Minha Viagem Infernal escrita por Mandy-Jam


Capítulo 37
O queridinho de Afrodite


Notas iniciais do capítulo

Vejamos no que isso vai dar...



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Nós três ficamos em silêncio por alguns minutos. Apolo continuou ajeitando o meu corte, e Ares continuou só parado olhando, mas eu não. Estava franzindo o cenho e tentando processar a informação que acabara de receber.

- Ele é um... Meio-sangue? – Perguntei negando com a cabeça – Isso... Não pode ser. Ele...

- Não parece? – Completou Apolo com calma – Isso não vem escrito na testa das pessoas, sabe?

- Mas... Se ele é um meio-sangue... Quem é o pai dele? – Perguntei ainda um pouco tonta.

- Como vamos saber? – Perguntou Ares encolhendo os ombros – Pode nem ser o “pai” dele, e sim a mãe.

- Não. É o pai. – Insisti. Apolo e ele franziram o cenho para mim como se quisessem saber como eu tinha tanta certeza sobre aquilo – Ele tem uma mãe. Ela... É mortal. É idêntica á ele, não pode ser coincidência.

Ares encolheu os ombros novamente, e Apolo suspirou.

- Alice... Deixa isso para amanhã, certo? Você... Deve ter se cansado agora. Vai dormir, e depois nós falamos sobre isso de novo. – Disse ele ao meu lado, largando o meu rosto.

- Não, eu não quero dormir. – Rebati com raiva – Para vocês é fácil, não? Nem mesmo devem se arrepender por terem tentado bater nele, ou expulsado-o de um jeito tão violento e estúpido.

- Ah, desculpa se eu pensei que ele tinha batido em você! – Exclamou Apolo em sarcasmo – Da próxima vez eu fico quieto, ok?

- Desculpa se a minha voz é tão sem importância para você! – Rebati com o mesmo nível de sarcasmo e raiva – Se prestasse mais atenção em mim, e não nos seus ataques ridículos de ciúmes, talvez ouviria que ele não teve culpa!

Apolo revirou os olhos e se levantou da cama. Ares se mexeu inquieto, e olhou para mim sem saber o que falar.

- O que você quer? – Perguntou irritado – Já falamos que erramos, não é?

- Peçam desculpas. – Falei olhando para Ares, e depois para Apolo rapidamente – Os dois.

- Tá bom... Desculpa por... – Eu interrompi Apolo.

- Para o Scott. – Disse,e ele trincou os dentes. Apolo respirou fundo e bufou um pouco, mas por fim assentiu.

- Certo. Eu agi errado... E vou pedir desculpas para ele. Feliz? – Falou Apolo, e eu assenti. Olhei então para Ares, que me encarava com raiva e incrédulo.

- Deixa eu ver se entendi... Quer que eu peça desculpas para aquele moleque? – Perguntou Ares arqueando uma sobrancelha para mim – O que te faz pensar que eu pediria desculpas para você? Viu? Nada. Muito menos para ele!

- Francamente, não vê a besteira que você fez?! – Exclamei me levantando com raiva. Ares cerrou os punhos.

 - Olha como fala comigo, Kelly! – Alertou ele com raiva – Eu sou um Deus. Não tenho que pedir desculpas para mortais e muito menos para meio-sangues irritantes que me causam problemas!

Fui até ele, e Ares provavelmente pensou que tentaria batê-lo, mas eu parei centímetros dele e o encarei de perto.

- Se você não se sente arrependido por tentar bater no cara que me salvou, ok. Eu não vou obrigar você a nada. Mas... Ao menos finja que você se importa com alguém além de você. – Pedi pesadamente, mas em um tom calmo – Peça desculpas para ele, mesmo que elas não sejam sinceras... Por favor.

Ares continuou parado olhando para mim por alguns minutos até que soltou um suspiro e olhou para o lado, desviando o olhar.

- Eu... Eu vou pedir desculpas. – Disse ele calmamente – Mas fique sabendo que eu só estou fazendo isso, porque ele esse corte não foi culpa dele. Por mais nada.

- Bem... Acho que foi o suficiente por uma noite. Amanhã de manhã nós vamos lá e pedimos desculpas para ele, certo? – Disse Apolo. Com isso, ele abriu a porta do quarto e saiu.

