Seven Days a Week escrita por Jojo Almeida


Capítulo 14
Wednesday Pa-Pa-Party All Night (Parte I)


Notas iniciais do capítulo

Hey, hey, hey!
Gente, eu estou de muitissimo bom humor. E resolvi vir postar para vocês, não sou uma fofa? Hahaha.
E sim... Vcs leram o titúlo direito. Parte I. Porque vão ser duas partes. Isso aí, não deu para fazer tudo em uma só.
Ah, falando em título, ele se refere a um trecho de uma musica que minha irmã mais velha compos com a pseudo-banda-ainda-sem-nome dela. O trecho completo é: "He is getting bored and she just wants to Pa-pa-party all night".
Essa musica tem uma looonga história que eu não vou explicar agora. É complicado até demais. A letra fala sobre uma separação e como os dois reagiram a ela. A garota melhorando cada vez mais, e o garoto.... Hun, meio que cavando a própria cova.
Sei lá. Eu gosto do trecho. E da musica. Deu um titulo legal.
Ah, e eu troquei a capa para um especial do Baile de Mascaras. Me digam o que acharam!
Whatever, vou parar de encher vocês.
Aí vai o capitulo da festa, galera!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/148362/chapter/14

Quando Katie entrou no salão, ela poderia jurar que viu metade das cabeças masculinas existentes daquele lugar enorme se virarem automaticamente na sua direção e de Juliet.

Ela corou fortemente, desviando os olhos para o chão e desejando mais que tudo ter alguma coisa para se cobrir, em quanto amaldiçoava Tracy mentalmente de uma forma não lá muito bonita. Elasabia que o decote estava grande de mais. Ou, quem sabe, era tudo imaginação de sua timidez. Ah, certo. Imaginação. Até parece.

Aproveitou o fato de que o chão estava ficando entediante e resolveu analisar onde estava. Era um salão de mármore enorme, que mesmo com todas aquelas pessoas ainda parecia grande demais. Havia um lustre de cristal incrível bem no centro, reforçando aquele ar medieval. As mesas, com lindos arranjos florais que deviam ter custado uma fortuna, ficavam mais a esquerda, dando espaço para um largo espaço vazio no meio que possivelmente seria usado como pista de dança. Mais no fundo, dava para ver uma grande escadaria com tapete vermelho.

Garçons de terno preto passavam quase que deslizando de um lado para o outro do piso espelhado, enchendo as taças de chapgne de um bando de adolescentes que certamente estariam caindo de bêbados daqui alguns minutos. As garotas usavam os tipos mais estranho de vestido que iam de longos a curto, cor-de-rosa a pretos e excêntricos a clássicos. Já os caras pareciam mais o menos todos iguais, com super alinhados smokings pretos. Pelo menos, todos ali estavam usando mascaras iguais a dela e de Juliet, o que fazia com que se sentisse muito mais ridícula.

– Vamos logo com isso. – Juliet resmungou agarrando o braço de Katie e arrastando-a em direção a Victorie, que estava recebendo as pessoas com um sorriso superficial a alguns metros dali. Kay cambaleou levemente, tentando manter o equilíbrio em cima daqueles saltos infernais e ao mesmo tempo torcendo para que não parecesse estúpida por estar tendo problemas com aquela coisa de ficar em cima daqueles saltos infernais.

– Ah, olá. – Victorie disse ao se virar para duas, com o sorriso murchando e sendo substituído por um olhar de desprezo já típico naqueles olhos azuis claros gélidos. Katie resistiu ao impulso de desviar os olhos para o chão, sorrindo gentil para a loira em vez disso. Notou que Victorie usava o mesmo vestido longo preto e branco do convite, apesar dela saber que a garota trocaria de roupa pelo menos um milhão de vezes antes da festa acabar. – Achei que você não viria.

– Meu pai me obrigou. – Juliet rebateu no mesmo tom de desprezo da prima, deixando bem obvio que os sentimentos eram mútuos.

