Seven Days a Week escrita por Jojo Almeida


Capítulo 15
Wednesday Pa-Pa-Party All Night (Parte II)


Notas iniciais do capítulo

HEEEEY!
Opa, opa. Calminha aí galera.
Sim, eu sei que eu demorei. Desculpa!
Mas, serio, olhem o tamanho do capitulo! 5010 palavras! 5010!
Isso não é pouca coisa, não mesmo.
E, acreditem, esse foi um capitulo bem difícil de escrever.
Ele vaí para Flor do Deserto, pela nossa terceira recomendação (Tks linda!) e para Driik (que chegou até a enviar uma M.P pedindo esse capitulo. Morre não, menina. Morre não!)
Boa Leitura =)
OBS: A musica mencionada é "Danza Kudoro", e é indicado que vocês a escutem em quanto leem o capitulo apartir da parte que eu indicar.



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- Marie! Marie! – Connor chamou em um sussurro propositalmente meio alto, dando leve batidas na porta do chalé número seis com a mão esquerda fechada em um punho.

Ele suspirou, passando a mão pelo rosto e aumentando um pouco mais a pressão de seus dedos sob a capa de couro. Devia ser quase uma da manhã. Ele simplesmente tinha que falar com Marie. Tinha que fazer isso antes que a coragem evaporasse com o amanhecer. Tinha que falar com ela o mais rápido possível. Não conseguiria esperar nem mais um segundo.

- Connor! – Marie exclamou em um sussurro ao abrir a porta do chalé. Ele se sobressaltou surpreso, esquecendo por um segundo o porquê de estar ali. Marie corou, desviando os olhos para o chão em quanto fechava um pouco mais o robe verde claro meio curto que usava sob o pijama e cruzava os braços. – O que você está fazendo aqui?

- Eu precisava falar com você. – Connor esclareceu com um sorriso, sem aumentar o tom de voz. Não conseguiu deixar de notar o quão linda Marie estava, com o cabelo loiro-claro levemente bagunçado e os olhos lilás-acizentados faiscando.

Ela olhou para ele sem entender.

- Falar sobre o quê? – perguntou franzindo o cenho e parecendo achar o fato meio engraçado. Ela seguiu o olhar dele até o caderno, corando fortemente logo em seguida. – Ah. Falar sobre isso.

- Marie, eu... – Connor começou, perdendo as palavras logo em seguida. Droga. Por que Hades tinha de ser tão difícil? Só queria falar com Marie. Não tinha nenhum mistério.

– Connor, você não precisa falar nada, okay? – ela o interrompeu falando rápido. – Foi uma loucura total eu ter te dado isso. Eu nem sei porque eu fiz isso. Ah, deuses, você deve me achar um idiota. Olha, vamos esquecer isso. Fingir que absolutamente nada aconteceu.

- Mas-

- Eu me sinto uma completa idiota. – Marie o cortou pegando o caderno em suas mãos e apertando-o contra o corpo instintivamente. – Eu me arrependo tanto. Não devia ter deixado você ler. Idiota! Acredita nisso? Eu consegui ser a maior idiota da face da terra. Uma filha de Atena idiota. Que maravilha.

- Marie-

- Connor, por favor. Me prometa que vai esquecer tudo que você leu. Por favor. Eu sei que eu sou uma péssima escritora, não precisa nem esfregar isso na minha cara. Eu sei que tudo que escrevi aqui é um verdadeiro lixo. Eu sei. Você não precisa nem se preocupar em me contar isso.

- Marie... – Connor começou, dessa vez falando calmamente. Ela voltou sua atenção para ele, pronta para escutá-lo. – Não é nada disso. Você não está entendendo.

- Entender o que? – ela perguntou cínica. – Nos dois sabemos exatamente o que aconteceu. Eu fiz a burrada de te deixar ler e agora você está vindo esfregar isso na minha cara.

- Marie... Não. – ele disse simplesmente, sem coseguir pensar em nada melhor. Ele tocou a mão dela que segurava o caderno, sentido a maciez de sua pele suave contra a ponta de seus dedos. - Eu jamais faria isso.

