Minha Viagem Infernal escrita por Mandy-Jam


Capítulo 6
Alice vrs Jenny


Notas iniciais do capítulo

Vamos ver se Alice consegue enrolar o Ares.



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Estava desviando o olhar da TV o tempo todo, pois os filmes que tinha pego na locadora tinham milhares de cenas tensas e violentas.

Uma cena de tiroteio em “O resgate do soldado Ryan” me fez levar um leve susto. Foi tão repentina que me pegou de surpresa, fazendo-me dar um pequeno pulo no sofá. Ares riu do meu lado.

- Você é muito idiota! Se não agüenta ver esses filmes, porque pegou eles na locadora? – Riu ele.

Eu tenho um plano, não que seja da sua conta. Mas é claro que eu não ia dizer isso para ele.

- Eu... Sei lá. Deu vontade. – Disse dando de ombros. Ares continuou a ver, e eu me ajeitei no sofá. Chegou uma hora em que a cena estava com uma trilha sonora bem tensa. De suspense.

Eu estava com os olhos grudados na tela da TV, aguardando a cena de ação novamente, quando algo agarra o meu ombro com força me fazendo gritar.

- Ah! – Gritei levando um susto – Idiota!

- Há Há! Você sempre caí nessa! – Riu Ares – Adoro ver esse tipo de filme com você! Há Há!

- Você adora é torna a minha vida um inferno! – Rebati com raiva. Por impulso eu levantei pronta para deixá-lo sozinho na sala de estar, mas me detive. Se eu fosse embora, ele poderia voltar a ficar entediado. Se isso acontecesse, minha mãe ia conseguir convencê-lo de ir ao Alabama, e isso eu não podia deixar!

- O que houve? Não vai embora? – Perguntou ele arqueando uma sobrancelha – Geralmente é isso que você faz.

- Não. – Respondi sentando-me novamente ao seu lado – Quero ver os filmes.

- Mentirosa. – Disse ele olhando para mim – Fala a verdade. Por que você não vai embora, hein?

- Porque eu gosto de você. – Respondi. Ares ficou mudo olhando para mim, mas então mostrei que era só parte do meu sarcasmo – Mentira. É porque eu quero ver o filme.

- Você está com algum plano. – Insistiu ele – O que você quer? Ah! Já sei! Você quer que eu vá na droga da ópera com você e com a sua mamãe, e acha que me agradando com a sua companhia e seus filmes sangrentos, eu vou me dar por vencido e ir. É isso, né?

Franzi o cenho para ele. É claro que não, idiota. Era o contrário, mas você é lerdo demais para notar isso.

- Claro. – Disse afirmando.

- Pode esquecer. Não vou a lugar nenhum. E não me interessa quantas vezes a você tente me convencer. A resposta vai ser sempre não. – Disse ele.

Não pude deixar de sorrir. Isso! Ele ia dizer não para a minha mãe. Não de qualquer jeito. Ainda bem. Aquilo era um grande alívio para mim.

Eu odiava a casa do Alabama com todas as minhas forças desde que eu tinha 6 anos, e fui obrigada a ir para aquele inferno. Só tinha os parentes do Will, e a grande maioria me odiava tanto quanto eu odiava eles. Senão mais.

Ficar na minha querida Jersey, mesmo que não fosse Paris nem nada, já era bom o suficiente para mim.

Com esse pensamento, a campainha tocou. Olhei para a porta já sabendo quem era. Os Deuses só tocavam a campainha quando tinha algum mortal por aí, para manter o disfarce e tudo mais. Fora eles... A única pessoa normal que vinha para cá era...

- Mãe. – Murmurei fitando a porta. Olhei para Ares e vi que ele tinha me ouvido, pois estava resmungando e revirando os olhos – Eu atendo...

De mal gosto levantei para ir até a porta. Talvez se eu demorasse bastante, ela fosse embora... Tsc. A quem eu queria enganar? Jenny Kelly não desiste por nada.

