Minha Viagem Infernal escrita por Mandy-Jam


Capítulo 36
Atração


Notas iniciais do capítulo

Diferente do que vocês devem estar pensando, o título significa uma coisa completamente oposta.

Bem... Só lendo para entender.



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Assim que ouvi o barulho inconfundível da moto de Ares roncando pela rua, virei meu rosto na direção do som, mas ele tinha ido embora. Franzi o cenho... Talvez ele não soubesse que eu estava ali. Mas parecia mais que ele tinha feito o barulho de propósito, como um tipo de aviso.

- Alice? – Perguntou Scott olhando para mim. Olhei para ele também – O que houve?

- A moto. – Comentei, e não precisei nem mesmo falar o resto da frase.

- Ares, não é? – Sorriu Scott de leve, como se achasse graça. Franzi o cenho e perguntei como ele sabia daquilo – Simples. A moto dele é um modelo de colecionador. Tem um som especial.

Na verdade a moto dele era mágica e mudava de forma de acordo com a vontade dele, além de ser guardada pelos dois imbecis que eram os filhos de Ares com Afrodite, Phobos e Deimos. Mas Scott não precisava saber disso, por isso eu só sorri e concordei.

- É. Não se acha muitas dela pela rua. – Comentei fingindo concordar – Eu acho que é um tipo de sinal para eu voltar.

- Tudo bem. Está na hora mesmo... – Scott estava sorrindo descontraído, mas quando olhou o relógio o seu rosto foi tomado de um pouco de preocupação. Franzi o cenho para ele.

- O que foi? – Perguntei.

- Ahm... Nada. – Respondeu ele dando um sorriso rápido – É só que está mais tarde do que eu pensei. Se ele fez esse barulho com a moto para você, imagino o que fará com o meu pescoço por ter demorado tanto com a sua namorada. Vamos, Alice. Eu te levo de volta.

Sem que eu pudesse dizer alguma coisa, Scott segurou a minha mão e saiu me puxando. Eu deixei-me ir com ele, mas assim que descemos da ponte e estávamos bem perto da scooter dele, olhei para seu relógio.

- Scott... Para! – Exclamei. Ele parou hesitante e obviamente inquieto e olhou para mim esperando o que eu ia dizer – Você viu o seu relógio? São só 8 horas.

- Alice... Está tarde para ele, e é isso que conta. – Insistiu Scott querendo ir logo.

- Esquece o cabeça dura do Ares. Ele não vai fazer nada com você. – Disse tentando acalmá-lo, mas Scott ficava mais incomodado a cada segundo que passava.

- Alice, você não entende. – Disse ele pesadamente – Eu... Eu tento te explicar depois, mas você tem que voltar comigo, por favor.

Aquilo era muito estranho, mas eu assenti. Assim que Scott subiu em seu scooter, eu estava prestes a fazer o mesmo, mas algo me impediu. Um barulho ensurdecedor vindo da ponte onde estávamos.

Me virei rapidamente e isso foi um erro. Um pedaço de metal (ou algum outro material duro) passou voando e atingiu o meu rosto. Com um grito alto eu caí no chão, e passei a mão sobre minha bocheche direita. Pude sentir o sangue escorrer. Estava ardendo muito.

- Alice! – Gritou Scott. Ele correu até mim e me ajudou a levantar. Olhei par a ponte novamente e notei do que se tratava. Um cão infernal. Enorme. Scott pareceu vê-lo também, pois arregalou os olhos e começou a me puxar para a scooter – Vamos embora... Agora!

Não sabia o que dizer. Como ia explicar aquilo para ele?! Eu esqueci completamente que eu atraía monstros. Droga! Estava metendo Scott em problemas! Assim que subimos em sua scooter, ele acelerou o máximo.

Podia notar o cão se aproximando de nós ao longe, mas Scott não parecia preocupado com aquilo. Ele só continuava correndo cada vez mais.

- Scott... Eu... – Tentei falar alguma coisa, mas ele não deixou.

- Esquece isso! Só fique calma, certo? – Pediu ele – Seu rosto está bem? Ainda está sangrando?

- Um pouco. – Respondi sentindo-o arder. Tirei uma de minhas mãos da cintura de Scott, e passei pelo meu rosto. O sangue dourado estava escorrendo, e aquilo não era nada bom.

