Only You escrita por Lúcia Hill


Capítulo 19
Capítulo - Eu Estou de Pé Agora, e Sozinha


Notas iniciais do capítulo

Javier está apenas jogando conforme as cartas escolhidas por Luiza, o que fazer agora?



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Mesmo contra sua vontade, Luiza terminara de colocar o belo vestido.

            Não poderia desfazer desse convite pois envolviam alguns assuntos de tamanha importância para fazenda. Muitos comentários maldosos envolviam a jovem que embora tivesse namorado bastante desde que fizera 25 anos, o homem certo nunca aparecera até agora. Sua mãe vivia dizendo que a espera pelo homem ideal seria nula, já que ele não passa de um mito.

Luiza respirou fundo.

Só de pensar que teria que ir em companhia de Javier, sentia seu sangue ferver nas veias. Naturalmente agora que se tornara um dos donos legítimos da herança dos Cortez, ela desde o inicio achou ridículo da parte de seu pai em fazer todo esse joguinho sujo.

Como pode passar na mente insana de Ernesto Cortez em obrigar sua única e legitima filha a casar-se com um peão xucro do mato?

Quanto a seu relacionamento com ele, bem, tinha certeza de que ficaria muito pior, depois daquela tarde passara a odiá-lo com todas as suas forças. A jovem desceu os degraus com uma expressão de incomodo por causa de sua companhia para a festa na Fazenda do Coronel Marcus Vasquez.

Javier olhou-a com firmeza.

Ela realmente era uma mulher admirável, mesmo que sua beleza fosse apagada aos poucos por sua arrogância e prepotência, o peão tinha que dar o braço a torcer pela beleza mista de Luiza.

Mas o relacionamento profissional poderia resultar em assuntos lucrativos para ambos.

Ela o desafiava e ele adorava desafios.

Assim que adentraram na caminhonete, o silencio mortal predominou. O percurso seria um pouco cansativo e tedioso.

Os olhos de Javier não se despregavam da estrada acidentada de terra enquanto Luiza disfarçava em admirar a paisagem antes que a escuridão a envolvesse  por completo.

Seria um tanto curioso para os coronéis daquela região ver Javier e a herdeira dos Cortez juntos, já que o peão nunca aparecia nas festas. Era uma das razões para o povo começar a desconfiar.

A imensa placa da fazenda já era notável ao longe, Luiza gemeu baixinho. Seria seu fim se descobrissem que por desespero casara-se com um bicho do mato igual a Javier, assim que ela pela primeira vez desde que saíram da fazenda encarou-o com desdém.

- Nem pense em aproveitar de minha boa vontade. - resmungou.

 O tom de Luiza despertou-lhe uma súbita suspeita, a expressão do peão nem sequer modificou.

- Não penso em fazer nada quando o assunto envolva a moça. – rebateu feito um felino ferido.

O histórico daquela fazenda era de fato impressionante, ao começar por sua fachada estilo vitoriana, imaginava-a com seus aposentos dourados que ressaltavam uma elegância de velho mundo, era bem conservada e administrada pelos Vasquez.

Luiza abriu a porta observou o ambiente por alguns segundos, deveria enfrentar aquelas pessoas de cabeça erguida, mas automaticamente ficou tensa.

            Era como se carregasse consigo o peso do mundo.

Javier aguardou-a a alguns passos de distancia, seu rosto endureceu, enfim tomara coragem para terminar aquela besteira de contrato.

            Sorria, apenas sorria. – os pensamentos da jovem tentavam ficar no automático, o que seria incapaz de fazer conhecendo a si mesma.

            Ele a olhou com frieza.

            Ambos caminharam na direção da entrada, Luiza praguejava enquanto tentava se equilibrar em cima dos saltos naquele terreno totalmente desproporcional e cheio de pedras.

            Os olhos de Luiza pousaram na morena parada ao lado do coronel Braxden, usava um vestido negro de C. Cooler. Conheceria aquela grife de longe já que ajudara a estilista a desenhá-la. Carmem! Sim seu maior desafeto desde menina, com o canto dos olhos verificou a expressão do peão e notou que seu rosto iluminou-se quando a viu.

            Antes que ele saísse de seu lado, Luiza tentou dizer lhe algo, mas deixou com que seu orgulho besta permanecesse, preferiu calar-se. Uma sensação de impotência a dominou deixando-a receosa, sem contar na vontade de fugir daquele lugar.

