Minha Viagem Infernal escrita por Mandy-Jam


Capítulo 58
"Eu quero a minha filha de volta!"


Notas iniciais do capítulo

Um pouquinho grande, mas é para compensar os dias que eu não vou postar.



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POV Ares

Saí do meu quarto quando vi que a luta que passaria na TV seria só bem mais tarde e fui até a porta do quarto de Alice. Estava pronto para abri-la, quando...

- Não! Eu já disse que não. – Disse Alice. Franzi o cenho. Com quem ela estava falando? – Ah, claro. Desse jeito é fácil. A única coisa que você pensa é em você!

Ahm... Pelo visto ela podia estar muito bem falando comigo, mas tinha certeza que não era. Pela voz dela, podia notar que estava com raiva e frustração simultanemente.

- Eles não são a minha família. Você também não é o meu pai. – Disse ela com firmeza. Ela estava falando com o tal do Will. Cheguei mais perto para ouvir a conversa. Podia ouvir a voz metálica dele falando do outro lado da linha.

- Não diga isso como se eu não me importasse com você! – Berrou ele.

- A única coisa com que você está se importando agora deve ser quanto essa ligação vai te custar! – Alice estava mesmo com raiva, mas sua voz parecia trêmula. Então... Silêncio.

Abri a porta com cuidado para não ser notado, e então ouvi.

- Você me desapontou, Alice. – Disse calmamente, e então desligou o telefone. Alice o bateu com força contra a mesa de madeira que estava sentada, e afundou a cabeça.

Cheguei perto com um mistura de pena e curiosidade, sentando-me na frente dela. As mãos de Alice ainda seguravam o celular, mas seu rosto não levantou da mesa. Pude notar que ela provavelmente estava chorando, por isso resolvi fazer alguma coisa.

- Então... – Falei fazendo-a levar um susto. Alice levantou a cabeça e olhou para por um segundo, mas depois desviou o olhar e passou a mão sobre os olhos limpando-os rapidamente – Está chorando mesmo?

- Não. – Respondeu ela se levantando – Por que estaria? Eu estou bem.

- Não cansa, não? – Perguntei e ela olhou para mim sem entender – Você sabe. Ficar fingindo estar bem o tempo todo.

- Não é da sua conta. – Respondeu ela jogando o celular no sofá com força. Eu me levantei e andei com calma em sua direção, mas Alice sempre se esquivava de mim. Assim que eu ia dizer alguma coisa...

- Ares. – Disse uma voz na porta. Nós dois olhamos para lá, e vimos a mãe/militar dela parada na soleira – Por que não vai ver alguma coisa na TV? Eu preciso falar com Alice um minuto.

Olhei para a Filhinha de Hermes, e colocou a mão nos bolsos fingindo não ligar, e depois para a mãe dela. Concordei com a cabeça e saí do quarto. Mas é claro que eu não ia perder a oportunidade de ouvir a discussão ou conversa do lado de fora.

Assim que fechei a porta, eu grudei meu ouvido nela para ouvir.

- Você falou como ele não é? – Perguntou a mãe de Alice calmamente.

- É. Falei. – Confirmou ela em um tom seco.

- Alice, quando eu te pedi para ir para lá, foi porque eu sabia muito bem que ele ficaria chateado se você não estivesse do lado dele. – Falou calmamente – O Will queria passar férias em família ou coisa do tipo. Não ia ser trabalho nenhum para você ir até lá...

- Por que todo mundo fala isso?! Não é trabalho para você! Não é a você que eles odeiam, e não era você que ia estar lá. – Rebateu ela – E também... Eu estou cansada de ir para lá, e ter que aturar todo mundo olhando para mim como se eu fosse um fracasso.

- Ele não acha você um fracasso. – Disse a mãe dela.

- Vou fingir que acredito. Eu lembro muito bem de todas as vezes que ele olhou para mim e falou “Estou decepcionado com você, Alice”. – Reclamou ela sem paciência – Eu não vou mais á lugar nenhum com a família dele, ou com ele. Nada contra o Will, mas nós sabemos muito bem que isso não vai dar certo.

- Ah, e o que você vai fazer? Fugir como sempre? – Perguntou a mãe militar.

- É. Eu vou fugir. – Confirmou Alice. Pude ouvir passos pelo quarto dela – Vou fugir agora mesmo. Talvez eu volte hoje, ou talvez só volte na semana que vem. Ainda não sei.

