A Menina que Colecionava Máscaras. escrita por Vivian


Capítulo 21
Pingo De Felicidade


Notas iniciais do capítulo

Alguém me espancaria se eu dissesse que só escrevi esse capítulo por falta do que fazer, mas seria mentira negar isso. A inspiração caiu-me como uma luva e decidi postar logo.
Espero que gostem e aguardo reviews, já que o outro capítulo não teve nenhum. Decepção mode on.



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Naquele momento, pensando bem, foi a primeira vez em que cavei meu passado tão profundamente a ponto de não saber responder o motivo das máscaras terem aparecido e desaparecido na velocidade da luz. Cameron olhava para mim, um ponto de interrogação do tamanho do Cristo Redentor estava – imaginariamente – estampado em seu rosto pálido. Sorri. Acho que não me importava tanto com as máscaras quando estava ao seu lado. Esqueci-me das máscaras, acho que não precisava saber o porquê das coisas o tempo todo.

-Sabe, Cam, - comecei – o que você acha do Lucas?

-Bom, acho que ele gosta de você. – pausou para escolher as palavras. – O que quer que eu diga? Não tenho muito que declarar sobre ele. – prosseguiu com indiferença na voz. Dei de ombros, mesmo um pouco incomodada.

-Sua aprovação seria importante para mim. – declarei em um sussurro. – Eu queria que você gostasse dele.

-Ah, Carol, por favor! – ele riu. – A questão não é se eu gosto dele. Você é que tem que ver se ele é aquela pessoa especial. Isso não se trata de mim, e sim de você e Lucas. Prefiro que você converse comigo de coisas que se refiram somente a você, como as máscaras. Eu não tenho nada a ver com esses seus relacionamentos. – ele ressaltou com um tom a mais na voz rouca. Fiquei decepcionada, achei que poderia contar com ele para qualquer coisa. Mas não me importei e voltei para casa logo após essa tensão, pois não me sentia confortável como estivera quando ele ouviu sobre meus problemas pessoais, que não envolviam Lucas. Senti decepção.

Mas eu sabia. No fundo, algo me dizia e eu sabia. Cameron sentia algo por mim. Talvez por isso não quisesse escutar o que eu tinha a dizer sobre Lucas, meu quase-talvez-quem-sabe-namorado. Era melhor eu resolver as coisas com ele pessoalmente, sem conselhos de qualquer pessoa. Isso evitaria que alguém saísse magoado, e dessa vez a vítima não seria eu.

Pensando em tudo isso, peguei o celular e escrevi uma mensagem de texto para Lucas. Não havia muitas informações, basicamente que eu queria vê-lo e que precisávamos conversar sobre... Bem, coisas. Não dava para ter muita precisão de palavras, pois não havia como chamar nosso relacionamento de “namoro”, mas “ficada” é algo informal demais para o que sentíamos um pelo outro. A melhor definição seria “coisa complicada”. Ele não tardou a responder, como se estivesse sondando o celular à espera de algo.

MENSAGEM DE: LUCAS

Oi, Carol! Pode ser às 21h, no The Republic? Sei que você gosta de lá. Beijos!

Não deixei de sorrir. A escolha de lugares que ele fazia parecia ser de propósito. Passei o dia todo pensando no que faria da minha vida, o que aconteceria comigo e Lucas. As horas passaram voando e logo comecei a me aprontar para ir ao bar onde veria meu... Lucas. Se é que eu poderia chama-lo de meu. Depois do que houve com aquela menina, a tal Mokona, Bailey, ou qualquer coisa que seja o nome dela, não sei se poderia dizer que ele ainda me amava, apesar de dizer que sim. Aprendi que precisamos ser desconfiadas na medida do possível. Um homem pode ser fiel até o momento em que se mexe no celular dele (e não vou negar, já aconteceu.).

Coloquei uma camiseta estampada e uma saia curta, não sequei os cabelos, calcei sapatos altos e me dirigi ao bar. Mesmo desarrumada, estava me sentindo bem o suficiente para superar qualquer besteira que Lucas pudesse dizer aquela noite. Adentrei o salão grande, com ar condicionado forte e cheiro insuportável de uísque, o mais escuro possível, e logo avistei um vulto que se assemelhava a Lucas.  Sorri enquanto ele caminhava em minha direção.

-Oi. – ele disse com um sorriso estampado no rosto. Evitei olhá-lo nos olhos.

