By My Side escrita por webber, RockerGirl


Capítulo 2
Capítulo II




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  — De gritos de alegria, Travis, seu pedido se realizou. Ficarei por mais tempo.

  Já cheguei anunciando a minha estada prolongada assim que me encostei à porta do bar, que por algum milagre, já tinha mais de cinco pessoas a esse horário. Travis deu um sorriso malicioso, e eu ri, sabendo que ele imaginava que eu estava ficando por conta de Ester.

  — Não, Travis, não é por conta de Ester.

  — Não? — Sua voz saiu um tanto quanto esganiçada, enquanto ele me olhava confuso e coçava a cabeça de baixo do chapéu.

  — Não. — Depois de esboçar um sorriso, me sentei em uma das cadeiras altas, batucando o balcão. Ele continuava a me olhar confuso e eu segurava o riso. — Faz tempo que não fico por aqui. — Me expliquei e ele não disse nada, ficou apenas me olhando como se eu tivesse algum tipo de lepra e isso me fez rir. — Me manda uma cerveja, Travis.

   — Ora Brendon, mas parece que não escuta! Já disse para parar com isso. — resmungava ele passando uma garrafa para minha mão.

  Sorri sarcástico.

  — Com um incentivo desses é claro que paro. — Eu dizia tomando metade da garrafa em um gole.

  — Vá com calma pelo menos.

  Fiz um sinal positivo para ele, enquanto pensava em algum assunto antes que ele começasse a falar de Ester.

  — Então... como foram as coisas enquanto estive fora? — Finalmente perguntei.

  — A mesma coisa. Ah, Brendon... eu...— Começou a falar um pouco sem graça. Parecia que ele tinha aprontado algo. — Eu achei que você iria mesmo essa noite, e disse para Ester adiantar sua visita.

  Arregalei os olhos. Qual é, não estava a fim de ver a patricinha da roça. Não hoje. Quando abri a boca para reclamar de sua atitude, ouvi uma voz de criança e aguda, que eu conhecia muito bem chamando Travis, e então descobri o motivo do bar já ter um numero maior do que o normal para o horário.

    — Olá Ester! — O barrigudo a minha frente acenava e sorria alegremente para a morena.

  Revirei os olhos ao o ver piscando maliciosamente para mim. Quantas vezes eu iria ter de dizer que eu simplesmente não me interessava?

  — Olá Brendon. — de repente eu a ouvia sussurrar no meu ouvido. Ela estava tentando ser sexy, apesar de que não precisava muito, seu corpo já a deixava sem esforço algum, mas ela era irritante.

  Revirei os olhos antes de me virar para ela e dizer:

  — E aí?

  Antes de virar-se para mim, Ester se debruçou sobre a bancada.

  — Travis, me dá a de sempre, por favor. — Agora ela me olhava, com um sorriso torto se aproximando de mim. — Fiquei sabendo que vai embora hoje a noite. Você podia ficar mais né?

  Ganhei uma caricia e uma piscadela com o fim da frase e fiquei pensando se mentia ou contava a verdade para Ester. Se eu mentisse, talvez ela nem iria querer aparecer por aqui, mas e se ela aparecesse, iria discutir comigo, ou não. Fosse qual fosse a consequência, optei por mentir, as duas me favoreciam.

  — Não dá pra ficar mais, Ester, tenho de ir essa noite.  — Senti-me sendo fuzilado por Travis, e Ester, me olhava na esperança de que eu falasse algo.

  Só que contrário, eu não disse mais nada, eu olhava fixamente para a garrafa de cerveja quase vazia a minha frente.

  — Ora, mas... — dizia ela quebrando enfim, o silêncio. — não custa...

  — É mentira Ester, ele vai ficar sim.

  — Travis! — eu quase gritei.

  — Mentindo pra mim Brendon?

  A olhei perplexo. Ela não parecia brava, muito por o contrário, ela sorria maliciosamente e eu tinha medo das ideias que se passavam na mente da morena.

  — Mentiu por quê? Você não aguenta tudo isso não é? Você não é homem o bastante.

  — Uh. — zombou Travis.

