Seven Days a Week escrita por Jojo Almeida


Capítulo 5
Saturday Music


Notas iniciais do capítulo

Hey!
Bom, antes do capitulo, eu tenho 3 coisas para falar.
Primeiro, eu fiquei meio decepicionada. Se o nyah diz que eu tenho 21 leitores porque eu só recebi 6 reviews no ultimo capitulo? Onde estão as outras 15 pessoas que leiem e não falam nada? Poxa gente, assim não dá sem para saber se você estão gostando ou não... Onde eu tenho que melhorar e onde não. Esse é o propósito todo do Nyah! não é?
Segundo, essa é a lista das musicas que aparecem no capitulo, na ordem certa. Para se alguem quiser ouvir, mas já aviso que são passagens bem rapidas.
1 - Paradise City, Guns and Roses
2 - Dani California, Red Hot Chilli Peppers
3 - With You, Without You, U2
4 - Hotel California, Eagles
5 - Sweet Home Alabama, Lynyrd Skynyrd
6 - Black Dog, Led Zepplin
7 - Lake of Fire, Nirvana
8 - Mama I'm Comming Home, Ozzy Osburne
9 - Sound of Freedon, Bob Sinciliar
10 - Love ME Do, The Beatles
11 - Here Comes The Sun, The Beatles
(Vocês vão acabar entendendo quando lerem)
E por ultimo, já pesso desculpa pelo tamanho do capitulo. Meio que me enpolguei e não consegui me conter.
Aí vaí.



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                Connor passou pelo arsenal, se perguntando quem exatamente era Marie.

                Ah, certo. Marie era aquela filha de Atena de sua idade.  A que era albina, não podia sair por aí no sol, e vivia se escondendo debaixo de arvores com um livro em mãos. Bom, isso explicava porque Annabeth olhara para o sol antes de responder onde Marie poderia estar.

                Ele virou o colar nas mãos, analisando-o mais uma vez. Gélido era realmente a única palavra que poderia encontrar para descrevê-lo. Os cristais azuis e brancos adornavam o contorno do coração, formando minúsculos desenhos que ele não conseguia distinguir. O ouro-branco reluzia à luz, dando aquela estranha sensação de que jamais fora usado.

                Talvez ele estivesse imaginando coisas.

                Connor balançou a cabeça na tentativa de afastar o pensamento e, quase que inconscientemente, tentou abrir o pequeno fecho do coração. Certo, isso podia ser um ato meio errado, mas Connor nunca diria que se arrependeria dele. Ele era filho de Hermes. E, como qualquer bom filho de Hermes, ele não achava que fechaduras foram criadas para ocultar o que existe do outro lado.

                Não havia nada lá dentro. Nada. Nenhuma foto, nenhuma inscrição. Nenhuma mensagem gravada. Nada. O que acabou se mostrando bem decepcionante. E não só porque ele era filho de Hermes.

                - Droga! – ele murmurou ao tropeçar em uma raiz, distraído com o pingente. Continuou andando, sem saber exatamente para onde ir. Na dúvida, siga em frente, concluiu. Seu olhar varria as arvores, à procura de algum sinal de vida.

                Aquilo estava começando a ficar monótono.

                Mas, para sua surpresa, não demorou muito para acha-la. Marie estava reencostada em uma arvore, com a mão correndo livre sobre o papel de uma espécie de caderno onde anotava algo animadoramente. Seu cabelo loiro-branco caia pelos seus ombros em camadas, muito mais liso do que o de qualquer filha de Athena que Connor jamais conhecera, mas levemente curvado para cima nas pontas.

                - Hey. – Connor cumprimentou, se aproximando dela.

                - Ah! – ela soltou um grito agudo surpreso. Usava uma calça jeans e uma blusa de malha marrom em cima de uma polo rosa claro, o que, de fato, parecia bem estranho para o meio-dia de um dia quente de verão. Marie corou fortemente ao notar a presença de Connor ali, tingindo a raiz de seus cabelos com um tom engraçado de rosa quente.

                - Opa, calminha aí. – Connor disse tentando acalmá-la, ao mesmo tempo em que recolhia o seu lápis que rolara para longe no susto. Agora ele se lembrava porque sabia tão pouco sobre Marie. A garota era tímida até a raiz dos cabelos. Literalmente.

