Minha Viagem Infernal escrita por Mandy-Jam


Capítulo 60
Você está de castigo, mocinha!


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem!

Aposto que quando lerem o fim do capítulo, vão querer me enforcar por mais um! Hahaha.

Boa leitura...



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- O que... Você está fazendo? – Perguntou Ares rangendo os dentes.

- Te dando um abraço! Estou com tanta saudade sua, titio Ares! – Disse Flávia ainda abraçada á perna dele – Como vai você? Tem usado as roupas legais que a Flivis separou para você?

Ares olhou para mim mostrando toda a sua raiva pela filha de Apolo, e depois parou seus olhos no balcão. Os meus também pararam lá, e foi aí que eu notei que Ares observava uma faca.

Nós nos entreolhamos por alguns segundos, e depois eu dei um forte tapa na mão dele quando tentou pegar a faca. Eu a joguei para longe, salvando a vida de Flávia.

- Que horror! – Exclamei em silêncio.

- Eu não ia fazer nada. – Falou ele inocente.

- Aham. Sei. – Disse para ele.

- Alice, corre! Se você for rápida nós podemos sair sem que o...! – Apolo entrou correndo, mas parou ao ver que Ares estava lá dentro. Pude notar seu sorriso diminuir um pouco – Ah, ótimo. Ele já está aqui.

- Ia tentar furar o meu dia?! – Exclamou Ares com raiva.

- Quem? Eu? Nãããão! Imagina. – Sorriu Apolo. Ele estava usando uma camisa pólo azul, e óculos escuros estilosos. Só de olhá-lo já senti o meu coração se apertar um pouco. Gostava muito dele, e não achava justo enganá-lo daquele jeito.

Apolo olhou para mim. Eu sorri sem desajeitada e desviei o olhar.

- Desculpe não ter te visto ontem. Tive que ficar com as garotas. – Comentou Apolo encolhendo os ombros. Eu assenti.

- Ahm... Tudo bem. – Respondi sem graça. Sem nem mesmo pensar, algumas palavras escaparam da minha boca – Apolo, eu tinha que te dizer...

- Que nós vamos passar o dia fora, e que não vai dar tempo para ela passar um dia entediante do seu lado. Por isso se manda. – Interrompeu-me Ares. Olhei para ele franzindo o cenho, mas ele continuou parado normalmente.

- Tsc. Sem problema. Ao menos amanhã vai ser o meu dia. Mas... – Apolo olhou para mim com um sorriso torto e depois para Flávia – Flávia, não seria ótimo se o seu titio Ares e se a Lilice viessem com a gente passear?

- Ah, sim! – Exclamou ela feliz. Os olhos azuis de Flávia pararam em mim cheios de animação – Você pode vir com a gente, tia Lilice? Por favor! Vai ser legal!

Ela finalmente soltou a perna de Ares, e veio para o meu lado. Sua altura vinha até o meu ombro, mas em Ares ela só conseguia chegar até a cintura.

- Ahm... Flávia, eu não... – Tentei dizer, mas aqueles olhos azuis iam acabar me fazendo dizer sim. Se não fosse por Ares, eu teria mesmo dito.

- É! Por favor, titia Lilice. – Incentivou Apolo fazendo a mesma cara de cão sem dono que Flávia estava fazendo.

- Corta essa. – Disse Ares levantando Flávia e colocando-a ao lado de Apolo. A menina demorou um pouco para entender que não estava mais perto de mim – Pare de ficar usando golpes baixos, e se manda logo daqui!

- Tá bom. Tá bom. – Disse Apolo erguendo as mãos em rendição. Ele foi até perto de mim fingindo que pegaria só um copo de água, mas no último segundo me abraçou por trás e beijou a minha bochecha – Vamos ficar juntinhos quando eu voltar, não é? Estou morrendo de saudades suas.

Era como se alguém estivesse me dando um tiro cada vez que Apolo falava comigo. Ou quando alguém falava o nome “Apolo”, ou quando eu pensava nele. Estava me odiando por enganar ele desse jeito terrível. Mentir podia até salvar sua pele ás vezes, mas quando era usada desnecessariamente nunca era boa. Só em situações de vida ou morte, esse era o meu lema.

Mas não era o caso. Na verdade, estava longe disso. Eu tinha que contar. Tinha que falar para ele que eu fiquei com o Ares depois de bebermos todas em um bar latino. Tinha que sair gritando isso até ele ouvir cada palavra. Estava me incomodando tanto que meus lábios se abriram novamente.