Ela tocou a campainha novamente e eu sabia que deveria atender, senão levaria uma bela bronca.

- Oi mãe. – Disse abrindo a porta. Minha mãe estava parada na soleira com suas roupas de inverno. Seu cabelo preto ia até perto do queixo, e seus olhos me analisavam felizes. Ela sorriu para mim.

- Que bom que não resolveu se esconder debaixo da cama. – Riu ela. Dei espaço para ela entrar, e fechei a porta – Então... Convenceu ele?

- Não. Já disse que ele não vai. – Falei negando com a cabeça – Desista mãe.

- Não tão cedo. – Disse ela sorrindo para mim. Aquilo seria um duelo, como os muitos outros que já travamos entre nós duas. Geralmente nosso objetivo era convencer o Will. Minha mãe sabia os meus truques, e eu os dela. Mas uma sempre saía vitoriosa.

Ela andou até a mesa de centro, e Ares olhou para ela sem ligar muito. Ela pegou os DVDs da mesa e os analisou. Com um sorriso esperto, ela já sabia o meu truque. Cruzei os braços esperando pelo seu comentário.

- Quer fazer com que ele fique ocupado aqui para ter um motivo para dizer não para mim? Bela tentativa. – Disse minha mãe. Sorri forçadamente, mas ela voltou-se para Ares – Você não caiu nessa, não é?

- Não. – Disse Ares sem entender muito bem o que ela tinha dito – Espera... Você quer que eu diga não?

Pronto. Só por causa disso é provável que eu diga sim.

- Claro. Quer mesmo sair junto comigo e com a minha mãe? – Perguntei usando um truque novo, mas ela já tinha uma idéia de onde ele iria levar – Ela vai ficar falando o tempo todo de como nós dois formamos um casal e blá blá blá.

Ares pareceu concordar comigo. Alice 1 x 0 Jenny.

- Concordar com ela só prova que vocês dois realmente formam um casal lindo. – Disse minha mãe sentando-se do lado de Ares – Me diga, você não quer ir porque está com vergonha? Não sabia que era demais para o Deus da guerra algum tempo com uma garota de 19 anos e uma mortal.

Droga. Mexeu com o orgulho dele. Ares pareceu se incomodar com isso.

- Posso agüentar muito bem! – Protestou ele.

- Acho que não... – Comentou minha mãe delicada e manipuladoramente.

- Está duvidando de minhas capacidades? – Perguntou Ares com raiva.

Não! Não, não, não, não! Ele ia concordar com ela. Droga! Alice 1 x 1 Jenny.

- Não precisa provar nada para ela. Não se lembra? Você já fez isso. Aguentou ficar comigo por uma semana naquele hotel infernal. – Interrompi minha mãe antes que ela continuasse o seu truque – Ares, pense bem. A melhor coisa é ficar aqui. Relaxar... Não sente falta de casa? Depois de toda aquela semana traumatizante?

Ares estava analisando a situação. Pensei que eu poderia perder, mas ele sorriu e concordou.

- Vou ficar na minha doce casa, e não há nada que você possa fazer contra isso. – Disse Ares para a minha mãe.

- Isso! – Comemorei feliz – Viu só? Eu te disse! Cheque mate, mãe.

- Fracamente, Alice... – Minha mãe não tinha gostado nada de ter perdido para mim. Ela nunca gostava, mas o que eu podia fazer? Ás vezes conseguia manipular as pessoas melhor do que ela.

- Chega dessa história de ópera e fiquem quietas para eu ver o filme! – Reclamou Ares. Ele tinha acabado de ser grosseiro e minha mãe odiava isso. Ela estava pronta para reclamar com ele, quando se tocou de algo que ele tinha dito.

Ah, não. Ele disse... Aquele idiota disse...

- Ópera? – Repetiu minha mãe olhando para Ares sem entender, mas depois virou-se para mim com um sorriso superior – Ópera, Alice?