- Não... Faria? – Marie repetiu confusa, parecendo totalmente perdida. Ela afastou uma mecha de cabelo do rosto, olhando para ele meio cautelosa. Como se dessa vez quem estivesse prestes a explodir fosse ele.

- Não. Olha... – Ele parou, suspirando pesadamente e revirando sua mente bagunçada em busca das palavras que não vinham. Elas pareciam tão obvias a dois segundos atrás. – O que você escreveu... Era sobre mim?

- Algumas coisas sim. Os poemas. Alguns contos também. – ela parou, parecendo pensativa. – Não, não. A maior parte das coisas seria uma definição melhor. – desviou os olhos para o chão antes de voltar a falar. – Você não pode simplesmente esquecer isso? Tudo que eu escrevo é um verdadeiro lixo. É só um grande sonho bobo de ser escritora. Eu sei que não sou boa. E foi uma grande burrada te deixar ler. Ah, eu devia-

- Deuses, você nunca cala a boca? – Connor a interrompeu irritadiço, segurando-a pelo ombros e encurtando perigosamente a distancia entre os dois. – Marie, você é uma escritora incrível. Você é uma garota incrível. Você é incrível. E quer saber? Eu estou completamente apaixonado por você.

Marie abriu a boca para respondê-lo, meio catatônica. Só que, aparentemente, as palavras se perderam no caminho entre a sua mente e seus lábios. Afinal, estes estavam muito mais ocupados com outras coisas.

Beijando Connor, por exemplo.


[N/A: Coloque "Danza Kudoro" para tocar!"]


Katie rebolou até o chão, naquele passo que Danna havia lhe ensinando no chalé de Afrodite.

Ela sorriu, divertida. Aquilo sim era uma festa. Certo, ela havia tomado algumas taças de chapgne além da conta, mas quem liga? Era apenas o suficiente para que se sentisse leve, meio flutuando. Para que quisesse se divertir de verdade sem ligar nem um pouco para o que ia acontecer depois.

Dançar era bom. Ela ficou se perguntando por que não fazia isso antes. Era incrível a sensação de se mover no ritmo da musica em uma pista de dança lotada como aquela. Alguém colocou a mão em sua cintura, mas ela a afastou com um tapa, rindo. Talvez Katie estivesse rindo um pouco demais, mas ela realmente não ligava.

- Una mano arriba, cintura solta, mano na cabeça, danza kuduro – Juliet gritou ao seu lado junto com a musica, com a voz meio apagada no meio das batidas. Kay riu, fazendo uma nota mental para se lembrar de perguntar a Mary o nome dessa musica também. Tinha quase certeza que essa era uma das que haviam tocado durante suas aulas de dança naquela tarde.

- No mi cansia a ora, temos toda el fiesta. – Ela devolveu também gritando.

As mesas haviam aberto espaço para um grande pista de dança com um DJ em uma espécie de semi palco na parte esquerda. Do outro lado, havia um bar com luzes neon que parecia estar se movimentando com os efeitos de luz. Estavam todos os convidados dançando, ou ao menos se agarrando em uma das paredes do salão.

Katie riu meio histericamente, se apoiando no ombro esquerdo de uma Juliet bem sorridente. Se bem que... Ela não havia tomado só chapgne. Foram um três taças de chapgne , um copo daquela batida de frutas duvidosa e dois de alguma coisa que ela nem se deu o trabalho de identificar o que era.

- Kay, Kay, Kay... – Juliet resmungou com a voz arrastada, gritando acima da musica. – Não acredito que eu estava pensando em perder isso aqui!

- Viu? Eu disse que você ia se divertir! – Katie devolveu, sem ter certeza se a irmã sequer chegou a ouvir sua voz.

-Eu vou pegar mais alguma coisa ali no bar! – Juliet disse, ou pelo menos foi o que Katie achou que ela havia dito. Seus lábios se moveram e ela apontou em direção ao bar antes de sair andando meio cambaleante, então não dava para ter muita certeza, mas provavelmente fora algo assim.

Katie sorriu sozinha, ajeitando a mascara e lembrando-se de mais alguns passos de dança não lá muito comportados que Tracy havia lhe mostrado.

