Abençoada pelos Deuses escrita por Hawtrey


Capítulo 5
Bem vinda ao Acampamento Meio-sangue


Notas iniciais do capítulo

Pessoal eu quero pedir desculpas a vocês por demorar tanto, mas é que estou realmente sem tempo e não vou abandonar a fic ok? Bom... minha demora tem motivo, acontece que estou estudando para as malditas provas de final de ano, para quem não sabe eu sou do 9º ano e em cerca de uma semana vou enfrentar a prova do Colégio Militar, em novembro a prova da Fundação Nokia e em dezembro outra prova. Então torçam para que eu passe ok? Bjos e comentem!



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Pousamos em frente aos portões do acampamento, desci do pegaso tentando ao máximo não ter uma conexão mental com ele, que nem Poseidon tem com todos os tipos de cavalo. Encarei Grover que ainda desconfiava de mim... Imagina, eu? Um monstro? Que besteira.

— Atravesse logo o portão — apressou-me Percy ao lado de Grover — Estou com um pressentimento estranho...

— E desde quando você tem pressentimentos, cabeça de alga? — quis saber Annabeth desconfiada.

Eu odeio concordar com um dos de Poseidon, mas eu também estou com um pressentimento muito estranho... Quando olhei melhor entre as arvores, descobri o por quê. Na parte mais fechada do lugar havia varias daquelas mulheres-cobras nojentas, mas não foram elas que me assustaram e sim, não só um, mas dois Minotauros!

— Por Zeus! — exclamei sem pensar — Entrem, rápido!

— Por que? — perguntou Percy e Annabeth.

— Não discutam! Apenas entrem, que mal fará? — questionei. Era tão difícil só...entrar?

Praticamente os empurrei portal a dentro. Quase sem folego só com o pensamento de ser atacada por todos aqueles monstros, desejei infinitamente ter aquele bendito colar novamente. Emburrada, fitei Grover e Percy e reclamei:

— Satisfeitos!? Atravessei essa maldita barreira e provei que não sou um monstro!

— Agora estamos. Mas não entendemos o motivo de você quase nos empurrar para dentro — reclamou Grover.

— Ah! Por Zeus, deixem a menina em paz! — pediu Annie impaciente — Vou chamar Quíron e não quero que vocês a perturbem de novo.

A loira saiu correndo em direção a uma grande casa azul, que eu reconheci como a Casa Grande, principal lar do Oraculo, os deuses sempre falavam muito dela em reuniões sobre o acampamento.

Mesmo de longe consegui ver Annie se aproximando, mas ela não estava sozinha, estava acompanhada por um... Aquilo é um cavalo? Não... acho que não é um cavalo...

— Seja bem-vinda Katherine, sou Quíron, responsável pelo acampamento — apresentou-se o meio homem.

— Valeu, mas... eu tô ficando doida ou você é um centauro? — perguntei abobada.

— Você não está ficando doida, eu sou mesmo um centauro — ele riu de uma forma suave, como se dissesse: Por que todos duvidam?

— Arr... Bem... é um prazer conhece-lo Quíron — gaguejei.

— Determinada ou indeterminada? — o centauro perguntou à Annabeth.

— Indeterminada — respondeu Annie.

O centauro suspirou.

— Se é assim, leve-a para o chalé 11 e amanhã mostre o acampamento para ela, hoje devem estar todos cansados — ordenou ele.

— Com certeza, foi um dia longo — concordou Grover.

Depois de andarmos por um tempo, comecei a ver vários chalés agrupados em forma de “U”.

— São os chalés dos deuses, cada um representa um deus ou deusa olimpiana — explicou Annie — Ha todos os chalés, em exceção apenas de-

— Hades — completei e tempo pareceu mais sombrio, até a nevoa ficou mais densa.

— Sim, ele não possui um chalé — esclareceu a loira.

— Eu acho que nenhum dos Três Grandes deveria ter um chalé — comentei fazendo todos me encararem.