- É tão fácil assim para você? Simplesmente fugir dos problemas? – Perguntou a mãe dela – Alice, isso é ridículo. É isso que você quer fazer a vida toda?!

- É! É exatamente isso! Eu gosto de fugir! É a única coisa que eu sou boa, e quer saber? Eu não vou me arrepender nem um pouco quando passar por aquela porta.

- Alice, para! Estou mandando você voltar agora mesmo! – Exigiu ela. Eu desgrudei da porta no exato momento em que Alice a abriu com força e raiva. Pude ver que seus olhos estavam molhados, e que ela tinha trocado de roupa. No seu ombro estava uma mochila, e encima de sua testa um óculos escuro.

Ela se surpreendeu ao me ver parado na frente, mas simplesmente abaixou os óculos e me empurrou de sua frente. Alice sumiu pelo corredor, e sua mãe parou na porta.

- Droga... – Murmurou ela. Jenny olhou para mim, e pensei que levaria a culpa por ter deixado ela sumir, mas ao invés disso... – Você ouviu tudo?

- É... Ouvi. – Confirmei. Olhei para o fim do corredor e franzi o cenho – Ela é sempre assim?

- Você não viu nem metade. – Suspirou ela. Respirei fundo e assenti. Ok... Era só esperar ela voltar. A mãe de Alice foi para o quarto dela, e eu fui para o meu.

Estava dormindo no sofá, tendo um ótimo sonho, quando fui acordado por algumas batidas na porta. Franzi o cenho e levantei com os olhos cerrados. Arrastei meus pés até a porta, e a abri.

- Não quero serviço de quarto, seu animal. – Falei batendo a porta novamente, mas um braço a empurrou para trás com força. Franzi o cenho forçando a vista e vi quem era – O que você quer?

- Ela... Ainda não voltou. – Disse a mãe de Alice um pouco tensa.

- E o que que tem? Uma hora ela volta. – Falei encolhendo os ombros.

- Ares, são onze e meia da noite. – Disse ela olhando para mim – Você dormiu esse tempo todo?!

- O que? Não... – Respondi. Ela revirou os olhos fingindo acreditar – Mas... Deixa. Ela já deve estar voltando.

- Já parou para pensar se aconteceu alguma coisa com ela? – Perguntou Jenny arqueando uma sobrancelha para mim – Pense bem... Se você ignorar o fato dela ter fugido, sua namorada pode estar á mercê de algum assaltante na rua. Ou pior. Ela é bem bonita, sabia? Se você não liga, aposto que outros caras devem ligar.

Aquilo mexeu comigo. Mas... Tsc. Ninguém ia olhar para a Filhinha de Hermes, ia? Claro que não. Ela era completamente sem graça. Mas... Mas e se...?

- Por que está me enchendo com essa chantagem emocional?! – Perguntei.

- Porque alguém tem que achar ela! Se eu não consigo, tudo bem. Mas tenho certeza que como namorado você deve ter pelo menos uma vaga noção de onde ela está. Por favor, vai atrás dela.

- Eu não sou pago para ser babá de pirralhas. – Resmunguei me virando, mas fui surpreendido. A mãe de Alice entrou no meu quarto e foi em direção á cozinha. Ela pegou uma toalha e a enrolou. Não tinha idéia do que ela ia fazer até começar a usá-la como um chicote – Ei! Para! O que é isso?! Ficou louca?!

- Eu quero a minha filha de volta! – Exclamou ela do mesmo jeito exigente de Alice quando dizia “Ares, me põem no chão agora!”. Eu tentei me proteger, mas tinha que admitir que aquilo doía. Eu acabei encurralado em um cantinho, e ela continuou a me acertar – Trás ela de volta agora mesmo!

- Tá bom... Tá bom! – Exclamei e ela parou. A mãe de Alice cruzou os braços para mim – Eu vou atrás da sua filhinha, está feliz?! Agora pare de me machucar, sua lunática! – Ela ameaçou me acertar novamente e eu me encolhi – Quero dizer... Jenny! Pare, Jenny. Lunática não.

- Eu entendo que você possa levar um tempo para achá-la, por isso eu vou fazer o seguinte... Vou voltar para o meu quarto, dormir, e é melhor que ela esteja bem aqui amanhã, ouviu? – Disse ela me dando ordens novamente. Que mulher louca!

- Ouvi. Estou indo. – Disse em um resmungo. Eu peguei minha jaqueta preta e saí do meu quarto em um passo apressado.