Agora sim a diversão ia realmente começar.



Travis quebrou o copo que segurava ao fechar a mão em um punho, reduzindo-o a uma pilha de cacos de vidro e uma poça de vodka.

- Cara, calminha aí. – Polux disse ao seu lado, levantando uma sobrancelha ao analisar o estrago que o amigo havia feito. – Esse já é o quinto copo dos últimos vinte minutos.

- Olha isso! – Travis disse resignado apontando com a cabeça na direção de Katie na pista de dança.

- Só... Fica calmo, okay?

O filho de Hermes respirou, olhando para o teto em quanto tentava em vão controlar sua raiva. Quase uma hora. Esse era o tempo que Kay estava dançando (diga-se de passagem que ele nunca havia a visto dançar daquela forma, e além de ter que controlar a raiva tinha que controlar a vontade de ir até lá e agarra-la sem pensar duas vezes). Trinta e quatro caras. Esse era o número de caras olhando para ela de um jeito não lá muito respeitoso. Doze caras. O número que estava fazendo gestos obsenos por suas costas. Cinco caras. O número que tivera a coragem de puxa-la pela cintura.

Não que ele estivesse contando.

- Então? O que a gente faz agora? – Polux perguntou impaciente, obviamente meio desinteressado na garrafa de cerveja que segurava. Filho de Dionísio precisam beber dez vezes mais álcool antes de ficar bêbados. Fato que ele já estava achando bem decepcionante, para falar a verdade.

- Agora, nada. – Travis esclareceu se encolhendo um pouco mais atrás do pedestal, como se quisesse se fundir na parede como um camaleão.

- Como assim nada? – Polux resmungou incrédulo, olhando para ele de uma forma estranha.- Cara, eu não vim até aqui atoá e pelo visto nós não vamos em borá tão cedo. Aquele tal de Bunker disse que só vinha lá pelas três da manhã, e ainda é uma e meia. Fala aí, qual é a próxima parte do seu grande plano?

- Nada. – O Stoll respondeu, sorrindo de lado quando o amigo pareceu prestes a soca-lo. – Por em quanto. Temos que fazer Katie acreditar que fomos em borá e aí...

- E aí..?

- E aí surpreendê-la. – Completou pensativo. – Viu? Simples. Só precisamos do momento certo para isso. Nada de mais.

Polux olhou para ele de uma forma estranha.

- Você não tem um plano, né? – disse e balançou a cabeça negativamente, tomando mais um gole da garrafa e olhando fixamente para a pista de dança.

- Não mesmo. Quer dizer, ainda não. – se corrigiu assim que percebeu o que havia falado. - Eu estou trabalhando nisso, okay?

- Cara... Eu jamais estive em um plano tão ferrado quanto o seu. – Polux admitiu melancolicamente, olhando ao redor até seus olhos pousarem no bar reluzente que estava a alguns metros dos dois. – Deuses, cadê o Jake? Ele foi pegar umas bebidas a mais ou menos uma meia hora, ou sei lá.

- Você está exagerando. – Travis resmungou, apesar de também estar vasculhando o salão em busca de Jake. Realmente, já havia um tempo que ele havia saído.

- O tédio faz o tempo passar mais devagar. Fazer o que. – rebateu dando de ombros e esticando o pescoço para ver o outro lado do salão. Jake não estava em absolutamente em lugar nenhum.

Ele disse isso a Travis e, resmungando um pouco, o amigo o seguiu até o bar. Talvez Jake estivesse lá, além de que eles estavam precisando de uma bebida. Sabe, um deles destruiu o seu copo e o outro ainda tinha esperanças de ficar bêbado antes do fim da festa e transformar aquela maratona de horrores em alguma coisa mais aceitável.

Polux gritou alguma coisa para o barmen acima do volume da musica, que estava bem mais alto ali. O barmen balançou a cabeça e começou a mexer em garafas coloridas de líquidos meio estranhos. Travis suspirou e olhou para a pista de dança, procurando por Kay.