- Apolo, eu e Ares... – Fui interrompida novamente.

- Vamos sair agora, por isso solta ela logo, idiota! – Interrompeu Ares vendo que eu ia contar a verdade. Olhei para ele com um pouco de raiva e incrédula por ele me interromper sempre, mas Apolo não notou isso.

- Você é muito chato. Lembre que ela é 50% minha também. – Disse ele fazendo uma careta. Apolo me beijou na boca e sorriu para mim – Eu volto. Tente sobreviver á mais um dia infernal com ele enquanto isso.

Com aquele beijo eu quase berrei novamente.

- Apolo, nós...! – Ares tampou minha boca com força, e Apolo não notou que eu ia dizer alguma coisa. Ele abriu a porta e saiu com a Flávia.

- Nós nos vemos de noite. – Piscou para mim e fechou a porta. Puxei a mão de Ares para longe do meu rosto e dei um soco forte na bancada.

- Droga! – Exclamei com raiva – Por que você fez isso?!

- Você tem problemas mentais por acaso? – Perguntou ele olhando para mim – Você consegue mentir para todo mundo, menos para ele?! Qual é a grande dificuldade de manter a sua boca fechada?!

- Eu não quero mentir! Não é justo com ele, Ares! Apolo devia saber! – Exclamei me sentindo péssima.

- Deve saber nada. Quantas vezes ele já não saiu com outras garotas enquanto tinha namoradas? – Perguntou Ares revirando os olhos.

- Só porque ele fez isso, não quer dizer que eu tenha que agir do mesmo jeito.

- Por que? Porque ele disse que você é especial para ele? Ooown, mas não é lindo? O casal sunshine! O Deus do Sol que não presta, e a musa fracassada dele. – Zombou Ares com raiva – É uma pena o mundo não ser um lugar justo, senão vocês poderiam ficar juntinhos sem problema nenhum, não é?

- Qual o seu problema?! – Exclamei com raiva.

- Meu problema é você ficar abrindo a sua boca o tempo todo! – Exclamou ele com raiva de volta – Ou juntá-la com a boca dos outros.

Ele praticamente rosnou a última frase, o que me deixou surpresa. Ares ainda estava com raiva, por isso resolveu ir até a geladeira e fingir que não tinha dito nada como sempre fazia.

- Olha, eu... – Tentei dizer, mas ele me interrompeu.

- Não estou nem aí. Não me importo com o que você faz. – Rebateu ele de um jeito rápido e exagerado. Estava mais do que na cara que era mentira, mas eu resolvi não reclamar, pois ele continuou falando – A questão agora é que você deve ir pedir desculpas para a sua mãe militar e evitar que ela passe o dia inteiro enchendo o meu ouvido.

- É só isso que te importa, não é? – Perguntei com raiva – Não fiz nada de tão ruim assim, tá bom?!

- Não fez nada de tão ruim assim?! – Repetiu ele parando na minha frente – Quantas vezes as pessoas tem que dizer para você não falar com estranhos?!

Estava a ponto de reclamar com ele, quando minha mãe e meu pai entraram pela porta. Quando os olhos da minha mãe pararam em mim ela correu para perto do balcão da cozinha, e suspirou aliviada.

- Ainda bem que você não se machucou! É tão bom te ver de volta! – Exclamou ela feliz. Meu pai chegou perto de mim ainda avaliando qual seria sua reação, mas antes que ele pudesse dizer alguma coisa, o humor da minha mãe mudou – Alice Hanks Kelly, quantas vezes eu tenho que dizer para você não falar com estranhos?!

Olhei incrédula para ela e depois para Ares, que simplesmente sorriu triunfante para mim e apontou o dedo para o meu rosto.

- Na sua cara! Na. Sua. Cara! – Exclamou ele rindo – Eu te disse, não disse?! Se ferrou agora, pirralha!

- Cala essa boca, antes que eu morda o seu dedo! – Exclamei com raiva dele.

- Por que você não morde o meu...?! – Meu pai interrompeu a frase tensa dele, mas a pose triunfante de Ares não sumiu. Olhei para a minha mãe, e engoli toda a raiva. Lembrei de como tinha agido, e vi que não era realmente uma atitude bonita.