- Não. Você nem tenta... – Tentei alertá-la, mas sabia que ela ia contar a verdade para ele – Não interessa. Falando ou não, não vai fazer diferença. Ele não vai e pronto! Acabou de afirmar isso!

- Ele acabou de afirmar que não vai á ópera. – Disse minha mãe não abrindo mão do seu último truque. Claro que não... Era tudo que lhe restara, e ele serviria para virar o jogo contra mim. Ela sentou-se ao lado de Ares novamente – A Alice disse para você que eu queria chamá-lo para a ópera?

Ele ergueu uma sobrancelha para minha mãe.

- Ahm... É. – Respondeu ele sem entender – O que que tem?

- Na verdade, ela mentiu. – Contou minha mãe. Eu tentei interrompê-la, mas ela me deteve – Não pense que só porque é filha do seu pai quer dizer que pode sair por aí mentindo para os outros, mocinha. Não foi isso que eu te ensinei.

- Mãe...! – Tentei novamente, mas de novo, não deu.

- Nós, na verdade, vamos fazer uma viagem. – Disse ela com um sorriso.

- Viagem para onde? – Perguntou Ares franzindo o cenho.

- Alabama. – Respondeu minha mãe bem devagar.

Pronto! Droga! Argh! Pude ver o maldito sorriso malicioso de Ares surgir em minha direção.

- Espera... É a mesma casa do Alabama que você tanto odeia? – Perguntou ele sorrindo. Não respondi a pergunta, mas dava para ver pelo meu rosto que a resposta era sim. Foi o que bastou para ele – Eu vou então. E você vai também, nem que eu te arreste.

Meu queixo caiu. Olhei para minha mãe, que sorria triunfante por ter vencido de mim, e desejei que ela estivesse em Paris. Longe, longe de mim.

- Não! O que?! Você tem problemas por acaso?! – Perguntei irritada – Você mesmo disse que queria ficar aqui para descansar! Disse que não trocava aqui por nada! Que não ia sair!

- Mudei de idéia. – Sorriu Ares – Me deu uma vontade de conhecer o Alabama agora!

- Você...! Você é...! – Todos os piores nomes do mundo estavam surgindo na minha boca, mas eu queria dizer tantos ao mesmo tempo que nenhum deles saía.

Eu bati o pé com força no chão de tanta raiva e me virei em direção á escada.

- Não interessa se ele vai. Eu não vou! – Exclamou com toda a minha raiva.

- Vai sim. – Riu Ares se levantando do sofá – Quer que eu te leve á força? Posso te carregar no ombro até chegarmos lá. Se quiser, vou á pé!

- Eu odeio você! – Exclamei com raiva, mas então eu me virei – Apolo! Apolo não vai, porque vai ficar do meu lado! Ele sim vai me proteger.

- Alice, esqueça. Ele vai ser ainda mais fácil de convencer. – Disse minha mãe.

- Mentira. Apolo não vai cair nos seus truques! – Reclamei. Nesse exato momento, Apolo entrou em casa com um sorriso no rosto.

- Alice, você sabia que...?! Ah. Oi, mãe da Alice. – Disse ele sorrindo.

- Quer viajar conosco? – Perguntou minha mãe – Vamos ao Alabama.

- Wow! Claro! Sabia que lá eles tocam banjo muito bem?! – Exclamou Apolo animado – Isso vai ser demais!

- Apolo! – Gritei com raiva. Por que estavam todos contra mim?!

- O que foi que eu fiz?! – Perguntou Apolo admirado – Entrei em um momento ruim?

- Você não pode concordar em ir! Não pode! – Exclamei.

- Mas... Parece divertido. – Comentou ele.

- Não é divertido! – Corrigi. Minha mãe fez o favor de falar que até mesmo o Ares iria, de modo que Apolo sorriu para mim.

- Até ele quer ir?! Deve ser muito divertido! – Exclamou Apolo. Ares começou a rir da minha desgraça e eu neguei com a cabeça.