Tinha a noite inteira para achar Alice, senão aquela mãe/militar ia me fazer em pedaços e jogar cada um deles no Tártaro. Assim que eu peguei a minha moto e comecei a dirigir pela cidade, imaginei que ela poderia estar na casa do Scott, mas logo descartei a idéia. Não... Perto demais.

Passei na frente do clube noturno que nós dois fomos na noite passada, mas também descartei a idéia. Afinal... Onde ela poderia estar?

POV Alice

Estava morrendo de raiva e irritação. Já estava de noite. Provavelmente umas onze e pouco, mas eu não pensava em voltar para o hotel tão cedo.

Eu andava pela rua ouvindo o barulho dos saltos altos ecoarem pelo lugar deserto, quando de repente notei que na minha frente tinha um grupo de cinco motoqueiros. Eu diminui o passo pensando em passar para o outro lado da rua, mas me detive quando vi que já era tarde. Eles fizeram “Fiu-Fiu!” para mim, e sorriam maldosos.

- Ei, gracinha... Qual é a pressa? – Perguntou um deles rindo – Vai á algum lugar me especial?

Tentei passar sem responder, mas eles bloquearam o caminho.

- Calma aí, princesa. Estamos falando com você. – Disse outro – Nossa, como você está linda, hein?

Foi aí que uma idéia louca e suicida passou pela minha mente. Eu olhei para eles e encostei-me contra a parede.

- Obrigada. – Sorri sem graça – O que estão fazendo no meio da noite parados aqui na rua?

- Olha só, ela fala. – Brincou um deles – Nós estávamos conversando, mas não esperávamos que uma gata como você passasse pela rua.

- Não é tanto assim. – Respondi abaixando o rosto sem graça – Mas... E quanto ás motos? Aquela Hayley é de vocês?

- Aham. Nós andamos um pouco. – Respondeu o que parecia ser o líder – Quer dar uma voltinha por aí, gracinha?

- Sabe... Eu quero. Mas na verdade, eu estava querendo ir para alguma festa. – Falei para ele – É que eu tive um dia bem cheio, e quero relaxar um pouco.

- Ah, jura? Isso acontece. – Concordou ele – Meu nome é Jack. Esses são meus amigos. Qual é o seu nome, benzinho?

Ao ouvir “benzinho”, parecia que era o Ares me perguntando o meu nome. De qualquer jeito eu sorri para ele e respondi em uma voz um tanto baixa.

- Alice. – Respondi – Alice Kelly.

- Alice. Que nome bonito, hein? Combina com você. – Sorriu ele alisando o meu rosto – Não fica assim não. Nós podemos te levar para um lugar bem legal, certo?

- Tem um clube aqui perto que... – Um dos caras ia dizer, mas Jack o cortou.

- Não um clube, imbecil! Ela não é esse tipo de garota. – Rosnou ele, e depois sorriu torto para mim – Vamos para uma festa que tem aqui perto. Você vai gostar.

Assenti confirmando. Sim, era uma loucura parar para falar com estranhos na rua. Principalmente motoqueiros estranhos no meio de Paris. Fiquei até surpresa em ver que eles falavam a minha língua, mas acabei não ligando para o detalhe. Eu estava com tanta raiva de tudo em geral, que precisava distrair a minha mente com alguma coisa. Uma festa servia.

Subi na moto de Jack, e todos nós fomos em direção á tal festa.

POV Ares

Todo lugar. Eu procurei ela em todo lugar, e cada vez que via que ela não estava lá, a imagem da mãe dela furiosa aparecia na minha mente. Droga... Onde estava ela?! Sem falar que a imagem dela sendo atacado por algum mortal abusado também não largava a minha mente.

Parei a moto na frente de um tipo de salão enorme assim que ouvi uma música tocando. O som inconfundível da voz de Joan Jett cantando junto com Cherie Currie a música “Queens of noise”, me fez parar completamente.

- Ah, não... Não pode ser... Ela não está em uma festa... – Disse eu olhando para a porta larga do salão. Desci da moto e entrei no lugar sem nem ligar se tinha que pagar ou não.

Meus olhos correram para o enorme espaço lotado de gente de todos os tipos, mas eles pararam no bar mais longe. Uma garota de cabelo castanho ria com alguns caras ao seu redor. Todos eles usavam jaquetas pretas, e tinha jeito de motoqueiros.