                Marie pareceu corar ainda mais. Se é que isso era possível.

                - Eu não tinha te visto aí. – ela murmurou, e um lampejo de luz passou por entre as tenebrosas arvores que causavam uma sombra irreal para aquele dia quente. Connor notou que seus olhos era lilás. Bom, não exatamente lilás. Era algo parecido com um lilá-acizentado. Uau, ele pensou. Nada típico do chalé de Atena.

                Ele deu de ombros.

                - Bom... Então nós podemos recomeçar. – disse brincalhão. Marie sorriu, tímida, concordando com a cabeça. – Hey.

                - Hey. – ela repetiu em resposta, fechando o caderno e parecendo temer que Connor lesse seu conteúdo.

                - Isso é seu? – ele perguntou levantando o colar à luz, para que ela pudesse vê-lo.

                Marie prendeu a respiração, arregalando os olhos e levando a mão ao busto, à procura de algo que não estava lá.

                - É. – ela respondeu corando novamente. – Onde...?

                - Na arena. – Connor respondeu sorrindo. Marie corou um pouco mais. – Quer que eu...?

                - Ah, não precisa... – ela disse, dessa vez realmente corada.

                - Hey, tudo bem. – Connor respondeu dando de ombros. Marie virou de costas, puxando seu cabelo loiro-branco e revelando se pescoço. Ele colocou e atarraxou o colar nela, meio desajeitado.

                - Obrigada. – ela falou envergonhada, se virando para ele novamente.

                - Eu não deveria perguntar isso, mas... – Connor murmurou baixinho, meio sem jeito. – Porque está vazio?

                - O que? – ela perguntou distraída, se abaixando para recolher uma bolsa cinza, do tipo sacola, que havia deixado no chão.

                - O pingente. Nenhuma foto, nenhuma mensagem gravada. Nada. Por quê? – ele disse ainda mais sem jeito.

                - Ah, isso. – Marie disse se virando para ele novamente, mas parecendo encarar qualquer coisa menos seus olhos. – Digamos que ninguém conquistou esse lugar ainda.

                E, sem se despedir, ela começou a andar na direção oposta da qual Connor viera. Ele a deteve, segurando seu braço, e fazendo seu rosto se tingir de vermelho novamente.

                - Marie, certo? – ele perguntou, mesmo já sabendo a resposta, fitando seus olhos lilás-acizentados.

                - Connor Stoll, certo? – ela rebateu, corando tanto que parecia prestes a explodir. E, sem esperar por uma resposta, desapareceu rapidamente por entre as arvores, deixando um leve perfume cítrico esquecido para traz.

                Connor fitou o lugar onde ela estivera, meio paralisado, sem saber o que fazer.

                - E então ela te deu uma semana para reconquista-la? – Percy perguntou divertido, ao saírem do pavilhão.

                - É. – Travis concordou dando de ombros, tirando um dos fones de ouvido para escuta-los melhor.

                - E você acordou todo o chalé de Hermes de madrugada, para promover uma super-arrumação, só porque ela ia fazer a inspeção dos chalés na manhã seguinte? -  Jake, filho de Apolo, emendou parecendo se conter para não gargalhar.

                - É. – Travis concordou novamente, meio irritado dessa vez.

                - E agora você não sabe o que fazer, então precisa de uma boa ideia até o final do dia? – Scott, do chalé de Ares, perguntou já gargalhando.

                - Exato. – Travis sibilou entre os dentes, realmente irritado.

                - Ha-há! Você está TÃO ferrado, cara! – Polux praticamente berrou, rindo como se esta fosse a ultima boa piada da terra.

                - Cale a sua droga de boca, idiota. – Travis respondeu alterado, sem tentar esconder sua irritação.

                Realmente, talvez não tenha sido uma boa ideia contar aquilo a eles. Percy, Jake, Scott, Polux, Chris e David podiam até ter namoradas. Ou ao menos serem bons com garotas.  Podiam até mesmo serem seus amigos há muito tempo. Ah, e que amigos.

                - Tenhamos que admitir, Travis. - Chris disse, também rindo. – Mas você realente se fudeu dessa vez.

