Hidden Magic. escrita por Graah_Caah


Capítulo 6
Capítulo V


Notas iniciais do capítulo

Olá amores... desculpinhas pela demora, mas é que a gente tá cheia de coisas (trabalhos) para fazer.
bem, esperamos que gostem. nos vemos no final.



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Capítulo V

                                                            

Os irmãos quase não dormiram naquela noite. Estavam bastante preocupados, preocupados com o seu futuro.

Ser um feiticeiro, podia ser maravilhoso. Todos os dons e os proveitos que poderiam ser retirados, estavam a um passo. Mas, poderia também ser um inferno pessoal. Os mesmos dons não eram vistos como boas coisas pelo Rei.

Feitiçaria para ele, era um crime, que deveria ser pago com a própria vida. Durantes longos anos - desde sua ascensão ao trono - havia lutado para infringir tais práticas. E assim tem sido feito durante todos esses anos de seu reinado, e a magia erradicada. Todos que desobedeciam a essa ordem, tinham suas vidas retiradas. Claro que os feiticeiros não aceitaram bem essas ordens, fazendo de tudo para burlá-las, e com isso, o Rei tem tido muitos inimigos.

A bruxa que foi acusada, era um deles. Não fora ela que acabara com os vidros do palácio, mas - em um determinado momento - iria agir contra Richard, matando-o. Felizmente, tudo pôde ter sido evitado.

Mesmo assim, Alitzah sentia-se mal pelo ocorrido, já que, por sua causa, Caleb quebrara os vidros. Ela tentou se convencer durante a noite inteira, que graças aos vidros espatifados, tinha salvo a vida do Rei, mas não conseguia ignorar que outra pessoa ia morrer ao anoitecer do próximo dia.

Mas, o que mais seria difícil era David. O tratamento que daria a ele no próximo dia, que aos poucos de anunciava, o céu escuro se clareando, e o sol nascendo. Ela teria que o tratar com frieza, teria que ser dura com ele. Bem, talvez assim ele entendesse que nada podia existir entre os dois.

Os irmãos estavam em silêncio. Cada qual com seu pensamento. Mas, finalmente conseguiram dormir, só para acordarem logo a seguir, poucas horas mais tarde.

O sol já iluminava o quarto dos gêmeos os fazendo acordar.

Estava um dia bonito, Peretz havia levantado de bom humor, mas não Alitzah.

― Esta tudo bem irmã? – o garoto perguntou, atencioso.

― Sim... Peretz, você faria algo que não quisesse pelo bem de uma pessoa que você ama? – ela perguntou, ainda alienada naquele assunto.

― Claro que sim! Qualquer coisa... Por quê? – o garoto a olhava, pensativo.

― Não é nada... – ela se levantou, desanimada.

Trocou-se rapidamente e nem tomou seu desjejum, logo saiu correndo para o castelo pensando no que falaria ou no que faria quando David estivesse na sua frente, com aquele sorriso que tanto ela sonhava.

Ela entrou no quarto sem o menor barulho possível, David ainda estava dormindo. Ela bufou e já correu para acordá-lo.

— Vamos logo! Acorde. - falou ela.

Com muito custo, conseguiu o acordar - com um sorriso.

— Bom dia, meu amor. - ele disse, pegando a mão da garota e a beijando.

Rapidamente, Alitzah recolheu a mão e se afastou.

— Bom dia, meu senhor. - respondeu. - Irei pegar seu café da manhã.

— Pode o fazer mais a tardar... Quero-te comigo agora. - David falou, aproximando-se dela.

Alitzah respirou fundo, já se odiando por fazer o que faria.

— Podes me querer, mas eu não o quero. Não mais. - sua voz estava ríspida e fria.

O olhar do Príncipe estava confuso.

— O que aconteceu, Alitzah? - perguntou, estendendo sua mão direita para ela, tentando a tocar.

— Não aconteceu nada, Vossa Alteza. - o olhar negro de Alitzah estava como sua voz, frio.

— Por que está me tratando assim, o que eu lhe fiz? - sussurrou David.

