POV Ares.

O mais engraçado de tudo aquilo era ver a cara extremamente vermelha da Alice, enquanto ela desviava o olhar de nós o tempo todo. Eu ri quase em todo o momento flashback, mas pude notar que Apolo estava regaindo de modo diferente.

Quando terminamos de assistir, a almofada que Apolo estava mordendo já tinha espalhado o enchimento de espuma por todo o chão da sala.

- Ok... Eu odeio vocês. - Falou Alice assim que Afrodite deu “Stop” na cena.

Eu comecei a rir novamente, e resolvi implicar um pouco com ela.

- Ooown, não é uma gracinha? - Perguntei apertando sua bochecha, coisa que eu sabia que ela odiava - Você tinha um namoradinho que não te achava sem graça!

- Ela tem um namorado que não acha ela sem graça. - Comentou Apolo tentando parecer calmo, mas pude até sentir uma faca nas minhas costas quando ele terminou a frase. Eu ri um pouco e olhei para ele.

- Uuuuh... Bateu os ciúmes agora, é? Vai ter um ataque, Apolo? - Perguntei zombando.

- Não... Não estou com ciúmes. Estou bem. Nã vou ter um ataque de ciúmes... Não vou ter um ataque de ciúmes... Não vou ter um ataque de ciúmes... - Repetiu ele tentando se controlar.

- Alice Kelly Collins. Não é um nome lindo? - Zombei apertando a bochecha dela novamente, e Alice afastou a minha mão com um tapa. Já falei para você que irritar ela não tem preço?

- Já se divertiram, não é? Agora me deixem em paz. - Resmungou ela se levantando. Afrodite olhou para ela com um sorriso.

- Aaawn, Alice! Não é lindo ver o seu rosto vermelho desse jeito? Isso mostra que você ainda gosta dele! - Exclamou ela achando aquilo muito lindo.

- Eu não...! - Ela ficou muda e não conseguiu completar o fim da frase. Deu vontade de rir, mas Apolo deu um pulo do sofá e foi para perto dela.

- É isso mesmo! Ela não gosta dele. - Completou Apolo querendo controlar seu ataque de ciúmes - Agora... Deixa ela respirar antes que ela tenha um ataque, Afrodite.

- Acho que isso é mais para você, do que para ela, não é? - Perguntei olhando para ele. Apolo fez uma careta para mim.

- Claro que não! E-Eu... Eu estou bem. Afinal... Eu sou o namorado dela. - Falou Apolo com um sorriso, tentando parecer triunfante.

- Sei não. Ainda acho que nós poderíamos dividir os dias em três... - Comentei para arrumar confusão, e Apolo começou a puxar próprio cabelo com força para se controlar. Alice revirou os olhos e foi em direção ao corredor, mas eu resolvi incomodar um pouco mais.

- Ei! Aonde pensa que vai, benzinho? - Perguntei tentando não rir. Segurei o braço dela e a puxei para mim. Com uma mão segurei o queixo dela, obrigando-a a olhar para mim - Ainda é o meu dia, esqueceu? Quero aproveitar que o seu rosto está assim vermelho para nós dois sairmos na rua. Vai ser engraçado exibí-lo assim.

Ela me empurrou para trás com raiva e foi para o quarto dela. Eu ri mais um pouco e voltei para a sala. Afrodite estava revendo a cena na TV e soltando suspiros apaixonados. Apolo estava desviando o olhar para não ver a cena de novo, mas não conseguia.

- Olha para ele! Eu sou mais bonito! Os olhos dele nem tem uma cor especial! - Exclamava ele com raiva, mas por incrível que pareça, estava falando em um tom de voz moderado. Talvez para que a Alice não ouvisse - Argh! Ele fica todo metido, porque salvou ela. Grande coisa! Ela conseguiria se virar sem a ajuda dele!

- Tá. Tá. Menos, raio de Sol. - Comentei revirando os olhos. Eu fui me sentar á mesa que tinha na sala, para poder olhar melhor a cena.

- Não vem mandando eu me acalmar! Eu... - Apolo foi interrompido por um comentário avulso de Afrodite.

- Se ele gostou das pernas dela com aquela calça jenas, espera só até ele ver a Alice usando um dos vestidos! - Comentou Afrodite ainda olhando para a tela da TV. Ok... Aquilo tinha mudado o meu humor. Fiz uma careta.

Humpf. Como se aquele idiota fosse chegar a vê-la novamente. E também... Quem deu a permição para ele ficar olhando a Filhinha de Hermes?! Aquilo me irritou. Era para ela passar o dia comigo, para eu poder irritá-la, mas aí chega esse tal de Scott e mexe com a cabeça dela. Imbecil.