            Era deprimente a forma com que eles se cumprimentavam, mas não poderia deixá-lo vê-la sofrer daquela forma, era forte e ainda cultivava o restinho de orgulho que tinha. Caminhou na direção das mesas, ficaria ali até na hora de ir embora.

O rosto de Javier mostrava-se sereno, logo percebeu os olhos azuis da jovem em si e finalmente enrijeceu os músculos de seu rosto. Ela estava sozinha e vulnerável, mas ao notar que ele a encarava de volta desviou seus olhos para outro lugar. Quando olhou para ela novamente, compreendeu que ainda não estava disposto a acabar com o jogo. Sua expressão começou a relaxar.

- Está sozinha? – questionou uma voz familiar.

Assim que Luiza virou-se na cadeira seus olhos encontraram os olhos de um velho conhecido, Morgan Hill.

Enfim ela sorriu aliviada.

- Morgan, quanto tempo! – disse levantando-se para abraçá-lo.

Conheceu-o em Nova York em um dos escritórios administrativos da revista Vogue Americana que ficava no edifício Bouvard Center, ele era um dos melhores críticos de revista que conhecera.

- Afinal quem é seu pai? O fazendeiro ricaço? – brincou antes de bebericar seu champanhe.

Luiza suspirou.

-Meu pai faleceu a 5 meses. – murmurou.

O rapaz quase engasgou se com o liquido, logo ambos mudaram o rumo daquela conversa. Luiza confessou que sentia saudades da agitada Nova York, contara também a respeito do contrato, do casamento inventado e outras novidades nada agradáveis. Morgan arregalava os olhos enquanto ouvia a contar a forma que seu pai inventara para castigá-la.

- Não acredito que aquele cara ali é seu peão particular. – questionou-a boquiaberto – Garota o que esta esperando para levá-lo para sua cama? E pelo jeito as galinhas caipiras esta caindo em cima.

Luiza virou-se na direção onde estava Javier e Carmem, pareciam estar em uma conversa calorosa. Desde o dia anterior, estava cheia de raiva contra ele, perguntara-se por que brincou com ela daquela forma cínica. Suas mãos apertavam a borda da cadeira enquanto seus pés balançavam freneticamente tentando aliviar a pressão para não surtar.

-Menina Luiza, você o ama não é? – perguntou.

Era uma das mais dolorosas admissões de sua vida. Mas permaneceu calada e apenas negou com um gesto de cabeça.

- Qual é? Apenas de olhar para seu rostinho da para notar sua aflição querida. – disse antes de bebericar a champanhe – Mas como a conheço pouco, mas o suficiente para dizer que deve parar com essa seu orgulho bobo ou acabará perdendo para ela.

Luiza virou a taça em apenas uma golada, verificou o horário em seu belo relógio da D&G.

-Nunca senti nada por ele e permanecerá assim, me desculpa, mas tenho que ir. – anunciou levantando-se da mesa.

Caminhou na direção oposta de onde o peão estava, seus pés vacilavam a todo o momento por causa das malditas pedrinhas. Seus olhos encheram de água e seu coração acelerou dentro do peito, para sua sorte ainda carregava a chave reserva da caminhonete, permaneceria la até Javier cansar se de ficar se exibindo com aquela piranha.

Encostou sua cabeça no painel do veiculo, sempre sonhara em noivar e ter aqueles ataques antes do casamento, mas ali estava ela sendo tratada como um objeto de valia.

Alguns barulhos chamaram sua atenção seus olhos fixaram na janela para ver quem se aproximava para sua decepção avistou Javier beijando Carmem, uma onda fria percorrer sua mente como num dia quente. Sentiu-se inútil ali parada observando-os, e pensar que no dia anterior aqueles lábios percorriam sua pele como em uma trilha e agora estavam explorando outra boca e não a sua.

Uma lágrima escorreu seu rosto sem pudor, mas quando o viu aproximando do veiculo enxugou a de forma rápida. Javier sobressaltou ao ver que ela estava dentro da caminhonete e dormindo ao menos achou, apiedou-se dela e com gentileza ajeitou-a sobre o banco, Luiza lutava contra a enorme vontade esmagadora de chorar.

Mas continuou fingir que dormia.


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Notas finais do capítulo

Boa Leitura!