– Não para você estar naquele acampamento para crianças conturbadas de Long Island? – Vistorie provocou, se virando para o fotografo. Katie e Juliet ficaram ao seu lado, sorrindo fixamente em quanto a foto era tirada com um flash audível. O sorriso de Juliet e Victorie se apagaram tão rápido quanto surgiram, voltando para uma tensão que Katie não conseguiria entender direito.

– Você deve se lembrar de Kay. – Juliet disse num tom estranho. Victorie levantou uma sobrancelha para ela, numa expressão que seria cômica se não fosse tão aterrorizante. – Minha meio-irmã do acampamento para crianças conturbadas de Long Island.

– Ah, claro. – a loira disse, sem se preocupar de disfarçar o quão metida-a-superior parecia. – Aproveitem a festa!

Katie não conseguiu identificar muito bem o que Victorie queria dizer com esse ultimo desejo. Era como se ela fosse uma espécie de marionete em tamanho real que falara “Aproveitem a festa!” numa pseudopraga quando na verdade queria gritar um “Se matem!”. Mesmo assim, ela e Juliet se afastaram calmamente em quanto o próximo convidado tomava seus lugares para conversar com a aniversariante.

– E lá se vai a foto da entrada. – Juliet comemorou sorrindo vitoriosa em quanto roubava uma taça de champagne da bandeja de um garçom que passara por elas em passos largos. – Só falta a da saída.

– Juliet! Larga isso! – Katie repreendeu olhando para a taça. – A festa mal começou, deixa para beber mais tarde.

– Deuses Kay, deixa de ser tão chata. – ela comentou revirando os olhos impaciente, tomando um gole da bebida como se só quisesse provocar Katie. –Eu preciso de duas fotos não é? – nem esperou por uma resposta. – Meu pai não falou o que eu tinha que fazer no meio. A propósito, é uma festa! Tenta se divertir um pouco, garota!

– Porque eu tenho a sensação de que isso não vai prestar? – Kay murmurou em resposta, balançando a cabeça negativamente e fitando o chão.

– Achei que você sempre estivesse com essa sensação.


Polux praguejou em alto e bom som quando pulou da traseira da caminhonete, ajeitando o smoking e fazendo uma careta.

– Esse é o melhor tipo de transporte que você conseguiu arranjar? – Ele perguntou a Travis irritadiço, em quanto Jake também descia da caminhonete para se juntar aos dois. – Eu pensava que aquela coisa toda de ser filho do Deus das Estradas e dos viajantes valesse alguns pontos nessas horas.

Travis revirou os olhos para ele.

– Bunker me devia um favor. – disse dando de ombros indiferente e vestindo o blaser preto. Bunker, como se tivesse ouvido seu nome ser mencionado, buzinou para uma das chiques limusines pretas que estavam levando convidados para a festa quando a caminhonete dobrou a esquina e desapareceu. Eles estavam em uma parte da rua meio escura, a uns 20 metros da entrada do salão. Longe o suficiente para que ninguém notasse nada de tão estranho como três caras de smoking descendo de uma caminhonete caindo aos pedaços.

– Andem logo. – Jake chamou começando a andar em direção a entrada. – Sinto como se esta festa estivesse me chamando.

– Opa, calminha aí. – Travis o impediu. – Mascaras.

Os três colocaram as mascaras, voltando a andar em direção ao salão. Entraram na pequena fila que havia na entrada, atrás de uma garota loira bem animada por estar ali que não conseguia parar de falar sobre isso com o namorado esquisito num tom de voz exageradamente fino. Travis já tinha começado a pensar em formas eficientes de suicídio quando a garota finalmente sumiu dentro do salão. Eles começaram a segui-la, até que um segurança parrudo e bem alto os deteu.

– Convites. – Ele exigiu ficando na frente deles e cruzando os braços extremamente musculosos. Antes que se desse conta, Travis já estava imaginando maneira eficientes de mata-lo sem ser esmagado como um inseto imediatamente.

