POV Ares

Quando o idiota acabou de concertar a minha moto, ele passou a mão pela testa e se levantou com um sorriso.

- Mission Complet! - Exclamou ele como nos video games.

- Você é um garoto muito perturbado. - Comentei estreitando os olhos para ele. Scott deu de ombros e apontou para a moto.

- Ela já está normal de novo. Se você quiser, da próxima vez pode vir aqui só para conversar... Talvez nós nos demos melhor, sargento. - Disse ele encolhendo os ombros.

- Eu duvido, moleque. - Retruquei empurrando a moto de volta para a casa dele. Scott disse que ele conseguiria levar sozinho, mas só para jogar na cara dele que eu era mais forte do que ele eu a levantei com uma mão só. Pude ver seus olhos se arregalarem.

- Wow... Eu não sabia que seus ossos eram feitas de ferro. - Comentou ele impressionado. Eu ri triunfante.

- Eu sou muito mais forte que você, molenga. Já pensou que talvez a Alice tenha te trocado porque você é um fracote? - Perguntei rindo.

- Uhm... Acho pouco provável. - Ele negou com a cabeça. Eu franzi o cenho e olhei para ele.

- Por que não? - Perguntei.

- Porque levando em conta o fato de nós termos namorado quando tínhamos 12 anos... Não acho que isso realmente importasse. - Comentou ele com simplicidade. Odiava quando aquele garoto tinha razão.

- Tanto faz. - Resmunguei levando a moto para dentro.

- Eu também tenho uma. - Comentou ele olhando para a moto - Só que é mais o estilo de Paris.

- Eu bateria palmas, mas estou com as mãos ocupadas. - Retruquei secamente, só que ele riu. Ele riu! Qual era o problema dele?!

Estava prestes a alcançar a porta, quando ele pulou na minha frente impedindo a passagem. Scott olhou para mim dos pés a cabeça, e pude notar que ele tinha um certo medo de me enfrentar. Ótimo. Era disso que eu gostava.

- Se você não quiser que eu mostre quem é que manda aqui, dá o fora da minha frente. - Alertei com uma voz ameaçadora.

- Eu só queria saber... É... - Ele hesitou - Como é o outro namorado dela?

Franzi o cenho sem entender para que ele gostaria de saber aquilo. Eu ri sem achar graça e dei de ombros.

- De que isso te importa? - Perguntei.

- Só queria saber se ele também é um militar de dois metros de altura que levanta motos com uma mão só. - Comentou ele como se aquilo não fosse nada.

- Não. Ele é do tipo artístico. - Respondi - Agora dá o fora da minha frente.

- Sim, senhor. - Respondeu ele abrindo a porta para mim. Detestava o jeito que ele fazia tudo parecer uma piada! Imbecil! - Ah! E qual é o seu nome mesmo?

Coloquei a moto na calçada em frente a sua casa e virei-me para olhá-lo.

- É Ares, Collins. Não se esqueça disso. - Respondi em um rosnado.

- Ares?! - Ele começou a rir e eu dei um passo na direção dele. Scott parou e recuou um passo, com um pouco de medo de mim - Wow! Calma, sargento! É só que... Lembra o cara do video game.

- Que video game, seu otário? - Perguntei irritado.

- God of war. - Respondeu ele. Sorri triunfante. Então tinha um video game sobre mim, é? - Mas não se importa muito não. Ele morre logo no primeiro jogo.

- O que?! Como assim ele morre?! - Exclamei com raiva.

- Kratos enfia uma espada no peito dele, aí ele explode. Tenho que dizer que o Ares do jogo é um grande desgraçado. Tipo... Depois de você passar de milhões de fases, ele vai e te manda para o Mundo Inferior! É sério... Eu fiquei com uma cara de “Mas que droga é essa?!” quando vi a cena pela primeira vez. - Contou ele descontraído.

- Você deve ter passado tempo demais com a Kelly. Isso deve ter lesado o seu cérebro, retardado. Deuses não morrem! Principalmente Ares! - Exclamei. Scott ia falar alguma coisa sobre eu ter chamado a ex-namoradinha dele de lesada, provavelmente, mas eu o impedi - É, eu chamei ela de lesada. Vai fazer alguma coisa?!

- Ainda tento imaginar como a Alice acabou ficando com você. - Riu ele - Mas é engraçado. Embora vocês briguem, parece que no fundo você se importa com ela.

Revirei os olhos sem ligar. Virei as costas e voltei para o hotel antes que aquele moleque irritante começasse a encher a minha paciência.

- Foi um prazer, sargento! - Exclamou ele.

- Vai se ferrar... - Resmunguei.

Assim que cheguei ao andar 12, resolvi passar no quarto da Alice. Afinal, ainda era o meu dia de atormentá-la.

