Abençoada pelos Deuses escrita por Hawtrey


Capítulo 4
O ataque


Notas iniciais do capítulo

Desculpa pela demora gente... Espero que gostem!



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Uma intensa luz ofuscava meus olhos os impedindo de abri-los. Meu corpo inteiro doía e minha mente estava confusa, não consegui pensar direito. Tentei levantar, mas alguém me impediu:

— Não faça esforço querida — pediu uma voz feminina suave.

— Athena?

— Sim querida, sou eu, agora tente descansar.

— Onde estou?

— A onde acha que está?

Senti algo quente e melado no meu pulso, reparei que havia uma pequena linha de um liquido dourado, mas não liguei. Olhei melhor em volta e só assim reparei que ainda estava no Olimpo, no meu próprio quarto. Estavam presentes Apolo, Hades, Poseidon, Afrodite e Hera.

— O que aconteceu comigo?

— Esperávamos que você nos dissesse.

— Eu não sei bem... O colar esquentou e eu comecei a ouvir uma voz na minha cabeça.

Os deuses se entreolharam preocupados.

— E o que a voz disse a você? — quis saber Poseidon.

Por alguma infeliz razão, eu lembrava por completa.

— Ela não foi bem direta.

— Diga o que lembra.

— Profecia, o Olimpo está em suas mãos, sua morte trará a destruição, e é exatamente isso que ele quer... Uma profecia, uma semideusa, filha do deus dos mortos, viva: maldição, morte: destruição, a única capaz, de trazer a morte eterna, ao tempo...

— Sabe o que significa?

— Tenho uma hipótese, mas quero ouvir de vocês, e peço que sejam sinceros.

— Há anos — começou Athena.

— O que vai fazer? — interrompeu Poseidon.

— Confie em mim Poseidon.

Poseidon hesitou e suspirando concordou:

— Tudo bem...

— Há anos atrás — recomeçou Athena — o Oraculo anunciou duas grandes profecias, uma delas é sobre o Percy.

— E a outra?

— É sobre uma filha de Hades, uma garota que deve ter a mesma idade de Perceu.

 — Então Hades também quebrou o acordo de não ter mais filhos?

— Exato e essa profecia de que você falou conta sobre essa garota.

— Mas por que isso aconteceu?

— Não sabemos ao certo, achamos que pode ser um efeito do colar, nunca foi usado antes de você.

— Pode parar por ai — reagiu Apolo exasperado — Nós não achamos nada, você é que acha, por que eu não tenho ideia.

— Como é a profecia completa?

            Vi que os deuses se entreolharam novamente e recebendo um sinal positivo de Zeus, Athena continuou:

Uma profecia que será eterna

  Enquanto o senhor Titã viver...

Uma semideusa filha do deus dos mortos

Dois caminhos se mostrarão

Somente um é o certo

Sua vida formada por segredos e mistérios

Nunca revelados

Quando viva, será e viverá uma maldição da benção que recebeu

Mas quando morta, trará a destruição de tudo o que conheceu

Somente ela será capaz

De trazer a morte eterna

Do Tempo...

Se viverá ou não...

Somente ela pode dizer.

— Quem é a garota? Tenho pena dela — menti com os olhos já marejados.

— Acho que você já sabe a resposta — disse Athena olhando as mãos.

As lagrimas caíram, não de tristeza, mas de raiva. Levantei-me rapidamente, assustando a todos e fazendo o tempo fechar, pedi:

— Com licença.

Sai correndo, fingindo não escutar os deuses me gritavam o meu nome. Comecei andar furiosamente pelo terreno, atraindo os olhares temerosos das ninfas que pareciam ter medo de eu destruir todo o seu jardim, que se dane todas elas!

O vento começou a ficar mais forte e chuva começou a aumentar, acho que eu estava provando da própria fúria, pois uma tempestade já se formava.

— Pois que chova! Eu não ligo! Que uma tempestade caia em toda Nova York, eu também não dou a mínima! — gritei para o nada.

No meu primeiro dia no Olimpo (que por acaso deveria ser um dia mega feliz), eu descubro que sou filha de Hades e que há uma profecia que fala de mim, dizendo que sou a única capaz de matar Cronos, se é que ele pode ser morto, por que eu não tenho ideia de como fazer isso! Diz que vivo e sou uma maldição, e que morta trago a destruição! Conhecendo o inimigo, qualquer que seja, iram me querer morta com toda a certeza e agora não vou poder ter mais paz, por que posso pegar uma avenida e um soldado de Cronos me matar em segundos!

— Que merda! Ter uma vida normal é pedir muito!? O que os deuses ou melhor, o que a Mitologia Grega tem contra uma vida normal para uma semideusa!?