– Convites? – Polux repetiu se fazendo de confuso. Ele sabia que Travis não tinha convite algum.

– É. Convites. – O segurança exigiu impaciente, olhando para eles de um jeito bem estranho. Já estava desconfiado. – Eu preciso ver o de vocês.

Os três se entreolharam, fazendo um longo momento de silêncio.

– Sabe... Acontece que... Bom, acontece que nós não temos nenhum convite. – Travis se enrolou finalmente quebrando o silêncio, sem conseguir aguentar nem mais um segundo daquilo.

– Não é? – O segurança perguntou erguendo uma sobrancelha. Os semideuses recuaram um passo automaticamente, por puro reflexo. Não foi preciso mais sequer meia palavra para que dessem meia volta e saíssem da fila irritadiços.

– Algum plano melhor? – Jake perguntou depois de soltar uma praga, chutando uma pequena pedrinha que estava na calçada.

Travis vasculhou a fachada de mármore branco, pensativo. Não havia muitas brechas. O melhor que poderiam conseguir, seria furtar os convites de alguma daquelas garotas animadinhas que conversavam ao risinhos no fim da fila. Pena que não havia nenhuma desculpa para se aproximar delas. Quer dizer, nada que viesse assim tão rápido a sua mente.

Suspirou, cansado, voltando sua atenção para o céu noturno de Manhatan. Não podia ter vindo até tão longe para simplesmente desistir. E, pelo visto, não teria que desistir. Porque, por pura sorte, aquela olhada para o céu fez com que ele visse algo que não havia notado antes. Uma janela, meio pequena, no segundo andar. Totalmente escancarada. Não dava para conseguir um plano melhor do que esse.

– Vamos. – ele chamou andando em direção ao salão de novo e sorrindo misteriosamente. Jake e Polux se entreolharam, apressando-se para segui-lo. – Eu tenho um plano.

E foi assim que, vinte minutos, uma garota bem assustada, uma janela de banheiro, um tropeção extremamente perigoso e uma escadaria depois, eles foram parar dentro do salão (precisamente falando, no canto mais fundo do salão). Polux estava praguejando mais uma vez, em quanto observava Travis ajeitar uma espécie de flor no bolso do smoking. Não sabia dizer qual era, mas tinha certeza que tinha alguma coisa a ver como Kay.

Jake seguiu uma garota de vestido verde extremamente curto que estava passando por eles com um sorriso malicioso. Travis olhou para ele de um jeito estranho, dando um tapa em sua cabeça sem dó.

– Presta atenção. – repreendeu irritadiço, sem ligar para os protestos do Filho de Apolo. – Nós temos uma missão aqui. Me ajudem a achar Katie.

– Tá, tá. – Jake resmungou, ainda olhando para o exato lugar onde a garota de vestido verde estivera segundos antes. – Qual é a cor do vestido dela?

– Como é? – Travis perguntou confuso, olhando para ele com uma expressão meio cômica.

– Deuses, não me diga que você esqueceu-se de perguntar qual era a cor do vestido de Katie. – Polux se intrometeu. – Você esqueceu. – ele se lamentou ao notar o olhar ainda confuso de Travis. - Olha para isso! Esse lugar está cheio de garotas. E todas elas de mascaras.

– Não vai ser tão difícil. – Travis rebateu a defensiva. Geralmente, esses detalhes sobre cores de vestido eram coisas que Connor se lembrava. Não ele. – Katie é facilmente reconhecível.

– Droga. – Jake comentou olhando para Polux, como se estivesse totalmente indiferente a presença do filho de Hermes ali. – Nós aceitamos entrar no plano de um idiota.

– Pois é. – Polux concordou. – E agora estamos completamente ferrados.


– Marie? – Connor chamou indeciso, trocando o peso de uma perna para a outra. – Será que eu posso falar com você por um instante?

A filha de Atena corou, murmurando alguma coisa para uma Harley bem sorridente em quanto se levantava do lugar que ocupava em um dos bancos em torno da fogueira. Ela seguiu Connor até um canto mais afastado, mirando os próprios pés e parecendo totalmente imersa em seus próprios pensamentos.

