Katie se encolheu entre os lençóis, sem coragem de abrir os olhos.

                Para sua surpresa, não havia nem uma voz lhe chamando. Ou gritando com ela. Também não havia nenhuma corneta do café da manhã tocando. Nem mesmo o som de passos andando pelo chalé. Estranho, ela pensou. Não escutava nada. Bom, escutava. Escutava o som das ondas quebrando na praia, tão distante dali, o farfalhar de folhas que o vento soprara e o canto solitário de um grilo em algum lugar não muito longe dali.

                Abriu os olhos, e virando-se para a esquerda, encarou o relógio que ficava em sua cabeceira. 6:59, o cursor dizia. Irônico. Justo no domingo, dia livre de atividades no acampamento, Katie conseguia acordar tão cedo. Não era de se surpreender que o chalé estivesse tão silencioso. Nem Rob, com todo seu espírito madrugador, se atreveria a acordar nesta hora em um domingo.

                Kay se encolheu novamente, fechando os olhos e se agarrando a esperança de dormir. Nada. Tudo que conseguiu foi fazer com que uma enxurrada de pensamentos sobre assuntos bobos e banais varresse sua mente deixando-a meio inquieta. Abriu os olhos. 7:06, o cursor dizia. Chega, ela disse mentalmente para se mesma. Não voltaria a dormir, isso estava obvio. Só lhe restava uma opção.

                Deslizou calmamente para fora da cama, tomando cuidado para não acordar ninguém. Abriu o armário, pensando em mil coisas menos no que ia usar. Pegou um vestido florido de alças finas, uma rasteirinha e um casco de malha fina preta. Olhou ao seu redor. Rob dormia em um sono profundo soltando roncos baixinhos. Jonatah parecia ter se jogado na cama, com metade de seu corpo para dentro  e a outra para fora. Chad tinha a cara afundada no travesseiro de uma forma engraçada, que fazia Katie duvidar se o garoto ainda respirava. Mark  estava virado em direção a parede e era impossível ver seu rosto, mas também pareceu bem desacordado a ela. Juliet  se deitara quase que no limite entre o colchão e o ar, com a braço esquerdo para fora pendendo logo acima da cabeça de Rob. Já Jessie, parecia mais uma bolinha de lençóis do que uma garotinha. Dando de ombros, trocou de roupa ali mesmo, tomando o cuidado de fazer isto bem rápido e silenciosamente, sem esbarrar em nada que pudesse romper a atmosfera tranquila dali.

                Nem tentou usar o espelho, seria impossível de ver seu reflexo no chalé mal iluminado. Penteando o cabelo com a escova de Juliet, deu por si sem saber o que fazer. Varreu os olhos pelo ambiente. Em seu criado mudo, estava o romance que Tracy lhe emprestara na semana anterior e ainda não acabara. Seria uma boa ideia. Se recordava bem, faltavam apenas quatro capítulos que sua dislexia não a deixara ler. Podia termina-los antes de Juliet procura-la para tomar café da manhã.

                Decidida, pegou o livro e andou até a porta, tomando o cuidado de fecha-la ao sair. Piscou. Para sua surpresa, o sol já acordara alto no céu, esquentando a névoa fria que a madrugada trouxera e cobrindo tudo com uma leve camada de orvalho.  Pisou na grama fofa e se pós a caminho, da onde não sabia.

                Estranhou mais uma vez o fato de não se sentir cansada. Ou com sono. Na noite anterior ficara até altas horas da noite na praia, conversando animada com Annabeth, Dana, Tracy, Harley, Clarisse, Mary, Jake, Percy, David, Polux, Scott, Chris e Travis. Se lembrava de ter saído de lá só quando começou a ficar realmente frio, e ela passou a se sentir mal por ter roubado o casaco de Jake. Isso significava que, pelas suas contas, tivera apenas 5 horas de sono. Seria o suficiente para ela não morrer mais tarde? Talvez não. Geralmente dormia quase 9 horas.

                Que bobagem!, ralhou consigo mesma.  Se podia aguentar ter a garra de uma fúria presa em sua coxa durante 2 horas e continuar lutando contra um exército crescente de inimigos aliados ao titã Cronos, conseguia passar um dia com poucas horas de sono.