- Eu não acredito que você vai me obrigar a ir para aquele maldito lugar logo em novembro! – Exclamei para minha mãe – Mesmo! Você quer estragar tudo, não é?

- Você exagera demais. Seus parentes só querem falar com você... – Minha mãe tentou, mas eu a interrompi.

- Eles me odeiam e não são meus parentes! É tão difícil assim para você entender?! – Perguntei irritada.

Minha mãe tinha ganho duas vezes. Ela não estava nem um pouco afim de discutir comigo.

- Você vai e acabou. São três contra um, sendo que um é a sua mãe. – Disse ela com um sorriso – Ah, você vai gostar. Tem o Apolo e o Ares para te fazer companhia.

- Eles podem muito bem me fazer companhia aqui. – Rangi os dentes.

- É a mesma coisa, só muda o lugar. – Disse ela encolhendo os ombros. Minha mãe tirou três passagens de avião. Ideia.

- Ok. Sinto muito essa confusão. – Disse em um tom calmo - Me entrega, e eu vou. Sem reclamações, eu juro.

- Ah, tá bom! – Riu minha mãe – Me entrega e eu vou. Para que eu vou te dar as passagens? Para você pegá-las e ‘sem querer’ perdê-las de última hora? Me poupe. Eu namorei o seu pai por muito tempo. Conheço a maioria dos truques. Você simplesmente não me engana.

Trinquei os dentes de raiva.

- Ótimo. Vai fazer o que com as passagens, então? – Perguntei cruzando os braços. Minha mãe fez a pior coisa do mundo naquele momento. Valeu como dois tapas na cara para mim.

- Vou deixar com alguém que não permita que você as roube. – Respondeu ela entregando-as para Ares. Meu queixo caiu, mas isso só fez o Deus da guerra rir mais ainda.

Não... Nada daquilo estava acontecendo. Era tudo um terrível pesadelo. Um engano! Só podia ser.

- Relaxa, Alice. Eu vou estar com você. Vai ficar tudo legal. Nós podemos até pensar em como passar o tempo. Podemos pescar, ou... – Apolo estava sorrindo, animado com a idéia de sair para o Alabama, mas eu não.

- Eu não vou relaxar. – Disse friamente. Olhei para minha mãe com muita raiva, do mesmo jeito que olhava quando era menor e ela me obrigava a ir para aquele inferno.

- Calma. Vai ser rápido e indolor. – Disse ela indo até a porta.

- Vai ser lento e doloroso. – Corrigi.

- Eu sei que vocês não se dão bem. Digo... A família do Will e você, mas... Tente fingir que gosta deles só por poucos dias. Só 4. – Disse minha mãe saindo de casa. Ela se despediu de todos e foi embora.

Ares caiu na gargalhada e jogou-se no sofá. Só para me provocar, ele resolveu puxar assunto com Apolo.

- Apolo, conhece aquela música sobre o Alabama? – Perguntou Ares sorrindo.

- Ah, sim! – Sorriu Apolo inocente e começou a cantar – “Oh, Suzana, não chores por mim. Por que eu vou para o Alabama, vou tocando bandolim!”

Respirei fundo... Contei até 20... Ares estava esfregando na minha cara que ele ia me fazer sofrer naquele fim de mundo. Como se já não fosse demais o fato de eu ir sofrer com os parentes do Will, eu teria que sofrer com ele.

- Vai rindo. – Comentei com os punhos cerrados – Só lembre-se que não é a minha mãe que mora com você.

Lancei a indireta de uma possível vingança, mas Ares não se abalou com isso. Eu fui para o meu quarto, completamente derrotada e com raiva. Aquele tinha sido o primeiro dia de novembro, e francamente... Tinha sido uma droga.


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Notas finais do capítulo

Fail.

Mas... Está mais que na cara que ela não vai se dar por vencida, não é mesmo?

O que vocês acham que vai acontecer? Espero pelos reviews!