— Pude ver que você estava se apaixonando por mim, e que esse sentimento, eu não era capas de retribuir. - Alitzah sentiu um aperto no peito, mas não vacilou. - Como podia amar-te? Não é possível, você é um tolo, sempre menosprezando a todos. Um mimado. Não é para mim, assim como não sou para tu.

David cambaleou com as palavras ditas por Alitzah. Cada uma se encaixou em sua mente, e de lá, nunca sairia.

— Deves casar-te com uma mulher rica e mimada, como tu és. Com uma mulher frívola e imbecil, pois farão o casal perfeito.

— Alitzah...

A voz do Príncipe estava fraca e cheia de dor. Não era possível que ela se sentisse assim. Ontem mesmo, ela correspondera seus beijos e suas carícias, como hoje podia o tratar dessa forma?

— O que dizes... Não é verdade...

— Como sabes se não? - ela soltou uma pequena risada. - Tu não és eu para saber o que se passa em meu coração.

Alitzah o encarou, com uma máscara fria em seu rosto. Uma máscara cruel. Teve vontade de abraçá-lo e de beijá-lo, dizer que era dele, mas não podia. Prometera ao irmão mais novo e iria cumprir sua promessa, por mais que fosse doloroso. Aos dois.

David quase chorava. As lágrimas teimavam por escorrer em seu rosto, mas ele as repreendia dentro de seus olhos. A menina à sua frente ficou embaçada. Já não era a mesma que ele conhecera alguns anos atrás, a doce e adorável Alitzah. Não, essa que estava em sua frente, veio para destruir-lhe o coração. A dor em seu peito era demasiada, e ele quase podia sentir o coração quebrar-se em mil pedaços.

— E agora, que tudo já foi esclarecido, vou pegar seu café da manhã. - falou ela, virando-se para a porta.

Aproveitou estar de costas para ele, e deixou algumas lágrimas escaparem.

— Não estou mais com apetite. - murmurou o Príncipe, apático.

— Então se arrume. Aliás, suponho que você consiga o fazer sozinho e sem minha ajuda hoje, não? - a voz de Alitzah continuava ríspida, sem nenhum resquício das lágrimas que lhe banhavam o rosto.

David não respondeu, e ela entendeu como um sim, saindo pela porta de madeira, e dizendo por sobre o ombro:

— Aprece-se. O Rei o aguarda na sua sala.

Enquanto fechava a porta e se distanciava daquele lugar, deixou que todas as lágrimas jorrassem pelo rosto e foi para a casa, para sofrer sua dor sozinha.

****

― Alitzah? – Peretz abriu a porta do quarto lentamente. – Vamos, a execução vai começar daqui a vinte minutos e é obrigatória a presença.

― Eu sei... – a menina disse, com a voz fraca secando os olhos.

Seu rosto e seu travesseiro estavam ensopados com suas lágrimas.

Seu coração se apertou mais. Se ela fosse à execução, com certeza David estaria lá!

E ela teria que olhar naqueles olhos castanhos magoados e tê-los que magoar mais.

A promessa que ele tinha feito estava matando-a.

Mas o porquê ela tinha aceitado?

Não sabia se por que tinha sido impressionado ou as lágrimas de Caleb a haviam manipulado.

Mas mesmo assim, ela iria cumprir. Já que Caleb também havia feito uma promessa a ela.

Seu único medo era quebrar o prometido e Caleb o mesmo. E isso não poderia ocorrer.

Já estavam todos em volta de uma grande fogueira, não estava ainda acessa, mas só de olhar já sabiam o que ocorreria em breve.

As pessoas sussurravam umas com as outras, e todos os sussurros juntos se formavam murmúrios altos.

Uma porta que existia na lateral do castelo, formada por grades grandes, e grossas se abriu.

De lá saíram dois guardas com uma senhora nas mãos.

Suas vestes eram normais, como a de muitos plebeus.

Mas, seus olhos pratas fizeram Alitzah piscar, perplexa.

― Meu povo! – o Rei já havia começado a falar. – Essa senhora, Riza Azpers, foi condenada de realizar Magia, ainda mais sendo: Magia Negra, o que quebra mais ainda, as regras! Será punida severamente, e como seu crime foi a tal Magia, a única sentença será: pagar com a própria vida!

