- Thalia! – Katie exclamou correndo para abraçar a amiga e, ao mesmo tempo, fugindo das garras daquelas filhas de Afrodite loucas que passaram os últimos dois minutos discutindo qual tom de batom ficaria melhor em Kay na varanda do chalé número dez. Ela esperava que Tracy, Dana, Annabeth, Mary, Harley, Clarisse ou até mesmo Juliet dissessem alguma coisa, mas, não, elas também estavam ocupadas demais com a discutição em si.

                Thalia cambaleou levemente, soltando uma pesada mochila preta no chão ao retribuir o abraço de Katie e rindo baixinho, provavelmente da expressão “me tira daqui” da filha de Demeter. As outras garotas gritaram, também se apressando para abraçar a tenente das caçadoras.

                - Calminha aí, galera. – Thalia pediu rindo depois de conseguir cumprimentar todas elas. – Que alvoroço todo é esse?

                - Juliet e Katie têm uma festa. – Mary respondeu por todas, apontando com o queixo para as irmãs. – Nós somos a equipe de preparação, claro.

                - O que você faz aqui, Tha? – Annabeth perguntou sem rodeios, olhando para a garota punk de uma forma estranha. Ela riu, ajeitando a coroa prateada de tenente que usava.

                - Desisti da caçada. – respondeu simplesmente, como se tivesse falando sobre tempo. Katie, assim como todas as outras, arregalou os olhos surpresa. – Brincadeirinha. – Thalia disse divertida, rindo da reação delas. – Phoebe quebrou o pé e... Bom, esse era o lugar mais próximo em um raio de 60 km que tivesse néctar e ambrosia.

                - Ah, claro. – Dana resmungou revirando os olhos extremamente escuros (tão escuros que chegavam a ter aquele tom roxo de uva madura) do jeito que só os filhos de Dionísio altamente treinados conseguiam fazer.

                - Quanto a festa... De que festa estamos falando? – Thalia perguntou pegando a mochila e colocando-a sobre o ombro esquerdo novamente.

                - O baile de mascaras de Victorie-Anne. – Juliet esclareceu, fazendo uma careta engraçada ao falar o nome da prima. – Katie aceitou aguentar algumas horas de tortura comigo nessa droga de festa.

                Só que Juliet não disse droga. O que, realmente, fez Katie pensar em como a irmã devia parar de usar palavras tão chulas para descrever a festa. Não poderia ser tão ruim assim... Poderia?

                -Hun, certo. – Tracy disse pensativa, olhando para as garotas que estavam ali e tomando as rédeas da situação. – Vamos logo com isso. Louise, Lana e Amber... Eu preciso de vocês para uns retoques nos vestidos. Annabeth e Mary... Escolham algum sapato no closet que seja do tamanho delas. Dana, você e Clarisse podem vir comigo também. Harley, você sabe onde Travis deixa o som e o Ipod? Ótimo. Traz para cá, vamos precisar de alguma música bem animada.

                Elas se movimentaram, cada uma indo em uma direção. Algumas de volta para o chalé número dez, outras para outros chalés e outras em direção às artes e ofícios. Tracy falou alguma coisa para Amber, que avisou as outras filhas de Afrodite mais a frente, em quanto Katie, Thalia e Juliet olhavam para o nada sem saber o que fazer.

                - E a gente? – Kay perguntou impedindo Tracy ao segurar seu braço esquerdo. A garota se virou para elas, subitamente se lembrando de suas existências e parecendo ter esqecido do que devia dizer.

                - Para os banheiros, oras. – disse finalmente, dando de ombros. – Tem uma cesta roxa em cima da minha cama. Use tudo o que estiver lá dentro, não importa o que achem disso. Vamos precisar da um jeito no cabelo de vocês...

                - Hey! – Juliet exclamou na defensiva.

                -... Mas acho que não vai ser nada lá muito impossível. – Tracy completou ignorando-a. -  E você Thalia... Bom, pode vir com a gente até o arte e ofícios se quiser. Deixei os vestidos e as mascaras lá.

                - Claro. – Thalia deu de ombros, indiferente. – Vou deixar as coisas no chalé de meu pai primeiro.

                - Deuses, andem logo. – Tracy resmungou irritadiça, enxotando Katie e Juliet em direção ao chalé depois de Thalia ter se afastado caminhando calmamente até o chalé número um.  – Nesse ritmo, as duas só vão ficar prontas amanhã.

