Minha Viagem Infernal escrita por Mandy-Jam


Capítulo 56
Quem quer pão?


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem... Capítulo comédia!

Boa leitura...



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POV Alice

Tudo ao meu redor parecia girar completamente. Como se virasse o mundo de cabeça para baixo várias vezes, enquanto eu ainda estava deitada na cama. Abri os olhos  e olhei para o lado enjoada.

- Devia comer alguma coisa. – Comentou Ares em pé ao lado da cama.

- Eu devia é chutar a sua bunda. – Rebati batendo um travesseiro nas pernas dele – Não acredito que disse para ele que eu era uma dançarina de clube noturno!

- Não sabe brincar, não desce para o play. – Falou ele rindo.

- Cala a boca... – Fechei os olhos enjoada novamente. Ares sentou ao meu lado e cruzou os braços. Ele riu, e eu franzi o cenho para ele – O que foi?

- Sabe... É engraçado. – Comentou ele rindo – Ontem mesmo nós brigamos, você disse que me odiava, mas aqui está. Deitada do meu ladinho.

- Sabe o que é realmente engraçado? – Perguntei com raiva – Você se acha o corajoso, que não tem medo de nada, mas não agüenta nem mesmo dizer que gosta de mim.

- Não, sabe o que é engraçado? – Rebateu ele com raiva – Mesmo enjoada e tonta, você consegue ser cinco vezes mais chata do que é quando está bem.

- Não, sabe o que é realmente engraçado?! – Perguntei me colocando sentada – Você não suporta a idéia de me ver com outro cara, então tem que usar aquele truque idiota da bebida para me fazer ficar com você. Isso sim é engraçado, porque pelo visto, você só se faz de durão, mas quando realmente quer alguma coisa tem que usar golpes baixos para conseguir.

- Eu não usei nenhum golpe baixo. – Rebateu ele irritado, mas deu um sorriso malicioso – Você é que quis ficar comigo. Não te forcei a nada que você não queria.

- Você me fez beber com você. Depois daquela quantidade sobre-humana de álcool, até mesmo até mesmo Deméter ficaria com você! – Exclamei e isso o irritou mais ainda.

- Ótimo! Então se manda daqui e vai choramingar que eu fui um cretino para o seu namoradinho! Isso é... Se você conseguir dar 3 passos sem tropeçar nos próprios pés. – Falou ele com raiva de mim – É bem capaz daquele lesado acreditar em você.

- Cala essa boca, Ares. – Disse rangendo os dentes com ódio, mas então parei ao pensar em algo. Parei de repente, imaginando... O que Apolo pensaria daquilo? Não foi nem um pouco justo com ele. Franzi o cenho e me recostei sobre uma pilha de travesseiro nas minhas costas. Ares ergueu uma sobrancelha para mim.

- O que? O que houve? – Perguntou ele.

- Apolo... – Murmurei, e Ares revirou os olhos.

- Tsc. Até parece que isso realmente é importante agora. – Resmungou ele – Depois de tantas garotas que ele já traiu, seria engraçado ver pelo menos uma fazer o mesmo com ele.

- Quer parar com isso?! Não é justo com ele! – Exclamei olhando para Ares – Se você acha normal sair por aí traindo qualquer pessoa que esteja com você, ótimo. Mas eu não. Apolo... Não merece isso.

- Perfeito. Ele não merece você então. Ficam só duas opções. – Comentou ele sem ligar. Franzi o cenho para Ares.

- Duas opções? Como assim? – Perguntei sem entender.

- Scott, ou eu. – Riu ele. Dei um tapa na minha própria testa, e levantei tive que respirar fundo – O que houve?

- Droga... – Murmurei – Nunca me senti tão enjoada.

- Não é nada. É a ressaca. – Falou ele dando de ombros.

- Como você sabe? – Perguntei erguendo a sobrancelha para ele, e então uma idéia passou pela minha mente. Arregalei os olhos – Espera... E se eu estiver...

Fiquei muda, e Ares franziu o cenho para mim. Ele adivinhou o resto da frase, e começou a rir negando com a cabeça.

- Não. – Disse ele – Isso é ridículo.

- Como seria ridículo?! – Perguntei sem entender – É bem simples na verdade. E é uma possibilidade!

