Capitulo 2 – Mantendo a Fachada

            Desci do carro e caminhei lentamente até onde acontecia o momento celebração. Engoli meu choro, eu não choraria. Não deixaria transparecer que reencontrar meu pai depois de tanto tempo mexia comigo.  Quando vi meu pai ali parado na porta olhando para nós tudo que eu sabia ou pensava sobre ele se misturou e agora não sei mais o que pensar. Só sei que ele nos abandonou e isso é imperdoável, pelo menos eu acho.

            - Nessie! – ele disse vindo me abraçar. Desviei de seu abraço, apesar de que de repente tudo o que eu mais queria era um abraço do meu pai.

            - Não me venha com Nessie! – eu disse ríspida. Eu sabia manter minha fachada de indiferente, foi o que mais fiz nesses anos todos, e passei a usá-la mais depois que o sem teto do namorado da minha mãe passou a freqüentar constantemente a nossa casa. Eu não gostava da idéia da minha mãe se casar novamente, bem lá no fundo eu acreditava que algum dia ela ainda poderia se reconciliar com meu pai e vê-la preparando o seu casamento com Tom significava que não tinha mais volta.

            - Não fale assim com seu pai! – mamãe me repreendeu. Dei de ombros.

            - Deixe ela Bella! E você John, me conte o que andou fazendo? – papai perguntou ao meu irmão que pulava igual uma mola.

            - Nada demais papai. Só a Nessie que vive aprontando. A mamãe vai se casar novamente e o cara é um palhaço. E papai podemos ir ao parque que eu vi? – John disse tudo de uma vez.

            - Claro! O que você quiser! – papai respondeu. Rolei meus olhos. – Vamos entrar? – papai disse apontando para a casa.

            - Eu tenho que ir Edward! Desculpe, mas não posso demorar. – mamãe disse nervosa. Virei as costas e comecei a caminha em direção à praia.

            - Aonde vai Nessie? – John perguntou.

            - Vou à praia John! – respondi sem olhá-lo. Eu precisava sair dali. Entender o que estava acontecendo comigo.

            - Não liga não papai. Já disse que a Nessie foi pega roubando outra vez? – O enxerido do meu irmão perguntou. Ele me deixava louca quando queria, mas era um bom menino. Era inocente e indefeso. Ora maduro para sua idade, ora aparentava ter a sua idade real, seus 10 dez anos.  Eu o amava e fazia de tudo para protegê-lo.

            - Ela disse que não roubou! – ouvi papai afirmar enquanto me afastava.

            - Acredita nela? – mamãe perguntou.

            - Você não?! – ele perguntou, mas não quis ouvir a resposta da minha mãe. Na verdade eu já sabia, ela não acreditava em mim. Achava que eu realmente tinha roubado, francamente se eu fosse roubar não roubaria um batom.

            Sentei na areia e fiquei observando o mar, o sol já estava se pondo formando cores magníficas no céu que refletiam no oceano.  Fiquei ali por um tempo e depois caminhei em direção à uma movimentação que tinha mais a frente. Percebi que era um tipo de festival que acontecia ali.

            Caminhei por um tempo. Parei em uma barraquinha e pedi um refrigerante. Andei em direção à um jogo e vôlei que acontecia li perto. Jogavam duas duplas de rapazes. E aparentemente os visitantes estavam perdendo. Os jogadores eram bonitos, mas pareciam ser aqueles garotos riquinhos que estão acostumados a terem o que querem. Tinha um moreno claro e cabelos claros. Outro branquinho com cabelos pretos. Outro moreno com cabelos escuros longos. Um com a pele morena avermelhada, uma cor bonita, cabelos pretos e curtos despenteados. Todos eram musculosos, mas o moreno de pele avermelhada tinha o corpo mais definido e as garotas babavam por ele. Não sei, mas ele era diferente dos outros. Não tinha aquele ar de superioridade que a maioria dos garotos tinham, não só ele, mas os outros que jogavam também. Pareciam humildes. Pare de besteira Nessie, são riquinhos então são metidos como todos os outros que você conheceu em Manhattan. Estava saindo dali quando senti algo me derrubando no chão. Nossos olhos se encontraram e me perdi na imensidão negra que me sugava para algum lugar desconhecido.