                - Ah, achei você. – Travis comentou largando sua espada na porta do chalé de Hermes, revirando os olhos para Connor.

                O irmão pulou surpreso, olhando para ele de uma forma estranha. Estava com uma espécie de caderno pequeno com capa de couro em mãos, sem nem se preocupar de escondê-lo quando ele entrou. Travis poderia até ter perguntado do que se tratava, só que não estava exatamente interessado nisso naquele momento. Sabe como é, sua mente ainda estava bolando o plano.

                - Problemas com Kay? – Connor arriscou, sem parecer ligar muito para ele. Como se também estivesse preocupado com outra coisa mais importante, talvez algo relacionado aquele caderno esquisito, Travis pensou.

                - Não. – ele respondeu simplesmente, dando de ombros. – Preciso de sua ajuda hoje a noite. Nada de mais, só uma pequena mudança de planos.

                - Só eu acho que você me procura só para me meter em um dos seus planos estranhos e duvidosos? – o irmão disse levemente brincalhão, mas ao mesmo tempo irritadiço, fazendo com que a coisa soasse meio estranha. – Fala logo o que quer.

                - Katie vai para uma festa hoje a noite. – Travis afirmou com um sorriso enigmático.

                - E daí? – Connor devolveu, levantando uma sobrancelha para ele numa expressão cômica. Ele se levantou, colocando o caderno na cabeceira de sua cama e indo até o armário que dividia com Travis.

                - E daí que nós vamos estar lá. – Travis respondeu parecendo levemente irritadiço pela pergunta, olhando para ele como se o garoto fosse um verdadeiro idiota. Connor removeu a grande quantidade de cadeados que estavam na porta do armário, começando a procurar alguma coisa no meio de toda aquela bagunça.

                - Ah, claro. Como eu não adivinhei antes? Afinal, invadir festas alheias para seguir a namorada do meu irmão é meu passatempo favorito. Sabe, eu senti que ia ser alguma coisa divertida pelo seu tom de voz. – ele comentou ironicamente, tirando as sandálias que usava em quanto puxava um par de tênis do armário e ia em direção a cama novamente para poder calçá-los.

                - Tudo bem, eu tenho um plano. – Travis o traquilizou com o mesmo sorriso de antes.

                - Porque tudo fica realmente bem quando você tem um plano. – Connor resmugou mais para si mesmo do que para o irmão, terminando de calçar os tênis e olhando para o caderno no criado-mudo de um jeito estranho, como se ele fosse um tipo de monstro.

                - Que bom que concordamos. – Travis afirmou indiferente, meio perdido em seus pensamentos que bolavam o plano assim como Connor estava perdido com aquele caderno. – Primeiro, nós vamos precisar do endereço...

                Harley entrou no chalé com uma certa pressa, como  se tivesse sido convocada ou coisa do tipo. Ela foi até o armário deles e, descaradamente, começou a remover os cadeados apressadamente. Os dois a encaram de  uma forma estranha num misto de surpresa por ela estar ali e irritação por mexer nas coisas deles assim, provando que poderia ter feito isso um milhão de vezes antes sem que nem adivinhassem.

                - Harley... O que você está fazendo? – Connor finalmente perguntou, falando pelos dois. Ela sorriu de lado, em quanto começava a revirar a bagunça exatamente como ele havia feito dois segundos antes.

                - Procurando seu som. – respondeu dando de ombros.

                - Em cima, na prateleira da esquerda. – Travis disse antes que conseguisse se conter. Ela se virou, sorrindo para ele agradecida antes de se voltar para o armário. – Porque você quer nosso som, mesmo?

                - Música, bobão. – Harley falou como se fosse realmente obvio, revirando os olhos para ele e se esticando toda para alcançar a prateleira que o irmão indicara. Quando finalmente conseguiu pegar o pequeno som cinza claro e fechar o armário com a perna esquerda, ela se voltou para os dois de novo. – Estamos precisando dar uma animada lá no chalé de Afrodite. Duvido que Katie e Juliet vão ficar prontas tão cedo.

                - Ah, certo. – Travis murmurou assistindo ela colocar o som na cama e começar a revirar o criado mudo dos dois calmamente. – Harley, eu preciso de um favor seu.

                - Vocês só pode estar brincando! Não acha que me deve favores o suficiente? – A garota comentou afastando uma mecha de cabelo rebelde do rosto ao voltar sua atenção para ele. – É, você não está brincando. – afirmou ao olhar sua expressão decidida. – Do que estamos falando?