- Aquele ali não é o Jake? – Polux perguntou de repente, apontando para alguém de costas numa das paredes a alguns poucos metros dos dois, em um amasso ardente com um garota de vestido cinza claro. Travis olhou para os dois rapidamente, sem precisar de maior confirmação que o cabelo loiro curto bagunçado. – Acho que aquela ali era a garota que ele estava olhando mais cedo, quando a gente se matava para procurar Kay.

- É. Deve ser. Alguém tinha que se dar bem essa noite. – concluiu dando de ombros, voltando sua atenção para a pista de dança e, finalmente, localizando Katie.

A primeira coisa que ele notou foi que ela estava rindo daquela forma que deixava-a completamente linda e natural. A segunda coisa foi que havia alguém de smooking e mascara preta, segurando-a firmemente pela cintura e arrancando aquele riso dela.

Foi aí que Travis começou a odiar a segunda coisa.



- Heeeey, Lana! – Katie ouviu uma voz desconhecida meio arrastada dizer ao seu lado, antes de uma mão igualmente desconhecida segurar firmemente sua cintura e puxa-la para a esquerda.

Ela se virou para o dono da mão e da voz. Era um cara, alto. Musculoso. Meio que com cara de idiota. Cabelo cortado num estilo militar, olhos castanhos e um rosto absolutamente normal que não tinha nada de mais. Só de olhar, dava para falar com toda certeza que ele era um jogador de futebol americano. E, só de olha, dava para falar que ele estava completamente bêbado.

- Lana? Eu não sou a Lana! – ela esclareceu rindo, fazendo um careta para o cheiro de álcool que ele exalava. Katie pensou se sua situação era semelhante a dele, mas descartou a ideia rapidamente. Ela não bebia nada desde que Juliet fora até o bar, e mesmo antes disso só havia bebido o suficiente para que ficasse ‘solta’. Não para que ficasse bêbada.

- Não tente me enganar, Lana! Eu sei que você é a Lana, Lana! – O cara disse meio que cambaleante, pressionado um dedo no ombro de Katie como se quisesse acusa-la.

- Hã, certo. Olha, eu não sou a Lana. Você deve ter me confundido com alguém. – Ela tornou a dizer, dessa vez deixando pausas maiores entre as palavras na esperança que assim ele entendesse do que se tratava.

- Ah, Lana! Que saudades de você! – ele devolveu todo feliz, puxando Kay para um abraço apertado que a lembrava um panda. Ela apertou os olhos, cambaleando levemente quando ele a soltou. Deuses, ta aí um mortal bem forte.

– Katie. Eu sou a Katie. Eu não sou a Lana. – Kay tornou a dizer, meio nervosamente dessa vez. Vasculhou o bar em busca de Juliet. Nada. Tentou o resto do salão, sem precisar olhar muito além. Achou Juliet em dois segundos. Prensada contra a parede, num baita amasso com alguém de mascara de cinza escuro. Que beleza.

- Lembra daquela noite na casa de praia? – O cara perguntou de repente, sorrindo bobamente. Katie tinha a forte impressão que não queria saber dessa tal casa de praia nem de nada que Lana havia feito lá.

- Eu não sou a Lana. – repetiu bem mais pausadamente, como se estivesse falando com uma criança muito pequena.

- Ou daquela vez no armário do zelador? – ele insistiu sem ligar para o que ela havia falando, sorrindo ainda mais bobabem. Agora Katie tinha a forte impressão de que com certeza não queria saber nada sobre qualquer coisa que Lana havia feito em casa de praia e armários do zelado.

- Olha, eu não sou a Lana. – insistiu meio desesperada, achando a situação cada vez mais estranha. Ah, droga. Juliet não podia ter escolhido qualquer outro momento para sair por aí em um amasso ardente com algum desconhecido?

Kay tentou se esquivar delicadamente do cara, que apertou ainda mais o braço entorno de seus ombros. Certo, aquilo doeu um bocado. Ela queria ter o seu punhal para dar uma bela lição nele. Ou queria que bronze celestial fosse tão eficiente em mortais como era em monstros, para reduzir aquele ali a uma pilha de poeira dourada do submundo.