- Como é que é?! - Exclamou Apolo com raiva - Afrodite, se você ficar armando os seus joguinhos para cima desses dois...!

- Desculpe, amor, mas esse é o meu ramo. Não vou fazer nada de mal, é claro. - Falou ela dando replay - Eu só mexo com o coração das pessoas, não sou dona do que está dentro deles. Também não sou a culpada pelas decisões dela.

- Ah tá. Como se aquela pirralha fosse ficar com ele. - Resmunguei revirando os olhos e me levantando da cadeira.

- Como tem tanta certeza? - Quis saber Apolo esperançoso.

- Se toca! Não está vendo? Ela é a garota mais sem graça, lesada e mimada que tem na face da Terra! Ninguém, só um idiota como você, ia escolher ela se tivesse outras opções!

Com isso eu saí do quarto. Estava morrendo de raiva ao pensar na possibilidade daquele moleque me incomodar de novo. Tsc. Mas tinha passado vários anos, não é? Que tipo de otário continuaria gostando da Kelly por tantos anos?

Se bem que... Ele realmente tinha cara de ser otário. Será que ele gostava mesmo dela?! Não que eu me importasse, lógico. Mas é que... Isso ia atrapalhar os meus planos de infernizá-la! Aquela peste ia ficar fugindo de mim para se encontrar com ele. Argh!

Dei um soco na parede do hotel sem querer, e pude senti-la tremer um pouco. Droga. Mas eu tinha como descobrir isso, é claro. Só precisava pensar.

Parei um segundo e tentei achar um jeito de descobrir isso, e logo me veio a cena daquele moleque indo embora.

- Eu concerto coisas. Nada demais. - Eu lembrei que ele tinha dito. Concerta coisas, é? Idéia chegando...

Não precisei andar muito. Eu fiz a minha moto aparecer na calçada do outro lado da rua do Hotel. Estava na frente da casa do Scott, quando abri um sorriso torto e maldoso.  Se o otário gostasse mesmo da Kelly, ele ia aprender a não se meter comigo.

Dei um chute na moto, e uma peça dela quebrou. Perfeito. Vamos ver se o idiota é tão bom assim para concertar as coisas.

Eu bati na porta ao invés de tocar a campainha, e ele abriu a porta com um sorriso.

- Alice, eu sabia que você ia... - Seu sorriso sumiu por alguns segundos ao ver que era eu.

- Esperava alguém? - Perguntei cruzando o braço de modo que meus músculos ficassem a mostra.

- Imagina! Era você mesmo! E aí, cara? Como vai a sua vida? - Perguntou ele com um sorriso simpático - Ahm... A que me deve a honra de receber um dos namorados da Alice?

Revirei os olhos. Tsc. Fala sério. Ela gostava disso?!

- Você concerta tudo, não é moleque? - Perguntei e ele assentiu -Então vê se dá um jeito na minha moto.

Scott franziu o cenho para a a moto na calçada e depois para mim.

- Ahm... Certo. - Confirmou ele. Ele saiu de casa e levou a moto para dentro. Eu o segui e fechei a porta atrás de mim. Estar na casa dele era muito estranho, porque tudo era uma tremenda bagunça. Se Alice enchia o meu ouvido porque eu deixava tudo jogado por aí, imagina ele!

Sobre o sofá tinha milhares de ferramentas diferentes, e na mesinha de centro um relógio desmontado. O lugar não era muito largo, mas o ex-namoradinho da Alice conseguiu passar com a moto e levá-la para uma porta no fim do cômodo.

- Ei! Para onde está indo? - Perguntei sem entender.

- O quintal. Lá tem mais espaço. - Respondeue ele abrindo a porta. Tinha razão. Assim que ele passou com a moto por uns três degraus que levavam para um espaço de grama verde clara rodeado por uma cerca branca, eu pude ver que ali tinha mais espaço que a casa em si. Scott analisou a moto, e eu me encostei á cerca branca.

- Achei o problema. Uhm... Talvez demore um pouco para concertar. Não prefe ficar no hotel? Eu te chamo quando acabar. - Disse ele olhando para mim.

- E deixar a minha moto sozinha com você? Quem sabe o que você pode roubar? - Rebati estreitando os olhos, mas a única coisa que ele fez foi rir. Ele era muito estranho! - Tá rindo do que, otário?