- Sinto muito. Mesmo. – Disse para ela simplesmente. Acho que ela esperava que eu começasse a protestar dizendo que eu estava certa, mas ao me ver admitindo estar errada, ela interrompeu a bronca e respirou fundo.

- Bem... Não faça isso de novo. Não tem idéia de como nos deixa preocupada desse jeito. – Disse ela calmamente, e eu assenti.

- Eu... Vou ligar para o Will depois também. – Comentei em voz baixa, e isso a deixou ainda mais surpresa.

- Não me importaria se você não ligasse. – Comentou meu pai fingindo estar distraído, mas minha mãe deu uma cotovelada nele, e Hermes revirou os olhos – Tá bom. Acho que ele merece uma desculpa. Nem que seja minúscula. Tipo... Só um “Foi mal”, aí desliga o telefone.

Ri um pouco negando com a cabeça, e minha mãe sorriu para mim. Sabia muito bem o que ela ia dizer antes de abrir a boca.

- Mas você está de castigo. – Sorriu ela. Ares prendeu o riso do meu lado, e eu sorri para minha mãe forçadamente.

- Claro. Estava faltando essa parte. Até porque, se você não me colocasse de castigo, não seria você. – Comentei ainda sorrindo.

- Eu também te amo. – Disse ela sorrindo – Você vai passar o dia inteirinho aqui dentro, entendeu? Nada de sair. Comida, só do serviço de quarto. Ar pura, só pela janela.

- Bom saber que eu não vou morrer sufocada. – Comentei revirando os olhos.

- Se deu mal. – Suspirou Ares em um sorriso largo – Muuuuito mal.

Estava prestes a mandar ele para um lugar não muito bonito, quando minha mãe falou algo que me deu um motivo para zoá-lo.

- E você vai ficar aqui e tomar conta dela para que não fuja novamente. – Completou Jenny, fazendo o queixo de Ares cair – Se deixar ela fugir, eu juro que vou fazer você pagar caro por isso.

- É por isso que eu amo ela. – Comentou meu pai feliz ao ver minha mãe ferrando o Ares. Eu sorri para ele. Agora eu é que estava triunfante.

- Se. Deu. Mal. – Falei pausadamente. Apontei para ele do mesmo jeito que ele tinha feito para mim – Quem se ferrou agora, hein? Fala?

- Cala a sua boca! Você é que está de castigo. – Rebateu ele com raiva.

- Mas é você que vai ter que ficar trancado aqui comigo. Esquece Ares. Nem tente. Você se ferrou, admite. – Disse negando com a cabeça e rindo. Ares começou e discutir comigo, e em questão de segundos nós estávamos brigando e reclamando um com o outro – Já falei que você se ferrou também!

- Eu nunca me ferro, idiota! Cala essa sua boca, lesada! – Exclamava ele em resposta.

- Chega! Os dois parem com isso! – Exclamou meu pai. Nós olhamos para ele como duas crianças, e cruzamos os braços. Ficamos um de costas para o outro e dissemos juntos “A culpa é dele(a)!” – Não quero saber de quem é a culpa. Nossa. Vocês se odeiam tanto que dá até dor de cabeça olhar uma briga dessas.

Quando eles foram embora, nós dois soltamos um suspiro pesado.

- Se ferrou. – Disse Ares simplesmente para poder me irritar, e depois saiu de perto de mim. Eu fui para o sofá e me sentei um tanto irritada, e Ares sentou-se do meu lado – Oooown, tenta não chorar, Filhinha de Hermes. Veja pelo lado bom. A sua mamãe ao menos não tirou a sua sobremesa.

- Para com isso! – Reclamei dando uma cotovelada nele, mas isso não o incomodou. Ares começou a rir de mim, o que me deu mais raiva ainda, porém foi interrompido pela campainha.

Levantei para atender, mas Ares me empurrou novamente para o sofá. Olhei incrédula para ele, mas o Deus da guerra só riu para mim.

- Ah, isso vai ser muito divertido. – Disse ele indo até a porta. Eu franzi o cenho ainda sentada no sofá, mas consegui ver claramente quando ele abriu a porta quem estava lá fora – Olha só, Kelly! É o seu ex-namoradinho!

- Ares, não! Nem pensa em...! – Levantei com raiva, mas ele me ignorou.

- Sinto muito, moleque, mas a mamãe dela a deixou de castigo. Sem visita de coleguinhas enquanto isso. – Disse ele em um tom educado só para zombar da minha cara. Marchei até Ares com raiva e o empurrei para o lado, mas ele não se mexeu – Ordens são ordens, Kelly. Sem visitas.