- Ah, Lana! – ele suspirou com um enorme sorriso. – Eu sabia que você viria! Rachel disse que não, mas eu sabia que sim! Lana, eu estava com tantas saudades de você! Lana, Lana, Lana! Eu podia repetir isso para sempre!

- Seria melhor que você repetisse isso para a Lana certa. – Katie resmungou tentando se soltar novamente, mas percebendo mais uma vez que ele era bem mais forte que ela. Suspirou, tentando manter a calma. Pirar não ia ajudar em nada.

Foi aí que as coisas começaram a realmente não prestar nem um pouco.



- Cara, olha isso. – Travis chamou batento insistentemente nas costas de Polux, que estava curvado no bar falando alguma coisa com uma garota loira de vestido rosa que devia ter bebido mais do que algumas desde o começo da festa.

- O quê? – Polux resmungou meio irritadiço, virando-se para encara-lo. Travis apontou a pista de dança com o queixo, exatamente para o lugar onde Katie estava com o cara. Ele seguiu seu olhar.

Kay parecia irritada. Ela ficava tentando recuar do cara toda hora, ou o empurrado para longe levemente com a mão esquerda, em quanto olhava para os lados em busca de alguma coisa que não vinha. Ele, por outro lado, parecia feliz além da conta, com aquele sorriso bobo. Não dava para ouvir o que estava falando, mas Travis tinha a sensação de que não queria.

- Ah, não... Aquela ali é a Kay? – Polux murmurou ao seu lado, parecendo uma criança que teve o doce roubado por um monstro asqueroso. Travis concordou com a cabeça, sem tirar os olhos dela. – Olha, fica frio, okay? Eles só estão conversando.

Como se tivesse ouvido isso e quisesse provar o contrário, o cara puxou Katie para um abraço apertado longo até demais, do qual ela saiu meio cambaleante. Os músculos de Travis se retraíram involuntariamente quando o cara segurou-a pela cintura e a puxou para mais perto. Perto demais.

- Cara, não seja idiota. – Polux insistiu ao seu lado, percebendo de imediato o que estava acontecendo. – Não é nada de mais. Você tem um plano, lembra? Não vamos ferrar o plano mais do que ele já está ferrado.

Travis resmungou alguma coisa e desviou os olhos para o chão, a contra gosto. Polux pareceu satisfeito, então se voltou para a garota loira do bar. O filho de Hermes já estava convencido. Ele não ia dar tudo a perder assim de repente por causa de um desconhecido quando tudo estava saindo exatamente como o planejado. Não ia.

Se permitiu olhar para a pista de dança uma ultima vez. Bem a tempo de ver o tal desconhecido sorrir bobamente pela milésima vez, se curvando para ainda mais perto de Katie. Bem a tempo de ver um beijo que ele preferira nunca saber que aconteceu. Bem a tempo de ver um idiota cavar o seu tumulo ao ir longe demais.

A raiva rugiu em seus ouvidos, mais alto que qualquer pensamento. Katie tentava afastar o cara com a mão direita, sem sucesso. Ele deve ter feito algum barulho involuntário, pois Polux se virou novamente para ele.

- Não! Não vamos fazer nenhuma idiotice! – Polux exigiu colocando o braço estendido em sua frente para que ele não fosse em direção aos dois. Travis tentou empurra-lo, meio em vão. Polux era tão forte quanto ele, e estava bem decidido a não deixa-lo sair dali. – Pensa no que vai acontecer depois! Não vale a pena, vale?

- Não. – O Stoll resmungou, obrigando seus músculos a relaxarem. Polux se afastou um pouco na defensiva, resmungando alguma coisa. Travis olhou para o chão, tentando se controlar. Mas, quando olhou para a cima novamente, o cara continuava beijando Kay do mesmo jeito.

E isso foi o suficiente para aniquilar qualquer pensamento de autocontrole.

Ele esperou Polux se virar para o bar e, assim que a atenção do filho de Dionísio estava novamente no decote do vestido cor-de-rosa, permitiu a si mesmo que fechasse os dedos em torno da primeira coisa que havia em cima do balcão do bar.



- Lana, eu senti taaaanto a sua falta! – o cara disse contente, coma língua arrastando nas palavras e prolongando algumas sílabas. O que o álcool não faz com as pessoas.