- Você é imortal, idiota! Não está grávida. – Disse ele como se fosse óbvio. Fiquei sem entender, e ele revirou os olhos para explicar – Você realmente acha que imortais tem filhos o tempo todo? Quantos Deuses teriam por aí? Não. Eles só têm filhos se realmente quiserem. Mentalmente e fisicamente, eu digo.

- Você sabe que isso não faz sentido nenhum, não é? Tipo... Você pensa nisso e pronto?! – Perguntei sem acreditar.

- Quantos filhos você acha que Afrodite tem? – Riu ele.

- Tá. Agora eu acredito. – Suspirei aliviada. Melhor para mim. Eu não conseguia tomar conta nem de mim mesma, imagina de uma criança?! Nem pensar. Pelo menos não agora – Espera... Atena tem filhos, não tem? Apolo já comentou alguma coisa assim.

- É desse jeito. Ela pensa, e puf. Lá está mais um pestinha sabe-tudo irritante para tornar o mundo um lugar pior. – Sorriu Ares. Franzi o cenho.

- Isso é realmente muito estranho. – Falei achando aquilo uma loucura. Ares riu e se levantou saindo do quarto. Pensei que ele fosse ver TV ou coisa parecida, mas ao invés disso ele demorou alguns minutos e voltou com uma bandeja. Meus olhos s arregalaram – Ahm... Eu presumo que você trouxe isso para cá só para comer na minha frente. Ou para jogar tudo no chão e me fazer limpar.

- São idéias tentadoras, mas eu espero você melhorar para fazer isso. – Sorriu ele maldoso. Ares desviou o olhar e me entregou a bandeja. Eu a coloquei no colo e olhei ainda incrédula

– Espera... Você fez isso?! Leite e waffles?

- A melhor comida para crianças enjoadas. Literalmente. – Comentou ele para implicar, mas eu só assenti.

- Puxa... Obrigada. – Disse franzindo o cenho. Eu peguei o copo de leite para beber, e ele sentou-se do meu lado. Assim que tomei um gole, quase cuspi – O que você fez?!

- Fiz o que?! – Perguntou sem entender.

- Você... Você só colocou o leite no copo? Foi isso? – Perguntei sem entender.

- É. Por quê? Não é assim? Você coloca o leite no copo e bebe. Qual é o grande problema?! – Perguntou ele.

- O grande problema é que é horrível beber leite sem açúcar. – Comentei, e ele franziu o cenho como se não entendesse isso – Você não sabe que se põem açúcar no leite?

- Como é que eu vou saber? Tenho cara de criança por acaso?! Eu não fico bebendo leite de manhã que nem você, pirralha. Eu tomo café de...! – Eu o interrompi.

- É, é. Café de homem. Muito bom, machão. – Assenti ignorando – Mas deixa. O que vale é a intenção.

Ares estalou os dedos e o leite virou suco de laranja. Eu tomei um gole e vi que estava perfeito. Coloquei o copo na badeja e fui comer um pouco dos waffles. Enquanto isso, Ares olhava para mim.

- Você é muito chata. – Comentou ele distraído.

- Ah, bom dia para você também, Ares. – Sorri de volta forçadamente, e voltei a comer o waffle. Ele continuou olhando para mim, e de repente segurou o meu queixo puxando-me para sua direção.

- Sabe o que eu mais gosto de fazer quando estou perto de você? É uma vontade que eu simplesmente não consigo controlar. – Disse ele olhando sério para mim, e por um minuto eu fiquei um pouco tensa. Ares me abraçou e eu arregalei os olhos para ele.

- Você está bem?! – Perguntei incrédula. Ele assentiu confirmando. Eu respirei fundo e tentei agir naturalmente – Ahm... Foi gentil da sua parte fazer o café para mim.

- É, foi. Mas isso ainda não é o que eu mais gosto de fazer com você. – Disse ele. Eu perguntei o que era, e me arrependi. Ares pegou o copo de suco de laranja, e eu pensei que ele me daria para eu beber. Mas ao invés disso... – Te infernizar, é claro.

Ares começou a beber o suco em goles longos e grandes, e eu notei que ele só estava me abraçando para eu não conseguir impedi-lo. Miserável!

- Ares! O suco é meu! – Exclamei, mas ele só sorriu e continuou a beber. Tentei me livrar de seus braços, mas era impossível – Me solta! Você fez o suco para mim, não foi?! Então larga ele!