— E por que acha isso? — perguntou o deus do vinho aparecendo ao lado de Grover.

— Por que, tecnicamente, nenhum dos três deveria ter filhos — respondi indiferente — Não é isso o que diz no contrato que eles fizeram? Penso que eles só possuem chalés por que sabiam que quebrariam o contrato... ou por que são os deuses mais populares por aqui.

Um trovão quase deu fim nos vidros e um raio quase partiu uma arvore.

— Não acho que seja saudável ficar falando isso senhorita... Sabe, os trovões significam que um certo deus não gostou o que falou — alertou Quíron olhando para o céu que ficara branco de chuva.

Esbocei um sorriso maligno e podia jurar que os meus olhos brilharam de forma perigosa quando eu disse:

— Não se preocupe, adoro tempestades...

“O que faz aqui senhor? Nunca recebe ninguém do acampamento”, questionei mentalmente para Dionísio.

“Você é uma exceção e sabe disso, preciso mostrar ter mais atenção com você do que com os outros, assim ficará mais fácil e começaram a suspeitar”, respondeu o deus do vinho indiferente.

“Mas eu recebi ordens para guardar esse segredinho por mais tempo possível”, repliquei confusa.

“Essas ordens foram canceladas, o próprio Zeus mandou você ser você mesma, mas para não abusar muito dos poderes”, cortou Dionísio com um sorriso no canto da boca.

“Aceito as novas ordens com prazer”, concordei.

— Então... se não construíram os chalés por que os deuses são populares... Então por que eles já estavam construídos quando os filhos chegaram aqui? — perguntei fitando o chalé de Zeus e Poseidon.

— Quando o filho de um deles nasce sabemos com antecipação, mais é o próprio deus que cria o chalé para o seu filho — respondeu Annie.

— Então se um dia houver um filho de Hades, a criança estará ferrada, pois Hades não vai querer sair de seu domínio nem que a Terra inteira fosse destruída... talvez ele saísse por causa disso, seriam muitos mortos e ele não gosta muito de lamentações de mortos — respondi fingindo estar pensativa.

Outro trovão e a nevoa se intensificou.

— Nem o meu pai está gostando de seus comentários, muito menos o deus do sub mundo — alertou Quíron — Tenha mais cuidado com as palavras.

Eu me aproximei e com o indicador pedi para ele se abaixar (Quíron é muito alto ok?) e falei:

— Se o seu pai e o seu querido titio não estão gostando do que eu estou falando, então diga a eles para virem pessoalmente me mandarem calar a boca.

— Gostei dela — comentou Percy quase num sussurro para Grover.

— Então? Onde fica o chalé de Hermes? — perguntei olhando em volta — Por favor não me diga que é aquele com um monte de garotos escandalizados.

— É ele mesmo — respondeu Grover rindo.

— Droga. Não entro naquele lugar até receber um quite contra furtos — brinquei.

— E quem disse que você vai ficar lá? — quis saber Dionísio arqueando a sobrancelha.

— O centauro que está do seu lado — respondi apontando para Quíron.

— Nada disso, você vai ficar em um dos quartos da Casa Grande — afirmou Dionísio.

— Mas sr. D, ela é- tentou Quíron sem entender.

— Eu sei o que ela é Quíron, sei até mais do que você — interrompeu o deus.

— Mas sr. D, ela precisa de cuidados — interferiu Annie.

— Eu sei disso Anne Bell e eu mesmo vou cuidar dela — essa me surpreendeu.

Eu estava com a cara mais confusa do mundo, primeiro: por que vou ficar na casa grande? Segundo: como assim Dionísio vai cuidar de mim, ele não cuida nem dos filhos dele! E terceiro: qual é a do pessoal daqui que não chama os deuses pelo nome? Que idiotice.