  Aquilo me acertou em cheio e comecei a encarar como desafio. Dizer que eu não sou homem o bastante é o meu limite.

  — Acha mesmo isso? — eu disse em tom de voz ameaçador levantando da cadeira e chegando perto dela.

  Enquanto eu me aproximava ela dava um jeito de se afastar. Até que Ester parou e ficamos literalmente colados um no outro.

  — Não acho não... tenho certeza. Aposto que você não dá em nada.

  Eu sabia que ela falava isso apenas para me provocar, mas eu não aguentava, eu sentia que tinha que provar que aquilo não era verdade. Segurei forte em sua cintura e mordisquei seu lábio inferior.

  — Tem certeza de que quer continuar duvidando da minha masculinidade?

  Eu dei um sorriso torto enquanto ela segurava minha nuca com força, assentindo positivamente com a cabeça. Eu ia beija-la quando Travis quebrou completamente o clima pigarreando, revirei os olhos. Não era aquilo que o velho queria?

  — Aqui não. Lá, — Disse apontando para o banheiro. — ou lá. — Agora ele apontava para o lado de fora. — Na frente dos meus clientes não. Por favor.

  — Bixa. — Sussurrou Ester no meu ouvido e saiu rebolando para fora, às vezes olhando para trás, pra verificar se eu ficaria ali, ou iria atrás dela. Fiquei perplexo com a maneira que ela me provocava, e após ela ter desaparecido da porta, chacoalhei a cabeça e sai também, levando a garrafa quase vazia de cerveja comigo.

  Chegando lá, olhei para a direita e para a esquerda da porta do bar, mas ela não estava lá. O que era agora? Joguinho de esconde-esconde? Se ela não tivesse me provocado, esperaria que ela se escondesse atrás de combustíveis, e explodisse com todo o seu fogo.

   — Psiu. — Escutei algo, vindo da porta de meu trailer.

   E então a vi. Agora seu sobretudo estava no chão, ao seu lado, deixando a mostra a blusa decotada e colada que usava. Fui em sua direção, e sem pronunciar uma única palavra, a peguei pelo cabelo com a mão livre e a beijei.

   No beijo, eu senti que ela queria aquilo mais que tudo, o que facilitava muito as coisas já que eu tinha a necessidade de provar o que ela "duvidava". Ouvi a porta bater atrás de mim e eu parei de beijá-la para dar o último gole que restava na garrafa em minha mão e jogar no chão, quebrando-a. Quando voltamos a nos beijar, eu já estava sem camisa enquanto ela seminua. Praticamente a noite inteira, as coisas não se esfriavam nunca, até cairmos cansados e eu adormecer.

***

  O sol clareava no trailer inteiro e era difícil de abrir os olhos. Sonho estranho o que tive. Ou não foi sonho? Eu realmente peguei de jeito a patricinha da roça? Ah fala sério. Acostumando-me com a claridade, finalmente abri os olhos. Mantive-os fixo ao meu lado, estava completamente bagunçado. Olhei de baixo do lençol e vi que roupas eu não vestia nenhuma. Bufei. Olhei para o lado de novo e peguei o papel que estava no travesseiro. Nele dizia: "Não, não foi sonho Brendonzinho, apesar de que eu pareça um, claro. Não tenho mais dúvidas, tá? Você provou pra mim que é homem, parabéns! Haha." balancei a cabeça em reprovação. Olhei no chão e os cacos de vidro realmente provavam que eu tinha feito merda, ou não.

   Peguei minhas roupas que estavam jogadas no chão, e as vesti, tomando o cuidado de não me aproximar dos cacos de vidros. Logo minha mente foi envolvida pelas lembranças da noite anterior, ora, não tinha sido ruim. O ruim ainda estava por vir, eu tinha certeza. Travis me devia, e muito.

   Limpei o chão, tomei um banho e trajei roupas limpas, me preparando para xingar Travis.

   — Bom dia, Garanhão. — Zombou Travis.

   — Travis, você me paga.

   — Eu te pago? Ora, Brendon, eu não fiz nada de errado, apenas contei a verdade a Ester. Não é certo mentir para uma moça como ela.