- Ah, delícia. – Disse ele colocando o copo vazio encima da bandeja. Ele me soltou e eu tentei bater em seu braço, mas ele segurou meus dois pulsos com uma mão só – Olha só! Você não comeu todo o waffle! Adivinha quem vai te dar uma mãozinha com isso?

- Não! Eu vou comer, seu animal! – Exclamei com raiva. Ares soltou meus pulsos, e eu espetei o garfo no meio do waffle. Assim que fui levá-lo para boca, Ares mordeu primeiro – Ares!

- Que gracinha você me dando comida na boca. – Sorriu ele implicante. Rangi os dentes de raiva, e ele riu – O que foi, Filhinha de Hermes? Ficou chateadinha?

Levantei da cama e saí do quarto. Ares me seguiu rindo, mas eu não ia continuar uma briga com ele. Fui para a cozinha do quarto, e ele implicou um pouco mais.

- Que foi? Você vai chorar para o seu papaizinho? – Perguntou ele rindo – Sinto muito se eu fui malvado com você. Quer um beijinho para melhorar?

- Fica longe de mim! – Exclamei com raiva – Eu e você já ficamos perto o suficiente para a vida toda.

- Estressada logo de manhã... Humpf. – Falou ele. Ares estalou os dedos, e minhas roupas mudaram. Eu estava vestindo uma calça jeans e uma camisa com uma bomba desenhada – Pronto. Agora vamos descer e comer alguma coisa de verdade. Se fizer você cozinhar, é provável que eu fique mais enjoado que você.

- Amor de pessoa. – Resmunguei revirando os olhos.

Assim que chegamos ao restaurante do hotel, e nos sentamos, eu peguei o mesmo prato de sempre, e Ares um sanduíche de tudo que tinha direito. Fiz uma careta só de ver aquilo.

Um garçom passou e Ares perguntou alguma coisa para ele. Ele não entendeu, e Ares repetiu a pergunta. Depois dele não entender de novo, Ares o mandou embora.

- Você nunca tem paciência com ninguém. – Comentei revirando os olhos.

- É claro que eu tenho. – Resmungou ele.

- Mentira. Você não tem paciência nem com a sua filha. – Segurei o riso.

- Eu sou um pai muito paciente. – Disse ele calmamente.

- Aham. Daqui a pouco vai até dizer que leva jeito com crianças. – Comentei, e ele encolheu os ombros.

- Eu levo. – Disse calmamente, e eu tive que rir. Mais eu ri tanto imaginando a cena de Ares sentado com criançinhas de 4 anos assistindo programas infantis com musiquinhas enjoadas e cantando junto – Para de rir sua lesada!

- Você não leva jeito nem com um cachorro! Imagina com crianças. – Disse rindo. Ele disse que estaria disposto a provar a qualquer momento. Abri a boca para falar que ele não conseguiria, quando...

- Quem... Quer... Pão? Quem quer pão? Quem quer pão? Está... Quen... Tinho. Tá quentinho. Tá quentinho. E gostosinho, gostosinho, gostosinho... – Eu olhei para o lado ao ouvir alguém cantando isso, e Ares fez o mesmo. Nossos olhos pararam encima de Amanda, que andava distraída com um prato de pão francês. Olhei para Ares com um sorriso enorme, e ele estreitou os olhos para mim.

- Ah, não... Essa lesada, não! Você não me vem chamar a cabeça de vento para...! – Eu o interrompi.

- Ei, Amanda! – Exclamei e ela olhou em volta distraída. Ok... Ela era mesmo cabeça de vento, mas era tão engraçada. Ela olhou finalmente para a nossa mesa e sorriu.

- Alice! – Disse ela indo na nossa direção e Ares me deu um chute por debaixo da mesa – E titio Ares. Que legal, vocês aqui!

- Muito legal... – Murmurou Ares com raiva.

- Por que você não senta com a gente, Amanda? – Perguntei – Ou melhor... Por que não chama a Flávia e a Mariana para virem para cá também? – Pude ver Ares morder o punho de tanta raiva de mim.

- Elas já tomaram café. Eu acordei tarde, e por isso acabei perdendo. – Comentou Amanda – Mas eu posso sentar com vocês?

- Mas é claro! Ela pode, não é Ares? – Perguntei olhando para ele.