- Eu não sou a-

Katie parou de falar, porque foi aí que o cara começou a beija-la. Cerrou os dentes e os lábios, torcendo para que acabasse logo e tentando empurra-lo com sua mão direita. Aquilo estava indo longe demais.

Ele pareceu demorar uma eternidade para se afastar. Uma eternidade que passou em câmera lenta para ela, que não conseguia parar de pensar em Travis, o que era bem inoportuno para um momento em que um cara desconhecido está de beijando por achar que seu nome é ‘Lana’ e você é uma espécie de vadia que já transou em lugares inimagináveis (Katie não queria nem comentar o que veio depois da casa de praia e o armário do zelador, serio mesmo).

Quando ela achou que ia desmaiar de tanto tempo que aquilo estava levando, ele finalmente se afastou com um sorriso bobo. Abriu a boca, prestes a falar alguma só que, antes disso, o som de alguma coisa quebrando o interrompeu. Kay arregalou os olhos e cobriu a boca com as mãos em quanto ele tombava para frente em busca de equilíbrio, os cacos de vidro e o sangue reluzindo na parte da traz de sua cabeça.

Antraz dele, segurando uma garrafa de cerveja vazia quebrada na metade e com uma expressão nada amigável, estava ninguém menos que Travis.

Travis deu um soco de direita no cara assim que ele se virou para encara-lo, fazendo com que o sujeito cambaleasse para a trás e batesse contra algumas pessoas que estava dançando.

Ele se pegou desejando ter sua espada em mãos, ou a menos que bronze celestial fosse totalmente eficiente contra mortais. É, isso seria bem oportuno. Por outro lado, estava com tanta raiva que qualquer forma de fazer o estúpido pagar pelo que fizera servia.

Dessa vez, Travis não disse nada. Nem um tipo de jargão idiota. Nem um tipo de ordem, como havia acontecido com Brian. Era como se a raiva, aquela que rugia em seus olvidos e devia estar estampada em seu rosto, falasse tudo que alguém precisasse saber.

Esquerda. Direita. Frente. Lateral. Esquerda. Travis começou a distribuir uma serie de socos sem nem perceber o que estava fazendo, numa espécie meio macabra de piloto automático. Ele notou, pelo canto do olho, que toda a pista de dança tinha feito uma roda em torno dos dois e começado com as apostas e palavras de incentivo. Era até meio engraçado.

Considerando que alguém ali estava prestes a morrer pelo que fizera.



Katie olhou para os dois atodoarda.

Travis lutava bem, mesmo sem a espada. Mas isso ela já sabia. O cara, por outro lado, tinha todo aquele físico de jogador de futebol (que é um nome bonitinho para montanha de músculos) e estava conseguindo se virar bem até então.

- Bate nele, Joe! - Alguém gritou a sua esquerda, naquela roda ridícula que haviam feito. Ah. Então o nome do cara é Joe? Katie pensou, apesar de achar o momento bem inoportuno para descobrir esse tipo de coisa.

- TRAVIS! – ela gritou indo na direção dos dois. Eles não pareciam ouvi-la, considerando que os socos continuaram. – TRAVIS, PARA!

Tentou se aproximar um pouco mais, não queria que ninguém se machucasse. Violência é a marca maior da idiotice, quando usada daquele jeito. Ela só queria que eles parassem.

- PAREM! – gritou novamente, com a voz esguiniçada mal se sobrepondo ao volume da musica.

Kay sentiu tudo rodar. Como se o mundo tivesse dado uma guinada perigosa para a esquerda sem aviso prévio, tentando joga-la no chão. De repente, a musica parecia mais alta, tão alta que sentia como se sua cabeça fosse explodir. Parecia que haviam cada vez mais pessoas ali, olhando para ela de um jeito estranho.

Ela cambaleou. Tinha que fazer alguma coisa, e rápido.



Travis estava com um corte minúsculo na bochecha esquerda.