Dionísio quase me arrastou para a Casa Grande o mais rápido que pôde, pelo o que pude perceber a Casa Grande não tinha nada demais, só era grande e... azul, com vários quartos e um porão, o deus me levou até um quarto no andar de cima, em seguida dizendo:

— Espere aqui enquanto eu busco algumas coisas.

Credo! Dionísio doido. Como eu estava sozinha, aproveitei para dar uma olhada em mim mesma no espelho e eu estava um caco: meu vestido estava rasgado, meu cabelo bagunçado, havia um furo no exato lugar onde um daqueles guerreiros miseráveis me furou e no local não havia nada maior que uma fina cicatriz, sem falar que eu estava toda suja, de uma coisa eu tenho certeza: Afrodite não ia gostar de me ver assim...

Escutei um barulho do lado de fora e quando abri a janela pude enxergar Annie, Percy e Grover a poucos metros da casa, dei um tchauzinho para eles e tentei sorrir da forma mais alegre e inocente que pude, acho que deu certo por que eles retribuíram da mesma forma, mas parara logo depois quando avistaram alguém, segui o olhar deles e encontrei com o meu provável futuro pesadelo: Clarisse. Ares sempre se gabava de que a garota era a mais parecida com ele e até então eu nunca a tinha visto. Mas o jeito que ela herdou de Ares era inconfundível e tive vontade de lhe mostrar o dedo do meio, mas me limitei a lançar um olhar mortal a ela.

Quando ela me fitou e eu finalmente a olhei nos olhos... foi ódio a primeira vista. Nos fuzilamos com olhar, mas eu já estava no limite do meu controle e me forcei a fechar as janelas e em seguida as cortinas e comecei a andar de um lado para o outro, por mais cansado que eu estivesse não conseguia ficar parada. Quando a porta abriu me virei pensando ser Dionísio, mas encontrei uma pessoa totalmente diferente. Era um garoto com a minha idade, talvez mais, com a pele branca, olhos e cabelos escuros, um pouco mais alto que eu e tinha um sorriso safado nos lábios. Até que ele é... bonito. E meio familiar.

— Meu nome é Jason Ryans — apresentou-se o garoto.

— Ryans tipo... Ryan no plural? — perguntei, pra mim o nome dele era meio incomum.

— Isso, a maioria das pessoas nem perguntam isso, vão logo me chamando de Ryan, por isso, valeu por tentar entender ele pelo menos — disse o garoto divertido.

— De nada, mas é que seu sobrenome é meio... complicado, tudo bem se eu te chamar de Jay? — pedi.

— Tudo bem, agora deite-se, vou cuidar de você — pediu Jay rindo.

— Ok e meu nome é Katherine Foster, mas pode me chamar apenas de Kathe — apresentei-me deitando na cama.  

— Ok Kathe, enquanto eu faço o meu trabalho, posso fazer algumas perguntas?

— Pode, claro. Mas não abuse.

— Por que Dionísio tem uma atenção especial por você?

— Não faço ideia, mas como sabe disso?

— Isso já se espalhou por todo o acampamento.

— Nossa! Isso é que é fofoca rápida...

— Alguma chance de ser filha dele?

— Não mesmo, a não ser que Poseidon case com Zeus amanha.

— Certo... Alguma ideia de quem é seu pai?

— Também não, talvez um deus menor se eu tiver sorte.

— Não gosta muito dos Olimpianos não é?

— Não é bem isso, só não concordo com algumas coisas...

— Por acaso é daquelas que adora quebrar as regras?

— De vez em quando, Quíron quase teve um ataque quando eu comecei a falar dos deuses... foi divertido, adorei o raio do Zeus e coitada da arvore que foi destruída por ele.

— Nunca tive coragem de fazer isso, vai que ele me mata torrado. Coma isso — ele me entregou um pote com algo muito parecido com pudim, eu o olhei com uma interrogação quase palpável — É ambrosia, vai te fazer bem.

— Tô confiando em você — provei aos poucos — Até que não é tão ruim, tem gosto de pudim de chocolate.

