Hidden Magic. escrita por Graah_Caah


Capítulo 9
Capítulo VIII


Notas iniciais do capítulo

Mais um fofos! Ufs conseguimos postar!
Enjoy!



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A escuridão crescia conforme os minutos se passavam.

Peretz às vezes gemia de dor com a mente suja do garotinho.

Tantas coisas ruins passavam em sua mente, que seria impossível acreditar que aquilo era obra de uma criança.

— O que quer comigo? – o garoto falava ríspido, mas Peretz não percebera.

— Te pedir desculpas... – ele falou em um suspiro, como se estivesse aliviado em colocar aquilo para fora. – Eu sinto muito por todas as mágoas que eu guardei de você, você não tem culpa e mesmo se tivesse... Bem você tem... Errar é humano e... Você merece perdão.

O garoto apenas escutava.

— Obrigado pelas memórias, mesmo elas sendo ruins. Mas elas me fizeram enxergar o quão idiota fui todos esses anos com você.  – Peretz apenas se aliviava a cada palavra, mas não havia percebido a aproximação do irmão.

— Desculpe mesmo, eu o amo tanto, você é meu irmão e não importa o que você é e nem de onde veio, isso não muda o fato de temos nascido da mesma mãe. – o rapaz suspirou novamente. – Você me perdoa?

— Claro. Errar é humano e você merece perdão. – ele repetiu as mesmas palavras do irmão, Peretz sorriu aliviado e abraçou o garotinho.

Caleb não o havia perdoado, nem um pouco.

Mas pelo menos aquele pedido de desculpas havia retirado a maldição de Peretz.

Ambos não dividiam mais a mente, não era possível saber os próximos passos um do outro.

Caleb enquanto abraçava Peretz, retirou de sua capa uma adaga prateada, que sua tia o havia presenteado e a injetou em Peretz.

O rapaz gemeu de dor e se separou do garoto.

Com a separação Caleb retirou a adaga do irmão. Gotas de sangue escorriam entre as lâminas e desciam até caírem no chão.

— Caleb... O que...Você fez... ? – Peretz se ajoelhou de dor, pressionando o corte.  Sua voz estava trêmula com a dor.

O garoto não disse nada, apenas voltou para as sombras com um sorriso satisfatório nos lábios e sumiu, sem deixar rastros nem nada.

Peretz continuou lá sozinho, com dor e no frio.

Passando o mesmo que seu irmão á dois anos atrás.

****

O sol inundou o quarto e iluminou a face de Alitzah, a acordando. Aquela manhã estava agradável.

Ela havia acordado se sentindo extremamente bem e forte.

A garota se levantou e rapidamente se trocou.

Notou que Peretz não estava na cama e se sentiu animada, achando que o irmão estava bem e decidira trabalhar.

Saiu de seu quarto sorrindo, e Ariadinna notou o sorriso radiante de Alitzah.

­— Bom dia, querida! – a pequena mulher cantarolou e colocou um pedaço de pão na mesa.

— Bom dia. – Alitzah respondeu, notando que na mesa não havia ninguém. – Que bom que Peretz melhorou e já foi trabalhar. – ela disse enquanto levava um pedaço do pão à sua boca.

— Peretz? Ele não acordou ainda meu bem. – Alitzah ficou confusa.

— Mas ele não está no quarto e a cama dele está arrumada. Ele saiu!  - Ariadinna se surpreendeu, pois o rapaz não era de madrugar.

— Então ele acordou mais cedo que nós, talvez ele correu até o estábulo para começar logo. – Ariadinna riu. – tantos dias que faltou no trabalho, aquele lugar deve estar um caus.

Alitzah não deixou de rir.

— Querida quando acabar, leve o desjejum dele, por favor, deve estar faminto. – ela disse entregando a trouxinha que continha um pedaço de pão e queijo a menina.

— Claro. – Alitzah colocou na boca o pedaço que faltava e se levantou dirigindo-se para o castelo.

Outro dia comum, como qualquer outro.

Ela passou na frente do estábulo, mas não avistou seu irmão. Apenas Tommy, um dos servos do Rei.

— Tommy? – o homem olhou para ela. – Você viu o Peretz?

— Não, mas o Príncipe está a procurando, parece ser urgente. – ele disse e continuou a separar as palhas.

Alitzah ficou preocupada, pois achou estranho o irmão não estar em um lugar que quase nunca saia.

Ela entrou no castelo e correu até o quarto de David, onde o achou facilmente.

— David? O que foi? – ela perguntou.

