Minha Viagem Infernal escrita por Mandy-Jam


Capítulo 59
Única


Notas iniciais do capítulo

Tam tam tam taaaam!

Aqui está o novo capítulo!

Espero que gostem. Tenho algumas notícias para contar nas notas finais. Boa leitura!



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POV Ares

- Quantas vezes as pessoas têm que te dizer para não falar com estranhos?! No meio da rua e ainda por cima no meio da madrugada! – Exclamei com raiva, enquanto Alice subia as escadas do hotel um tanto cambaleante.

- Eu não falei com estranhos no meio da madrugada. Quando encontrei eles eram umas 11 da noite. – Rebateu ela com um risinho.

- Era para não falar com ninguém! – Retruquei com raiva – Perdeu o pouco juízo que você tinha nessa cabeça oca?! Aqueles caras podiam ser marginais, ou assaltantes, ou coisa pior! Não fale mais com eles, entendeu?!

- Ooown, é tão fofo ver você com ciúmes. – Comentou ela rindo para mim.

- Não são ciúmes. – Respondi rangendo meus dentes, mesmo sabendo que no fundo era um pouco.

- Bem... Eles parecem com vocês. E você disse que eles eram estranhos e que eu não devo mais falar com eles. – Disse ela parando de subir e virando-se para olhar para mim – Isso quer dizer que eu tenho que parar de falar com você também? Por que vocês se parecem bastante.

- Comigo é diferente, lesada! – Respondi com raiva – Aqueles caras não prestam, e também... Você me conhece! Não sou um estranho. E eu não me pareço nada com eles!

- Parece sim. – Confirmou ela subindo novamente as escadas – Até o jeito de falar. Sabe? Um deles até me chamou de “benzinho”.

- Como é que é?! Quem foi o desgraçado?! – Perguntei com raiva – Quem eles pensam que são para falarem desse jeito com você?! E você deixou isso?! Responde, Kelly!

- Shhhhhhh! – Fez ela virando-se para mim novamente. Alice tinha um tom repreendedor repentino, e isso me fez parar de subir e franzir o cenho – Você quer acordar todo mundo? Faz silêncio!

Revirei os olhos ainda com raiva daqueles imbecis, quando Alice perdeu o equilíbrio e caiu para trás. Eu a segurei no último segundo, e a carreguei no colo. Ela riu aninhando seu rosto contra o meu peito. Minha raiva passou um pouco, e eu desviei os olhos dela para o topo da escada.

- Você devia tomar mais cuidado, sua lesada. – Disse em um tom baixo e controlado. Ela riu um pouco – É sério! Tem noção de que isso poderia ser perigoso?! Eles poderiam ter se aproveitado de você, ou te machucado! Você devia ter ficado aqui.

Ela parou de rir e deu um meio sorriso para mim.

- Ficou preocupado comigo? Foi por isso que foi me buscar? – Perguntou ela sorrindo de leve.

- Não. – Menti – Só fui até lá porque a sua mamãe pediu. Ela é que ficou preocupada quando você se irritou e saiu correndo daqui.

Alice riu para mim novamente, e eu a coloquei no chão quando estávamos logo na frente da porta do seu quarto. Ela encostou as costas na parede e olhou para mim ainda sorrindo.

- Tsc. Sei. Só está dizendo isso porque ficou chateadinho por não ter dançado comigo. Eu te chamei, Ares. Mas você realmente não quis. – Disse ela. Revirei os olhos e depois olhei novamente para ela.

- Vai ficar falando coisas sem sentido a noite toda, ou vai abrir logo a porta do quarto? – Perguntei cruzando os braços, embora parte de mim quisesse ficar olhando-a por mais um tempinho.

- Vou abrir a porta. – Respondeu ela assentindo, mas ainda sem mexer nenhum músculo. Esperei alguns minutos em silêncio só olhando para ela, e então franzi o cenho.

- Ahm... Está esperando o que então? – Perguntei sem entender.

- Estou esperando o corredor parar de girar. – Respondeu ela rindo. Eu mesmo abri a porta, e Alice sorriu para mim – Obrigada. Você é um cavalheiro em horas remotas.

- Vou fingir que isso foi um elogio. – Resmunguei, enquanto ela entrava no quarto. Olhá-la tirando os saltos altos de modo desajeitado, me fez ficar parado por alguns minutos. Ela jogou o par de sapatos em algum canto perto do sofá, e foi ajeitando o vestido marrom até chegar á bancada de mármore da cozinha.

Eu ainda estava na porta do quarto, quando Alice olhou para mim e riu.