— Sério? Pra mim teve gosto de pipoca.

— Mas alguma pergunta?

— Sim, você tem namorado?

— Por que quer saber?

— Por que você é linda e estou curioso para saber se está livre.

Eu parei a colher no ar e ri suavemente, mal acreditando do por que ele me parecer tão familiar, ele tinha o jeito safado de Apolo:

— Deixe-me adivinhar... é filho de Apolo?

— É tão obvio?

Eu me levantei e fiquei frente a frente com ele, a cada palavra eu dava um passo a frente e ele um passo a trás:

— O mesmo jeito safado, mulherengo, que apenas usa as mulheres quando quer, galanteador barato e charme tão irresistível quanto desprezível.

— Então está livre? — perguntou ele já a porta.

— Me deixe te explicar uma coisa: se você me perturbar com cantadas baratas toda hora, eu vou fazer uma simples coisa que te deixará incapacitado de ter filhos ou pelo menos sentir prazer pelo resto da sua vida — bati a porta na cara dele e decidi: nunca admitirei em voz alta o quanto ele é bonito e charmoso.

Mas ainda pude ouvi-lo dizer um: Essa vai ser difícil...

— Não, essa vai ser impossível — falei alto o bastante para ele ouvir.

Suspirei cansada, o que eu menos preciso é de um garoto ocupando minha mente.

Olhei ao redor a procura de sabe-se lá o quê e encontrei roupas encima da cama, uma calça jeans quase preta e uma camisa laranjada onde estava escrito “Acampamento meio-sangue”, mas não era dessa roupa que eu precisava, procurei melhor e, dentro de um tipo de armário, encontrei uma lingerie meio curto (leia-se um vestido branca que vai até o meio das coxas).

Deitei-me com a intenção de dormir, mas eu estava inquieta demais para isso, o jeito era esperar o sono vim, não importa se demorar, ele vai ter que vim...

***

O sol já estava me incomodando e eu desejei infinitamente que o sol sumisse... rapidamente despertei e espantei esse pensamento, vai que o sol some mesmo, Apolo me mataria.

Ainda era cedo e por um momento pensei em dormir mais, ai lembrei que eu não conhecia nada da casa e como previsto, demorei quase meia hora procurando o banheiro, não sem antes encontrar vários quartos vazios e vários deles com teias de aranha. Vesti as roupas que eu encontrei no dia anterior e me apressei em descer.

Na frente da casa encontrei Quíron e Dionísio conversando.

— Bom dia Katherine, o café já está servido — Quíron apontou para um conjunto de mesas onde havia vários adolescentes conversando — Apresse-se ou perderá a hora.

Temerosa, me aproximei das pessoas que começavam a me encarar. Um duvida: onde eu sento?

— Sente-se junto comigo — disse Dionísio quase me matando do coração.

Eu o segui atraindo mais olhares e os cochichos começaram quando eu sentei ao lado do deus na mesa principal. Para o meu pavor, Dionísio levantou e pediu silêncio:

— Oi para todos e blá blá blá, o resto já sabem. Nossa mais nova campista é Katherine Foster e sejam educados com ela, podem continuar a comer.

Nem preciso dizer que não consegui comer nada com todo mundo me olhando né? Eu beliscava um pouco aqui e depois ali, ai belisquei de novo, um gole e pronto. Já estava bom demais, peguei um biscoito e fui beliscando enquanto caminhava pelo terreno.

— Hey Kathe! — eu me virei e fitei Annie, ela virou a espada entre os dedos e chamou — Tá afim de uma luta?

— Sem chance — neguei ao pedido — É injusto lutar com a filha da sabedoria.

— Não sabia que era covarde... — provocou a loira.

É. Ela conseguiu.

— Ok. Me dá uma espada — pedi.

Ela me jogou uma espada que não se equilibrava muito comigo.

Ela atacou quando eu estava desprevenida e eu fui forçada a recuar. Ataquei por baixo, mas ela se protegeu e me atacou por dentro, eu a impedi.