                - A menos que... – David disse tentando parecer serio, mas se segurando para na rir. Na verdade, o filho de Hefesto, estava se saindo bem em comparação aos outros. – Ah, não. Esquece. As poções do amor do chalé de Hecáte acabaram na semana passada.

                Todos riram. Bom, todos menos Travis.

                - Ótimo. Me ajudem mesmo. – Travis murmurou meio infantil.

                - Certo, gente. – Polux disse brincalhão, mas finalmente conseguindo parar de rir. – O bebê aqui precisa de ajuda. Quem aí tem uma boa ideia?

                - Vamos fazer Katie ter um encontro com o Polux. – Jake respondeu realmente serio, passando a mão pelos cabelos loiros típicos de seu chalé. – Quem sabe assim ela descobre que existem coisas piores do que o bobão aí.

                - Eu disse uma boa ideia. – Polux sibilou irritado, parecendo prestes a dar um soco em seu querido amigo.

                - Nem olhem para mim! – Percy exclamou  levantando as mãos em um sinal de redenção. – Ou vocês não se lembram de como eu pedi Annabeth em namoro? Por do sol e praia é o melhor que eu tenho.

                - Como se alguém esperasse outra coisa de você, Sr. Esperteza. – Travis respondeu por todos, meio brincalhão, meio não.

                - É, sinto muito Stoll, mas nós não somos exatamente os caras mais românticos daqui. – Scott falou com a sua ironia de sempre.

                - Talvez... – Chris murmurou indiferente. – A gente possa falar para as meninas convencerem Kay do contrário. Sabe, que Travis não é tão ruim assim.

                - Hã? – David indagou distraído.

                - É. – Percy concordou com Chris. – Talvez Annabeth, Clarisse, Danna, Mary e Tracy possam convencê-la.

                - É... Talvez. – Travis concordou esperançoso.

                Danna, filha de Dionísio e irmã de Polux, namorava David. Mary, a irmã de Jake mais cobiçada pelos garotos do acampamento, namorava Scott. E Tracy era uma filha de Afrodite, estranhamente tímida, que namorava Polux. Jake, por outro lado, era um cachorro nato. Nunca, em toda a história, Jake namorara alguém. Simplesmente... Não era esse tipo de cara.

                Travis tinha que admitir. Era uma boa ideia. Ótima. As garotas eram amigas a muito, já se conheciam mesmo antes dele começar a namorar Kay. Algumas se conheciam mesmo antes de vir para o acampamento.

                - Não custa nada tentar. – Polux concluiu dando de ombros e finalizando o assunto.

                - Hun, aquela ali não é Katie? – Percy perguntou para ninguém em especial.

                E era. Katie estava à alguns metros dali, saindo do chalé de Demeter. Ela nem pareceu nota-los, ao pisar no gramado e começar a andar em direção à arena.

                - É. – Travis respondeu diminuindo um pouquinho o volume da musica, mas sem tirar o fone do ouvido. – Vejo vocês mais tarde. – Ele disse, indo em direção a ela.

                - Kay! KAY! – Katie escutou uma voz inconfundível chama-la. Ela bufou levemente irritada, mas não parou de andar. – Kay, vamos lá! Eu só quero conversar!

                Ela parou de andar e logo Travis estava em sua frente, levemente ofegante por ter corrido até ali.

                - Algum problema? – perguntou inocente, afastando uma mecha de cabelo dos olhos.

                - Não. – Travis respondeu franzindo o cenho para ela.

                Katie deu de ombros, e começou a andar novamente.

                - Ah, Kay... Você não está brava de novo está? – Travis perguntou andando de costas, para poder encará-la.

                - Achei que nós já tínhamos discutido sobre isso. – ela respondeu irritadiça, sem ao menos voltar sua atenção para ele.

                - Katie. Certo, Katie. – ele disse se lembrando da briga que tiveram de madrugada, e cambaleando levemente -  Será que você não pode parar de andar? As coisas estão ficando meio difíceis aqui.

                - Não. – Katie respondeu simplesmente, apertando o passo.

                Travis bufou. O que aconteceu a seguir Katie na poderia explicar com exatidão. Tudo que ela sabia era que, em um instante estava andando, no seguinte Travis parara em sua frente e no próximo seus pés haviam deixado a segurança do chão.