                - Eu preciso do endereço da festa. – Respondeu com uma sorriso divertido, olhando para a irmã mais nova como se a desafiasse a dizer não.

                - Travis! – Harley exclamou numa voz aguda, levantando num pulo e parecendo feliz o suficiente para bater palmas. – Você não está pensando em ir a festa, está? Claro que está! Deuses, eu e Tracy estávamos  pensando em te obrigar a fazer isso, mas já que é assim... – começou a revirar os bolsos de seu short jeans claro. – Toma.

                Travis olhou para o pequeno pedaço de papel branco que ela havia lhe estendido, estranhando por ter sido assim tão fácil. Ele pegou-o entre dois dedos, lendo o recado rabiscado com a letra de Dana (o que o fez pensar em quantas delas estavam envolvidas num plano que ele nem formara ainda). O endereço era de um grande salão de festas em Manhattan. Ele nunca estivera lá dentro, mas tinha uma vaga noção de onde era.

                - Hã, obrigada... Harley.  – ele agradeceu meio sem jeito, sem conseguir deixar de pensar em como arrumaria uma carona até Manhattan assim tão em cima da hora, uma vez que ir junto com Katie numa das vans do acampamento estava totalmente fora de questão.

                -Ah, que isso. – a irmã disse dando de ombros, sem parecer achar que havia feito algo tão demais assim. Ela pegou o que procurava dentro da gaveta (Travis notou que era seu ipod, mas preferiu não dizer nada. Sabe, uma vez que ela havia lhe dado o endereço e tudo), fechando-a e se levantando para pegar o som na cama. – Bom, eu já vou indo.

                Harley andou até a porta ainda aberta calmamente. Quando já estava parada no vão, pareceu se lembrar subitamente de alguma coisa. Virou-se, lançando um rápido olhar para Connor e depois para o diário na cabeceira, como se dissesse algo do gênero “como assim você ainda não resolveu?” só com esse olhar. Depois balançou a cabeça negativamente, e saiu do chalé.

                - Vamos. – Travis chamou batendo levemente nas costas de Connor. – Ainda temos que fazer um bocado de coisas antes de colocar o plano em pratica.

                - Não. – ele respondeu calmamente, ainda olhando para aquele caderno.

                - Não... O que? – Travis repetiu confuso, franzindo o cenho para ele. – Anda logo.  Vamos precisar de smokings e eu tenho uma boa ideia de onde conseguir dois.  Quanto as máscaras...

                - Travis, não. – Connor disse novamente, pegando o caderno nas mãos tão delicadamente que parecia temer que o couro se transformasse em algo que pudesse comer se mão. – Eu... Não posso te ajudar. Não hoje.

                - O que Hades você está falando? – Pareceu ainda mais confuso. – Connor, eu tenho um plano. Eu preciso de você para que o plano dê certo. Não vai me deixar na mão nessa... Vai?

                - E-eu... – gaguejou sem jeito, olhando ora para o irmão e ora para o caderno. – Travis, eu realmente não posso te ajudar. Vai ter que dar um jeito sem mim. – disse um pouco mais decidido, olhando fixamente para o caderno quando começou a andar até a porta. – Tenho algo para fazer. Algo que já devia ter feito a um tempo.

                - Give me everything tonight/ Oh, give me everything tonight... – Katie cantarolou junto com a musica, recebendo um olhar feio de Thalia quando moveu a mão esquerda para a direita minimamente.

                Thalia e Annabeth estavam fazendo suas unhas com um tom de preto meio metalizado (ideia de Thalia. Algo sobre ficar bom com o vestido) em quanto Amber e Louise secavam seu cabelo com dois secadores ao mesmo tempo e um punhado de escovas diferentes. Katie desistira de reclamar do fato de quase terem arrancado seu coro cabeludo com aquela tortura, se limitando a fazer uma careta engraçada toda hora que uma das filhas de Afrodite ameaçava mata-la com um daqueles golpes certeiros.

                Tracy, Lana e Clarisse ainda não haviam voltado do Artes e Ofícios (algo haver com um copo d’água e uma caixa de agulhas que caiu no chão). Mas Mary e Dana estavam ocupadas conversando com Juliet (que tivera a sorte de ter passado por toda a seção se tortura antes de Kay) em um canto mais distante. Harley por outro lado, saíra do chalé a um bom tempo e não voltara ainda (o que era realmente meio estranho).