Connor parou de andar, ficando em frente a ela. Marie estava linda naquela noite. Usava um vestido florido bem claro, com um cinto de couro bege e um par de botinhas estilo vitage que combinava totalmente com ela. Seu cabelo estava preso numa trança complicada que caia por cima do ombro esquerdo, e os olhos lilás-acizentados brilhavam a meia luz da noite. Agora que pensava sobre isso, era a primeira vez que Connor a via sem estar escondida em baixo de roupas para que fugisse do sol.

– Está tudo bem? – ela perguntou subitamente, acordado-o de seus pensamentos e ao mesmo tempo quebrando o pequeno silêncio que havia se formado. Connor olhou para ela de uma forma estranha, como se subitamente se lembrasse de sua presença.

– Está, claro... Eu só... – Connor parou, enrolado em sua própria fala. Como deveria dizer isso? Não conseguia descobrir. Ele suspirou pesadamente, passando a mão pelo rosto e parecendo demasiadamente confuso. Ele levou a mão a um dos bolsos do short que usava, puxando um conhecido caderno com capa de couro de lá. Não precisava mais de palavras.

Marie arregalou os olhos, surpresa. Levantou a mão, passando delicadamente a ponta dos dedos pela couro preto, como se precisasse de uma confirmação da veracidade daquele fato.

– Onde...? – ela começou a perguntar, mas a voz sumiu logo em seguida. Pegou o caderno nas mãos de Connor, olhando para ele da mesma forma que ele olhara. Como se este pudesse se transformar em um monstro que poderia comer sua mão a qualquer segundo. Seria até cômico, se não fosse tão confuso.

– Você deixou cair naquele dia quando estávamos conversando nos bosques. – Connor justificou. Marie começou a falar alguma coisa, parecendo levemente irritadiça, mas ele a deteve. – Não fique brava. Por favor. – pediu suplicante. – Parecia importante e... E eu não sabia como te contar isso.

– Você não...? – Marie começou a perguntar novamente, com o tom de voz estranhamente histérico diante a perspectiva. Connor balançou a cabeça negativamente, sorrindo de lado.

– Eu não li. – Afirmou tranquilizando-a. – Não me pareceu certo. – parou por um segundo e depois acrescentou: - Ou não tive coragem o suficiente. Encare como quiser.

Marie apertou o pequeno caderno contra o peito, sem responder. Um vento frio, tão estranho para uma noite quente de verão como aquela, passou cortante pelos dois. Ou, talvez, essa parte fosse só a imaginação de Connor. Ele certamente sentira algo bem próximo a isso, de qualquer forma. Estava nervoso demais com aquele silêncio incomodo, as palmas das mãos suando e um grande bolo na garganta. Nervoso demais com as ideias do que ela poderia falar que o atormentavam.

A garota albina olhou para ele de uma forma estranha. E, sem dizer uma única palavra, estendeu o caderno na direção dele em um convite para que pegasse.

– O que...? – Foi a vez de Connor perder as palavras. Ele não se mobilizou para pegar o caderno novamente, de forma que a mão dela ficou pairando no espaço impacientemente.

– Pega. – ela mandou sem nenhuma manifestação imediata da parte dele. – Leia. Serio, pode ler.

Connor estendeu a mão e pegou o caderno meio indeciso, como se dessa vez ele tivesse certeza de que aquela coisa aparentemente inofensiva explodisse.

– Marie... Você tem certeza disso? – perguntou calmamente.

– Claro. Não. Espera, sim. Talvez. – ela respondeu corrigindo a se mesma repetidamente. – Quer dizer, tanto faz. Eu sei que vou acabar me arrependendo disso mais tarde. Só... Parece-me mais justo que você leia. Foi você que achou, não foi? Isso aqui é muito importante para mim. Você nem imagina o quanto. Esse é o único jeito de agradecer.