Ares estava seguindo até a porta também, mas antes de sair parou por um minuto. Fui de volta para a minha cama, mas antes de me deitar, franzi o cenho para ele.

- O que houve? – Perguntei.

- Deita. – Disse ele. Não entendi porque ele tinha dito isso, mas antes que eu pudesse perguntar, ele me empurrou fazendo com que eu caísse no colchão macio da cama. Tentei me levantar, mas ele forçou meus ombros para baixo.

- Ares, o que...?! – Tive a resposta para a minha pergunta. Ares passou os dedos pelo meu cabelo, e foi como se todo o meu corpo gritasse para mim o quanto ele estava cansado – Por que...?

- Para ter certeza de que você vai ferrar no sono, e que não vai escapar pela janela novamente. – Respondeu ele normalmente – Do jeito que você sempre foge...

- Por que todo mundo fala isso para mim?! – Protestei, mas acabei soltando um bocejo. Ares riu e revirou os olhos.

- Nossa... Por que será? – Perguntou ele em sarcasmo. Fiz uma careta para ele, mas só provoquei mais risos – Vê se dorme logo, e fica quieta.

Acabei dormindo. Meus olhos piscavam cada vez mais lentamente, e teve uma hora que eu simplesmente não tinha mais forças de abri-los. Acabei caindo no sono, e senti um cobertor sendo colocado encima de mim. A porta se fechou, e depois disso eu já estava em um sono profundo.

POV Ares

Assim que eu fechei a porta do quarto, fui para a sala onde Apolo estava sentado no sofá. Ele olhou para mim, e desviou o olhar para o chão.

- Sabe o que mais me irrita? – Perguntou ele em um tom desanimado – É que aquele garoto é realmente uma boa companhia.

Revirei os olhos sem ligar, e fui em silêncio até a parte da cozinha para comer alguma coisa. Estava morrendo de fome, cansaço, e vontade de socar alguém por diversão. Abri a geladeira e notei que tinha um vinho francês lá dentro. Peguei a garrafa, e coloquei encima do balcão de mármore sem fazer barulho.

- Quero um pouco. – Pediu Apolo.

- Quem te ofereceu? – Retruquei tentando abrir a garrafa.

- Grosso. É por isso que a Alice não gosta de você. – Murmurou Apolo.

- É. E ela gosta de você porque você é um ciumento muito bonito, não é? – Rebati e Apolo fez uma careta para mim.

- Eu só não gosto da idéia da minha namorada andar com o ex dela por aí. – Resmungou ele – Mas... Acho mesmo que nós pegamos pesado com aquele garoto.

- Novamente... Tanto faz. – Repeti sem ligar. Na verdade... No fundo eu sabia que era verdade. Até que o garoto foi bom para ela. Ele deve ter tentado protegê-la do cão infernal, mas como não sabe nada sobre nada ainda não pode fazer nada de tão útil. O que me irritava era que ele tinha Alice na palma da mão e nem mesmo gostava dela. Não que eu quisesse isso, mas era irritante ver alguém desse jeito.

A campainha tocou, e Apolo olhou para mim.

- Atende. Antes que toquem de novo e acordem a Alice. – Disse ele – Eu abro o vinho.

- Mas é você que está mais perto da porta! – Protestei, mas ele simplesmente se levantou e foi até a garrafa de vinho. Resmunguei um pouco e fui abrir a porta.

- Quero falar com vocês dois. – Disse Afrodite entrando no quarto. Franzi o cenho para ela, e fechei a porta.

- Ah, boa noite para você também. – Rebati enquanto ela ia direto para o meio da sala. Afrodite se sentou no sofá e cruzou as pernas. Parei alguns segundos para admirá-las, mas logo meus pensamentos foram cortados pela Deusa do amor.

- Me diga de quem foi a brilhante idéia de atrapalhar o momento daqueles dois na escada. – Pediu ela cruzando os braços. Eu e Apolo olhamos um para o outro, e depois para ela novamente. Afrodite se levantou para poder encarar a nós dois – E então?

- Nós ouvimos eles, e fomos lá. – Respondeu Apolo sem entender.

- I-di-o-tas! – Separou ela. Afrodite parecia estar realmente incomodada – Demorou muito para poder juntar esses dois, para que o Scott finalmente falasse que sentiu falta dela quando a Alice se mudou da California, aí vão vocês dois e estragam tudo logo no final!