— Nada mal — parabenizou Annie.

Foi ai que eu tive uma ideia. Por mais inteligente que Annabeth fosse, ela não detectaria um erro tão rápido. Avancei e ataquei ao mesmo tempo surpreendendo-a, ela interrompeu o meu ataque seguinte, baixei a guarda de um modo que a fizesse atacar por baixo, e foi o que ela fez achando que era um erro meu, foi quando eu desviei no ultimo momento e arranquei a espada da mão dela (acho que a machuquei com minhas unhas), ela rapidamente recuou e acabou tropeçando, quando caiu eu apontei as duas espadas para o coração dela.

No final Annie estava caída no chão, com os cabelos no rosto, ofegante e com a mão vermelha, já eu estava surpreendida comigo mesma, entreguei a espada a ela dizendo:

— O seu principal erro é se concentrar muito em descobrir os erros dos outros, é um erro que pode tanto te salvar quanto te matar.

— Como conseguiu me enganar? — perguntou ela levantando.

— Eu não te enganei, você mesma se enganou achando que ninguém pode errar propositalmente — respondi indiferente. Quando olhei em volta, paralisei, quase todos do acampamento (se não todos) estavam nos olhando e com certeza tinham acabado de ver a luta. Droga!

Eu já estava mega envergonhada, só piorou quando todos começaram a falar ao mesmo tempo, dando palpites de quem eu poderia ser filha, ouvi de tudo:

— Ela pode ser filha de Athena, é muito esperta — disse um garoto.

— Não é só os filhos de Athena que são espertos, pode ser Zeus, viu como o tempo fechou enquanto ela lutava? — indagou outro.

— Mas ela também lutou com a leveza e o charme da deusa do amor.

— O mar ficou muito mais movimentado, com certeza deve ser do deus do mar.

— Não, será que ninguém percebeu que a floresta ficou mais escura? Deve ser do deus do sub mundo.

“Alguém faça eles calarem a boca”, pedi aos deuses.

Olhei em volta a procura de alguma saída, mas só consegui enxergar Percy me encarando de uma forma... estranha, parecia estar tão perdido em pensamentos que sua mente com certeza não estava ali.

— Percy? Está tudo bem?

Ele se aproximou fazendo todos cochicharem mais ainda:

— Iihh, acho que rolou um clima — sussurrou uma filha de Afrodite.

— O que será que ele vai fazer?

— Tudo bem Percy? — sussurrei de uma forma que só ele ouvisse.

— Precisamos conversar... em particular? — disse ele da mesma forma.

— Onde?

Em resposta ele me puxou pelo pulso em direção a floresta.

— Percy? Espere! O que quer? — protestei.

— Ainda não chegamos — respondeu ele sem parar.

— Já chegamos sim — puxei meu pulso — Diga de uma vez o que quer antes que eu mude ideia e passa a te odiar.

Eu sabia que ele não queria que os outros ouvissem por que se aproximou o bastante para que só eu ouvisse:

— Nunca vi uma garota ter tanta influencia neste lugar como você, muito menos uma garota que tem as características de muitos deuses ao mesmo tempo, sempre pensei que isso fosse impossível até conhecer você!

— Nem tudo por aqui desrespeito a você Perceu Jackson — retruquei.

— Como sabe o meu nome?

— Não interessa.

— Por favor, confie em mim.

— Como posso confiar em você? Eu mal te conheço — dei as costas a ele já me afastando, mas uma voz me fez estancar.

“Mas você que ele é confiável... Conte a ele”, pediu Athena mentalmente.

“Está defendendo o filho de Poseidon!?”, essa é novidade...

“Não complique as coisas, apenas conte de uma vez!”

— Droga! — suspirei vencida. Sem encara-lo pedi ao garoto — Jackson! Ajude-me a guardar as espadas.