Mas, de fato, era bem satisfatório que o cara só conseguira machucar aquilo durante aquela luta toda. Ele, por outro lado, estava com o nariz sangrando tanto que parecia quebrado, um olho roxo e, se Travis acertara quando fizera aquele golpe que Steve havia lhe mostrado, duas costelas quebradas.

Ele tinha a impressão de ter ouvido Katie gritando. Mas era um som tão distante que parecia quase irreal, como um sonho distante que vinha a sua memória de repente.

O cara passou desviou de um dos seus golpes de uma forma mais desleixada. Ele foi para esquerda e, dando dois passos para trás, ficou a uma distancia razoável de Travis. Passou a mão pelo nariz, se certificando de que era mesmo sangue e fazendo uma careta de dor para depois colocar a mão esquerda pressionando algum ponto na altura do abdômen.

Travis sorriu, levantando a mão fechada em punho mais uma vez.



- PAREM! – Katie gritou mais um vez, aproveitando a distancia que haviam dando. Ela parou no espaço entre eles, estendendo uma mão para cada lado em um sinal de “pare!” típico dos guardas de trânsito.

Travis olhou para ela como se subitamente lembrasse-se de sua existência, em quanto abaixava a mão calmamente. Kay cambaleou levemente em cima do salto altos, em busca de equilíbrio. Porque a o musica insistia em continuar tão alta?

- Senhorita, você e seus amigos precisam nos acompanhar até a saída. – Alguém disse a suas costas, com um voz grave e soturna.

Ela nem se deu o trabalho de se virar. Já sabia exatamente do que se tratava.


[N/A: Se a musica não tiver acabado, dê pause agora!]


- IDIOTA! – Katie gritou quando pisaram na calçada da rua extremamente escura, empurrando Travis com as mãos e fazendo com que ele cambaleasse levemente. O pior, é que estava chovendo um bocado. E ninguém ali tinha um guarda-chuva, ou coisa do tipo.

- Eu estava tentando te ajudar. – ele rebateu entre dentes, irritadiço. – Ou vai me dizer que estava tudo sob controle? Por que nós dois sabemos que não estava nada sob controle e que definitivamente não estava tudo bem.

- Stoll! – Katie ralhou exasperada, cobrindo o rosto com as mãos e olhando para a cima. – Você consegue estragar tudo!

- Eu não estraguei nada. – Travis se defendeu, olhando para Polux, Juliet e Jake, que estavam a alguns metros dos dois. Como se tivesse medo de que os dois explodisse a qualquer momento daquela briga.

- Nããão, imagiiina. – Katie resmungou ironicamente, meio infantil. – Por que ser expulso de uma festa, sem ter para onde ir, sem ter o que fazer, na chuva, porque você resolveu que simplesmente devia ser um idiota mais uma vez, não é estragar tudo.

- Deuses, Kay! – ele exclamou exasperado em resposta. – Eu estava tentando te proteger, quando sua cabeça dura vai entender isso?

- Você nem devia estar aqui. – Katie disse irritada, tremendo levemente pelo contato da chuva fria com a pele. - Você nem devia mesmo estar aqui. Você sempre estraga tudo, arrrg.

- Eu. Estava. Tentando. Te. Proteger. – Travis rebateu entre dentes, com pausas desnecessárias entre cada palavras. Ele a segurou pelos ombros, irritado, em quanto ela o encarava com um olhar faiscando de raiva que Travis já conhecia bem. Chegava a ser assustador ver Katie daquele jeito.

- Primeiro: Você nem devia estar aqui. – Ela insistiu em repetir, dessa vez enumerando. – Segundo: Você sempre estraga tudo. Terceiro: Joe estava bêbado e-

- Joe? Você sabe até mesmo o nome dele! Não sabia que eram assim tão próximos. – ele a interrompeu, com a voz tão acida que Katie quase recuou alguns muitos passos para trás, mas ela preferiu não dar a perder.

- Eu sei porque gritaram o nome dele quando você estava ocupado demais tentando mata-lo! – Kay exclamou irritadiça, se encolhendo com frio. Travis, mesmo que não admitisse isso naquele momento, queria tirar seu palito e entrega-lo a Katie para que ela não sentisse frio. Queria que tudo ficasse bem e eles pulassem essa parte da briga. Mas, naquele momento, a raiva ainda falava alto na sua cabeça.