- Isso é só mais uma novela para você, não é? Deixa eles em paz. – Falei revirando os olhos.

- Olha só quem fala. – Rebateu ela – Você tinha mesmo que notar o machucado no rosto dela e tentar causar toda aquela confusão, não é?! Argh! Vocês, homens, não entendem nada!

Afrodite cobriu o rosto com uma mão e negou com a cabeça. Eu e Apolo estávamos nos controlando para não expulsarmos ela do quarto, quando...

- Escutem... Scott é diferente. – Disse Afrodite em um tom calmo – Eu não sei o porque, mas esse garoto tem um enorme problema em expressar o que sente. Ele não pode ser atrapalhado o tempo todo, senão nunca vai ter um romance bonitinho!

- Como se alguém aqui ligasse para isso. – Resmungou Apolo.

- Ele não tinha dito que gostava dela como uma irmã? Então quer dizer que não tem droga de romance nenhum na história. – Falei para ela.

- Isso não quer dizer que não tenha amor na história! – Rebateu ela – Só porque eles se gostam como irmãos, não quer dizer que não se amem como irmãos.

- Você só não quer admitir que ele acabou de dar um ponto final na sua diversão. – Retruquei – Afrodite, você sabe muito bem que aquele garoto não gosta dela desse jeito. Pare de infernizar a vida da Alice e dele, porque se você não se tocou... Isso não afeta só eles!

Apolo concordou. Querendo ou não, eu e ele éramos sempre envolvidos nos problemas da Alice. Seja lá qual eles forem. Agora mesmo nós teríamos que pedir desculpas para o tal do Scott, porque ela quis brincar com as emoções do moleque.

- Não tente dizer para mim como eu devo controlar as pessoas. Esse é o meu trabalho. – Disse ela apontando para mim – E é melhor vocês dois pedirem desculpas para ele amanhã mesmo, assim aqueles dois podem voltar a se dar bem.

Afrodite saiu marchando do quarto, mas quando chegou a porta, ela virou-se para mim um última vez.

- Ah, e só para você saber... Eu vou estar no meu quarto com o Hefesto. – Sorriu ela. Engoli alguns palavrões, e ela fechou a porta.

- E quem disse que eu queria ficar com você?! – Exclamei em um tom baixo. Para ela não ouvir e para não acordar a Alice.

- Uh... Acho que isso foi um K.O. – Comentou Apolo – Pude até ouvir os gongos da luta soarem e a multidão aplaudir “Afrodite! Afrodite! Afrofite!”

- Cala essa boca. Humpf. Ela acha que pode me deixar de lado? Vai voltar correndo para mim. Afrodite não agüenta ficar longe de mim. – Afirmei com uma pose triunfante. Como se fosse algo cronometrado, alguém bateu a porta – Viu só?! Há Há! 

Apolo ergue um sobrancelha impressionado, e eu fui até a porta com um sorriso no rosto.

- Eu sabia que você ia voltar, A...! – Antes que eu pudesse dizer “Afrodite”, uma pessoa pulou encima de mim e começou a me beijar com vontade. Fechei a porta com um chute, e ainda de olhos abertos vi quem era – Uhmmm!

- Sentiu a minha falta, Ares? – Perguntou Éris em uma voz sedutora no meu ouvido. Com um movimento rápido eu joguei ela para o sofá, e dei alguns passos desajeitados para trás.

- Se afasta de mim! – Exigi – Não! Eu não senti a sua falta, e nem nunca vou sentir! Agora saí daqui!

- Eu sei que você diz isso da boca para fora... – Éris fez aparecer uma poltrona atrás de mim, de modo que quando eu dei mais um passo acabei caindo sentado nela. Com agilidade, ele sentou-se no meu colo de frente para mim e passou uma de suas mãos entre as minhas pernas – Gatão.

Quase dei um pulo da poltrona, e Éris riu. Tentei empurrá-la para longe de mim, mas ela segurou com força a minha nuca e começou a me beijar novamente. Era incrível como ela conseguia agir com mais força que eu! Bem... Pelo menos enquanto explorava meus pontos fracos.

Olhei para Apolo gritando silenciosamente “Ajuda!”, mas ele continuou parado olhando para nós dois.