- Pode entrar se você quiser. – Comentou ela rindo de mim. Eu pisquei os olhos voltando ao normal, e entrei fechando a porta atrás de mim. Fui caminhando lentamente até a bancada de mármore, ficando de frente para Alice, que continuava sorrindo enquanto pegava uma jarra de água e tentava colocar um pouco no copo.

- O que aconteceu? Com o seu pai? Quero dizer... O marido da sua mãe. – Disse olhando para ela e cruzando os braços. Deixei a pergunta escapar naturalmente, mas pude ver o sorriso de Alice desaparecer. Ela deu um leve riso para disfarçar.

- Você tinha que lembrar disso? Ia ser uma noite perfeita, seu chato. – Disse ela negando com a cabeça. Alice notou que a pergunta não havia morrido, de modo que acabou suspirando – Nada. Só cala a boca, Ares.

- Não foi nada, não. Teve algum problema. – Insisti - Ele reclamou com você porque largou ele de mão e veio para cá, não é? - Ela não respondeu e continuou olhando a água cair em seu copo – Vai ignorar a pergunta para não ter que enfrentar o problema?

- Isso não é da sua conta. Cala a boca. – Respondeu ela, só que em um tom mais irritado.

- Será que você é tão covarde á ponto de fugir até mesmo de uma conversa com o próprio padrasto? Isso é ridículo sabia? – Falei negando com a cabeça – Mas de certo modo. Acho que você é assim mesmo. Só sabe fugir.

- Cala a boca! – Exclamou ela de repente, e isso me fez parar de falar. Olhei para ela, e vi que Alice estava profundamente irritada. Nós dois nos olhamos com raiva um do outro por alguns minutos, até que ela riu de raiva e negou com a cabeça – Não venha falar comigo como se você me conhecesse, porque você não tem nem mesmo idéia de quem eu sou. Me conhece há o que, Ares? Dois meses? Isso sim é que é ridículo.

- Já foi tempo o suficiente para ver que você não enfrenta nada. – Rebati, mas ela de repente pareceu não estar mais com raiva de mim, e sim com raiva de si mesma – Você não agüenta nem mesmo falar, não é?

Alice engoliu em seco, e foi nesse minuto que vi toda a sua raiva sumir e ser substituída por decepção.

- Eu já tentei. – Falou ela com uma voz trêmula – Eu... Tentei mesmo enfrentar o problema, ou mudar a situação, mas isso nunca dá certo. Então... Para mim já chega.

- Como assim? – Perguntei sem entender.

- Eu... Eu não sou boa em nada. – Disse ela franzindo o cenho para o copo em suas mãos – Todo mundo na família do Will é boa em alguma coisa, ou em tudo simplesmente. Mas eu... Eu só sei trazer problema para ele.

- É por isso que não gosta de ir para lá? – Perguntei ligando os pontos – Eles fazem você parecer patética?

- O fato é que eu sou patética. – Negou ela com a cabeça – Eu não tenho raiva do Will. Eu tenho pena dele. Ele... Deveria ter uma filha normal, com problemas normais. Ou simplesmente alguém que tirasse notas boas, que não se metesse em encrenca... Qualquer porcaria do tipo.

- Sabe muito bem que a culpa não é sua. – Disse olhando para ela.

- É minha sim. Se não fosse eu, ele não estaria morrendo de vergonha nesse momento, por ter que explicar para a família inteira que eu fugi ao invés de ficar do lado dele. – Falou ela levantando os olhos para mim – Foi por isso que eu fui para Jersey. Foi para ficar longe dele para ele não se desapontar. Acho que depois de me agüentar por anos, ele merece algum tempo de descanso.

Não sabia o que dizer depois de ouvir aquilo, mas não ficamos em silêncio por muito tempo. Alice deu um gole curto de água, e depois negou com a cabeça.

- E depois de tudo isso, eu ainda joguei na cara dele que ele não era o meu pai de verdade. – Disse ela em um murmuro.

- Isso não é mentira, pelo menos. – Encolhi os ombros.

- Mas foi um golpe baixo. Foi horrível. Eu nunca vi ele falar para mim “Você me desapontou” com um tom tão ofendido antes. Nem quando eu fui expulsa umas 4 vezes das escolas. – Disse ela engolindo em seco.

- Bem... Eu ouvi ele dizer que se importa com você. Então... Não deve ter problema nenhum você falar com ele e pedir desculpas. – Falei tentando consolá-la, mas eu era péssimo nisso.