– Sabe... Geralmente, quando as pessoas querem agradecer, elas dizem “obrigado” e continuam andando. – Connor comentou. Marie riu, divertida. E, automaticamente, fazendo com que ele quisesse fazê-la rir pelo resto de sua vida. Apenas para escutar seu riso novamente.

– Eu sei. Isso... Deuses, isso é uma completa loucura. – ela comentou ainda sorrindo, num tom de voz que fazia parecer que ela estava brigando com si mesma. – Só... Aceite de uma vez, okay? – empurrando ainda mais o caderno para as mãos dele. – Antes que eu mude de ideia.

Com essa ultima frase misteriosa, ela saiu andando em direção a fogueira novamente. Connor balançou a cabeça, ainda encarando o caderno. Ele começou a andar em direção a ala dos chalé e, quando deu por si, já estava na varanda do chalé número onze. Entrou no chalé arrastando os pés, fechando a porta atrás de si. Se jogou na cama de baixo do beliche que dividia com Travis, abrindo o caderno na primeira pagina com extrema delicadeza.

Deuses. Por que Hades ele tinha que ser disléxico mesmo?


Katie bufou, tomando mais um gole de sua Coca zero.

Di immortales! Ela sentia como se estivesse presa em uma festa onde os únicos convidados eram macacos treinados para serem fúteis e mesquinhos. Já fazia uma meia hora que ela e Juliet haviam se sentado numa mesa com três garotas igualmente loiras oxigenadas e seus namorados cachorrinhos. Era uma tortura, isso sim. Quer dizer, pelo menos para ela. Juliet parecia estar se divertindo bem ao conversar com as garotas sobre o vestido hor-rí-vel de uma tal de Debbie que ela sequer conhecida. Bom, pelo menos ela tinha alguma coisa para fazer.

– Kay, não olha agora, mas eu acho que tem um gato de encarando. – Juliet sussurrou para ela, fazendo com que a garota se sobressaltasse de susto. Katie começou a virar a cabeça para os lados freneticamente, procurando por pura curiosidade quem seria. – Eu mandei você não olhar!

Katie revirou os olhos.

– Quando você diz não olha agora, a primeira coisa que qualquer um vai fazer vai ser olhar agora. – Ela disse impaciente, ainda vasculhando o salão com os olhos. – Onde?

– Ali na esquerda, perto do pedestal.

Katie seguiu o olhar dela até um garoto a alguns metros delas que realmente estava olhando fixamente para as duas. Ele era loiro, com o cabelo cortado curto, bem bagunçado, e a pele levemente morena. Alto, bem musculoso. Usava um smoking igual a todos ali, com uma mascara preta bem simples. Estranho. Por que ele parecia tão familiar?

Juliet, eu acho que ele está te encarando. – Katie afirmou depois de algum tempo.

– Difícil. – Juliet deu de ombros, indiferente. – Com o tamanho do seu decote...

– Juliet! – Kay engasgou corando profundamente. Juliet riu da expressão dela, tomando mais um gole de sua taça de champagne. Pelo que Katie contara aquela ainda era a primeira taça. Bom.

– Você está linda Kay! – ela disse se justificando. – E não, o tamanho do seu decote não é grande demais. Tracy não ia deixar você parecer oferecida ia? Confia em mim. Aquela garota sabe o que faz.

Você está linda. – Katie rebateu impaciente. – E aquele gato está tão te encarando. Nem adiantar negar!

Juliet corou levemente, desviando os olhos na direção do garoto novamente. Só para conferir. Ele, agora, estava falando com um segundo garoto de cabelos pretos levemente mais baixo, que estava de costas para elas. Ele parecia concentrado no que o outro dizia, mas lançava um olhar discreto para Juliet de três em três segundo.

Dois minutos depois, os dois garotos sumiram andando na direção contraria a delas. Juliet voltou a conversar com as loiras sobre Debbie e Katie voltou a encarar o vazio como se este fosse a coisa mais interessante do mundo. Passado algum tempo, Victorie chamou os convidados para um canto mais distante do salão. Katie e Juliet se levantaram relutantes, seguindo os outros até lá.