Limpei ele na calça para que ele não notasse que meu sangue tinha cor de ouro, e abracei-o novamente. Quando Scott finalmente chegou na frente da casa dele, ele desceu da moto e olhou para o fim da rua com um pouco de medo.

- Droga... Ele deve estar vindo. – Murmurou ele. Estava mais do que certo. O monstro pulou encima de um carro na nossa frente. Tentei impedi-lo de machucar Scott, mas com uma simples patada ele me lançou longe.

Olhei para a cena com medo. Scott o chutava com força, mas eu tinha certeza de que não era o suficiente. Me levantei com dificuldade e resolvi que explicaria tudo para Scott depois, mas que por enquanto usaria as armas que eu tinha para protegê-lo.

Fiz surgir meu arco e flechas, e com uma mira certeira enfiei uma flecha na cabeça do cão infernal. Ele se desfez em poeira dourada, e eu corri até Scott largando a arma para trás.

- Scott! – Exclamei me aproximando dele – Scott! Você está bem?! Fala comigo!

- Estou... Calma. Não é tão ruim assim. – Disse Scott. Ele se levantou com dificuldade e eu o ajudei. Tinha um corte não tão profundo na barriga.

- O Apolo... Ele... Pode dar um jeito nisso. Vamos. – Arrastei ele para dentro do hotel, e subimos de elevador. Na hora de apertar o botão, eu sem querer apertei o andar 11. O elevador se abriu e eu vi que era o andar errado, mas só quando estávamos na frente do quarto que julgava ser o meu – Droga... Vamos chamar o elevador de novo.

- Não, está tudo bem. Eu posso ir de escada. Vamos. – Scott foi pela minha frente e eu o segui. Ele conseguia andar normalmente, mas eu estava abalada demais e acabava sempre tropeçando nos degraus.

Eu acabei caindo quase no topo da escada, e Scott resolveu que era melhor eu sentar um pouco para relaxar.

- Eu sinto muito, Alice. – Disse ele sentando-se ao meu lado.

- Não sinta. Eu é que tenho que sentir muito. – Disse para ele – Scott... Eu tenho que te explicar umas coisas...

- Deixa eu te falar com você antes. – Pediu ele. Pude ver que ele estava tenso, pois suspirou pesadamente e olhou para mim – Alice, lembra quando nós éramos menores e eu te salvei daquele lobo estranho?

- Lembro. – Assenti.

- Olha... É que... Eles já apareceram muitas vezes, não? Na Califórnia. – Disse Scott, e eu assenti. Eles ficavam em uma floresta pequena, e nós sempre corríamos por ela até chegar á casa na árvore – Você pode ter nunca mais visto eles, mas... Eu os vejo quase sempre. Alice, você pode me achar maluco, mas... Eu tenho certeza de que eles não são só lobos normais.

- Scott... – Tentei falar, mas ele continuou.

- Eu sei. Video game demais. Mas... É verdade. Não importa onde eu vá, eles sempre aparecem. Eu não tenho problemas com isso, sabe? Depois desses anos todos me virando sozinho, eu sei como me defender deles. Mas... Quando alguma coisa acontece á alguém... – Ele olhou para mim sentido – Eu sinto muito. Eles têm um tipo de horário certo para aparecer... Geralmente é de noite. Por volta das 8. Eu sabia desse risco, e mesmo assim fiquei tanto tempo com você...

- Não foi culpa sua. – Disse, mas já não tinha tanta certeza – Scott, tudo isso... Eu não te acho maluco. Mesmo. Eles não são animais, são monstros.

Scott olhou para mim tentando encontrar algum traço de falsidade em meu rosto, mas quando viu que estava sendo sincera, ele franziu o cenho.

- Como sabe disso? – Perguntou.

- Scott... – Segurei a mão dele para que não ficasse tão nervoso – Eu posso explicar...

- Aposto que sim! – Exclamou Apolo atrás de mim. Eu me virei junto de Scott, e pude ver o meu namorado de verdade morrendo de raiva – Alice, diga boa noite para ele.

Sem nem mesmo perguntar nada, Apolo segurou por debaixo do braço e me pôs de pé. Ele puxou a minha mão com força e foi me arrastando para o quarto novamente. Olhei para Scott.