                - Meu deus, parece que alguém morreu aqui. – Tracy comentou entrando no chalé comduas caixas equilibradas na mão esquerda, olhando de forma reprovadora para as garotas. – Vamos, gente! É uma festa! Que tipo de clima é esse?

                - Tracy, nós não vamos na festa. – Dana rebateu revirando os olhos para a amiga. – Katie e Juliet vão.

                - Isso não muda nada, bobona. – Tracy disse colocando as caixas em cima de sua cama e usando um controle remoto minúsculo para mudar de música. Era uma música em italiano que Katie não sabia o nome, mas lhe era bem familiar. A filha de Afrodite sorriu animada para a batida, aumentando o volume até chegar quase no máximo. – Vem, dança comigo!

                - Que? Você tá louca menina? – Dana perguntou segurando o riso, em quanto ela lhe puxava pelo pulso.        

                Katie riu, vendo as amigas rebolarem no ritmo da musica animadamente. Juliet se juntou a elas, assim como Louise. Thalia foi se levantar, mas cambaleou de uma forma engraçada e caiu no chão de novo, rindo.

                - Katie! –­ Juliet chamou obrigando a irmã a se levantar. – Vem!

                - Juliet, eu não sei dançar! – Katie exclamou corando fortemente. Ela sabia dançar, mas não fazia isso bem.

                - Como assim não sabe dançar? – Tracy se intrometeu, com uma expressão totalmente estranha que chegava a ser até meio cômica. – Deuses, Katie Gardner! Você tem cinco segundo para aprender a dançar que nem um ser humano decente ou você não vai para essa festa nem por cima do meu cadáver!

                As meninas olharam para ela todas ao mesmo tempo, fazendo com que corasse ainda mais. Em seguida, começaram a se movimentar para poderem ensina-la algum passo de dança, em quanto alguém aumentava tanto a volume do som que fez Katie se perguntar se o Chalé de Afrodite era bem estruturado o suficiente para aguentar aquilo tudo.

                - Kay, olha aqui. Tenta me imitar. – Dana aconselhou, mostrando uma espécie de passo que não saia do lugar. Katie conseguiu pegar rapidinho, satisfeita por pelo menos conseguir se mexer ao ritmo da música de forma convincente o suficiente para que acreditasse que ela realmente estava dançando.

                - Caramba! Você tem bunda pra que menina? – Mary perguntou descaradamente, olhando para ela de forma desaprovadora. – Mostra que é gostosa!

                - Isso aí! – Clarisse exclamou rindo. – Rebola que nem mulher de verdade, florzinha!

                Katie corou até atingir aquele nível engraçado de pimentão maduro. Em menos de vinte minutos, ela já sabia com fazer alguns passos de dança que iam do simples ao complicado, com uns mais ousados em que ela tinha que descer até o chão. As meninas ficavam gritando coisas do tipo “Sedução!” ou “Mexe mais no cabelo!” aleatoriamente, fazendo com que ela corasse ainda mais a cada sugestão desse tipo.

                Em algum ponto, fizeram com que ela colocasse um salto de quinze centímetro só para ter certeza que conseguia descer até o chão com um daqueles. Quando ela achou seus pés não iam aguentar mais tanto tempo naquele ritmo, e que o teto do chalé número dez ia cair a cada vibração da música, o som pifou. Simples assim, parou de funcionar. As garotas começaram a reclamar, batendo nele para ver se voltava a funcionar, mas nada adiantou. No fim, acabaram por desistir.

                - Nossa Kay, você é tão... Pura. – Thalia comentou quando elas se sentaram no chão do chalé, ofegantes pelo esforço.

                - Fala aquela que jurou virgindade eterna a uma deusa. – Katie rebateu bufando pesadamente e revirando os olhos. Thalia olhou para ela de uma forma estranha.

                - Bom, pelo menos eu tenho desculpa para isso. – declarou.

                - Agora, falando serio. – Dana se intrometeu, sorrindo de lado daquele jeito que só podia indicar uma coisa: o que ela ia falar em seguida não ia ser nada bom. – Você e Travis já... Ah, você sabe.

                - Eu não quero falar sobre isso. – Katie disse na defensiva, sem conseguir deixar de imaginar em como elas podiam falar sobre isso tão descaradamente.

                - Isso é um não? – Mary forçou. – Ah, eu sabia que-

                - Deuses! – Katie a interrompeu corando fortemente. – Sim. Eu e Travis já... Ah, vocês sabem.