- Nada não. Mas... Você deixou a Alice sozinha no hotel, e está preocupado na possibilidade de eu roubar alguma coisa? - Riu ele, mas depois negou com a cabeça - É brincadeira. Ela não faz isso.

- Aham. Sei. - Disse fingindo acreditar. Ele começou a mexer na moto com as ferramentas e eu o observei - Então achava que ela ia vir aqui te ver?

- Ela sempre faz isso. Vive correndo para mim. - Comentou ele sorrindo feliz, mas eu limpei a garganta fazendo um barulho ameaçador, e ele sorriu para mim - Ah! Nada demais, é claro, gente boa! Ela e eu nos damos bem. Só isso.

- Claro. Afinal, você é o ex-namoradinho dela, não é? - Comentei. Ele olhou para mim e depois desviou o olhar para a moto. Seu cenho se franziu por um momento, mas depois soriu sem querer. Seu rosto ficou um pouco vermelho.

- Ela... Ela disse isso para você? - Perguntou ele em voz baixa. Revirei os olhos. Que lindo... Ainda tinha uma quedinha por ela.

- É. É por aí. - Respondi de mau agrado - Mas sabe? Mesmo depois disso, eu ainda não sei que tipo de idiota é você, Scott Collins. Então?

- Eu? - Perguntou ele olhando para mim franzindo o cenho. Ele deu de ombros e olhou novamente para moto - Eu sou Scott Collins, um cara que concerta coisas, ex-namorado da Alice quando tínhamos 12 anos, e que mora em Paris no momento. Eu também jogo video game para passar o tempo, e gosto muito de bolo de chocolate.

- Corta essa, inteligência rara! Estou falando sério! - Reclamei com raiva dele. Como alguém podia ser tão retardado?!

- Sinto muito. - Disse ele erguendo os braços em sinal de rendição - É sério. Ás vezes você me lembra um militar, sabia? Mas é engraçado. - Ele olhou novamente para a moto e começou a mexer com outras ferramentas - O que quer que eu responda? Eu... Sou só eu.

- Que interessante. - Comentei em sarcasmo. Ele riu um pouco e continuou a trabalhar. Ele me lembrava alguém que me dava raiva ás vezes, mas não consegui saber quem - A Alice falou sobre você.

Imediatamente o rosto dele ricou vermelho de novo.

- Mesmo? - Perguntou ele fingindo não ligar, só que acabou caindo no chão. Ele estava ajoelhado, e perdeu o equilíbrio - Ahm... O que ela falou sobre mim?

- Não muita coisa. Nada de importante. - Comentei e ele assentiu fixado na moto - Ela só não me contou como vocês se conheceram.

- Nós... - A voz dele abaixou de repente, mas logo voltou ao normal - Nós estudávamos juntos, e eu salvei a vida dela. Bem... Quase isso. Ela ia ser expulsa da escola.

- Problemática. - Resmunguei pensando em como aquela garota era um poço de problemas.

- Não é não. Ela... É uma garota legal. - Disse ele parando de mexer na moto. Ele sorriu ainda olhando para o veículo - Você... É um cara de sorte.

- É, sou. E se você chegar perto da...! - Fui interrompido.

- Não vejo muitas dessa no mercado. Deve ser um ítem de colecionador. Aposto que adora montar nela, não é? - Comentou ele.

- Como é que é?! - Berrei com raiva ao ouvir aquele comentário. Meu rosto provavelmente ficou vermelho de raiva e de vergonha. Ele olhou para mim sem entender, mas então começou a rir.

- Ei, sargente, eu estava falando da moto. - Disse ele se levantando e apontando para a moto - Fica tranquilo... Paz e amor.

- É, é. Sei. Paz e amor. - Repeti ainda com raiva. Ele riu mais um pouco e mostrou uma peça para mim.

- Sabe? Depois de ver a sua moto, eu cheguei a duas conclusões. - Comentou ele chegando perto de mim - Ou você tem um rival vingativo o suficiente para dar um chute na moto e quebrar essa peça, ou... Você fez isso de propósito para vir aqui e falar comigo sobre a Alice.

Olhei para ele incrédulo. Idiota... Ele era esperto. Peguei a peça da mão dele com raiva, e estreitei os olhos para ele.

- Se mete com o que é da sua conta, moleque. Concerta logo essa moto, e de bico calado, sacou? - Falei voltando a me encostar na cerca.

- Sim, senhor. Agora mesmo, senhor. - Brincou ele como se eu fosse um general. Ainda trabalhando pude ouvir um murmurro dele - Se o outro namorado dela for assim, eu estou perdido...