- Apolo, para! Eu tenho que falar com ele! – Exclamei com raiva – E Scott está machucado! Ele...!

- Scott, Scott, Scott! – Exclamou Apolo com raiva – É sempre isso! Se ele está tão machucado, então que vá á um médico.

- Deixa de ser grosso! – Puxei meu braço com o máximo de força que pude, e me solte dele. Apolo se virou ainda com raiva, e olhou para mim. Atrás dele veio Ares, que cruzou os braços e lançou um olhar de raiva para Scott – Parem com isso... Os dois!

- Só entra, e cala a boca. Você deu trabalho demais para nós. – Rosnou Ares me puxando, enquanto Apolo ficou só analisando Scott. Talvez conseguisse me livrar de Apolo, mas de Ares era impossível. Com toda a sua força ele começou a me arrastar novamente para o quarto – Vamos ver se você consegue fugir depois dessa...

- Me solta! Larga! – Exclamei tentando me livrar dele, mas Ares não estava para brincadeira. Ele me largou, mas não antes de me prensar contra a parede. Com força, ele segurou o meu queixo, forçando-me a olhar para ele.

- Se você pensa que pode simplesmente passar a perna em mim para sair com o seu ex-namoradinho no meu dia então vamos ter que esclarecer algumas coisas... – Sussurrou ele para que Apolo e Scott não ouvissem, mas assim que ele ia continuar, Ares viu o meu rosto. Ou melhor... O grande corte na bochecha direita.

Ele franziu o cenho, e jogou o meu cabelo para o lado, assim pode analisar melhor o estrago. Pensei que ele fosse simplesmente perguntar o que tinha acontecido, mas ele resolveu por si próprio. Ares me largou por completo e mordeu o próprio punho com raiva. Pensei que fosse querer uma briga comigo, mas ao invés disso...

- Você! – Exclamou para Scott com ódio – O que você pensa que fez com a minha garota?!

- Eu...? – Scott franziu o cenho sem entender, mas então olhou para o meu rosto e se lembrou do monstro. Ele podia ter dito que não foi ele, mas... – Foi um acidente...

- Um murro na sua cara vai ser um acidente! – Berrou Ares com raiva. Corri até ele antes que fizesse besteira, e comecei a puxar seu braço para trás.

- Ares, ele não fez nada! Foi o monstro! Scott não...! – Exclamei tentando defendê-lo, mas ele não queria ouvir.

- Me solta, Alice! – Exclamou ele de volta - Não tente protegê-lo! Vou quebrar a cara dele 10 vezes pior do que ele fez com você!

- Ele não fez nada! – Berrei de volta, pulando na frente de Ares. Ele trincou os dentes e olhou para mim. Tampei o machucado com a mão, pois parecia estar irritando Ares – Deixa ele em paz.

Ares respirou fundo se contendo, mas Apolo é que avançou ao ver o meu rosto. Ele levantou Scott pelo pescoço com uma mão só e virou-o em direção a escada. Se Apolo o soltasse, ele poderia quebrar o pescoço.

- Apolo, para! – Exclamei para ele.

- No que estava pensando?! – Exclamou ele com raiva. Scott se sentiu realmente culpado, pois olhou para mim e franziu o cenho.

- Alice... Eu... Sinto muito. – Disse quase sufocado. Apolo o soltou no chão, quando eu o empurrei para o lado, e Scott caiu sobre o carpete.

- Scott! – Exclamei indo para perto dele. Apolo olhou para mim chocado.

- Você acabou de me jogar no chão, e vai ver se ele está bem?! – Exclamou Apolo indignado – Não acredito nisso! E depois do que ele fez...!

- Vocês dois fizeram mais do que ele! – Exclamei de volta. Apolo ficou mudo só encarando nós dois, e o mesmo foi Ares. Voltei para o corte na barriga de Scott. Estava sangrando mais – Você está bem? Está piorando...

- Estou bem. – Respondeu ele se levantando apressado.

- Não! Para. Vai com calma. Vai acabar piorando se...! – Tentei avisar, mas ele não me ouviu.

- Alice... Eu te causei problemas demais. – Disse ele passando a mão pelo corte no meu rosto.

- Não foi nada demais! Nem mesmo foi você que fez isso. – Falei.