— Falando sozinha? — perguntou uma voz rouca atrás de mim.

— Tô, por que? Algum problema? Ou será que tenho que matar Cronos antes e reclamar depois?

— Olha como fala comigo garota! — repreendeu Hades ríspido.

— Oh mil perdões, esqueci que o senhor é o meu, muito presente, pai — ironizei.

— Chega de drama, não é tão ruim assim...

— Não é tão ruim assim? NÃO É TÃO RUIM ASSIM!? Diga isso a uma outra pessoa que não seja, eu, uma garota de treze anos que precisa ser treinada para o combate e destruir Cronos, e sabe-se lá como vou fazer isso, se é que vou fazer!

— Mas não precisa ficar tão estressada, precisa? — tentou ele novamente.

— Oh! Me desculpe se estou estressa POR SABER, EM UM ÚNICO DIA, QUE TENHO A RESPONSABILIDADE DE MATAR CRONOS, QUE VIVO E SOU UMA MALDIÇÃO, E QUE PROVAVELMENTE TODOS OS INIMIGOS DO OLIMPO, NO MUNDO INTEIRO, IRÃO QUERER ME MATAR, SÓ PELO SIMPLES FATO DE QUE, CASO EU MORRER, TRAGO A DESTRUIÇÃO PRA MERDA DESSE MUNDO!!

— Você só precisa ficar calma e treinar o máximo possível — sugeriu Hades com a maior naturalidade.

— NÃO ME PEÇA CALMA! TENHO PARTE DA SUA PERSONALIDADE, SE VOCÊ ESTIVESSE NO MEU LUGAR, FICARIA CALMO!? LOGICO QUE NÃO! JÁ TERIA ESPLODIDO METADE DO SUBMUNDO SÓ PARA EXPRESSAR SUA FURIA!

— Garota, eu não vim aqui só para aguentar seus gritos e seus ataques histéricos, sou seu pai e não permito que altere a voz na minha presença! — bradou ele já ficando furioso com os gritos.

Que se dane!

— E o que vai fazer? Me colocar de castigo? Não obrigada — impliquei.

— Faço coisas muito pior do que um simples castigo mortal, se eu quiser posso fazer você conhecer o seu lugar de origem mais rapidamente.

— Vai me matar e prender minha no submundo pela eternidade!? — me indignei e quando ele concordou diabolicamente, era como se eu jogasse a racionalidade para o ar e fiquei bem a frente dele e furiosa concordei — Por mim tudo bem!

Ele ficou pasmo, eu apenas o apressei:

— Vamos logo! Acaba com isso! Não quer me matar? Então me mata de uma vez e me prende no submundo, não tenho problema nenhum com isso! Por que, além de tudo, eu sou só mais uma filha sua não é mesmo? Uma dentre muitas que eu sei que já teve antes desse bendito acordo que para mim só foi criado para vocês terem o prazer de quebra-lo. O que está esperando? Me mate de uma vez e acaba com isso! Sou só mais uma filha das milhares que teve, e até agora só trago problema não é mesmo?

— Se sente um desejo tão grande assim de morrer... então me deixe ajuda-la — ofereceu uma voz rouca a altamente perigosa, vindo de trás de arbusto que pingava com a chuva, clareei minha visão da chuva e vi quem eu menos queria ver....

Ares, o deus da Guerra.

Em segundos, os deuses olímpicos já estavam ao meu lado, como se estivessem se preparando para a guerra, foi ai que conclui: ou eu sou muito importante ou eles não gostam de perder... talvez os dois.

— Olha o que temos aqui... a família reunida para proteger uma meio sangue — zombou Ares rindo.

— O que você quer aqui Ares? — quis saber Athena furiosa.

— Vim visitar minha querida prima. O que mais eu faria aqui? — respondeu Ares como se fosse o obvio.

— Você não é bem vindo aqui. Vá embora imediatamente — exigiu Poseidon.

— Vocês não podem me impedir! E eu só quero conversar com ela... — disse Ares tão carinhosamente que fiquei desnorteada por um tempo.

Balancei a cabeça tentando extinguir o desejo de conversar com ele. Com isso, Ares riu de uma forma misteriosa e seu olhar ganhou um brilho mega estranho quando percebeu que eu não usava o colar dos deuses.

— Ela não quer conversar com você! — retrucou Hades ficando a minha frente.

— Isso é ela que decide titio e se ela quiser vocês não podem impedir — replicou o deus da guerra ainda me encarando — Vamos Kathe... só quero conversar... Confie em mim... — chamou ele estendendo a mão.

Eu não faço ideia do que ele fez, mas de repente o desejo de aceitar foi crescendo de uma forma descontrolada. Eu não tinha mais controle sobre nada, nem meu corpo, nem minha voz... a única coisa pela qual eu lutava era por minha mente que teimava em não obedecer. Comecei a andar na direção dele, mas me repeli o mesmo momento.