David se virou para ela com a expressão desanimada.

— Eu sinto muito, muito mesmo. – ele murmurou.

— Mas o que aconteceu? – ela estava começando a se preocupar, já que todos estavam agindo estranhos naquele dia.

— Venha comigo... – ele disse e saiu do quarto.

Alitzah foi logo atrás, querendo pelo menos ter uma resposta para sua pergunta.

David a levou até os aposentos do médico da Corte.

Alitzah fechou os olhos por um momento não ousando acreditar no que estava pensando.

Quando os abriu estava de frente a uma cama, onde alguém estava deitado e coberto por um lençol fino e branco.

David puxou o lençol revelando a face de Peretz, sem vida alguma.

Alitzah arfou e tapou a boca com uma das mãos.

As lágrimas desceram de seus olhos junto com o soluço.

Um nó se formou em sua garganta, impossibilitando-a de respirar.

Seu sofrimento e dor chegaram ao ápice.

As lágrimas escorriam de seus olhos e desciam pela sua face.

— Como isso aconteceu? – ela perguntou, com dificuldade e com a voz embarcada em choro.

— O encontramos assim no beco hoje de manhã, parece que alguém o perfurou com uma espada ou algo do gênero. – o médico respondeu. – Sinto muito, mas já havíamos o encontrado morto, senão eu teria conseguido o salvar.

— No beco? – ela perguntou, surpresa.

— Sim...

Alitzah voltou a chorar, seu coração havia sigo retirado de seu peito sem piedade.

Ela repousou sua face no ombro de David chorando.

David a abraçou, entendendo sua dor, pois ele também havia perdido sua mãe.

A garota voltou para casa transtornada, seus pés pareciam estar amarrados em pedaços de chumbos de tão pesados.

Ela chegou em casa sem ânimo algum e contou a Ariadinna que Peretz não voltaria mais.

As duas se abraçaram e não disseram nada, as lágrimas já diziam tudo.

****

Uma semana havia se passado.

Uma semana ruim de chuvas e nuvens.

Uma semana que Caleb não chamara e nem visitara Alitzah.

Ela estava no quarto, olhando fixo para a cama ao seu lado, onde seu irmão deveria estar.

A menina havia ficado assim, sentada, triste por toda a semana. David não a havia incomodado, havia contratado uma serva de seu pai enquanto isso, até que Alitzah se sentisse melhor.

Nas mãos da menina havia o terço, cujo ela orava pelo irmão.

Às vezes desejava que ele voltasse, mas já havia tirado isso da cabeça, já que era impossível.

A casa estava silenciosa, Ariadinna também havia mudado.

Limpava e cuidava da casa em silencio, seus sorrisos haviam sumido e ela não cantarolava mais aquelas músicas alegres.

Alitzah não conseguia pensar em ninguém que havia ferido Peretz, a não ser a mulher, a mulher estranha que Caleb acompanhava.

Ela havia enfeitiçado Peretz, o causando as dores de cabeça.

Alitzah estava crente que ela também havia causado sua morte.

“Caleb?” – ela o chamou, desanimada.

“Sim ?” – o garoto correspondeu rapidamente.

“Pode vir aqui essa noite? Estou sozinha.” – ela pensou e suspirou.

“Claro!” – ele disse e saiu da mente da garota.

A noite caiu rápido.

O quarto de Alitzah estava escuro a não ser pela pequena vela acessa do lado de sua cama.

A chama dançava derretendo a cera da vela enquanto iluminava as paredes do quarto.

— Alitzah? – Caleb a chamou, aparecendo em seu lado.

A menina se levantou e o abraçou com força.

Enterrando seu rosto no ombro do garotinho e chorando.

Caleb parecia normal, não havia se surpreendido com a reação da irmã.

Apenas a deixou chorar em seu ombro.

— Peretz se foi Caleb... – ela soluçava.

— Eu sei... – ele disse sereno.

A menina tirou o rosto do ombro do garoto e o olhou curiosa.

— Eu te vigio toda noite Alitzah, para que nada de ruim aconteça com você.

— Todas as noites? – ela perguntou, secando as lágrimas.

— Sim eu...

— Sabe para onde Peretz foi? Sabe quem fez aquilo com ele? – ela o interrompeu desesperada.

— Sei mas...

— Foi sua tia não foi? Mas não entendo o porquê, Peretz não fez nada a ela! – Alitzah chorava sentindo raiva, raiva daquela mulher.

— Não foi minha tia, fui...

— Você sabe? Por favor, diga para mim... – ela o interrompeu novamente.