                - Stoll! O que Hades você acha que esta fazendo? – Ela perguntou alterada, batendo os punhos nas costas dele. Era uma posição verdadeiramente vergonhosa, ficar jogada sobre o ombro de um cara parecendo uma moçinha em perigo nos filmes de comedia-romântica.

                - Eu já disse que eu só quero conversar. – ele respondeu indiferente. – Você que escolheu não fazer isso civilizadamente.

                - Arrrg! Me coloque no chão seu idiota! – Katie protestou ainda mais alto, sem parar de prensar seus punhos contra as costas dele.

                Travis não respondeu. De fato, apenas andou mais rápido. E continuou andando, andando e andando. Não que Katie não estivesse protestando. Estava. E bem alto. Alto o suficiente para alguns campistas pararem para observar a cena de vez em quando, mas sem realmente fazer algo a respeito. E ela continuou protestando, pelo menos até ser invadida pelo cheiro de maresia e Travis a deposita-la cuidadosamente demais no que ela reconheceu como areia.

                - Humpf. – ela bufou, passando as mãos pelo cabelo em uma tentativa de domar os fios que estavam loucamente bagunçados.

                - Katie, eu já disse que só quero conversar. – ele se justificou meio culpado. – Não há mau nenhum nisso. Juro. Sem surpresas.               

                - Ah meus deuses, Stoll! Você é tão... Tão... – ela buscava a palavra certa. - Tão imprevisível!

                - Com certo orgulho, eu acrescentaria. – Travis respondeu brincalhão, se sentando ao seu lado na areia.

                - Primeiro o chalé, e agora... – Katie continuou. – O que Hades vem agora, a propósito? Qual é a sua grande ideia dessa vez?

                - Sinto lhe informar – ele falou irônico. – Mas o poço de ideias onde eu peguei a ultima fecha aos sábados.

                -  Ou você quer dizer que o chalé de Hermes tinha coisa melhor para fazer? – Kay rebateu ainda mais irritada.  -  Você não presta mesmo, Stoll.

                - Já entendi porque você está irritada, Gardner. – Travis resmungou, mudando de posição meio desconfortável. – Vou deixa-los fora disso na próxima.

                - Ótimo. – Katie disse irônica. – E eu que achava que seu dinheiro tinha acabado com esse último investimento.

                - Isso também. – ele concordou com um sorriso cheio de segundos significados.

                - Olha... Já que é assim, eu tenho mais o que fazer. – ela disse ameaçando se levantar, mas Travis foi mais rápido ao segurar seu pulso e faze-la se sentar novamente, dessa fez de uma forma não tão delicada.

                - O que? Algum problema em sair com um cara pobre? – Travis disse brincalhão, sem deixar o sorriso ocilar nem por um segundo. – Eu já disse que só quero conversar.

                - Sem surpresas. – Katie emendou se dando por vencida. – Troca o disco, Stoll. Essa frase está começando a ficar gasta.

                - Como quiser. – ele respondeu com um sorriso que Katie só conseguiu caracterizar como amarelo, e enfim soltando seu pulso.

                - Sobre você quer conversar mesmo, Stoll? – Kay perguntou após um momento de silencio em que nenhum dos dois se manifestou.

                - Nada em especial. - ele respondeu dando de ombros. -  Como vem sendo o seu dia?

                - Estava melhor ante de eu ser capturada por um idiota que afirma só querer conversar comigo. – ela ironizou cruzando os braços novamente.

                - Você.... estava indo para a arena, certo? – Travis deduziu sem graça. Era um momento estranho aquele. Desde que se lembrava, sempre fora fácil conversar com Katie. E, de repente, parecia quase impossível,

                - Certo. Percy disse que ia me ensinar o golpe de desarmamento. – ela confirmou, parecendo esquecer que estava brava com ele.

                - Ah, não. Katie Gardner não sabe o golpe de desarmamento? – Travis repetiu meio brincalhão, meio indignado. – Você só pode estar brincando! Ela quase me matou da ultima vez que lutamos e eu certamente não tinha nenhuma espada em mãos quando isso aconteceu!

                - Não brinco! – Katie respondeu rindo.