A mulherzinha moribunda, foi amarrada no grande poste de madeira que estava colocado no centro da fogueira.

Seus olhos estavam cobertos de raiva, mas mesmo assim, podia-se ver o medo escondido neles.

― Eu não sou a única que deveria ser punida! Você deveria vir junto comigo, pois carrega nas mãos mais vidas do que eu! – Ela disse, coberta de razão. – Jamais matei ninguém até agora, mas o senhor matou todos, todos do meu sangue! – ela gritou as últimas palavras.

― Mas pode apostar Richard, eu não sou a última! A criança ainda vive, e virá te buscar!  E muito mais, ele está o observando, meu Rei! – Richard ficou nervoso, em seu rosto havia uma máscara de medo.

― Matem-na! Matem-na! – ele gritava.

Sem mais delongas, os guardas do Rei pegaram duas tochas já acesas, e as jogaram na pira de palha, da fogueira.

Alitzah - assim como todos - segurou a respiração, enquanto esperava que o fogo se alastrasse pela palha seca, e chegasse até a bruxa.

— Diga suas últimas palavras, bruxa. Logo, não passará de ser apenas um punhado de cinzas. - gritou Richard, que estava na sacada de seu castelo.

Riza riu. Uma gargalhada que era capaz de fazer a todos estremecer.

— Não seja por isso, Richard! - exclamou a velha. - As direi, mas antes das últimas palavras, vão as penúltimas.

Alitzah e Peretz se entreolharam. Será que ela diria que eles eram bruxos, que havia duas pessoas em sua Corte, que eram iguais a ela?! Um momento de tensão passou-se para todos.

— O destino está traçado, meu Rei. Você ainda pagará por todas as mortes que causou, de gente inocente. E se, agora nos rebelamos contra tu, foi porque nos obrigou a fazer isso. Mas, tenho certeza que pagarás da forma com que muitos pagaram. Com a vida.

O medo do Rei aumentou. O que faria aquela feiticeira contra ele? Usaria Magia? O mataria aqui? Ele olhou para as chamas. Parecia que elas não se moviam. Não, estavam em movimento, em um lerdo movimento, mas já chegava aos pés do vestido plebeu da velha. Só que... Bem, as chamas não o queimava. Parecia que a bruxa controlava-as e bebia de seu calor insuportável, para outros.

— E as suas escolhas, não só o afetaram. - continuou ela, sem nem ligar para o que se passava na mente do Rei. - Afetaram seu filho também. Tal como tu, irá pagar com a vida. Uma união vai se concretizar, uma união mortal. David, não se preocupe, meu caro. A morte virá rápida e certa, para ti.

Os gêmeos olharam assustados para David, que mantinha sua pose Real. Seu rosto era desprovido de qualquer emoção, mas se o olhasse de perto, podiam-se ver olhos vermelhos, causados por um choro recente.

— Como eu disse, a criança continua viva. - o olhar de Riza ficou mortal e sombrio. - E ela se vingará por todos nós, magos e feiticeiros.

Mais uma vez, ela riu amargamente.

— Pela garota que sofres agora, terá uma consequência também. Para ambos.

Alitzah gelou. Sentia-se exposta e seu estômago estava embrulhado.

— E que assim seja. Que as chamas do Inferno consumam esse Reino. E que o Diabo carregue suas almas. - um sorriso apareceu na face da mulher. - Essas foram minhas penúltimas palavras, e agora, vêm as últimas.

Com rapidez, ela gritou as últimas palavras, que se constituíam em Magia. Magia Negra.

As palavras, a fizeram apagar as chamas e se libertar da fogueira. Se libertar da Morte.

Com uma última gargalhada cortante, sumiu no ar cálido da noite.

Todos ficaram exasperados e gritaram, pensando que ela voltaria, que de fato as chamas do Inferno viriam para se vigar deles.

— Calem-se. Calem-se! - gritou o Rei.

Rapidamente, todos se calaram, mas o medo estava presente em cada um.

— Ela não vai escapar. - afirmou Richard. - Cavaleiros, preparem-se. Encontrem-na e a tragam viva. Eu mesmo quero matá-la, com a minha espada. Logo, a bruxa estará sem coração.