- Uou... – Comentou ele – Vai se dar bem hoje, hein?

Fiz um sinal feio para ele com uma de minhas mãos, e Apolo riu. Éris me soltou de repente, e olhou para Apolo.

- Ah, oi Apolo. – Disse ela com um sorriso inocente. Oh... Tão inocente quanto uma cascavel. Maldita! – Qual é o tipo do vinho?

- Oi Éris. É vinho tinto. – Respondeu ele normalmente, como se nada estivesse acontecendo.

- Eu aceito um pouco. – Disse ela tranquilamente – Acho que o Ares vai querer um pouco também.

- Eu quero que você saia de cima de mim! – Exclamei jogando ela longe. Ufa... Me livrei temporariamente – Qual é o seu problema, sua louca?!

- Own, eu sou louca por você. – Disse ela, mas então fez uma careta – Argh. Isso soou romântico demais. Não, não... Isso é coisa da princesinha do Olimpo.

Éris foi até Apolo e pegou a taça de vinho. Bebeu um gole pequeno e depois olhou para mim novamente.

- Ah, Ares, você não sabe quanto eu sinto a sua falta. – Disse ela com um olhar malicioso – Me sinto tão sozinha. Você não quer ficar do meu ladinho um pouco essa noite?

- E correr o risco de ser contaminado com o seu veneno? Nem pensar. – Respondi fazendo uma careta ameaçadora para ela, mas Éris só riu.

- Vocês me levam a mal de mais. Eu não sou tão ruim. – Disse ela de um jeito ofendido. Éris fez uma cara inocente para a taça que segurava e passou o dedo indicador pela borda – Só gosto de me divertir de um jeito... Uhm... Diferente. Não há nada de errado nisso.

- Sei. – Soltei com uma risada sem graça.

- E você tem... Se divertido muito ultimamente? – Perguntou Apolo tentando não rir, enquanto olhava para mim.

- Vai á... – Falei sem som para ele, Apolo riu um pouco.

- Não, mas podemos dar um jeito nisso se você deixar eu e o Ares sozinhos um pouco. – Respondeu ela rindo. Eu disse que não de novo, e ela revirou os olhos – De qualquer jeito... Eu já tinha algo em mente para a noite mesmo.

Levantei da poltrona no mesmo instante que ela chegou perto de mim. Não queria mais ser abusado por ela. Éris mordeu seu lábio inferior enquanto me olhava dos pés a cabeça, e sorriu.

- Já que você já tem planos... Por que não vai embora logo? Vai infernizar seja lá quem você tenha escolhido para isso. – Falei quase em um rosnado.

- Isso vai ser muito divertido. – Disse ela. Éris tomou todo o resto do vinho em um gole só, e o colocou encima da mesa de madeira para deixar uma marca – Sabe... Eu consegui pegar o mortal queridinho da Afrodite, e vou me divertir muito com ele.

- Ótimo. Então se manda. – Disse abrindo a porta. Éris riu para mim, e antes de sair me agarrou novamente. Suas mãos puxaram a minha cintura para perto dela, e depois apertou minha bunda. Tentei continuar com a minha cara mal humorada, mas eu estava desconfortável demais para isso – O que?

- Se quiser aparecer... Sinta-se bem vindo. Eu vou estar em um armazém aqui perto. É um ótimo lugar para festas. – Disse ela – Vou virar esse mortal de cabeça para baixo, e depois... Há Há. Vamos ver se Afrodite vai continuar gostando dele.

- Sinto pena do azarado que cair nas suas mãos. – Comentei. Éris me soltou e deu de ombros. Com um sorriso maldoso, saiu praticamente cantarolando a última frase.

- Me aguarde, Scott. Você é meu agora. – Disse ela.

Arregalei os olhos para ela, e fechei a porta rapidamente. Virei-me para Apolo e vi que ele estava com a mesma cara.

- Se ela mudar a mente do Scott... – Disse Apolo em um murmuro.

- Alice não vai gostar nada disso. – Completei, e ele assentiu. Droga...


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Notas finais do capítulo

Fuuuu! Éris adora infernizar as pessoas.

O que será que ela vai aprontar com o Scott? Essa malandrinha... He he.

Espero reviews!

Recomendações também são bem vindas. Beijos e até o próximo.