                - Bom, pelo menos isso aqui é por uma boa causa. – ele disse dando de ombros novamente.

                - E qual seria essa boa causa, por acaso? – Kay perguntou duvidosa.

                - Se Katie Gardner estivesse lá, não teria nem chance da próxima vez que lutarmos! – Travis respondeu rindo.

                - Falando em golpes... – ela disse pensativa. – Você disse que ia me ensinar a dar aquela rasteira semana passada!

                - Ah não, creio que isso não vai ser possível. – Travis discordou tentando parecer sério.  – Segredos de luta não podem ser tão facilmente compartilhados.

                - Humpf. – Katie bufou tentando parecer indignada, mas rindo as gargalhadas por dentro. – Então eu não te conto os meus segredos também.

                - Eu não ia poder executa-los mesmo. – Travis respondeu indiferente. – Essa coisa toda das ervas venenosas pode ser bem eficiente, mas eu acho que precisa de alguns pré-requisitos para executa-la. Alguns pré-requisitos que eu realmente não tenho.

                Katie riu, dando um tapa fraco em seu ombro, apenas de brincadeira.

                - Não é esse o meu segredo! – ela exclamou.

                - Pode até não ser, mas a coisa toda foi meio macabra quando você usou contra aquela filha de Afrodite porque ela chamou Juliet de vadia... Qual era o nome dela? Ah, é. Ashley. – ele falou divertido.

                - Ah, nem me fale dela. – Katie rebateu irritada. – A idiota rendeu uma semana de banho frio para o chalé quatro. Macabro foi o Jonatah, quando descobriu.

                Travis riu. Era como voltar aos velhos tempos. Ou para a semana passada. Como quiser. Mas parecia que os dois nunca, jamais, haviam tido aquela briga.

                - Stoll! – Katie ralhou em um tom irritado, que fez Travis se sobressaltar levemente com a mudança de humor da garota. – O que é isso?

                - Musica. – ele respondeu seguindo o olhar dela até o fone.

                - Seu idiota! Você estava escutando musica o tempo todo? – ela continuou sem mudar o tom de voz.

                - Ahn... Sim. Não. Quer dizer... Qual é a pergunta mesmo? – Ele respondeu atordoado, parecendo tão culpado como um garotinho que fora pego com a mão presa no pote de biscoitos.

                - Qual é o seu problema? Ninguém te ensinou que é falta de educação escutar musica e conversar ao mesmo tempo? – Katie ralhou ainda mais irritada, começando a ficar levemente corada.

                - Bem... –Travis resmungou dando de ombros, e sem parecer exatamente prestes a tirar o fone.

                - Idiota. – Katie sibilou. – Ao menos me deixe ver o que você está escutando que é tão bom assim.

                - Não Kay! – ele disse tentando impedi-la, mas quando viu já era tarde de mais. Seu Ipod já não estava mais em seu bolso, mas nas mãos dela. Ela virou o aparelho nas mãos, balançando a cabeça negativamente.

                - Não vou nem perguntar onde você conseguiu isso. – disse repreensiva, desbloqueando a tela e pegando o outro fone de ouvido.

                Travis parou por um instante, tentando reconhecer a musica que estava tocando. “Oh I wanna go, I wanna go, oh won't you please take me home/ Oh won't you please take me home” uma voz masculina dizia por cima de um solo de guitarra. Paradise City, do Guns and Roses. Certo, ele pensou. Isso não podia ser menos oportuno.

                Katie fez uma careta.

                - Guns N' Roses? – ela perguntou.

                - Ah, eles são bons. – Travis se defendeu, cruzando os braços. Para falar a verdade, ele estava praticamente ignorando a musica desde que saíra do pavilhão.

                -  “Take me Down to The Paradise City/ Where the Grass seens greener/ And the girl are prettyer.” – ela recitou descrente. – Meio machista, não?

                - Bom, talvez. – ele concordou sem graça. – Mas não é para tanto.

                - Hun, sei. Vamos ver o que temos aqui. – ela disse sem parecer convencida. Voltou sua atenção para a tela e pulou de musica ao constar que estava na função aleatória.

                Dani California, do Red Hot Chili Peppers.

                - Você só pode estar brincando! Red Hot Chili Peppers? – ela perguntou com uma expressão indefinida, mas levemente engraçada.