                - Esquece o que eu disse. Katie Gardner não é tão pura assim. – Thalia se corrigiu de uma forma engraçada, fazendo todas rirem e Katie corar ainda mais. – Vai, fala. Quando foi?

                - Por favor, vamos mudar de assunto. Eu já respondi. – Katie disse desviando os olhos para o chão, como se o achasse subitamente mais interessante.

                - Vejamos... Os dois estão namorando a um ano. – Annabeth fez as contas, para a surpresa das outras. – Quer dizer, namorando de verdade. Aquele rolo estranho que tinham antes não conta. Eu diria que foi nos últimos quatro meses. Talvez depois que Travis voltou daquela missão em busca de Ashley de mãos vazias...

                - Cala a boca! – Katie guinchou, tacando uma almofada da cama mais próxima na cara da Filha de Atena e deixando explícito o fato de que ela acertara. Tudo. As garotas riram, em quanto Tracy expulsava Louise, Lana e Amber do chalé.

                - Certo, certo.  – Mary a tranquilizou depois que conseguiu parar de rir. – E quanto a você, minha cara Dana?

                - Não é dá sua conta – Dana disse rapidamente na defensiva para alguém que queria tanto saber sobre Katie segundos antes. – Mas... Sim, eu e David já transamos.

                - Ninguém aqui precisa perguntar quanto Annabeth e Percy, certo? – Thalia disse fazendo a amiga corar e esconder o rosto nas mãos com a lembrança do terrível acontecimento. – Acho que Atena deixou tudo bem claro para o acampamento inteiro...

                - Mary, os cinco caras mais bonitos do acampamento. – Clarisse exigiu em tom de desafio, sorrindo para a amiga.

                - Fácil. – Mary decretou dando de ombros e sem precisar pensar meio segundo antes de responder. – Percy, Jake, Steve, Travis, David.

                - Nossa, você coloca seu namorado em terceiro e escolhe outros quatro que já tem dona. Boa, garota. – Dana comentou divertida. – E você Tracy?

                - Hun... Jake, Polux, Percy, Travis, Steve. É, acho que é isso. – A filha de Afrodite respondeu depois de pensar um pouco.

                - Que fofa, colocou o namorado em segundo. – Thalia comentou ironicamente, fazendo com que todas rissem de novo. Tracy revirou os olhos, olhando as horas em seu relógio de pulso e levantando as sobrancelhas surpresa logo em seguida.

                - Deuses, olha hora! – ela comentou se levantando meio cambaleante e indo até a cama onde havia deixado as caixas com os vestidos. Ela deu uma para Katie e uma para Juliet, empurrando-as em direção ao closet. – Anda logo, estamos atrasadas.

                Katie revirou os olhos, em quanto a amiga fechava a porta do enorme e lotado closet atrás dela com um sonoro paf. Começou a se trocar vagarosamente, sem reparar muito no que estava fazendo. Quando finalmente conseguiu fechar o zíper do vestido, foi impossível não ver o que estava usando em um dos espelhos enormes que cobriam a parede do closet.

                - Uau. – sussurrou, virando-se para ver direito. O vestido era em um tom muito escuro de azul petróleo, que chegava a parecer até preto. Na frente, a bainha ficava mais ou menos na metada de sua coxa, mas camadas de tecido quase transparente se prolongavam um pouco mais, até mais ou menos um palmo acima de seu joelho.

                Em cima, era uma espécie de corselet bem justo com minúsculos detalhes prateados que reluziam na luz, dando um ar meio medieval que era totalmente adequado para um baile de mascaras. Estava perfeito. Sem nem um ponto mais folgado ou fora do lugar. Kay sabia que Tracy era incrível quando se tratava de costura, mas não achava que era tão incrível assim.  Ela colocou os sapatos que estavam dentro da caixa, um par de sandálias prateadas com saltos de 9 cm bem finos, e saiu do closet com a caixa nas mãos.

                - Nossa. – Mary e Dana murmuraram ao mesmo tempo, sorrindo para ela.

                - Tracy – Katie chamou a filha de Afrodite que olhava para ela de um jeito crítico, meio indescisa.- Você não acha que está meio, hun, decotado de mais?

                - Deuses, Kay. – Thalia se intrometeu. – Esquece o que eu disse. Você é realmente pura demais. –revirou os olhos. – Está ótimo.

                - Kay! – Juliet exclamou atrás dela. – Você está linda!