                Olhou ao seu redor, distraída. Sem saber como, havia ido parar em algum aos limites dos campos de morangos. Deu de ombros. Continuou andando, até onde sabia que iria encontrar um grande carvalho que se erguia entre as pequenas mudas. Onde pisava, podia sentir que as folhas se movimentavam pela sua presença, parecendo tentar acariciar sua pele, mas não prestava atenção nelas. Chegando ao seu destino, se sentou na grama verde e reencostou-se na sombra da arvore com o livro em mãos.

                Leu um, dois capítulos. E já estava bem entretida na metade do terceiro quando ouviu passos ritmados. Nada de anormal. Não tinha nem ideia de quanto tempo ficara ali, talvez fosse algum filho de Dionísio em seus afazeres, ou mesmo Rob. Os passos se distanciaram. Terminou o capitulo. Os passos voltaram, em um ritmo um pouco mais rápido. Certo, se fosse um filho de Dionísio, ele não estaria correndo. Curiosa, levantou os olhos das paginas por três segundos, analisando quem se afastava de costas.

                Ótimo. Ela devia ter imaginado. Era Travis Stoll que corria, usando um moletom cinza e uma calça de ginástica larga preta.  Travis costumava sair para correr todos os dias de manhã, e era isso que estava fazendo agora. Voltou sua atenção para as letras tão rápido quanto havia retirado, constando que agora os cantos das paginas pareciam flutuar no espaço.

                Travis parou em sua frente, franzindo o cenho para ela. Não, Katie não se dera o trabalho de levantar os olhos de seu livro. Apenas sabia que era isso que ele fazia.

                - Humpf. – ele bufou se jogando na grama ao seu lado e parecendo cansado. – Bom Dia, Gardner.

                Ela não respondeu.

                - Gardner? – ele repetiu indeciso. Ela não respondeu de novo.  Faltavam três paginas para acabar o livro. Travis não ia impedi-la de lê-las. – Katie?

                Duas paginas.

                - Certo. O que eu fiz de errado dessa vez? – ele indagou parecendo uma criança mimada. Sem resposta.

                Uma pagina.

                - Eu tenho outras de formas de te fazer falar, Gardner. -  ele se curvou, sussurrando esta parte em seu ouvido e fazendo com que um arrepio percorresse o corpo de Kay. Ah não, ele não vai... Tarde de mais. Stoll começara a distribuir beijos leves por todo o pescoço de Katie. Maldito. Ela fechou os olhos e o livro ao mesmo tempo, se entregando quase que inconscientemente.  Se Katie tinha um problema, era um certo fraco por esses beijos. Fato que Travis parecia conhecer muito bem. – O que eu fiz de errado dessa vez? – sussurrou por entre os beijos.  Outro arrepio.

                - Travis... – ela sussurrou sem conseguir se conter. Estava praticamente no colo dele, que não parecia disposto a parar. Ele soltou um riso baixo, meio rouco. Maldito, Katie pensou apesar de seu corpo não querer responder a ela, mil vezes maldito! Isso é um golpe baixo.

                - O que eu fiz de errado dessa vez? – ele sussurrou novamente, puxando o corpo dela para perto do seu e descendo cada vez mais os beijos para o busto descoberto de Katie, que se amaldiçoava cada vez mais por ter saído de vestido e não de camiseta. Isso quando não estava amaldiçoando ele, ou se amaldiçoando por ser tão fraca.

                - Travis. – ela sussurrou um pouco mais alto, dessa vez com mais convicção, percebendo que, de alguma forma, seus mão havia ido parar no cabelo dele.

                - Kay. – ele devolveu, sem parar o que estava fazendo. Sua mão deslizou da cintura de Katie, para sua coxa esquerda, mantendo-a presa ali. – O que eu fiz de errado dessa vez?

                - Eu... eu não sei. – ela respondeu sem se dar conta do que estava fazendo. Uma de suas mãos desceu de seu pescoço como tivesse vontade própria, indo parar em algum lugar do peitoral de Travis. Katie!, ela ralhou consigo mesma, Controle-se, mulher!

                - Pense. – Travis sussurrou acariciando sua coxa, sem parar de beija-la.  – O que eu fiz de errado dessa vez?

                - Errado? – Katie repetiu bobamente.