                - É. Também são bons. – Travis respondeu dando de ombros, amaldiçoando internamente o aleatório de seu Ipod.

                - Boa musica. Ritmo bom. Mas essas letras? – ela balançou a cabeça negativamente. – Te desafio a achar uma que não fale sobre drogas e violências.

                - Que tal essa? – Travis perguntou ironicamente.

                - Claro. Dani California é uma musica altamente feliz. – Katie rebateu também ironicamente. – Se você ignorar o fato de que foi escrita para uma mulher morta que, por acaso, também era drogada.

                Ela voltou sua atenção para tela, trocando de musica novamente. With or Without you, do U2.

                - Nossa! Que musicas mais aleatórias! – Katie exclamou impressionada. – Qual vai ser a próxima? Vamos Allá Paya?

                Ela esticou o dedo para pular a musica, mas Travis segurou sua mão.

                - Nada a dizer sobre essa? – ele perguntou duvidoso.

                - Não. – ela respondeu dando de ombros. – Na verdade, acho que essa é a única musica do U2 que eu realmente gosto.

                Hotel California, do Eagles.

                - É, tenhamos que admitir. – Katie balançou a cabeça tentando parecer decepcionada. Não deu muito certo. – Seu random do Ipod realmente tem alguma coisa com a California.

                Travis riu, e Katie pulou de musica novamente. Sweet Home Alabama,  Lynyrd  Skynyrd.

                -Acho que você vai ter que reformular a frase. – Ele sugeriu.

                - Por quê?

                - O random do meu Ipod tem alguma coisa com estados, não com a California.

                Katie fez uma careta e pulou de musica novamente. Black Dog, Led Zepplin.

                - Deixa, essa é boa. – Travis falou, antes que ela mudasse novamente.

                - Eca. – outra careta. – “Oh, oh, child, way you shake that thing/ Gonna make you burn, gonna make you Sting”. Meio ofensiva não?

                - Você exagera demais. – ele respondeu revirando os olhos.

                - Serio? “Hey, hey, mama, said the way you move/ Gonna make you sweat, gonna make you groove” ?

                - Tá, tá. Tanto faz. Próxima.

                Lake of Fire, Nirvana.

                - Drogados. – Katie declarou franzindo o nariz.

                - Novamente, a musica é boa. – Travis rebateu.

                Katie deu de ombros mais uma vez, passando de musica. Mama I’m Comming Home, Ozzy Osburne.

                - “Cause’ Mama, I’m comming home” – Katie cantarolou com a musica.

                - Não vai falar que ele é drogado não?

                - A musica é boa. – Katie contrapôs meio ironicamente, com um sorriso misterioso.

                - Vamos ver se eu dou sorte. – Travis respondeu pegando o Ipod de suas mãos e, antes que ela pudesse contestar, trocou a musica. O ritmo de Sound of Freedon encheu os fones quase as alturas.

                - Bob Sinclair? – Katie perguntou franzindo o cenho e tentando ler a tela.

                - Exato. É bom. – Travis concordou animado. Gostava dessa musica. Uma ideia lhe atingiu e, se levantando rapidamente, ele estendeu a mão a Kay com um gesto floreado. – Me concede essa dança?

                - Você acha que eu sei dançar isso? – ela perguntou em um tom de voz engraçada.

                - Você acha que eu sei? – ele rebateu com um sorriso. – Vamos, não pode ser tão difícil.

                - Ah, Travis eu... – ela resmungou. Travis a encarou de uma forma duvidosa. Ele havia realmente lhe chamado de Travis? Katie não o chamava de Travis. Bom, pelo menos não na maior parte do tempo.

                - Juro para você que não tem ninguém olhando. – ele insistiu. Katie olhou de um lado para o outro, analisando a praia. Verdade. Estava apenas os dois ali. É, não poderia ser tão ruim.

                - Como você acha que vamos conseguir dançar mantendo os fones de ouvido? – ela perguntou na defensiva.

                - Nada que eu não possa dar um jeito. – ele discordou despreocupado.

                Ela deu de ombros, se dando por vencida e aceitando sua ajuda para levantar.