- É, mas eu estava por perto e deixei isso acontecer. – Disse ele ainda se sentindo culpado – Não quero que tenha os mesmos problemas que eu. É sério.

- Scott, isso não é...! – Tentei explicar para ele que eu tenho mais problemas do que toda a população mundial, mas ele não quis ouvir.

- Vou... Vou ficar fora do seu caminho. – Disse ele descendo os degraus – Foi bom te rever Alice, mas... Acho que é a minha vez de fugir, não é?

- Não. Scot... Não! – Exclamei pedindo para ele voltar, mas não quis me ouvir de novo. Sem nem mesmo dar tchau, ele desceu as escadas correndo. Fiquei lá parada, ouvindo os sons das pisadas dele ecoarem pelo vão da escada de mármore.

Ficaria parada lá a noite toda, se não sentisse a mão de Apolo passando pelo meu machucado. Ardeu só de sentir algo tocando no corte, por isso fechei os olhos com força e franzi o nariz.

- Eu estou bem. – Disse em um murmuro.

- Alice, eu tenho que ver se... – Ele parecia um médico falando, mas eu não quis nem saber. Com certa violência empurrei a mão dele para o lado.

- Já disse que estou bem! – Exclamei quase em um rosnado. Apolo ficou parado olhando para mim com uma mistura de culpa e orgulho.

Eu virei às costas e fui em direção ao quarto, mas antes de entrar Ares tampou a entrada com o braço

 – Deixa eu entrar. – Falei em um tom um pouco seco.

- Você... Devia deixar ele ver isso. – Disse ele um pouco preocupado comigo, mas ele tinha escolhido uma hora ruim para mostrar que se importa pelo menos um pouco com a minha segurança.

- É, e pela lógica normal da sociedade eu devia ter só um namorado. – Rebati com raiva, e empurrei seu braço para o lado. Ares não fez nada para me impedir quando eu bati a porta com força.

Estava morrendo de raiva e tristeza. Se aqueles dois não gritassem com Scott, ele não teria ido embora pensando ser o culpado pelo meu machucado. Eu entrei no meu quarto pensando naquilo, troquei de roupa pegando a camisa grande que Apolo me dera na primeira noite, e a coloquei.

Sentei-me na beira da cama, e respirei fundo tentando me acalmar.

- Alice... – Murmurou Apolo. Virei o rosto para o lado, e lá estava ele sentado. Ele foi devagar com a sua mão até o meu corte. Tentei esquivar algumas vezes, mas acabei cedendo. Fiquei parada enquanto ele mexia no meu machucado, mas ainda estava com raiva dele.

- Se ele não fez isso... – Murmurou Ares. Olhei para frente, e vi que ele estava encostado contra a parede. Usava um tom de voz calmo, que não combinava muito com ele – Quem foi?

Quis ficar muda, ou responder “Não é problema seu”, mas ao ouvir aquela voz calma, eu não consegui. Soltei um suspiro pesado.

- Foi um cão infernal. Scott só tentou ajudar. – Contei tentando controlar a minha raiva. Ficamos os três em silêncio por alguns minutos, até que Apolo fez um comentário ainda mexendo no meu rosto.

- Não foi culpa sua. Isso acontece. – Disse ele.

- É. Mais com meio-sangues. – Rebati. A culpa era minha, mas porque eles não diziam isso logo?! Ao ouvirem o que eu falei, Ares olhou para Apolo com os olhos um pouco arregalados, e Apolo fez o mesmo. Franzi o cenho olhando para os dois – O que foi? Eu estou errada?

- Alice... Imortais não atraem monstros. – Disse Apolo franzindo o cenho.

- Mas... Isso é impossível. Se eu não atraí o monstro, significa que ele simplesmente surgiu por mágica e acaso? – Perguntei sem entender.

- Não. – Negou Ares cruzando os braços e olhando para mim – Significa que o seu amiguinho atraiu. 


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Notas finais do capítulo

Tam tam tam taaaaaam!

Fuuuu! Pobre Scott. Quase morreu, e ainda vai descobrir que é um meio-sangue. Oh God! De quem ele será filho?

(Isso é meio óbvio, não? Hahaha!)

Espero que tenham gostado, pois o próximo (mesmo este tendo sido dramático) vai ser bem louco!

Beijos!



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