— Não vou mentir, não para você! – ele disse em um suspiro.

Alitzah apenas esperava a resposta curiosa.

— Fui eu... – Alitzah ficou boquiaberta.

— Não, você não! – ela chorava em prantos.

Caleb tirou a capa e levantou sua camisa mostrando-lhe a adaga prateada que prendia em sua cintura.

— Não! Diz-me que não foi... – ela se levantou da cama indignada.

Alitzah pela primeira vez sentiu raiva dele, raiva do garotinho.

Ela estendeu a mão querendo dar lhe um tapa no rosto, mas Caleb apenas fechou o olhos esperando.

Alitzah não teve coragem, olhou nos olhos prateados do irmão e nas suas bochechas rosadas e recuou.

— Desculpa... – ele sussurrou.

— Não! O que você fez foi imperdoável, você cometeu um pecado terrível! – ela gritava com o menino. – Vai embora! Não quero vê-lo novamente e nem escutar a sua voz! Nunca!

Ela gritou.

O menino apenas derramou algumas lágrimas e se foi.

Alitzah chorava em prantos, não conseguindo dormir.

Ela havia se arrependido de ter dito aquilo, no momento de raiva não havia pensado direito.

E agora chorava pelos dois irmãos.

****

― Ela me odeia! – Caleb gritava com sua tia, chorando.

— Não ela não o odeia querido, só está zangada. – ela tentava o acalmar.

Não!  Ela me odeia, e jamais vai querer me ver novamente. – o garotinho chorava em prantos, com medo de perder sua irmã.

— Está tudo bem, agora é melhor dormir. Foi uma noite cheia e precisa descansar. – ela o colocou no colo e o embalou, cantarolando uma melodia que logo fez o garotinho se render ao sono.

***

A lua estava negra, nesta noite. Não aparecia sob nenhum aspecto, não iluminava a nada. Essa era a época em que a Rainha do Mundo Subterrâneo ascendia. Uma época perfeita para fazer Magia Negra.

A mulher olhou para o céu escuro. Logo mais, faria seu trabalho. Mas, antes tinha que se certificar que o garoto estava dormindo profundamente, e que não acordaria. Quando essa certeza se instalou, colocou sua capa negra e pegou a cesta com os materiais necessários.

 Hoje era a noite. A noite em que o controle passaria para suas mãos.

Caminhou silenciosamente pela floresta, ocasionalmente tropeçando em algumas raízes projetadas para fora. Direcionava-se para o pequeno riacho que havia naquela mata. O céu tinha que estar bem acima de sua cabeça, límpido. E somente naquele pequeno rio, poderia ter a vista que desejava.

Chegou em apenas alguns minutos e depositou a cesta em uma pedra lisa e cinza. Ao acaso, pegou um graveto - na verdade, nem tanto ao acaso, era um graveto de carvalho - seco e fez um círculo em volta de si, marcando o seu lugar na terra, onde as águas molhavam seus pés. Água e Terra, os elementos que precisava para si.

Sem sair do círculo, pegou algumas velas negras e incensos de olíbano para a Deusa da Bruxaria, espalhando-os ao seu redor. Ascendeu cada vela e cada incenso lentamente, murmurando palavras de adoração à divindade. Sob uma pequena pedra, colocou uma estatueta de uma figura feminina, e ao lado direito da mesma um cálice de vinho e uma vela; ao lado esquerdo outra vela negra.

Satisfeita com o pequeno altar, pegou os próximos matérias: velas brancas, que foram postas a oeste, leste e sul do círculo.

Agora era hora.

Desembrulhou o punhal do pano negro, e o passou três vezes sob a vela negra, ao lado esquerdo da figura que escolhera, representando a Deusa.

Murmurando palavras de Magia Negra, chamou Hécate - a Deusa de toda a bruxaria, boa ou má -, pedindo que a auxilia-se e que lhe corresponde-se aos seus encantos.

Uma forte ventania tomou conta do círculo, mas não o desmanchou. Pequenas ondas foram feitas nas marés, e a mulher pensou ter visto olhos que a observavam, e que a apoiavam.

Ela sorriu e agradeceu a Deusa, cortando-se com o punhal e derramando seu sangue no cálice de vinho, que depois - no fim do ritual - jogaria ao mar, para aqueles olhos sedentos.

Cuidadosamente, retirou os últimos dois itens.