- Pode. – Sorriu ele forçado. Amanda se sentou ao lado esquerdo de Ares e ao meu lado direito, já que a mesa era redonda. Olhei para Ares morrendo de vontade de rir dele – Olha só para o prato dela! Mesmo sendo mais nova que você ela come comida de gente grande, viu Kelly?

- Ela é criança, Ares. – Sorri para ele.

- Não é não. Já é bem crescidinha. – Rebateu ele, mas acabou se dando por vencido quando eu fiz uma careta. Ares revirou os olhos, e Amanda olhou para ele – Tá olhando o que, cabeça de vento?

- Nada. – Responde Amanda – É só que parece que você levou um tapa. A sua bochecha tem até as marcas de dedo aqui, olha!

Amanda tocou na marca do tapa que Ares levara ontem de mim, e ele quase deu um pulo de dor. Ares trincou os dentes e levantou a mão para dar um soco nela, mas eu tossi um pouco e ele se conteve.

- Me... Passa o açúcar? – Perguntou disfarçando. Amanda assentiu e entregou para ele. Ares colocou um pouco em no suco, mexeu e foi beber naturalmente para mostrar como ele estava calmo, mas... – Mas que porr...?! Porcaria... É essa?

- Opa. – Disse Amanda pegando o pote e abrindo – Acho que isso é sal.

Prendi o riso, e Ares se conteve para não brigar com ela. Ele sorriu para Amanda, e afagou o cabelo dela.

- Eu adoro você... É sério. Ainda me surpreendo em como Hermes consegue sempre ter filhas tão especiais como vocês duas. – Disse ele rangendo os dentes em um sorriso forçado.

- Ei, tio Ares. Esse aqui é que é o açúcar. – Disse Amanda entregando para ele, mas sem querer ela deixou cair. A tampa estava solta, o que fez tudo cair encima do sanduíche de Ares – Ahm... Foi mal.

- Foi mal? Foi mal?! – Repetiu ele com raiva dela – Se você fizer alguma coisa bem sucedida pelo menos uma vez na sua vidinha miserável e não tiver que falar “foi mal”, vacas vermelhas de Apolo vão chover do céu, sua cabeça de vento miserável e retardada!

- Não é lindo quando você vê que alguém realmente tem jeito com crianças? – Perguntei tentando não rir dele. Ares olhou para mim com raiva.

- Eu disse “crianças”, e não crianças retardadas! – Rebateu ele com raiva. Ares estava prestes a reclamar mais ainda quando...

- Quem... Quer... Pão? Quem quer pão? Quem quer pão? Tá quentinho, tá quentinho, tá quentinho. E gostosinho, gostosinho, gostosinho. Quero mais um... Mais um! – Cantou Amanda enquanto cortava o pão. Ares colocou as mãos sobre a cabeça dizendo silenciosamente para mim “Eu mato ela!”, e eu tive que rir discretamente.

Nós dois olhamos para Amanda, que abriu o pão e começou a comer o miolo. Ares ergueu uma sobrancelha para ela, sem entender.

- Tem como ser mais lesada do que isso?! – Perguntou ele apontando para Amanda – Que anormal come o miolo do pão?!

- Eu vou comer o resto, só que eu gosto mais de comer o miolo primeiro. – Sorriu Amanda voltando a comer. Gente... Eu amava ela!

- Quem... Quer... Pão? Quem quer pão? Quem quer pão? Tá quentinho, tá quentinho, tá quentinho. E gostosinho, gostosinho, gostosinho. Quero mais um... Mais um! – Eu mesma cantei, e Ares olhou para mim com ódio. Amanda parou de comer e sorriu para mim.

- Você aprendeu! – Comemorou ela, eu assenti, e nós cantamos juntas - Quem... Quer... Pão? Quem quer pão? Quem quer pão? Tá quentinho, tá quentinho, tá quentinho. E gostosinho, gostosinho, gostosinho. Quero mais um... Mais um!

- Morram. Por favor. – Pediu Ares afundando a cabeça na mesa.

- Vamos cantar de novo? – Perguntei sorrindo, e Amanda confirmou – Quem... Quer... Pão? Quem quer pão? Quem quer pão?...

Se ele gostava de me infernizar, pelo menos que levasse o troco. Como eu amava a minha meia-irmã! Há Há!


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Notas finais do capítulo

O que vocês acharam?

Ok, titio Ares levando jeito com crianças sim. Vamos fingir que acreditamos.

Espero pelos reviews!

Beijos!