- Eu devia fazer o que? Ficar calado em quanto ele te beija? – Travis argumentou, cruzando os braços sob o peito e encarando-a irritado. Katie cambaleou mais uma vez, amaldiçoando os malditos salto altos em quanto afastava uma mecha do cabelo molhado do rosto.

- Ele estava bêbado! Completamente bêbado! – ela contrapôs fazendo gestos estranhos com as mãos, do mesmo jeito que ela sempre fazia quando estava extremamente irritada.

- Ah, porque isso é uma bela desculpa para o que ele fez. – ele disse ironicamente, com a voz atingindo o mesmo tom acido de antes.

- Me deixa terminar de falar, idiota! – Katie exigiu colocando os braços na cintura, do mesmo jeito que ela fazia sempre que estava extremamente extremamente irritada. – Ele ficava me chamando de Lana. Lana! Estava tão bêbado que sequer conseguia reconhecer alguém.

- Não vejo a onde você quer chegar, Lana. – Travis respondeu com o mesmo tom, e a voz ainda carregada da ironia acida.

Katie abriu a boca para responde-lo, fechando-a novamente logo em seguida. Ela balançou a cabeça negativamente e, assim de repente, era como se toda a raixa tivesse drenado dela e sido substituída por uma onda gigantesca de tristeza.

- Ah. – ela suspirou fracamente, perdendo toda a vontade por qualquer coisa. Deixou –se cair, sentando-se no meio fio com o vestido em camadas ao seu redor.Arrancou os salto altos, apoiando a cabeça nos joelhos e olhando longamente para em espaço vazio a sua frente.

- Katie...? – Travis chamou meio indeciso, surpreso pela expressão dela. Doía mais que tudo vê-la assim. Doía mais que tudo saber que ele a deixara assim.

Katie enterrou a cabeça nas mãos, e depois olhou para cima novamente, com os olhos marejados por lagrimas brilhantes. Aquilo doía mais do que qualquer golpe de espada. Doía mais do que Travis conseguiria qualquer dia colocar em palavras.

- Eu entendi. Por que você está aqui. – ela disse com a voz fraca, olhando para ele de uma forma estranha. – Você não confia em mim, não é mesmo?

- Hã? – Travis murmurou bobamente, sem conseguir achar as palavras.

- Você veio até aqui porque você não confia em mim. – Kay repetiu dessa vez com um pouco mais de força na voz, como se colocar o pensamento em palavras o tornasse um pouco mais comprienssivel. Travis balançou a cabeça negativamente, olhando para ela longamente.

- Katie, não é nada disso. – ele respondeu em quase um sussurro.

- Porque eu não acredito em você? – ela perguntou melancólica, tendo toda a certeza de que ele realmente não confiava nela.

Silêncio. Longo silêncio.

Katie suspirou mais um vez, olhando para Travis sem parecer realmente enxerga-lo. Como se sua mente estivesse analisando alguma coisa bem além do que estava ali.

- Às vezes... – ela murmurou quase em um sussurro, tomando fôlego. Quando voltou a falar, sua voz era levemente mais forte. – Às vezes eu fico pensando se não era melhor você simplesmente desaparecer.

Travis a encarou mais uma vez, com os brilhantes olhos azuis-claros marcados pela mágoa. Ele a encarou por um segundo, mas no outro não estava mais ali. Simplesmente desaparecera no ar, do mesmo jeito que fizera com Katie quando a levara até aquele shopping. Ela não sabia para onde ele havia ido, mas preferia não pensar sobre isso agora. Travis fora embora.

E, dessa vez, ele não a levara com ele. Katie continuava ali, na chuva, olhando para o lugar onde ele estivera segundos antes. Katie continuava ali.

Se sentido mais sozinha do que jamais havia sentido em toda sua vida.


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Notas finais do capítulo

Sim... Isso foi meio tenso.
Pobre Travis.
E pobre Katie.
Whatever.
Deixem reviews, recomendem...
Eu prometo que o próximo capitulo vai sair mais rápido.
Beijos,
Jojo