                - Certo. – ela disse tentando espanar um pouco da areia que grudara em sua perna e no short. – E agora?

                - Agora dançamos.- Connor respondeu com um sorriso misterioso e, em seguida, a segurou pela a cintura aproximando-a de si. Katie cambaleou um pouco surpresa, mas acabou colocando as mãos em seus ombros, meio relutante.

                - Você vai para trás, eu vou para frente. Não deve ser difícil. – ele disse ainda sorrindo, dessa vez parecendo encorajador.

                - Eu vou para frente, você para trás. Certo. – Katie repediu distraída, encarando seus pés.

                - Não. Ao contrário. Você vai para tr- Travis começou a corrigir, mas mudou de ideia na metade. – Você frente, eu trás. Um, dois, três, e... Já.

                - Aí! Você é para trás!

                - Mas eu fui para trás!

                - Ah não foi não! Se tivesse ido, meu pé não estaria doendo agora.

                - Certo, desculpa.

                - Idiota.

                - Vamos de novo. Um, dois, três, e....

                - Aí, você não disse já!

                - Mas começa no “e”.

                - Então para quê o “já” da primeira vez?

                - Sei lá! Coisa do momento.

                - Tanto faz. Eu conto dessa vez.

                - No “e” ou no já?

                - No já. Um, dois, três, e.... Já!

                E então os dois começaram a dançar. Certo, de um jeito meio cambaleante, numa espécie de meia salsa desengonçada, sempre interrompida por risos e brigas ocasionais. Katie já estava vermelha de tanto rir, e Travis percebeu que sentia falta daquilo. Quer dizer, do riso de Katie ser para ele, apenas para ele. Ele sentia falta de Katie. Parecia que fazia tanto tempo que brigaram mas, se parasse para pensar sobre isso, não havia sido tanto tempo assim.

                - Pronta? – Perguntou rindo.

                - Claro. – ela respondeu entre as risadas. – Para quê mesmo?

                - Isso! – Travis respondeu, tentando fazer com Katie desse uma pirueta. É, tentando.  Katie olhou para ele surpresa e, cambaleando, se chocou contra ele fazendo com que os dois caíssem na areia em emaranhado de pernas e braços.

                - Ótima ideia. – Katie disse bufando para tentar tirar o cabelo do rosto, e saindo da vergonhosa posição em que estava... Bem, estava em cima de Travis.

                Ele riu, arrumando o fone no ouvido ao ver Katie fazer o mesmo. A musica mudara, talvez com o impacto. Agora era Love Me Do, dos Beatles.

                - “Love, love me do.” – ele cantarolou com a musica, sem se dar o trabalho de levantar.

                - “You know/ I Love you” – Katie completou rindo. – Finalmente uma banda que não seja de drogados. E que seja realmente boa.

                - Drogados vírgula. – Travis corrigiu. – Ou você não conhece a musica “Dr. Robert”?

                - Claro. Que quê tem?

                - Dr. Robert era, por mero acaso, o médico que apresentou a maconha para eles.

                - Ah, com certeza. – Katie respondeu distraída,  sem se importar muito. Então voltou sua atenção para o céu, agora tingido de rosa. Arregalou os olhos, se sentando em um pulo e fazendo Travis soltar um “Aí” ao ter o fone violentamente arrancado. – Olha Travis! – ela exclamou batendo em sua perna.

                - O que? Quem morreu?!? – ele perguntou meio ironicamente, se sentando quase tão rápido quanto ela e espalhando um bocado de areia para os lados com o movimento.

                - Ninguém, idiota. – Katie respondeu sem ao menos se dar o trabalho de olhar para ele. – Olha! É o pôr do sol! Há quanto tempo nós estamos aqui?

                - Muito. – Travis admitiu hipnotizado pela beleza da cena.

                O que devia ser o sol agora era uma grande bola laranja em chamas que parecia ser engolida pelas ondas do mar tingido de cores inidentificáveis. O céu parecia ter sido pintado por uma criança de seis anos, com o laranja e o rosa tingindo seu costumeiro azul Hortência. As nuvens, que quanto mais distantes mais finas ficavam, cobriam todo céu, parecendo quase que multi coloridas, ora vermelhas, ora brancas, ora rosas, ora laranjas.

                Era incrível.