— Prima, não vou te machucar... só quero ter uma simples conversa com você, nada mais que isso — chamou ele novamente.

Dessa vez não consegui lutar. A voz dele estava tão doce, tão carinhosa e sua face tão bondosa, que não consegui pensar em como um homem daquele, tão gentil, poderia me fazer mal e eu já não conseguia entender como os outros o odiavam tanto! Era a primeira vez que via Ares e já não entendia como os deuses foram tão injustos a ponto de expulsa-lo do Olimpo e acusa-lo de traidor! Não lembrei mais quem eu era ou mesmo de onde vinha, tudo o que eu pensava era em mim juntar a ele.

Recomecei a andar na direção do deus, uma voz me interrompeu:

— Não faça isso Katherine. Ele é um traidor! Vai te matar.

— Eu não vou te matar... — disse Ares docemente.

— Você não vai me matar... — repeti inconscientemente.

— Ela está enfeitiçada! — exclamou Afrodite.

Que loucura ela estava falando!?

Eu já estava bem próxima de Ares quando ele voltou a falar:

— Os deuses foram injustos comigo....

— Os deuses foram injustos com você...

— Devem pagar por isso...

Finalmente peguei na mão dele e fiquei ao seu lado, repetindo:

— Devem pagar por isso...

— Viu? Eu não te fiz nenhum mal.

— Você não é perigoso — conclui.

— Você confia em mim? Vai ficar do meu lado, não vai? — perguntou ele inocentemente e com um sorriso contagiante.

Eu o encarei, decidida a confirmar tudo.

— Não se entregue a ele filha... Você é muito melhor que isso — conclui Hades chamando minha atenção.

Eu o olhei confusa.

Filha? Desde quando eu sou filha de Hades?

— Tarde demais titio. Ninguém nunca conseguiu desfazer o feitiço — gabou-se Ares.

PARA TUDO! Ele disse feitiço!? Tem alguma coisa estranha. E Hades me chamou de filha... OH MEUS DEUSES! Agora eu lembrei! Sou filha de Hades e Ares não é nada gentil, na verdade ele é o maior canalha traidor que já existiu em todas as eras!

— E agora Katherine confia em mim, não é Kathe? — confirmou Ares.

Eu o encarei inocentemente e ri suavemente:

— Nunca! — bradei me soltando dele, a chuva piorou com a minha raiva — Como você teve a cara de pau de me enfeitiçar!?

— E como você conseguiu desfazer o feitiço? — exclamou Ares pasmo. Segundos depois ele se recuperou do susto e esboçou um sorriso muito alegre — Mas isso não importa agora... Peguem-na!

Vários guardas de Cronos apareceram de trás das arvores, estavam fortemente armados e não pareciam nada felizes, eles eram um plano B de Ares. Eu não podia me defender, não estava armada e mesmo se estivesse não sei nem segurar uma espada direito, e os deuses nada podiam fazer, no entanto, Athena pareceu pensar em alguma coisa que me ajudasse, pois me jogou um anel, ordenando:

— Aperte-o!

Obedeci e no mesmo instante o anel se transformou em uma espada celestial, onde na lamina de bronze celestial, em grego, havia escrito ABENÇOADA PELOS DEUSES. Ótimo! Agora é só brandir a espada que todos saberão quem eu sou. E foi o que eu fiz, tentando me proteger, mas mesmo tendo os poderes dos deuses eu não conseguia, pois eu não tinha nenhum treinamento e eram muitos para uma única garota.

Quando perfurei um terceiro guarda, um outro me imobilizou por trás e no segundo seguinte eu já não estava mais no Olimpo e sim num lugar totalmente desconhecido, parecia um campo com um grande lago.

— Alguma coisa deu errado, estamos no lugar errado! — observou um dos guardas.

O número de guardas diminuiu bastante e vários deles estavam sem armas e agora praguejavam em grego antigo. Decidi aproveitar a distração deles, rodei a espada entre os dedos e comecei a atacar. O primeiro que estava de costas para mim foi o primeiro a virar pó, e logo os outros ficaram em alerta e me atacaram.

Tentei perfurar um, mas este desviou e escapou por um triz, desviei de um e aproveitei para matar outro a minha direita, no entanto, quando perfurei o outro mais alto, senti uma dor lancinante na região do estomago e em seguida senti minhas forças indo embora, cai de joelhos no chão e me apoiei na espada, algo quente e molhado escorria pelo meu corpo, logicamente era sangue, mais quando criei coragem para olhar me deparei não com um liquido vermelho e sim dourado.

Como pode ser!?