                Katie se virou para a irmã, rindo. Juliet usava um vestido cinza bem claro, que era justo no busto e depois se abria ficando levemente rodado, com sandálias pretas de salto levemente mais grosso. Era estranho como a cor cinza parecia ter resaltado seus olhos azuis-esverdeados, de um jeito fofo. Assim como Katie, ela estava linda no vestido de Tracy.

                - Olha quem fala! – Katie devolveu sorrindo.

                - Certo, certo. Estão todas lindas. – Clarisse se intrometeu irritadiça, fazendo com que as duas rissem dela.

                - Eu faço a maquiagem de Kay! – Mary declarou rapidamente, como uma daquelas crianças que querem escolher a melhor parte. Tracy revirou os olhos, empurrando uma caixa cor-de-rosa na direção da Filha de Apolo e dando algumas recomendações que Katie nem se incomodou de ouvir.

                Mary fez com que ela sentasse em uma das penteadeiras, em quanto ela e Dana discutiam qual tom de sombra era melhor. Depois, começaram a maquiar Katie, que se limitava a fazer exatamente o que mandavam na esperança de que assim acabassem mais rápido e tentando não revirar os olhos toda hora que elas começassem a discutir sobre cores como se ela fosse uma espécie de Barbie ambulante.

                - Pronto! – Mary disse sorrindo vitoriosa, terminando de dar os últimos toques. Katie se olhou no espelho, curiosa. A maquiagem estava leve, apesar os dois olhos bem delineados e gloss quase do tom natural de sua boca.

                - Argos está esperando no alto da colina meio-sangue. – Harley informou, entrando pela porta do chalé de Afrodite com um pedaço de papel que continha a mensagem de Quiron. – Já estão prontas?

                - Quase.- Tracy respondeu por elas, correndo para pegar as duas mascaras dentro de uma terceira caixa. Ela deu a mais clara para Juliet, e a mais escura com pontos prateados para Katie. – Toma.

                Katie colocou a mascara cuidadosamente, com medo de quebra-la com o menor movimento em falso. Ela se olhou no espelho mais uma vez. Seu cabelo estava solto, caindo em camadas pelos ombros como sempre, mas parecendo dez vezes mais brilhantes. O vestido, perfeito. Já a mascara... Bom, era levemente estranho como a cor azul podia ressaltar seus olhos verde-planta daquele jeito. Por um segundo, mal conseguiu se reconhecer.

                Só por um segundo, claro.

                - Aqui. – Travis disse largando um embrulho preto em cima de Polux, que estava deitado na rede estrategicamente localizada na varanda do chalé de Dionísio e outro igual em cima de Jake, que estava recostado na parede ao seu lado.

                - O que é isso? – Polux perguntou levantando uma sobrancelha para ele, que também carregava um embrulho preto idêntico. Travis revirou os olhos.

                - Smokings. – respondeu como se fosse obvio.

                - Travis... – Jake começou calmamente, olhando para ele de uma forma estranha que só podia dizer “o que Hades é isso?”. – Por que você deu smokings para gente?

                - Katie e Juliet vão numa festa hoje a noite. – o filho de Hermes esclareceu. – E nós vamos estar lá.

                - Festa... Mary tinha dito alguma coisa sobre uma festa... – Jake resmungou pensativo.

                - Ah, tá. Entendi. Aquela coisa dos sete dias. – Polux disse, mais para Jake do que para Travis. – Onde nós dois entramos nessa mesmo?

                - Eu tenho um plano para entrar na festa. – Travis respondeu dando de ombros. – Connor me deu um bolo. Quem melhor que o filho do deus das festas para me ajudar? – Jake o encarou de uma forma estranha. – Ah, eu achei um smoking a mais. Você é o único que sabe dirigir para se caso tivermos uma emergência  e ainda fica bem de smoking.

                - Não dá para negar isso. – Jake comentou convencido.

                - Ta, tá. E o que te leva a pensar que vamos te ajudar? – Polux disse como uma expressão zombeteira, acabando por soar brincalhão demais. – É quarta-feira a noite. Sou um cara de agenda cheia. Posso ter coisa melhor para fazer. Além do mais, ser a segunda opção machuca, viu?

                - Você tem coisa melhor para fazer? – Travis perguntou no mesmo tom de voz que ele.

                - Não.

                - Ótimo. – afirmou jogando uma mascara preta para Jake e uma levemente mais clara para Polux. – É um baile de mascaras. – esclareceu diante da expressão interrogativa deles. – Troquem de roupa e me encontrem daqui quinze minutos no Pinheiro de Thalia. Eu tenho uma carona.