   — Me poupe Travis! Até parece que não conhece a Ester. — De repente meus olhos se arregalaram, lembrando-me da quão grudenta ela era. — E SE ELA QUISER VIJAR COMIGO AGORA?

   Ele riu e eu não vi graça nenhuma naquilo, era realmente terrível. Ter Ester como companheira de viajem era algo realmente assustador, balancei a cabeça, desejando que a ideia saísse voando.

   — Seria uma boa, já que...

   — Não, não seria uma boa. Eu NÃO quero uma companhia. Quantas vezes vou ter que dizer? — O interrompi. — Me manda uma cerveja, pelo amor que você tem ao seu bar sujo.

   Ele riu e fez sinal para que eu esperasse, e eu o fiz, batendo o pé freneticamente no banco. Então ele me apareceu com um copo de suco de laranja e cereais.

   — Você precisa comer algo saudável, Brendon.

  Olhei fixamente para aquilo e o fuzilei com os olhos.

  — Devo dizer onde você deve enfiar isso aqui? — apontei com desprezo fazendo uma careta.

  — Nem precisa! — disse ele rindo. — Agora vá, beba isso aí e se aquiete.

  De mal grado, comecei a comer, sabia que Travis não me daria mais nada. Toda aquela coisa de saúde me irritava. O cereal e nem o suco estavam ruins, mas ainda sim fingi que estava péssimo, era orgulhoso demais para assumir que comida saudável também era boa. Enquanto comia, meus pensamentos vagavam na noite passada, eu não acreditava ainda de que tinha pegado de jeito a patricinha da roça. Não aguentei, as lembranças me assombravam demais, tive de perguntar para ter a certeza de que ela me deixaria em paz. Ao menos hoje.

   — Então... Ester não vem pra cá hoje, vem? — Levantei os olhos enquanto cutucava o cereal.

   — Ela não me disse nada. Mas pelo jeito que ela saiu animadinha, devo deduzir de que a noite foi boa, e talvez ela volte.

   Revirei os olhos. Se acalme, Brendon, é apenas mais uma noite.

***

   Duas semanas se passaram. Duas semanas que mudaram meu habito alimentício, duas semanas que fizera eu aumentar a dosagem do cigarro, duas semanas que aumentaram minhas olheiras e duas semanas da qual tive que aturar Ester por todos os dias, ou melhor, noites. Essa ultima parte parecia dois meses, e eu já estava quase começando a achar ela bonitinha. Quando não falava nada, claro!

   Travis estava me ajudado a reabastecer meu Trailer para uma longa viagem. Eu não tinha um rumo agora, mas talvez eu seguisse para Tampa, em Orlando.  Ester também estava lá, com mais uma amiga, provavelmente outra patricinha da roça, chorando no ombro dela. Arregalei os olhos ao ouvir "Seu namorado vai voltar logo, Ester." Qual é, eu não estava namorando a patricinha da roça, e nem pretendia.

    — Então até mais meu filho — Disse Travis, me dando um abraço com algumas palmadinhas fortes de mais depois que terminamos de por tudo em ordem.

    — Até mais, Travis.

    Ester olhou para mim depois que o velho cowboy me soltou e veio correndo, se jogando em meu pescoço e tascando-me um beijo na boca. Eu pensei em desviar, mas eu gostava de seus beijos quentes. Talvez aquela garota só servisse para isso: dar bons beijos.

    — Eu te amo, Brendon. — Falou entre lágrimas, afogando o rosto num lencinho branco. Acho que ela esperava ouvir um “eu também”, pois olhou pra mim por um segundo, sem soluçar e depois voltou, como se nada tivesse acontecido. — Ele vai embora, Bárbara!

   Finalmente ela voltou para o ombro da amiga! Quase comemorei por isso, e Travis me repreendeu com o olhar. Entrei meu trailer e coloquei a chave. Era possível ouvir o choro de Ester lá de dentro, garota escandalosa! Coloquei minha cabeça para fora e dei duas buzinadas antes de pisar do acelerador. Enfim eu estava de volta ao meu lar, a estrada.


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Notas finais do capítulo

Alguém? bubu*



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