                - Sim. – Travis confirmou, trilhando os beijos para cima novamente e usando uma mão para acariciar seu cabelo.  – O que eu fiz de errado dessa vez, Gardner?

                E, de repente, foi como se toda a razão voltasse a Katie. Droga, droga, droga, ela repetia para si mesma, o que você esta fazendo Kay?

                - Nasceu. – respondeu irritadiça, afastando-se dele com um leve empurrão e se levantando em um pulo que fez seu vestido esvoaçar- se em todas as direções possíveis.  Travis só teve tempo de olhar para ela com uma cômica expressão de interrogativa, que foi destruída dois segundo depois quando os dedos abertos de Katie se prensaram sem dó sobre seu rosto. Tapht. – COMO OUSA STOLL!?!? JAMAIS TENTE ME SEDUZIR DESSA FORMA NOVAMENTE, ENTENDEU?!?! Pervertido... Humpf.

                Ele até abrira a boca para responder alguma coisa, mas quando deu por si, Katie já havia recolhido o livro na grama e saído dali batendo o pé.

                - O que... O que aconteceu com a sua cara? – Connor perguntou tendo que recuperar o fôlego na metade. Estava morrendo de rir desde que o irmão chegara ao chalé 11 com a bela marca de cinco longos dedos femininos na face esquerda e uma expressão de redenção hilária. Travis fez uma careta.

                - Pergunta para sua cunhada. – ele respondeu procurando por algo dentro de seu armário no já bagunçado chalé de Hermes. Eram quase 9 horas, mas todos já haviam acordado e saído. Estranho.

                - Espera... – Connor disse ainda gargalhando. – Katie fez isso?

                - É. – Travis respondeu a contra gosto, com mais uma careta.

                - Ah, meus deuses! O que você fez dessa vez? – o irmão perguntou franzindo o cenho, mas sem conseguir conter um sorriso brincalhão ao imaginar a mão de Katie acertando em cheio o rosto dele.

                - Algo a ver com o fato de ter nascido. – Travis respondeu carrancudo. Havia trocado de roupa antes de voltar ali. Agora usava uma camiseta do acampamento e um jeans rasgado. Antes de sair do banheiro, também aproveitara para analisar seu estado no espelho. É, os dedo de Kay não sairiam dali tão cedo, para sua infelicidade. Com sorte, talvez tenham sumido antes de ir para a arena.

                - Ah... Grande erro. – Connor respondeu balançando a cabeça negativamente, rindo novamente. – Isso não teria haver com seu grande plano dos sete dias, teria?

                - Claro. Eu achei que ela ia gostar mais de mim com a marca dos seus dedos na minha cara.  Um visual novo, porque não? – Travis respondeu ironicamente, se odiando por ter voltado ali antes das marcas sumirem.

                - Posso bater na direita também. Sabe, para equilibrar. – Connor disse brincalhão, ainda rindo.

                - Há-há. – Travis riu irônico, sem humor. – Assim você me mata de rir.

                Alguém bateu na porta, e duas vozes pareciam discutir do lado de fora.

                - Entra. – Connor gritou, meio que em vão. Uma fração de segundo antes, Polux e Scott já haviam entrado pela porta com espada e lança em mãos.

                - Não, não. AC/DC é muito melhor do que... – Polux continuou falando com Scott, mas parou repentinamente ao olhar para Travis e começou a rir descontroladamente. – Então a princesa Jasmim mudou de ideia sobre o Aladim?

                - Tá mais para Cinderela esqueceu a mão na sua cara – Scott discordou também rindo. Connor se juntou a eles, sem nunca ter realmente parado de rir do irmão. Travis soltou mais uma careta, finalmente achando sua espada entre as roupas bagunçadas de seu armário. Pegando-a, voltou a colocar o pesado cadeado de ferro no armário, só por precaução.

                - Você tem que compensar o peso com a mão direita, se não vai acabar... – Percy dizia a Jake ao entrarem no chalé e se juntarem aos outros, sem serem convidados.  Para a infelicidade de Travis, Percy também parou de falar ao encarar seu rosto. – Stoll, tem alguma coisa na sua cara.

                E todos riram ainda mais. Certo, todos menos Travis. E Jake já havia começado a rir antes mesmo de Percy se pronunciar, mas, mesmo assim, aquilo era humilhante de mais.