O primeiro era um boneco de pano. Tinha cabelos e olhos pratas, iguais ao do sobrinho. Sorriu para a réplica exata e murmurou mais algumas palavras, antes de fazer um pequeno furo - porém, fundo - na garganta do boneco. Colocou algumas gotas de seu sangue, que ainda escorria pelo braço, dentro do mesmo.

E depois, o segundo item.

Um pequeno frasco com um líquido vermelho. Sangue. Sangue de Caleb.

Também o jogou dentro do boneco, e desta vez, sua voz saiu gritante de sua garganta:

— Uno o sangue dele ao meu. O sangue do feiticeiro mais poderoso, para que seus dons e sua Magia sejam subordinados a mim. - fez uma curta pausa. - E peço a Deusa do mundo Inferior, ao qual sigo fielmente, para que me auxilie e me conceda os meus desejos. Em troca, darei a alma do feiticeiro, assim que toda a Magia presente nele passe para mim.

Nádia sorriu.

— Se não for bem sucedida, mesmo com os dons que a Magia Negra me dá, minha alma presenteará você, minha Deusa Hécate. Que assim seja.

Selou o juramento com uma agulha e linha, costurando o boneco.

Mais uma forte ventania se apresentou. Desta vez, o círculo foi desmanchado, mas o altar continuou intacto.

A tia de Caleb sabia que o pacto estava selado. E que cumpriria sua parte no acordo.

Já se sentia mais forte do que nunca. Poderosa, não temia mais por nada. A Magia do garoto agora era dela. Ele teria que obedecer a tudo que ela mandasse.

Ainda pensando em seus planos, pegou o cálice e jogou seu conteúdo no rio. Rapidamente, as águas o consumiram, voltando à normalidade logo depois.

O ritual estava feito. Agora era hora de recolher tudo rapidamente, e depois, enterrar em algum lugar na floresta, de baixo de um salgueiro ou de um carvalho.

E agora, ela tinha o controle de tudo.

***

Quando Caleb acordou, tudo parecia igual. Não notava nada de diferente e não suspeitava de nada que sua tia tinha feito no dia anterior. Apenas uma leve indisposição, nada com que não pudesse lidar, e associou a mesma pela briga com Alitzah na noite passada.

Levantou-se e foi ver onde estava a mulher que tomava conta dele. Não parecia estar em casa, e logo desconfiou que se infiltrou no Reino, o que acabaria com tudo de uma vez. Nesse momento, teriam que ficar afastados, mas é claro! Aquela velha era tão medíocre que não atendeu a ordem dada pelo garoto.

Bufou e pegou um pedaço de pão amanhecido para beliscar, até a hora em que a bruxa detestável chegasse.

O que logo aconteceu. A mulher entrou sorrindo pela porta da frente, carregando em uma cesta alguns suprimentos.

— Aonde foi? - perguntou Caleb, de pronto.

— Fui ao Reino. Estávamos precisando de algumas coisinhas aqui, e fui buscar. Além, é claro, de dar uma espiadela na sua querida irmã, Alitzah. - Nádia falou em tom blasé, como se não fosse nada de mais.

— Eu não disse que queria você fora daquele lugar?! Burra com és, estragou tudo, de certo! - ele exaltou-se e aumentou o tom de voz. Sentiu seus olhos mudarem de cor com a raiva, indo para o tom laranja.

O sorriso radiante dela se apagou. Sem hesitar por nenhum segundo, apertou a garganta do boneco que carregava na cesta, escondido por entre os alimentos e tais afins.

Caleb instantaneamente começou a sufocar. Seus olhos - de volta ao prata - saltaram do rosto e ele levou as mãos à garganta, caindo de joelhos no assoalho. O ar não entrava mais, e o garoto logo desfaleceria.

Nádia correu até ele, largando a cesta no chão, junto com o boneco.

Sem a pressão na garganta, Caleb pôde voltar a respirar. Seus pulmões arderam com a lufada de ar repentina.

— Viu? Olhe só no que dá, ficar falando mal de sua tia. A única que te amparou. - ela passou os braços ao redor do menino, olhando-o nos olhos e fingindo-se de desapontada. Mas, na verdade, ela estava muito - e muito - satisfeita.

 — Não diga bobeira. Não quero que me desobedeça mais. - Caleb alisou a garganta. - E TIRE SEUS BRAÇOS DE MIM! - gritou.

Como que por reflexo, e ainda fingindo ser subordinada a ele, Nádia fez o que o sobrinho queria e o soltou.

— Se você me desobedecer, isso ficará ainda pior! - gritou ele, e saiu pela porta, indo em direção à floresta.