-Oi. – respondi, ainda sem encará-lo. Não sei se teria coragem de olhar para frente e não parava de fitar meus sapatos. Eles estavam um pouco manchados e machucavam meus pés, mas mesmo assim eu insistia em usá-lo.

-Vai ficar aí olhando para seus sapatos a noite toda? – ele perguntou, também olhando para meus pés. – Eu sei que eles são muito bonitos, mas acho que eu mereço ver seu rostinho bonito, não acha?

Parei de encarar o chão, mas desviei o olhar para as pequenas mesas ao nosso redor. Eu me forçava a não olhar para Lucas, pois sabia que me derreteria se visse seus olhos brilhantes e inocentes.

-Ei, Carol. – ele chamou e pegou meu rosto, levando-o para perto de si. Encarei seu rosto pálido e bem cuidado. Minha face estava queimando, eu estava ruborizada. Estávamos com os rostos muito próximos e eu sabia o que ele iria fazer em seguida.

-Desculpa. Eu estava meio distraída. – sussurrei e juntei as mãos na frente do corpo. Ele sorriu, sem se importar.

-Não tem problema, querida. Eu sei que eu sou lindo demais. Você não pode evitar. – ele falou com ar de presunção, brincando.

-Ah, falou o homem mais idiota do planeta! – rebati, me descontraindo aos poucos. Ele estava conseguindo quebrar o gelo. Lembrei-me do que realmente estava fazendo ali. Precisava falar seriamente com ele. – Lucas... – comecei, chamando-o.

-O que foi, minha flor?

Maldito. Ele sempre soube como deixar uma mulher a seus pés. Comigo era simples: chame-me de flor que eu morro por você.

-Ahn. – resmunguei. – Eu não te chamei aqui para ficarmos contando carneirinhos, viu? Eu preciso esclarecer alguns assuntos com sua pessoa.

-Então os resolva, madame Caroline. Estou a sua disposição. Vamos nos sentar, melhor.

Ele caminhou até uma mesinha no canto do bar e fez menção de puxar a cadeira para eu sentar, mas recusei-me e sentei por conta própria. Ele não pareceu decepcionado ou constrangido, apenas fez o mesmo. Acomodada na cadeira, tomei coragem.

-Em primeiro lugar. Mokona. Quem é ela e o que você faz tanto com ela? – perguntei invasiva.

-Não fazemos nada demais, sua boba. – ele riu. – Apenas conversamos, aliás, porque eu trabalho para ela.

-Espera. O quê?

-Eu trabalho para ela, Caroline. Eu te falei.

-Não, você não falou! – exaltei-me. – Quando foi que isso começou?

-Ah, acho que há uns meses. Mas questão de pouco tempo. E eu disse, sim. Você que já foi interpretando as coisas erroneamente e foi embora antes de eu poder dizer qualquer coisa que pudesse explicar a situação.

-Seu mentiroso, não foi nada disso. Sei que tinha alguma coisa entre vocês, estava na cara. Eu não sou cega e Matthew gosta dela. Ele sabe de coisas e as conta para mim. – gabei-me de ter um “informante” como Matt. Ele deu uma risada gostosa de se ouvir.

-Pode parar, mocinha.

-Mocinha a sua avó! – retruquei. – Eu sei das coisas, Lucas. Pode falar. Eu não mordo a não ser que você diga para eu fazer isso.

-Opa, vai com calma. – ele sorriu. – Ela até estava um pouco, digamos, apaixonada por mim. Mas eu já estava em outra e ela não é o que chamaria de “meu tipo”.

-E posso saber em que “outra” o senhor estava?

-Você. Quem você acha que seria?

-Não sei. Você tem cara de promíscuo. – provoquei.

-Não se preocupe. Só existe você na minha vida. A Mokona não é nada além da mulher que me deu um emprego. – ele disse e se aproximou de mim, debruçando-se sobre a mesa. Olhou-me nos olhos e arrumou uma mecha de cabelo caída em meu rosto.

Já estava óbvio o que ele faria depois.

-Eu te amo. – cochichou em meu ouvido e mordiscou o lóbulo de minha orelha. Depois encostou, cuidadosamente, os lábios nos meus, ainda receoso de que eu lhe metesse a mão na cara ou chutasse suas bolas. Ao invés disso, retribuí ardentemente seus carinhos.

Pela primeira vez em muito tempo, me senti feliz sem dividir a felicidade com as máscaras. 


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Notas finais do capítulo

Qualquer tipo de erro, notifiquem.
Reviews seriam ótimos.
Beijos ♥