                - Owch. Essa deve ter doído. – o filho de Apolo disse parando de rir momentaneamente para analisar o rosto do amigo. – Se Katie fez isso certo, só vai começar a sumir daqui... O que? Uma hora e meia? É. Mais ou menos isso.

                - Como assim ‘fez isso certo’? – Connor perguntou duvidoso, também se voltando para o irmão.

                - Você acha que as filhas de Afrodite só falam sobre roupas? – Jake devolveu sínico, balançando a cabeça negativamente. – Não, não. Ouvi dizer que elas conhecem 7 boas formas de dar um bom tapa na cara de alguém. E, se me lembro bem, Katie é amiga de praticamente todos aqui no acampamento. Se perdeu dois minutos para falar com elas, pode ter aprendido muito mais do que como dar um belo tapa.

                - É. – Polux concordou solene. – Lembram da Nicole, aquela filha de Nêmeses? Quando ela me viu com a Tracy, demorou quase 3 horas para as marcas saírem. Não foi bonito.

                - Talvez isso tenha haver com o fato de você ter chifrado uma garota filha da Deusa da Vingança e do Equilíbrio? – Travis perguntou sínico, levemente irritado.

                - Hun... É. Talvez. – Polux murmurou pensativo, com uma expressão engraçada. Ao mesmo tempo, Chris entrou pela porta do chalé , encarando-os de forma estranha mas, para a felicidade de Travis, sem demorar mais do que dois segundos no seu rosto.

                - Ah, achei você. – ele disse franzindo o cenho para eles. – Vamos logo. Estou esperando há séculos.

                - Claro. – Percy concordou puxando contracorrente em forma de caneta do bolso e girando distraidamente entre os dedos enquanto ia em direção a porta, seguido de Polux,  Scott e Jake.

                Connor olhou para o irmão mais uma vez, segurando o riso enquanto pegava sua espada e também saia pela porta. Travis revirou os olhos, também saindo do chalé para se juntar a eles do lado de fora. Treinar era o melhor que poderia fazer agora.

                -... Aí Ashley disse par a Rose que Marcos estava aos beijos com Kelly atrás das forjas, mas obviamente não estava! Rose voltou furiosa, mas a Ashley já tinha saído e estava ela mesma aos beijos atrás das forjas com Marcos! Acredita? Vaaaca! Amber me disse que a Jill disse que a Rose... – Juliet continuava a dizer animada, ao passarem pelo lago de canoagem e rumarem para o pavilhão.

                Katie parou de prestar atenção, se sentindo completamente tonta novamente. Porque Juliet tinha que falar tão rápido? Alias, quem Hades era Amber? Ou Marcos?  

                - Kay! Juliet! – duas vozes gritaram juntas as suas costas. Juliet, finalmente, parou de falar e Katie conseguiu se recuperar o suficiente para se virar para trás e encontrar Dana e Tracy correndo em sua direção.

                - Ufa. – Dana bufou ao alcança-las. Seus cabelos pretos-quase-roxos-de-tão-escuros caiam em cachos rebeldes pelos ombros, e seus olhos também pretos-quase-roxos  brilhavam a sua maneira típica. Ela ajeitou sua blusa verde de um ombro só e mangas três quartos antes de voltar-se novamente para as amigas. – Qual o problema de vocês? Estamos gritando as duas desde o Chalé de Hecáte!

                - Ah, eu estava falando para a Katie sobre o que aconteceu ontem... – Juliet justificou pelas duas. Dana e Tracy franziram o cenho confusas, e Juliet olhou para elas com uma expressão engraçada. -  Não me digam que ainda não sabem!

                - Não. – Dana respondeu com um tom de voz estranho, parecendo interessada em uma boa fofoca.

                - Bom, tudo começou quando Rose disse para a Amber que disse para  a Kelly  que disse para a Ashley que ela era uma vadia, só que, na verdade, Rose queria dizer que a JILL era uma vadia então... – Juliet voltou a contar a coisa toda desde o começo. Katie suspirou aliviada, feliz por não ter mais que fingir escuta-la. Ao seu lado, viu Tracy revirando os olhos, obviamente desinteressada.

                - Eu terminei o livro. – Katie disse a ela, querendo puxar assunto.

                - Gostou do final? – Tracy perguntou com um sorriso, prendendo os cabelos loiro-arruivados em um rabo alto, parecendo acha-los nada mais que um grande incômodo naquela tarde quente.