Com essas palavras, ele se virou e recolheu-se sob a proteção de seu castelo.

— Todos ouviram o Rei. Deveremos partir. Sejam rápidos e peguem suas coisas. - gritou David, para seus Cavaleiros. - Nos encontraremos dentro de uma hora, no estábulo.

Peretz bufou.

— Ótimo! Mais trabalho para mim. - falou e virou-se em direção ao estábulo, indo preparar os cavalos.

Alitzah ignorou-o e foi em direção a David.

— Tome cuidado. - ela sussurrou, quando chegou mais perto do Príncipe.

— Pensei que não ligasse para mim. - respondeu sério, sem a olhar nos olhos.

— Eu disse que não quero ter nada com você, mas não o quero morto. - disse ela, brava.

— Tens tanta confiança em mim, Alitzah. - disse ele, sarcástico.

A garota revirou os olhos.

— Não seja bobo. Tu és um bom Cavaleiro, acima de tudo, mas... Ela é uma bruxa. Se o encontrar, vai matá-lo. Você viu como ela escapou ilesa. Ela tem Magia, e a vai usar para continuar viva.

— E o que tu sabes sobre Magia? - a voz dele estava ríspida.

Ela parou por um momento, mas logo se recompôs.

— Não entendo nada. Assim como tu, também não. - contratacou.

— Bem, não se preocupe, pois o frívolo aqui, sabe muito bem como usar uma espada de dois gumes.

Ela virou a cara. Tinha vontade de dizer-lhe que suas palavras anteriores eram mentira. Que ela o amava mais que tudo, e que ele tinha que voltar para ela, para a segurança dos braços dela.

— Pois bem. Boa sorte.

Antes de partir, ela olhou para o vestido branco. Logo, havia rasgado uma tira média do tecido e estendia a mesma para o Príncipe.

— Pegue. - murmurou Alitzah.

David aceitou a tira de pano, e a amarrou em seu braço direito. Dar-lhe-ia sorte.

— Obrigado.

Ela assentiu uma vez e partiu.

***

Todos haviam tomado suas direções para seus lares, inclusive os gêmeos e Ariadinna. Peretz foi bufando pelo caminho todo. Teve que arrumar os cavalos para os Cavaleiros, que haviam partido há pouco.

E sua irmã estava silenciosa, calada por sua mente. Seja lá o que aquela senhora havia dito, as palavras ecoavam na cabeça de Alitzah.

Ela mordia os lábios, várias vezes pensativa.

― Está tudo bem, querida? – Ariadinna perguntou, se sentando com a garota.

― Claro! Por que não estaria?

― Não sei... Você anda meio tristonha, querida. Aconteceu algo? – suas palavras eram suaves e atenciosas.

Por um momento, a menina cogitou a possibilidade de dizer tudo à Ariadinna. De dizer o quanto estava sofrendo, e por quem estava sofrendo. Mas, pensou melhor e decidiu não contar a verdade. Claro, suas palavras em seguidas, tampouco eram mentiras.

— A bruxa mencionou uma criança. É ele não é, Caleb?! - perguntou.

— Hein? Duvido. Seu irmão...

— Ele está vivo. Eu sei disso. - falou, já se arrependendo de tocar no assunto de seu irmão. Ele estava tão constante em sua vida agora, que ela esqueceu-se que para todas as outras pessoas, Caleb estava morto.

— Alitzah... - Ariadinna não sabia como chegar à menina.

— Não, tudo bem. Esqueça. - falou Alitzah, rapidamente.

Antes que Ariadinna pudesse falar alguma coisa, a garota retirou-se do aposento, indo para seu quarto.

Suspirou, frustrada.

Não era possível que a criança fosse Caleb. Ele havia prometido a ela, que deixaria David em paz. Que não o machucaria. E ninguém poderia voltar com sua palavra dada, era uma questão de honra.

 Só restava saber, se Caleb realmente não voltaria com a sua. Às vezes, havia uma saída para seus planos, que não o fizessem voltar atrás. E, fielmente, Alitzah esperava que não. Pois, apenas uma saída, era capaz de mudar tudo.


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Notas finais do capítulo

E ai? gostaram? esperamos que sim.
bem, deixem seus reviews. bjinhoos.