Foi aí que Katie se arrependeu de ter chamado aquela mesa de tortura. Aquilo era dez vezes pior! Até onde entendera, era uma espécie de tradição em festas de Sweet Sixteen. O de sempre, amigas prestando homenagens, mãe falando o quanto sua queridinha cresceu, namorado fazendo uma declaração e entregando flores, parentes dando joias caríssimas. Totalmente entediante. Katie e Juliet haviam ficado na ultima fileira de pessoas, que formavam uma espécie de meia lua enorme. Kay já estava quase perdendo a circulação dos pés por ficar em pé tanto tempo.

– Ah. Meus. Deus. Eu preciso de sua ajuda, agora! – uma garota morena bem baixinha e com a voz meio histeria reduzida para não ser ouvida disse agarrando o braço de Katie como se estivesse com medo que ela fugisse.

– O... Que? – Katie perguntou confusa, franzindo o cenho para ela.

– Você simplesmente tem que fazer isso! – a garota devolveu aflita, ainda segurando o braço de Kay. – Savanah quebrou o pé e não vai poder fazer a valsa. Você é a única aqui com a mesma cor de vestido dela! Serio, você tem que me ajudar!

– Valsa? – Juliet repetiu, olhando para as duas sem entender nada.

– É. Valsa. – A garota confirmou. – Dezesseis anos, dezesseis casais dançando valsa. Savanah não vai poder dançar, Victorie vai ficar louca se ela descobrir e eu ainda não tiver achado nenhuma substituta. Você sabe dançar valsa, não sabe?

– Sim. – Juliet respondeu ao mesmo tempo que Katie respondia um “Não”, fazendo com que soasse mais ou menos como um “São”. Katie encarou a irmã, irritadiça. Não queria ter que dançar valsa na frente de tanta gente.

– Bom, você consegue ficar em pé. Não vai precisar mais que isso. É só se deixar guiar. – A garota assegurou arrastando ela pelo braço na direção da escadaria vermelha, num tom de voz que não admitia um não. - Anda! – exigiu dando mais um puxão no braço de Kay para que ela se apresasse. – Estamos atrasadas.


– Arrrg. – Travis resmungou ao trombar em um dos pedestais com flores e quase derruba-lo. Agora, que todos os convidados estavam aglomerados em uma multidão bizarra para ver aquela tradição idiota, ele não conseguiria ver Katie nem se tentasse muito. Tinham que esperar aquilo acabar.

– Eu falei que nós estávamos ferrados. – Polux se lamentou balançando a cabeça negativamente.

– Serio, desista cara. Vamos voltar para o acampamento. – Jake pediu suspirando derrotado. Travis olhou para os dois resignado. Ótimo. Grande equipe essa que ele havia conseguido. Por outro lado, assim que colocasse a música e a boate começasse, ele tinha certeza que os dois mudariam de ideia rapidinho. Pena que isto ainda ia demorar um pouco.

– Eu não desisto. – ele disse irritadiço. – Já estamos aqui. Só temos que achar Katie.

– Fala o idiota que se esqueceu de perguntar a droga da cor do vestido da garota e ainda esqueceu o maldito celular no chalé. – Polux resmungou revirando os olhos daquele jeito típico dos filhos de Dionísio. Travis abriu a boca para responder, mas ouviu uma voz feminina atrás de si. Antes que sequer pensasse sobre isso, sua cabeça se virou naquela direção automaticamente.

–... Você o que?!... Virose? Michael, que bobagem! Toma uma aspirina e vem!... – Uma garota ruiva de vestido preto colado no corpo e uma mascara igualmente preta falava para o telefone, parecendo ao mesmo tempo brava e suplicante. - ... É só uma valsa! Vinte minutos! Eu juro! Você aguenta!... Mas, você sabe que Savanah quebrou o pé. Liz ficou de substituí-la... Michael, é serio! Victorie vai me matar, você tem que vir... Por favor! Eu te imploro!... Não, não dá para te substituir... O que? Não, espera! Michael, eu não ligo para o que o médico disse sobre-

A ruiva parou de falar subitamente e desligou o celular, irritada, murmurando algum tipo de praga que nenhum dos três conseguiu ouvir. Ela se virou na direção deles, encarando-os de um jeito estranho. Depois suspirou pesadamente e passou a mão pelo rosto antes de voltar a falar.