Quando teve certeza que não voltaria, a mulher deixou um sorriso abrir-se em seu rosto.

— Tem razão. - ela fez uma pausa. - Se você me desobedecer, querido, isso ficará muito pior. Unicamente para você, Caleb.

***

Ele não sabia o que tinha acontecido. Não sabia por que ficara com falta de ar. Ora, nunca teve nenhum problema de saúde, desde muito novinho.

Colocou o capuz da capa e continuou caminhando. Um leve chuvisco caia, molhando-o e lavando dele a raiva, deixando a compreensão.

Só ficara com falta de ar porque gritou com a tia, o que ela própria afirmou. Pois bem, era um caminho a ser seguido.

Mas, por quê? O que acontecera de verdade para que ficasse assim?

Vislumbrou novamente a imagem de Nádia. Tão confiante, como se nada pudesse a deter. Tão diferente da temerosa mulher asquerosa que era.

Ele continuava a andar conforme a chuva apertava.

Logo já estava perto do Reino, e a imagem de sua irmã se perdendo em lágrimas encheu sua cabeça.

Ele queria pedir desculpas, ver o rosto dela e beijar-lhe as mãos, suplicando perdão.

Mas tinha medo que ela o recusasse, ainda quente de raiva.

Mesmo não tento certeza, falaria com ela, já que ela era tudo o que havia lhe sobrado, ele não a perderia.

Conseguiu cruzar os portões do Reino fácil, os guardas ainda estavam espertos, mas a situação já havia amenizado um pouco.

As pessoas estavam seguindo suas rotinas tediosas como sempre, plantando, colhendo.

As mulheres lavavam roupas, pessoas enchiam seus baldes com a água da fonte e levavam para suas casas.

As crianças brincavam como quaisquer outras.

O seu passado pairou em sua mente, jamais podia ter contado com as outras crianças por ser “especial”, pois enquanto sua mãe era viva, não permitia. Ele apenas passou sua infância entre quatro paredes, brincando sozinho.

Mas agora ele não era mais uma criança, e sim um adolescente, e mais tarde seria um homem.

Olhava as pessoas com certa repulsa e ódio, jamais aprendeu a ser sociável, apenas nasceu e cresceu fechado em seu próprio mundo, onde jamais poderia sair.

Enquanto andava sentiu uma pontada de dor e gemeu.

Hoje com certeza não era seu dia, jamais havia ficado doente e pensou que chamais ficaria.

Mas agora estava, ele tinha certeza, ou doente ou ficando louco.

Não demorou muito para se ver em frente à casa de sua irmã.

Parou um pouco para escutar a movimentação e podia ter certeza que Ariadinna não estava presente.

Bateu de leve na porta e logo foi atendido, Alitzah assim que abriu a porta ao mesmo tempo abriu um enorme sorriso.

— Ah! Caleb. – ela o abraçou, com todas suas forças enquanto fechava a porta. — É bom ver seu rosto outra vez.

— Achei que estivesse brava comigo. - o garoto olhou para o chão, tímido.

— Eu estava, mas peço mil desculpas por ter dito aquelas coisas, eu estava cega com a raiva e não pensei direito, eu sinto m...

— Eu que deveria pedir desculpas Alitzah, eu pequei e sou eu que deveria me desculpar, eu arranquei de você seu irmão e sinto muito. Pode me perdoar?

—Claro! Eu perdoo. - ela afagou os cabelos negros do garoto.

Caleb sorriu e suspirou aliviado.

—Você quer comer alguma coisa? Eu estava fazendo o almoço! - ela disse sorridente, se dirigindo a cozinha.

Ele não havia conseguido responder, uma dor insuportável começou de repente, seus olhos mudaram de cor e olharam fixo o assoalho da casa.

— Caleb? - Alitzah o olhou, curiosa. - Você está bem?

Ele apenas gemeu de dor e levou as mãos à barriga.

— Caleb! - Alitzah correu até ele o acudindo. - O que foi, o que você tem?

—Eu acho que estou doente. - ele sussurrou.

— O que você tem? - ela voltou a perguntar, desesperada.

— Está doendo muito! – o garoto arfou de dor e cambaleou. - Alitzah eu adoraria ficar, mas tenho que ir!

Ela não pôde dizer nada, pois ele não lhe deu tempo.

O garoto havia sumido, mas Alitzah não deixou de notar na cor dos olhos do garoto, um cinza escuro no qual ela nunca havia visto.

Magia? Ela tinha certeza, e sabia que aquilo não era obra de uma doença e nem ferimento.


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Notas finais do capítulo

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