Quando ele se aproximou de mim, sussurrei discretamente:

— Encontre-me no celeiro, e leve Annabeth.

Minutos depois eu já estava no celeiro , impaciente a espera dos dois. Quando eles finalmente chegaram eu já estava andando de um lado para o outro a quase dez minutos.

— Até que fim? O que aconteceu? Pararam para namorar? — exasperei.

— Ai não seja tão exagerada Kathe e não estávamos namorando — teimou Annie me fazendo revirar os olhos — Conta de uma vez, estamos curiosos.

— Não parece, por que demoraram quase meia hora — resmunguei.

— Você pediu para guardar as espadas — defendeu-se Percy.

— Foram só duas espadas! — exclamei, mas suspirei varias vezes tentando me acalmar e continuei — Agora... Annabeth, escolhe um dos deuses olimpianos.

— Por que?

Apenas escolha.

— Ok. Ok... Poseidon?

Peguei uma vasilha com água que eu já havia preparada e coloquei no chão bem a minha frente e me dirigi a Percy:

— Faça uma pequena demonstração do que pode fazer com a água.

Ele deu de ombros, fitou a água e em seguida a própria flutuou no ar e começou a fazer círculos e mais círculos no ar.

— Satisfeita? — quis saber ele impaciente.

— Seja mais animado! Desse jeito — fitei a água, levantei a mão e comecei a fazer um caminho no ar fazendo com a água seguisse o trajeto. A água começou a fazer círculos em volta de Percy e depois de Annie.

“Blackjack?”, chamei mentalmente.

“Chamou chefinha?”, perguntou o pegaso aparecendo ao meu lado.

“Tá afim de um pouquinho de água?”

Ele começou a me olhar com os olhinhos brilhando, não resistir e com a outra mão mostrei o os torrões.

“Com torrões de açúcar?”

“Agora sim chefinha”, comemorou Blackjack. Enquanto eu

— Você é filha de Poseidon! — exclamou Percy com os olhos arregalados.

— Eu nunca disse isso — cortei fazendo ambos me olharem confusos — Sua vez Percy, escolha.

— Er... Zeus.

Aproximei-me novamente da vasilha, dessa vez eu apenas mergulhei minha mão na água e segundos depois uma carga elétrica começou a tomar conta do liquido  que se tornou tão elétrico quanto a própria carga.

— Pelos deuses! — exclamou Annie — Quem e o quê é você?

Rindo, pressionei o meu anel expondo a espada onde podia-se ler “Abençoada pelos deuses” e fingi fazer uma nova apresentação, dessa vez com uma pequena reverência:

— Meu nome é Katherine Foster e recebi a grande e desejada Benção dos deuses...

— Por Zeus! Então é você a garota de que Quíron sempre fala — surpreendeu-se Annie.

— Por isso Dionísio tem uma atenção especial por você! — concluiu Percy se aproximando.

— Você é uma lenda por aqui, há um livro que conta sua história desde do dia do seu nascimento, foi escrito por um filho de Athena — comunicou a loira.

— Sério? Não deve ser muito grande, não vivi muita coisa... — falei pensativa — Mesmo com esse livro nunca souberam que era eu?

— Não, a sua identidade e a da sua mãe sempre foram segredo absoluto, o próprio autor conta que essa é a única exigência do Olimpo — respondeu Percy ainda me olhando como se eu fosse um experimento cientifico que deu certo.

— Não me olhe dessa maneira — a água elétrica começou a se movimentar e ele rapidamente recuou com as mão pra cima, em sinal de rendição.

— Você é bem sensível sabia? — verificou ele.

— Isso não será problema pra você se não me perturbar — respondi séria.

— Você é filha de Hades e fugiu do Olimpo — disse Annie.

— Eu não fugi do Olimpo, fui forçada a me retirar e tudo é culpa do maldito Ares! Aquele desgraçado de uma figa só conseguiu me atacar por que eu estava desprevenida e ainda estou! Ai que inferno... — é, estou estressada.