- Ei, Filhinha de Hermes! Cadê você? - Perguntei olhando em volta.

O quarto parecia estar vazio, pelo menos na sala. Fechei a porta atrás de mim, e andei até o centro da sala. Ninguém mesmo. Estava prestes a dar meia volta e ver se ela estava no quarto do Apolo, quando...

- Como foi a operação? - Perguntou uma voz sussurrante no meu ouvido. Dei um pulo assustado, e virei-me. Apolo... Miserável!

- Filho da... Que droga é essa?! - Exclamei irritado - Nunca mais faça isso de sussurrar no meu ouvido, entendeu?!

- Tanto faz! Mas como foi a operação? - Perguntou ele.

- Que operação?! - Perguntei sem entender.

- A operação de reconhecimento do inimigo! - Exclamou Apolo, mas depois tampou a boca e olhou em volta.

- Você tem problemas mentais?! Não tem droga de operação nenhuma. E... Que inimigo?! - Perguntei.

- Scott! Scott Pilgrim! Ou Scott Collins! Ou qualquer outro sobrenome estranho! O Scott! - Exclamou Apolo impaciente.

- Inimigo, é? Sabia que você ia ficar com ciúmes uma hora ou outra. - Comentei rindo - Espera... Como sabe que eu fui ver ele?!

- Eu te segui. - Sorriu ele triunfante. Estreitei os olhos para ele, mas Apolo não ligou - Nem pensa em me olhar com essa cara! Eu quero saber... Como ele é!

Revirei os olhos. O que eu podia responder se nem mesmo eu sabia direito?!

- Ele é um cara que concerta coisas, ex-namoradinho da Alice quando tinha 12 anos, gosta de video game e de bolo de chocolate. - Contei o que ele tinha me contado.

- Está falando sério?! Você foi para lá e só conseguiu saber isso?! - Exclamou Apolo irritado comigo.

- Escuta, eu estou pouco me lixando se ele foi namorado da Filhinha de Hermes ou não, ok?! Não fui lá para saber mais sobre ele, e nem quero saber mais sobre ele. Eu não estou nem aí para ele! - Exclamei com raiva - Não ligo se ele ainda gosta da Kelly...

- Ele ainda gosta dela?! - Apolo puxou a gola da minha camisa de repente, e isso me assustou. Estávamos com os rosto perto demais um do outro, e eu não gostava nem um pouco daquilo.

- Ele fica todo sem graça, que nem um idiota sem cérebro, quando fala sobre a Alice. Isso quer dizer alguma coisa, senhor sentimental? - Perguntei bem devagar - Agora... A não ser que você queira me dar um beijo, o que não é nada do meu gosto, me solta!

Apolo me largou e fez uma careta.

- Ele... Tranquilo. Tsc. Ele concerta coisas e gosta de bolo de chocolate. Grande coisa. Não é concorrência para mim. - Disse Apolo para si mesmo - Eu ainda sou mais bonito, e mais esperto...

- Cof. Cof. - Tossi falsamente.

- Tá bom! Mas... Eu sou mais bonito, forte, musculoso, gatão, artístico, e bonito que ele. - Disse ele contando nos dedos as suas qualidades.

- Disse “bonito” duas vezes. - Comentei.

- É porque eu sou muito gostoso. Ah! E quente! Ele é quente? Eu acho que não! - Falou Apolo com um sorriso triunfante.

- Se você se sente assim... - Resmunguei revirando os olhos. Estava pronto para sair do quarto, quando Apolo puxou o meu braço - O que?!

- Fala! Eu ganho dele, né?! Eu sou mesmo demais?! Eu sou um arraso, não sou?! Fala para mim! - Pediu ele nervoso. Apolo apertava o meu braço, e se continuasse acabaria torcendo ele como se fosse um pano de chão.

- É, Apolo. Você é um pedaço de mão caminho! - Exclamei concordando.

- Wow. - Disse uma outra voz. Alice apareceu no corredor e olhou para nós dois, estranhando a cena - Ahm... Vocês dois querem um pouco de privacidade? Por que se for isso...

- Claro que não, lesada! - Exclamei com o rosto vermelho e irritado.

- Apolo está agarrando o seu braço, e você chamou ele de... “Pedaço de mau caminho”. Não sei que conclusões tirar. - Comentou ela franzindo o cenho.

- Não é nada disso, sua inútil! E solta o meu braço, Apolo! - Rugi com raiva. Apolo me soltou fazendo uma careta, mas ainda lançou o comentário.

- Mesmo assim... Eu ainda sou um pedaço de mau caminho. - Falou ele. Eu dei um passo na direção dele morrendo de vontade de amassar a cara daquele idiota, mas ele correu para trás da Alice - Alice, me protege.