                - Na verdade, não. – Katie respondeu com uma careta. As imagens de Stoll lhe voltaram a mente, mas resolveu ignora-las. Não valia a pena.  – Por que ela tinha que ir embora justo na hora em que ele  se declarara? Para mim, isso parece uma grande idiotice.

                - Mas esta é a parte romântica. – Tracy rebateu com um biquinho, num tom de voz sonhador. Por mais que não parecesse, Tracy era filha de Afrodite.  Ela querendo ou não, o romantismo e o amor corriam em suas veias. – Ele jurou ama-la por toda eternidade e luta-la por ela o tempo que fosse preciso.

                - E ela tinha jurado a mesma coisa a um ou dos capítulos atrás.- Katie relembrou. As quatro entraram no pavilhão e se dirigiram a mesa onde Mary, Annabeth e Harley estavam sentadas, sinalizando para elas.

                Essa era uma das novas regras do acampamento. Certo, não era exatamente uma regra. O fato é que, depois da grande batalha, Travis sugerira que além de tornarem domingo o dia livro de atividades do acampamento, trocarem as mesas por algumas menores, de oito pessoas cada,  e partirem que cada um sentasse onde bem entendessem, em vez de com seu chalé. Estranhamente, Quiron concordara sem nem hesitar.

                E, apesar dos pesares, Katie tinha de admitir que fora uma boa ideia.

                - Ela tinha que ir. - Tracy discordou enquanto se sentavam. – Aposto que você teria feito o mesmo.

                - Claro que não. Por pior que as coisas tivessem entre mim e o cara, eu ficaria e encararia o problema frente a frente. É assim que se deve fazer.

                - Do que vocês estão falando? – Annabeth perguntou franzindo o cenho, quando as duas se sentaram ao se lado.

                - Do livro. – Katie respondeu com um sorriso. – Eu finalmente consegui terminar.

                - Agh. – Annabeth murmurou com uma careta. – O final é horrível.

                - Não é não! – Tracy disse bufando irritadiça e revirando os olhos para as duas.

                As ninfas colocaram os pratos em frente a elas. Katie se levantou indo até a fogueira fazendo a oferenda silenciosa “Demeter... E Hermes. Dê um jeito no seu filho idiota por mim.” Elas almoçaram, conversando sobre assuntos em geral bem estranhos e sem importância. Em algum ponto, Clarisse chegou se jogando ao lado de Annabeth e provocando a loira antes de ir fazer suas oferendas.

                - O que vocês vão fazer agora? – Katie perguntou terminando a sua sobremesa. Torta de chocolate gelada.

                - Nada. – Annabeth disse dando de ombros. As outras concordaram com a cabeça.

                - David me deu uma câmera de aniversário na semana passada. – Danna disse pensativa, afastando uma mecha de cabelo dos olhos e parecendo pensativa. – A gente podia testa-la. Sabe, faz tanto tempo que não tiramos fotos todas juntas...

                Clarisse e Annabeth roçaram um sorriso cúmplice altamente estranho, parecendo saber muito mais do que Katie.

                - Claro! – Juliet disse animada. – Vai ser divertido.

                - Por mim tudo bem. – Katie concordou, se lembrando da ultima foto que tinha delas. A quanto tempo ela havia sido tirada? Um ano? Dois? É, dois anos. Parecia que foi há tão pouco tempo.

                - Ótimo! – Danna respondeu feliz. Ao seu lado, Tracy soltou uma careta involuntária. Certo, ela podia ser filha de Afrodite e tudo mais, mas odiava tirar foto. De fato, Tracy poderia ser facilmente tachada como tímida. – Eu só tenho que passar no meu chalé para pegar a câmera.

                - Ah, Tracy. – Katie chamou ao se levantarem. – Acho melhor você pegar o livro de uma vez. Vou acabar esquecendo dele mais tarde.

                - Tudo bem. – Tracy disse distraída, com um sorriso.

                - Certo. – Clarisse falou pensativa. – Chris disse que eles estariam na arena treinando. Vocês pegam o livro, a gente pega a câmera e nos encontramos lá.

                - Hu-hun. – Katie respondeu ao passarem pela saída, já andando na direção mais curta para o chalé número 4.