– Certo. Qual dos três sabe dançar valsa? – ela perguntou. Jake e Polux se entreolharam, com um sorriso estranhamente cúmplice.

He does. – responderam ao mesmo tempo, apontando para Travis. O filho de Hermes encarou-os surpreso, num misto de expressões que iam de traído a vingativo. Jake sorriu de lado, como se dissesse “Finalmente me livrei de você. Isso aqui é uma festa! Prefiro cair de bêbado a brincar de esconde-esconde com Katie”.

– Perfeito. – a garota afirmou com um sorriso meio macabro, em quanto agarrava o braço de Travis e o puxava em direção aquela escadaria vermelha. – Meu deus, não dá para andar mais devagar? – ela ironizou irritada, apressando o passo. – A valsa começa em três minutos.

Travis só teve tempo de olhar para trás e, numa promessa silenciosa, deixar um “Eu vou matar vocês dois” pairando no ar.


Katie cambaleou quando a garota morena (agora que pensava sobre isso, teria sido bem propício perguntar o nome dela. Sabe como é, garota morena estava quase gasto) a empurrou para seu lugar na fila.

Havia alguém do seu lado. Um garoto, mais alto que ela, de smoking preto e mascara. Katie corou, desviando os olhos para o chão e arrastando os pés totalmente sem graça. Ótimo. Uma festa horrível e agora ela ainda teria que dançar valsa com um total desconhecido. Estava ficando cada vez melhor. Não queria nem imaginar o que aconteceria a seguir.

A musica começou e o garoto pegou a sua mão ao desceram a escadaria. Era uma orquestra de cordas. Katie tinha a sensação de que conhecia aquela melodia, mas não lembrava de onde. Podia ser uma das valsas que Mary tocava no piano durante as aulas de Artes e Ofícios, ou ainda alguma das notas que seu pai assoviava distraidamente quando estava cuidado da floricultura. Era difícil dizer. Fez uma nota mental para se lembrar de perguntar para Mary sobre isso mais tarde.

As pessoas haviam se afastado ainda mais, formando uma espécie de oval com um espaço livre no meio que serviria de pista de dança. Ela notou que Victorie estava dançando com o irmão mais velho, Nicholas. Pararam de andar, estavam na marcação que haviam lhe indicado. O garoto colocou a mão e sua cintura delicadamente, em quanto ela repousava sua mão em seu ombro.

Estranho.

Katie levantou os olhos do chão, pela primeira vez desde que tinha sido empurrada para aquela fila. Não precisou nem de dois segundos. Ele poderia estar usando um milhão de mascaras, e ela ainda o reconheceria. Katie reconheceria aqueles olhos azuis em qualquer lugar.

– Travis?! – Kay engasgou surpresa, arregalando os olhos para ele.

Travis sorriu do mesmo jeito eu-sei-mais-que-você de sempre, mas parecia igualmente surpreso.

– Katie. – ele devolveu com um aceno de cabeça.

Deuses. O que Hades você está fazendo aqui? – ela perguntou irritadiça, olhando para os lados como se alguém estivesse prestes a mata-los e ao mesmo tempo torcendo para que não tropeçasse no próprios pé e caísse.

– Dançando. E você? – Travis respondeu dando de ombros, com o tom de voz brincalhão. Katie olhou para ele de uma forma estranha, como se sua maior vontade agora fosse sair correndo e ela estivesse amarada a uma pedra, cercada de monstros famintos prestes a devora-la.

– Eu estou falando serio, Stoll. O que você quer? – ela disse cerrando os dentes.