- Ela não disse nada disso! Para Ares! – Exclamei irritada, e ele riu chegando para o lado. Sua mão bagunçou meu cabelo e apertou minha bochecha, o que aumentou minha raiva. Olhei para Scott que esperava pacientemente na porta – Entra.

- Deve ser um pouco cansativo ser namorada do Deus da guerra. – Comentou ele calmamente.

- Eu não sou namorada dele. – Falei com raiva – Não namoro animais!

- Ei! Assim você parte o meu coração! – Respondeu ele rindo e fingindo estar magoado – Acho que vou precisar de um beijinho para melhorar.

- Saí de perto de mim! – Reclamei empurrando-o para o lado. Scott sentou-se no sofá e olhou para mim. Eu revirei os olhos e sentei-me do seu lado – O que veio fazer aqui?

- Só uma visita. Se não tivesse nada melhor para fazer... Podíamos dar uma volta, mas acho que não pode sair do seu quarto, né? – Disse ele rindo – Deixa eu adivinhar... Você fugiu de novo?

- É. Fugi. – Assenti em um suspiro – E agora além de estar presa aqui, eu estou presa com ele. De certo modo... Minha mãe colocou o Ares de castigo também.

- Eu adoro o jeito que a sua mãe controla o poder nas próprias mãos. Tipo... Se ela manda é lei, e isso é demais. – Disse Scott olhando para as próprias mãos rindo. Ele fingiu estar lançando bolas de fogo, o que me fez rir.

- Você tem problemas. – Disse para ele. Scott olhou para mim e tirou sua mochila das costas. De lá ele tirou um PS3 – Você trouxe isso?! Mentira!

- Aham. Quer jogar? – Perguntou ele rindo – Só tenho que me esconder debaixo do sofá se a sua mãe chegar.

- Tsc, tsc, tsc. Eu vou contar tudo para ela. – Disse Ares negando com a cabeça. Joguei uma almofada nele.

- Isso se você não tiver medo de falar para ela que me deixou jogar videogame. – Comentei fazendo uma careta. Ares revirou os olhos resmungando que não tinha medo de nada, e eu e Scott começamos a jogar.

Nós rimos, conversamos, e pedimos muita comida do serviço de quarto. Quando já eram mais ou menos umas 10 da noite, Scott guardou tudo para ir embora.

- Até que enfim. Pensei que aquele moleque nunca ia embora. – Resmungou Ares de mau humor, mas eu só soltei um bocejo cansado.

- Eu... Estou cansada. – Disse em um bocejo. Assim que levantei do sofá, Apolo entrou na sala, o que fez o humor de Ares só piorar. Olhei para ele, que sorriu docemente para mim, e depois fez uma careta para Ares – Apolo...

- As garotas já foram dormir, então eu pensei que poderia passar rapidinho aqui para... Desejar boa noite. – Disse ele com um sorriso inocente.

- Ah, tá. Tudo bem. – Concordei. Ares olhava o tempo todo para mim, pronto para impedir que eu dissesse alguma coisa sobre a nossa noite. Apolo veio até mim e me beijou. Depois disso ele andou calmamente para a porta, enquanto Ares me fuzilava com um olhar de raiva possessivo.

- Boa noite. – Disse Apolo quase fechando a porta. Continuei só sorrindo, o que fez Ares se sentir um pouco aliviado por eu não contar nada, mas quando faltavam segundos para Apolo fechar a porta eu gritei.

- Eu traí você! – Exclamei mais rápido do que a mão de Ares podia ir para tampar a minha boca. Apolo abriu a porta e franziu o cenho jogando a cabeça para o lado sem entender.

- Ahm... Oi? – Perguntou ele sem entender.

- E-Eu... Traí você. – Repeti sentindo que meu corpo ia cair no chão á qualquer momento, mas isso não aconteceu – Por favor, não vai embora antes de eu poder explicar tudo. 


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Notas finais do capítulo

Tam tam tam taaaaaam!

Ok. Até eu senti pena do Apolo. Ao menos Alice vai contar a verdade, porque se dependesse da vontade do Ares... Humpf. Mentir é feio, titio Ares.

Espero pelos lindos reviews! Beijos e até o próximo.

PS: Ainda estou trabalhando na trilha sonora (ideia de Taylor_Efron) e posto no próximo capítulo, eu acho.