- Eu sei... – Suspirou cansada – Eu... Vou falar com ele amanhã. E com a minha mãe. E... E com o Apolo.

- Não precisa tanto. Acho que só a sua mãe e o Will já está de bom tamanho. Pula a parte do Apolo. – Comentei em um sorriso um tanto tenso. Alice olhou para mim, e sorriu negando com a cabeça.

- Como isso aconteceu ontem? – Perguntou ela olhando fixamente para mim. Eu ri sem querer por um curto segundo, e depois tentei esconder um sorriso triunfante.

- É engraçado se parar para analisar. – Comentei rindo um pouco. Alice também riu, mas algo me fez notar que ela não estava achando graça da mesma coisa que eu.

- Sabe o que é realmente engraçado? – Perguntou ela olhando para mim – É saber que pouco depois de você sair daqui de manhã... Sabe? Quando você me beijou á força? Depois disso a Afrodite terminou com você.

Alice tomou o resto da água e desviou o olhar de mim com raiva. Não entendi o que estava se passando na mente dela. Afinal... Como ela sabia daquilo?!

- E isso te incomoda? – Perguntei sem entender – Por que, até onde eu sei, as garotas se incomodam se os caras que saem com elas não terminam com as namoradas. Isso devia mesmo te incomodar?

- Devia sim. – Respondeu ela indo em direção ao corredor, mas antes que chegasse no começo dele, eu a segurei pelo braço. Alice desviou os olhos para mim, e negou com a cabeça tentando se soltar de leve – Ah, sério. Me solta, Ares. Já chega. Me deixa em paz agora, está bem?

- O que deu em você?! – Perguntei sem entender.

- O que deu em mim?! O que deu em você?! – Rebateu ela. Soltei seu braço, mas ela não voltou a caminhar. Ficou parada olhando para mim e continuou – Se bem que eu não acho difícil imaginar. Aposto que Afrodite deve ter te dado um chute para ficar com Hefesto, e você notou que estava sozinho e que ninguém queria ficar com você. Aí sua mente doentia deve ter pensado “Nossa, a Deusa da beleza me deixou, então já que eu não tenho ninguém, vou ficar com a filhinha sem graça de Hermes mesmo”.

Fiquei sem resposta por alguns minutos.

- Não. – Disse negando com a cabeça, já que era tudo que saiu da minha boca. Alice tentou voltar a andar, mas perdeu o equilíbrio e quase caiu novamente. Eu a segurei, e enquanto estava nos meus braços, ela olhou para mim com um certo tom de tristeza.

- Você só ficou comigo, porque ela te deixou. – Murmurou ela baixinho – Por que não tinha mais ninguém. Eu sou só uma última opção para você.

Neguei novamente com a cabeça, mas os olhos castanhos de Alice desviaram-se para o lado ainda em um tom triste.

- Não acredito em você. – Disse ela. Tentei falar alguma coisa, mas ela me interrompeu – Esquece isso por enquanto. Só... Me solta para eu ir dormir, tá bom? Eu estou cansada de ver tudo rodar e já não sei para qual dos seus três clones olhar.

- Tsc. Fica aí a lição. Nunca confie no Dionísio. – Disse para ela com um leve riso, mas depois fiquei sério. Eu a suspendi e a carreguei até o quarto dela. A coloquei deitada na cama e estalei os dedos fazendo seu vestido marrom ser substituído por um pijama confortável.

Alice se ajeitou, afundando a cabeça no travesseiro como um gato, e eu ri. Olhei em volta de seu quarto e vi algo que me chamou atenção. Dentro de uma mala estava a pata de um bicho.

Eu abri o zíper e vi que se tratava do javali de pelúcia que tinha dado de presente de aniversário para ela. Olhei novamente para Alice, que piscava os olhos, sonolenta. Ela franziu o cenho para mim, e depois sorriu.

- Gordon. – Disse ela em um murmuro.

- Gordon? – Repeti franzindo o cenho.

- É. É que ele é gordinho. – Disse ela rindo um pouco – Gordon lembra “gordinho” para mim.

- O javali? – Perguntei olhando para o bicho em minhas mãos. Andei até perto da cama dela, e Alice o puxou de minhas mãos. Ela olhou para ele e sorriu torto. Eu ri – Vai dormir. Amanhã vai ser um dia cheio.

Alice assentiu e abraçou o javali de pelúcia, o que me fez ficar parado alguns minutos ao seu lado. Ela era realmente bonita. Senti raiva ao lembrar daqueles caras do salão falando que ela era “uma gata” ou chamando ela de “Princesa”. Principalmente daquele animal chamando ela de “Benzinho”.