                - “Here come the Sun.” – Travis cantarolou com um sorriso. Katie riu, e repousou sua cabeça no ombro dele.

                - Não seria “There Goes the Sun”? – Ela perguntou. Travis passou seu braço pela cintura dela, aproximando-a de si um pouquinho mais.

                - Essa musica não existe. – Ele discordou, com um sorriso.  – “Little Darling.”

                - “It’s Been a long cold lonely winter.”

                - Thu-thu-ru-ru-ru-rommm.

                - O que foi isso? – Katie perguntou com um tom de voz estranho.

                - A guitarra, oras. – Ele respondeu sorrindo.

                - Claro. – ela disse ironicamente, revirando os olhos. –  “Little Darling”

                - “It feels like years since it's been here”

                - “Here come the Sun”...

                - Thu-ru-ru-ru.

                - “Here comes the Sun”...

                - Thu-thu-ru-ru-ru-rommm.

                - “And I say”

                - “It’s alright”

                - Thu-thu-ru-ru-pa-ra-ra-pam.

                Katie riu novamente.

                - Sabe, Travis - ela começou a dizer, mas foi subitamente interrompida. Interrompida por uma figurazinha loira que pareceu aterrissar na frente dos dois, vinda de lugar algum.

                - Kay! – a loirinha exclamou, colocando as mãos na cintura e parecendo meio brava. – Onde você esteve?

                - Bom, aqui. – Katie respondeu dando de ombros e, para infelicidade dele, se desvencilhando de Travis. – Por quê?

                - Você tem noção de que horas são? Juliet e eu estamos te procurando a séculos! – Ela disse, chacoalhando sua cabeça de forma que os cachinhos loiros caíram perfeitamente obre seus ombros. Travis franziu o cenho para a cena. Quem era ela? Bom, não importa quem fosse, era estranho o suficiente ver uma garotinha de no máximo 7 anos brigando com Katie daquele jeito.

                - Ah, desculpe. – Katie respondeu parecendo sincera.

                - Tudo bem... – a garotinha disse sem jeito, então olhou para Travis como se fosse a primeira vez que o notava ali. – Oi Connor! – ela disse animada, acenando para ele.

                - Não, errado. Connor é meu irmão. – Travis disse sorrindo como quem pede desculpas. – Mas já disseram que somos bem parecidos.

                - Han... Jessie, este é Travis, meu... – Katie parou tentando buscar a palavra certa. – Amigo.  Travis, esta è Jessie, minha nova irmãzinha.

                - Hey. – ele cumprimentou Jessie, sem nenhum gesto florido com Connor fizera. Apenas um aceno de cabeça desleixado. Jessie não pareceu ligar muito.

                - Vamos logo! – ela disse se virando para Katie e puxando sua mão para que ela se levantasse. – Juliet já deve até estar achando que você morreu!

                - Te vejo mais tarde, Stoll. – Katie disse por cima do ombro, se deixando ser levada por Jessie.

                - Idem, Gardner. – ele respondeu meio frustrado. Porque Jessie tinha de chegar justo naquele momento? Talvez ele nunca descobrisse o que Katie ia falar. Talvez nem fosse importante. Talvez fosse. Era impossível saber, pelo visto.

                Katie seguiu Jessie, entrando no bosque. Mas seus pensamentos não estavam exatamente no que a garotinha lhe falava. Não, não mesmo. Seus pensamentos ainda estavam alguns metros atrás na praia. Com ele. Ela sorriu sozinha por um instante, parecendo sonhadora. Na verdade, Katie gostava de todas as musica que haviam sido tocadas naquela tarde. Porque ela discordara dele, não sabia dizer.

                Vai ver era força do hábito.


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Notas finais do capítulo

Hahaha.
o que acharam da escolha musical?
Não me culpem pela ordem, eu só peguei o meu Ipod e coloquei no random para ver no que dava e... Bom, deu nisso.
Recomendo dose dupla de todas as musicas 3 vezes por semana.
Hahahahhaha.
Mas vale a penas escutar todas.
Quanto aos reviews, eu declaro greve até segunda ordem.
Acho que vocês se acustumaram por eu ser uma escritora tão boazinha e postar toda semana sem falta.
Beijos,
Jojo