— Por isso não gosta de Clarisse — conclui Percy compreensivo.

— Ela é o pai sem tirar nem por! — acusei frustada.

— Acho que está tirando conclusões precipitadas — tentou Annie.

— Vai dizer que ela não é o que parece ser? — ironizei.

— Vendo por um lado-

— Annabeth!

— Está bem, ela é o que parece ser, na maioria das vezes... Espera, agora que eu reparei que você não está usando o colar dos deuses — reparou a loira se aproximando e olhando melhor o meu pescoço.

— Eu o perdi no Olimpo e o pior é que não posso sair por ai para busca-lo.

— Por que?

— Por que chamo mais atenção do que os outros semideuses, no minuto em que eu colocar o pé pra fora desse acampamento todos os monstros possíveis vão fazer de tudo para me capturar, de preferencia viva, bem ferida, mais viva.

— Por que nenhum dos deuses pediu para alguém mandar o colar pra cá? — quis saber Percy.

— Quando eu descobrir te digo — respondi sem hesitar. O fato é que nem eu sei por que eles ainda não fizeram isso... Que inferno.

— Por que não pede ajuda a Quíron, conte a ele quem realmente é — sugeriu Percy.

— Por que ela não pode — cortou Dionísio aparecendo atrás de Percy e Annie.

— E por que? — questionou Percy sem se alterar.

— Por que Kathe sabe que não deve sair por ai contando quem é realmente é, e que na verdade deve esperar que todos descubram sem muita ajuda — aceitei o que o deus disse como uma repreensão.

— Tive permissão para contar a eles — me defendi.

— Eu soube disso. Tive uma pequena conversa com o nosso querido Zeus e descobri que o seu pai está querendo conversar com você — avisou o deus do vinho.

— E ele vai continuar querendo — falei irritada — Pois eu não quero conversar com ele por um bom tempo.

— Por que você não o perdoa? Ele quer apenas sua atenção — pediu Dionísio (um ato que achei bem estranho vindo dele).

— Esse é o erro de todo deus, achar que toda a atenção dos filhos deve estar direcionada a eles, quando eles mesmos não se dão ao trabalho de sair daquele maldito Olimpo para visitar os filhos de vez em quando! — indignei-me, essa ignorância dos deuses me irrita — Como posso perdoa-lo dessa forma? Se fosse o contrario, se ele tivesse que me perdoar não pensaria duas vezes antes de me punir.

— Isso não é verdade — negou Dioniso fazendo careta — E não temos tempo para gastar visitando todos os filhos, e são muitos.

— É, mas têm tempo de dormir com outras mulheres ou com outros homens e se divertir por ai — cortei fazendo o deus se calar — Se nunca têm tempo, então por que têm tantos filhos? Já ouviram falar de camisinha?

— Não serve para os deuses — respondeu o deus do vinho como se fosse o obvio.

— Então durmam com suas próprias esposas, é tão difícil fazer isso? — questionei irônica.

— A questão é-

— A questão é que vocês são um bando de tarados que se acham os donos do mundo, saem por ai deixando filhos espalhados por todos os continentes e depois ignoram tudo, fingindo que nada aconteceu — completei antes dele continuar.

Um trovão assustou a todos deixando bem claro que Zeus ou todos os deuses não estavam gostando dessa conversa. Eu apenas olhei para cima e, irritada, me direcionei aos deuses:

— E nem adianta negarem pois sabem que é verdade. E por mais  que eu goste da maioria de vocês, não posso negar ou deixar passar nada disso.

Sai dali pisando fundo. Quem eles pensam que são?

Se eles pensam que só por que são deuses que vou ignorar tudo isso, estão muito enganados! Tá na hora de alguém quebrar as regras daqueles gregos, e esse alguém vai ser eu.

Olimpo e companhia que se preparem, pois Katherine está revoltada e resolveu se manifestar!


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Notas finais do capítulo

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