- Kelly... – Rangi os dentes de raiva. O que ela pensava que estava fazendo com eles?! Aquela pirralha lesada! Marchei com raiva até lá, e Alice não notou quando eu parei ao seu lado.

- Sério? Então você é da Califórnia? Nós somos de Jersey. – Respondeu o cara rindo para ela. Alice riu de volta.

- Jura?! Eu moro em Jersey! – Exclamou ela – Mas que mundo pequeno.

- Ei, que tal irmos dançar um pouco, hein? – Perguntou ele se levantando e beijando a mão dela com um sorriso torto. Alice riu para ele e se levantou, mas no último segundo eu a puxei pelo braço para perto de mim.

Ela olhou para mim, piscou os olhos e franziu o cenho, mas por fim abriu um sorriso um tanto estranho.

- Ares! Você veio! Que tal vir dançar com a gente? Vamos... Eu sei que você sabe dançar! – Disse ela quase cantarolando.

- Dançar nada! Você vai direto para casa, sua lesada! – Respondi com raiva. Um dos caras me empurrou para trás e os cinco formaram uma paredinha “protegendo” Alice de mim – Sumam da minha frente, antes que eu derrube os cinco!

- Você conhece ele, Alice? – Perguntou um deles.

- Ah, sim. Conheço sim. Podem sentar, rapazes. – Eles me fuzilaram com olhares raivosos, mas se sentaram novamente.

- E quem é ele? – Perguntou um deles – É seu namorado?

- Bem... – Alice tomou um gole de uma bebida e riu antes de responder – Ele é um dos.

Ela caiu na risada, e os cinco riram também. Alice ia beber mais um gole da bebida, mas eu a peguei de sua mão e coloquei longe de seu alcance.

- Aaaah, Ares! Não estraga a festa! Não quer ficar um pouco e conversar com a gente? Eles são muito legais. – Disse ela sorrindo para mim.

- O que que deu na sua cabeça oca?! Você nem conhece eles! – Exclamei.

- Caramba! Eu nem apresentei eles á você, não é?! – Disse ela arregalando os olhos. Alice riu e olhou para eles – Garotos, esse é o Ares. Ares, esse é o Jack, Bill, Hank, Mark, e o Stephen. Você sabia que o Jack também tem um Hayley? É igual á sua!

- Quanto você bebeu?! – Exclamei incrédulo – Você saiu por aí falando com estranhos que nunca viu antes?!

- Não! Claro que não. Eu encontrei eles não rua. – Responde ela. Dei um tapa na minha própria testa – Ah, vamos! Fica aqui com a gente!

- Sua mãe quer a minha cabeça em uma bandeja, e você anda por aí falando com estranhos no meio da rua?! – Exclamei com raiva – Eu vou matar você!

- Tá bom, Ares. Só pode esperar eu tomar mais um gole? Ei, garçom! – Falou Alice sem ligar e virando-se para pedir mais uma bebida – Vamos Dionísio! Manda mais!

- Dionísio?! – Exclamei incrédulo ao vê-lo vir para perto do balcão com um sorriso desanimado – Sua anta! Por que serviu tanto para ela?!

- Ela só bebeu um copo. – Disse ele encolhendo os ombros – Só que era de um néctar especial. Só para ela ficar um pouco mais feliz.

- Vai ter que beber litros disso depois de eu arrebentar a sua cara...! Não bebe, isso, Kelly! – Rugi com raiva, e peguei o copo de suas mãos. Segurei seu braço com força e olhei bem em seus olhos – Nós vamos embora agora mesmo, ouviu?!

- Bem... Acho que foi divertido enquanto durou. Até mais garotos. A gente se vê por aí, certo? – Disse ela acenando e piscando para eles. Eu a puxei para longe, mas não antes de todos eles se levantarem e me encararem.

- Cuida bem da Alice, ouviu?! Ela não é uma garota qualquer para você tratar ela desse jeito, idiota. – Disse o tal de Jack. Ele olhou para Alice – Qualquer coisa nos chame, ouviu gata?

- Tá bom. – Concordou ela.

- Vai deixar ele te chamar de “gata” assim?! O que você pensa que ela é?! – Berrei com raiva, mas acabei revirando os olhos e indo embora com ela. Seria uma noite difícil... 


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Notas finais do capítulo

O que vocês acharam?

Espero pelos reviews, e até o próximo!

Preparem os lenços de papel, porque o próximo capítulo vai ser bem dramático. Tá... Não taaanto, mas um pouco.

Até lá!