Os guardas ficaram inquietos e se afastaram rapidamente, sumindo em seguida.

Os deuses ficaram exclamando coisas na minha mente, coisas que já estavam ficam impossíveis de serem entendidas, enquanto isso o ferimento piorava, e os deuses continuavam exclamando coisas como “Por Zeus, ela é uma deusa!?” ou “Como ela pode ser uma deusa!? Isso é impossível”.

— Calem a boca! — pedi com todas as forças que me restavam e em seguida sussurrei mais calma — Alguém sabe algo de útil que possa me ajudar?

— Toque na água — ordenaram Athena e Poseidon em uníssono, entreolhando-se em seguida.

— Só tocar? — questionei sem acreditar.

— Isso, apenas toque, eu cuido do resto — confirmou Poseidon sério.

Literalmente, me arrastei até o pequeno lago próximo, toquei levemente na água e senti um pouco da minha força voltando e o ferimento se fechando lentamente.

— É tudo o que posso fazer, o ferimento está curado mais você perdeu muito sangue, tem que ir para o Acampamento Meio-sangue imediatamente — ordenou Poseidon.

— Como? Eu não sei o caminho.

— Annabeth está fora do acampamento, vou manda-la até você — anunciou Athena.

— Percy está com ela, vou chama-lo também — Poseidon fez o mesmo.

Me perguntei quem eram esses dois, talvez sejam filhos deles... Minutos depois comecei a ouvir gritos, mesmo deitada podia sentir eles chegarem mais perto.

— OLÁ! TEM ALGUEM AI? — gritou uma garota, que deduzi ser Annabeth.

— VIEMOS AJUDA-LA! — completou um garoto que deduzi ser o tal Percy.

— ONDE VOCÊ ESTÁ? — gritou um outro garoto.

Reuni forças e gritei:

— ESTOU AQUI.

Ouvi passos apressados e segundos depois vi uma garota loira me localizar.

— POR AQUI — gritou ela chamando os outros dois.

Os três se aproximaram rapidamente, a garota loira pareceu alarmada:

— Temos que leva-la para o acampamento o mais rápido possível.

— Como? — perguntou o... menino-bode? Ele é uma sátiro? Caramba!

— Percy, tem como você chamar os pégasos? — perguntou a garota.

— Já estão vindo — respondeu o tal do Percy fazendo a garota olha-lo sem acreditar.

— Está ficando esperto. Acho que isso é um bom sinal, agora me ajude com a garota.

— Hey! Eu tenho nome: Katherine Foster, prazer — apresentei-me.

— Sou Annabeth Chase, também é um prazer conhece-la — apresentou-se a garota — Esse é Percy Jackson — ela indicou o garoto com a cara de Poseidon — E esse é Grover — ela indicou o sátiro que continuava muito sério.

Eles me ajudaram a levantar e peguei minha espada rapidamente antes que eles conseguissem ler o que estava escrito e descobrissem quem sou de verdade. Subi no pégaso cinza rezando para que ele permanecesse com a mente silenciosa, ele pareceu ouvir minha prece.

Decidi manter o que sou de verdade em segredo, por que isso diminuiria muito os problemas, e os deuses pareceram concordar pois não mostraram nenhuma objeção. Vou esconder tudo até o momento em que Hades me reclamasse ou até outro momento em que eu achar necessário.

Grover ainda me encarava desconfiado, eu estava começando a me incomodar.

— Por que ele fica me encarando? — perguntei a Annabeth.

— Grover! Para de ficar encarando a Katherine, ela estava incomodada! — ela repreendeu.

Ele não parou e Percy pareceu decidir acompanha-lo.

— O que deu em vocês? — quis saber Annabeth nervosa.

Olhei bem nos olhos de Grover e descobri o que o incomodava, e observei:

— Está sentindo o meu cheiro não é?

— Estou. Você cheira a flores do campo, ao mar e muitas outras coisas misturadas, é estranho, nunca senti um perfume como esse antes... — admirou-se ele.

— Acha que sou um monstro disfarçado?

— Acho.

— Não pode confirmar isso quando chegarmos ao acampamento? Soube que monstros não conseguem entrar lá.

— Posso, mais vou continuar a não confiar em você.

— Tudo bem, entendo sua desconfiança — concordei indiferente.

É logico que eu o entendia: eu tenho um cheiro incomum, nenhum deles me conhecesse, me encontraram caída sem nenhum motivo aparente, não falei da onde sou ou o que aconteceu comigo e sem falar que estou com uma roupa estilo Grécia antiga.

— Estamos chegando — anunciou Percy apontando para um acampamento no meio do nada, na minha opinião aquele lugar precisa de uma nova decoração...

Droga! Estou ficando que nem Afrodite!


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Notas finais do capítulo

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