– Você. – ele respondeu dando de ombros novamente. Kay deu um leve tapa em seu ombro, corando um pouco. – Vamos, Kay. É só uma valsa. – ele olhou para os lados e depois se curvou para sussurrar no ouvido dela. – Dessa vez eu não posso prometer que não tem ninguém olhando.

Katie suspirou, corando um pouco mais. Não respondeu. Apenas o encarou durante um segundo e, resignada, deitou a cabeça em seu peito.Travis apertou um pouco mais a sua cintura, desejando que Kay nunca saísse dali.

– Você não leva jeito mesmo. – ela se lamentou com um meio sorriso. Travis riu baixinho, precisando de todas as suas forças para não beija-la naquele exato momento. Não, não. Ele não podia fazer isso agora. Tinha que ir com calma.

– Eu não sou tão ruim assim. – ele disse meio divertido, sorrindo de lado para ela.

– Você não sabe o quanto isso torna as coisas mais difíceis. – Katie devolveu, desviando os olhos para o chão e parecendo perdida em seus próprios pensamentos.

Ela franziu o cenho, olhando fixamente para o bolso que havia na frente do smoking de Travis . Ele seguiu seu olhar, estranhando um pouco. Ah, isso. Quase havia se esquecido. Colocara uma margarida ali quando chegaram no salão. Katie tirou a mão do ombro de Travis, se afastando levemente dele, em quanto tocava suavemente as pétalas da flor com as pontas dos dedos.

– Margaridas. – ela sorriu. Um sorriso tão sincero que fazia Travis desejar estar ao seu lado todos os dias de sua vida só para arrancar-lhe outros desses. – Você lembrou.

– Como não lembrar? – Travis murmurou em resposta, se lembrando do primeiro encontro deles. Quando ele dera um lírio para Katie pensado ser sua flor favorita. E, para consertar o erro, pulou o muro de uma vizinha para pegar uma margarida em seu jardim e caíra em um arbusto de ervas venenoso. – Elas são muito melhores do que lírios.

Katie riu baixinho, respirando profundamente. Travis estava com cheiro de menta, pasta de dente, sabão, e cheiro de casa. Travis sempre tivera cheiro de casa para ela. E, agora, ele estava com o doce perfume de margaridas.

Com um ultimo acorde, a musica acabou. Travis apertou um pouco mais Katie contra si mesmo antes de soltá-la. Katie se desvenchilhou dele e, com um ultimo sorriso tímido, ela se afastou.

Kay abriu passagem por entre as pessoas, ainda sorrindo. Incrível. Travis devia ser a única pessoa no mundo que um dia conseguiria deixá-la assim. Chegava até a ser um pouco engraçado. Alguns muitos empurrõezinhos e desculpas murmuradas depois, Katie finalmente conseguiu sair daquela massa humana e localizar Juliet parada a alguns metros da aglomeração.

Ela foi até a irmã e, sem dizer uma palavra, pegou a taça de champagne em sua mão esquerda, virando todo o seu conteúdo. A bebida passou queimando por sua garganta. Katie não era de beber. Ela odiava os efeitos do álcool.

– Deuses, Kay! Que sede é essa? – Juliet resmungou virando a cabeça para os lados a procura de um garçom.

– Travis está aqui. – Katie confidenciou em resposta, em um tom de voz meio urgente.

– Não era ele que estava...?

– Sim, era ele mesmo que estava dançando comigo. – Kay respondeu antes mesmo de Juliet conseguir concluir a pergunta. – E quer saber? Dessa vez eu tenho certeza que isso não vai prestar.



Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Sim... Realmente não vai prestar nem um pouco, Katie.
Hahahahah.
Felizes, minhas queridas fãns de Connor/Marie?
Bom, vocês vão morrer no próximo capitulo.
Serio mesmo.
Enfimmmm, deixem reviews, recomendem...
Não matem essa pobre autora...
Beijos,
Jojo
(Jojo_Lins... JuliaTenorio... Onde vocês se meteram, honeys?)