera para nada.

Enquanto passeava a vista pelo vestíbulo do garanhão negro de puro sangue inglês, exalou um longo suspiro com o que pretendia manifestar impaciência, mas que lhe saiu mais furiosa que outra coisa. Para que diabo poderia querer alguma coisa com Javier? Havia surtado de vez.

Nas poucas ocasiões em que se cruzavam seus caminhos, o peão passava todo o tempo tentando deixá-la furiosa e por fim decepcionada.

Tinha muito poucas lembranças de seu pai sorrindo ou dando-lhe um pouco de carinho, mas ainda podia lembrar-se de quanto ele tinha um grande carisma por Javier.

– Testamento de Ernesto Cortez. Declaro para todos os fins, na presença das seguintes testemunhas, Todd Burn, Ralph Gilbert, que deixo meus seguintes bens para minha única herdeira viva, sendo ela Luiza Carter Cortez: a metade de minha propriedade localizada no sul do estado do Novo México, localizado na Região Sudoeste dos Estados Unidos da América... - a voz do advogado Steven adentrava em sua mente como se estivesse relendo aquele maldito testamento.

Como pudera deixar lhe apenas metade da fazenda, sentiu seu sangue gelar nas veias e uma vontade esmagadora de matar Javier.

Não pensou quando golpeou a porta do vestíbulo do belo garanhão, não tinha nenhuma lembrança feliz daquele lugar, era sempre ali que vinha chorar escondida e sozinha.

- Por que será que não consigo ser feliz? Afinal que mal fiz para merecer tudo isso? – praticamente suplicou com seus olhos rasos de água.

Encostou sua cabeça sobre os braços e tentou refletir. Tudo lhe seria mais fácil se ao menos soubesse o porquê daquela forma que era tratada por seu pai, mas só havia a rejeição em seu coração, nunca a quis por perto era como um objeto indesejável naquele casarão.

Sentou-se no chão forrado de palha, encurvou sua cabeça sobre os joelhos como se quisesse sumir daquele lugar.

- Esta tudo bem com você? – perguntou uma voz rouca.

Rapidamente a jovem levantou-se e encarou-o, estava parado na porta com aquele maldito chapéu na cabeça sem dizer da blusa desabotoada na altura do peitoral. Sentiu uma mistura de raiva e desejo percorrer-lhe a espinha.

-E-Estou bem, será que não posso sequer sentar no chão sem ser questionada? Afinal não tem outras coisas importantes a fazer? Talvez a Carmem precise de seus serviços particulares. – rosnou.

A expressão de Javier nem se quer modificou, era notável o ciúmes nos olhos de Luiza.

-Talvez eu vá. – disse de forma ofensiva.

Luiza caminhou cambaleante na direção da imensa porta, não queria ficar ali discutindo com aquele peão xucro, praguejou mentalmente por causa das pequenas pedrinhas que feriam a sola de seus pés.

Não queria admitir para si mesma que estava perdidamente apaixonada por ele, mas sentiu a mão forte de Javier segurar seu braço forçando-a encará-lo.

Os olhos do peão percorreram toda a dimensão do corpo sensual e frágil de Luiza, outrora havia desfrutado daquelas curvas, como pudera não notar como aquele vestido ressaltava as formas da jovem patroa. Sem avisar, puxou-a de encontro com seu corpo fazendo a gemer com o impacto.

- Confessa que esta mordidinha. – murmurou no pé do ouvido da jovem.

Luiza sentiu o hálito quente percorrer seu pescoço proporcionando uma leve sensação de prazer, fechou seus olhos e mordeu o canto dos lábios.

             O desejo saiu como uma corrente, como algo ardente, irrefreável, algo que já não pode continuar contido nem reprimido. Esse sentimento golpeou Luiza como uma onda de mar, envolvendo-a, rodeando-a e afogando-a, até que mal pôde respirar.

            Isso não era algo sobre o qual não deixava a refletir, considerando uma possibilidade e nem sequer algo que não tivesse planejado, mas podia ir contra a verdade.

            Afastou-se dele.

            - Se você sabe por que fica me perguntando? – questionou-o.

            Javier sentiu como se aquelas palavras o golpeassem forte no peito, enfim ela tinha confessado com seus próprios lábios, Luiza não aguardou para ver qual seria a expressão do peão e prosseguiu seu trajeto na direção da casa.

            Ele se sentiu algo diferente. Isso era o fim daquele maldito joguinho que ela estabelecera. Ele respirou de forma profunda e continuou parado na porta do celeiro.

            Quando seus pés movimentaram-se na mesma direção de Luiza, a voz de Carlos o interrompeu.

            -Bom dia, peão. – saudou o risonho.

            Javier retirou seu chapéu em forma de saudação, logo Carlos reparou na expressão nada amigável dele.

            -Vim-te dizer que tem uma cerca quebrada próxima a pedra lisa na fronteira com a fazenda do coronel Braxden. - arriscou

            Javier virou-se na direção de Carlos fez uma careta de pouco caso, continuou a preparar a cela sem muita preocupação.

            - Mas o que aconteceu homem de Deus, o bicho comeu sua língua? Por que do silencio. - quis saber.

            O peão largou a cela solta sobre o belo animal e virou se na direção de Carlos.

            -Eu amo a cabeça dura. – vociferou.

            Carlos arregalou os olhos.

            - Você ama a dona Luiza? – praticamente repetiu as palavras de Javier, fixou seus olhos nele. – E por que não vai la e se declara para ela, esta esperando o que homem?

            Javier terminou de colocar a cela no garanhão montou o com uma agilidade sobrenatural, ajeitou se sobre ele e encarou Carlos.

            - Por que ela não quer nem me ver pintado de ouro. – o animal rodopiou, mas as robustas mãos de Javier seguraram a rédeas com firmeza, por fim terminou sua fala.  – Não depois do que viu ontem.

            Saiu a galope do celeiro.

            Carlos ficou sem entender nada, não sabia o que havia aconteceu na noite anterior para que a jovem o odiasse ainda mais.


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Notas finais do capítulo

Boa Leitura!