- O que vocês dois estavam fazendo? - Perguntou ela sem entender.

- Nada do que você pensa. - Comentei irritado - Agora vamos logo, pirralha. Temos mais um dia inteiro pela frente.

- Tá bom... Eu vou só pegar um casaco. - Resmungou ela revirando os olhos. Apolo estava atrás dela, e aproveitou o momento. Com um sorriso maldoso, ele passou as mãos pela cintura dela e a puxou para perto de si - Apolo...?!

- Eu vou com você. - Falou ele - Ela vai demorar só uns 20 minutos.

Apolo sorriu torto para ela, e depois olhou para suas pernas bem definidas no jeans apertado que usava.

- O que você acha? - Perguntou ele em um sussurro. Revirei os olhos não acreditando que estava vendo aquilo. Eu estava prestes a expulsar Apolo do quarto, quando...

- Eu acho... - Alice sorriu para ele, e segurou a gola de sua camisa - Que eu e Ares devíamos dividir o seu dia em dois. Seria mais justo.

Com isso ela empurrou Apolo para trás e seguiu para o seu quarto sozinha. Apolo piscou os olhos sem acreditar.

- Mas Alice...! - Ele foi interrompido.

- Acho que a minha opinião ainda importa, não é? - Retrucou ela batendo a porta do quarto. Tive vontade de rir.

- Essa é a garota da guerra. - Comentei rindo para o Apolo.

- Musa de Apolo. - Corrigiu ele.

- Chutadora de traseiros do Apolo, acho que fica melhor. - Retruquei.

Alice abriu a porta do quarto ainda vestindo o casaco, e Apolo fez uma cara de cão sem dono para ela.

- Da próxima vez, seria melhor para você se me ouvisse. - Comentou ela com um sorriso simpático.

- Eu estou disposto a ouvir o que você tem a dizer agora! - Apressou-se ele em dizer - Por que não vamos para o quarto e você me conta tudo? Ares não vai se importa se...

- Nem tente. Vai ter o seu dia, raio de Sol. - Disse rindo da tentativa dele. Pus uma mão nas costas de Alice e a empurrei em direção á porta. Ela resmungou um pouco, mas acabou saindo.

Eu tive uma ótima idéia do que fazer com ela, e seria muito divertido. Nós entramos no elevados e fomos direto para o térreo. Assim que nós saímos do Hotel, eu sorri maldosamente. Isso seria engraçado...

- Para onde vamos agora? - Perguntou ela - Lembre-se que você não fala francês.

- Ah, eu tenho um intérprete. - Comentei sorrindo maldosamente. Alice franziu o cenho para mim, enquanto nós atravessávamos a rua. Só aí ela se tocou.

- Ah, não! Ares! Deixa ele em paz! - Exclamou ela irritada.

- Eu não vou fazer nada. - Disse batendo á porta dele. Empurrei Alice na frente, de modo que assim que ele abriu a porta, deu de cara com ela. Um sorriso surgiu no seu rosto.

- Alice! - Disse ele feliz, mas então eu apareci - E namorado! Que legal...

- Desculpe, Scott. Mesmo. - Disse ela antes mesmo de saber o que eu ia fazer.

- Então, Scott? Quanto tempo, hein? - Comentei sorrindo torto.

- É... Os minutos voam. - Falou ele assentindo - Então... Querem entrar?

- Minutos? - Repetiu Alice franzindo o cenho. Ela virou-se para mim - Ares, o que...?!

- Entenda, Scott. Nós dois vamos sair para dar um passeio romântico pela cidade do amor. Só que sem interprete fica difícil. Você se importaria de vir também? - Perguntei sorrindo.

Ele olhou para Alice, e por um minuto hesitou.

- Ah, vamos. Se não for por mim, que seja por essa carinha linda. - Disse segurando o queixo dela e virando para ele.

- Ok... Como eu posso recusar um convite de Alice Cooper? - Perguntou ele rindo um pouco - Eu ajudo vocês.

Abri caminho para que Scott passasse na nossa frente, e assim que ele fechou a porta e foi, Alice segurou a gola da minha camisa.

- Ares, seja lá o que você vai fazer...! - Ela tentou me ameaçar, mas eu só ri e apertei a bochecha dela.

- Que tal um pouco de diversão em Paris, hein beinzinho? Pode deixar. Eu não vou machucar o seu ex-namoradinho. - Falei sorrindo torto - Vou só me divertir com a minha garota. O que isso tem de mais?

Alice empurrou a minha mão para longe da bochecha dela, e estreitou os olhos para mim.

- Vindo de você, tudo tem sempre alguma coisa a mais. - Comentou ela andando até onde Scott estava. Ele sorriu para ela, e mesmo não querendo, Alice retribuiu o sorriso. O meu plano ia ser muito divertido...