Benzinho?! Eu é que digo benzinho! Ele não tem esse direito.

Afaguei o cabelo de Alice para me acalmar, e pude ouvir uns roncos baixinhos, quase como ronronares. Sorri sem querer para ela, e fechei a porta do quarto com cuidado.

- Boa noite... Alice. – Disse o nome dela sem querer, mas para a minha sorte ela não tinha ouvido. Fechei a porta com calma e fui embora.

POV Alice

Abri meus olhos devagar, mas não me levantei. Fiquei deitada na minha cama, e foi só aí que me lembrei do que aconteceu ontem. Ainda estava abraçada ao Gordon, o javali de pelúcia, quando senti meu coração se apertar.

Eu tinha ficado com Ares. Traído o Apolo com ele. E ele só tinha ficado comigo porque Afrodite deu um fora nele. Idiota... Ele me enganou, e eu estava morrendo de raiva, mas... Parte de mim se sentia triste com isso. Como se não quisesse que as coisas fossem assim.

A cena do meu primeiro beijo com ele ficou na minha cabeça. Eu estava cansada daquilo... Nós brigávamos, discutíamos, mas ele sempre dava um jeito das coisas virarem de cabeça para baixo. Eu odiava pensar que ele tinha me usado para superar o fora que levara de Afrodite. Eu tinha arriscado muito para ficar com ele, mas não devia significar nada.

Ares era um grande egoísta e para mim já tinha chegado ao limite. Não ia deixar ele me usar para o que bem entendesse, só para que não se sentisse sozinho.

Aquilo fez o meu coração se apertar ainda mais, e eu levantei da cama deixando o Gordon lá. Fui direto para a cozinha tomar um café da manhã, mas me surpreendi ao vê-lo sentado no sofá. Ele olhou para mim, e eu desviei o olhar indo direto para a cozinha.

- Ah, bom dia para você também. E de nada por te ajudado ontem. – Disse ele erguendo as sobrancelhas para mim.

- Obrigada. – Sorri para ele, mas desviei meus olhos novamente para a bancada da cozinha. Comecei a preparar meu café, quando Ares puxou meu queixo para cima.

- Isso ainda é por você achar que eu só fiquei com você porque Afrodite e eu terminamos? – Perguntou ele erguendo uma única sobrancelha. Desviei o meu queixo de sua mão, mas olhei para ele de qualquer maneira.

- Você me irrita. – Disse para ele sem querer – É sério. Eu odeio você, e vou sempre odiar.

Ares cruzou os braços levemente surpreso, mas eu não tenho ideia do que aconteceu depois. Uma parte louca dentro de mim tomou o controle por alguns segundos. Tempo suficiente para meus lábios se separarem e deixarem as palavras escaparem.

- Mas se realmente fez isso comigo, me deixa. Por que eu não estou nem um pouco afim de ser só mais uma. – Disse pesadamente, e depois fiquei muda. Ares me olhou surpreso por alguns minutos, e depois riu desviando o olhar.

- Tsc. Mais uma? Quantas você acha que já ficaram do meu lado mesmo depois de tantos problemas? – Perguntou ele rindo um pouco nervoso por estar falando a verdade, aparentemente. Houve um minuto de silêncio – Se eu não tiver você... Eu simplesmente não tenho ninguém. Você é única. – Olhei para ele um tanto incrédula, mas parte de mim não queria acreditar naquilo. Ares notou que tinha dito demais, e resolveu disfarçar – Unicamente irritante. Não tem mais nenhuma outra garota tão chata e sem graça que não saia do meu lado, por isso não pense que eu agüento outras por aí.

Eu estava pronta para dizer alguma coisa, quando Ares franziu o cenho para mim. Pensei que ele tinha visto alguma coisa estranha, mas de repente pude ouvir uma voz do outro lado do balcão, provavelmente perto de Ares.

- Bom dia titio Ares! Bom dia Lilice! – Exclamou Flávia abraçando a perna de Ares – Papai! Eles ainda estão aqui.

Apolo... Ah... Droga. 


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Notas finais do capítulo

O que vocês acharam? Respondem pelo review!

Bem... Uma notícia muito legal é que eu e comecei a montar uma trilha sonora para a trilogia "Meu vizinho infernal".

Vou separar as músicas por fics, e por Teams também. Espero que vocês gostem, e vou tentar terminar até o próximo capítulo.

Se gostaram desse, recomendem! Espero por vocês no próximo capítulo. Beijos...