Minha Viagem Infernal escrita por Mandy-Jam


Capítulo 14
A fúria dos Deuses


Notas iniciais do capítulo

Esse capítulo é bem engraçado.

Espero que gostem!



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Nós paramos quando estávamos na frente de um tipo de templo grego. Parecia feito de modo bem realista, pois era muito parecido com os de verdade no Olimpo.

- Bem... Isso vai ser engraçado. – Comentou Apolo – Aposto que devem ter milhares de estátuas minhas lá dentro.

- Minhas também. – Disse Ares apontando para si mesmo – Tsc. Eu sou o Deus mais importante!

- É nada! Eu sou o mais importante! – Choramingou Apolo ofendido – Não posso acreditar que você se acha melhor do que eu.

- Até porque, você se acha melhor do que todo mundo. – Comentou meu pai tentando não rir – É só um brinquedo. Vai ver não tem estátua nenhuma lá dentro.

- Só tem um jeito de descobrir. – Falei abrindo a porta do templo. Assim que eu fiz isso pude ver o lugar melhor. Era um corredor comprido e largo, como se fosse de um museu. Pilastras gregas, piso que parecia de mármore... Tudo era feito para lembrar o Olimpo.

Assim que nós quatro entramos, as portas se fecharam. E uma voz ecoou no lugar. Apolo olhou para cima assim que o anuncio começou.

- Bem-vindos ao templo de Atenas. Aqui vocês poderão ver de tudo sobre os antigos gregos. Mas... Cuidado! Os Deuses autorizaram a sua entrada, mas não a sua saída. – Disse a voz.

Ares começou a rir, e eu não pude repreendê-lo. Imaginar aquilo era engraçado mesmo. O Deus da guerra ergueu os braços ao ar como se estivesse se rendendo.

- Ah, não! Os Deuses não vão me deixar sair! Estou com tanto medo! – Disse ele controlando as risadas – Acho que a única coisa que nos resta, é andar e tentar achar um dos Deuses.

Hermes e Apolo riram um pouco também, e Ares passou andando na nossa frente. Nós o seguimos, sem ter muitas opções. Viramos o corredor da direita que levou até outro corredor largo.

Dos dois lados tinham um tipo de vitrine com estátuas antigas. A iluminação fazia parecer que você devia andar com todo o cuidado por aquele corredor. Como se as estátuas fossem os Deuses, e eles estivessem te observando.

- Olha! Sou eu! – Apontou Apolo para a estátua do canto. Ela estava esculpida um pouco diferente da realidade, pois Apolo tinha cabelos cacheados.

- Como você sabe que é você? – Perguntou Hermes.

- É o único que tem uma lira. – Apolo fez uma pose triunfante.

- Parabéns, você tem uma lira. – Ares bateu palmas em sarcasmo.

- Ei! Por que sempre erram o meu nariz?! – Perguntou ele passando a mão no próprio nariz – Que droga... Se bem que os músculos não estão tão ruins. Nem a pose. Essa pose parece, tipo... Uhm... “Sou o Deus mais lindo do pedaço”.

- Se fosse a pose de “Sou o Deus mais humilde do pedaço”, eu não te reconheceria. – Comentei assentindo.

- Apolo. – Disse a voz.

- Oi. – Respondeu Apolo de volta.

- Apolo era o Deus da medicina. Da música, da arte e do arco e flecha. – Ao notar que a voz não estava falando com ele, Apolo riu um pouco, mas quando ouviu os elogios começou a fazer poses triunfantes – Quando ainda era jovem, enfrentou a serpente Píton, matando-a com seu arco e flechas. Desde de então foi concebido como o Deus de tal. Filho de Zeus e Leto, irmão gêmeo de Ártemis.

Apolo sorriu para mim.

- Sem aplausos, por favor. – Disse ele – Alice, eu aposto que você não sabia dessa história da serpente.

- Sabia sim. – Admiti – Mas... Não achei grande coisa.

- O que?! – Exclamou ele ofendido.

- Estava brincando. – Ri da cara que ele fez, e Apolo fez uma careta para mim.

- Bem... Aquele ali sou eu. É sempre fácil me identificar nesses lugares. – Comentou meu pai apontando para outra estátua. Lá estava ele. Hermes com seu capacete com asas, sapatos com asas, e seu caduceu com as cobras entrelaçadas. Um manto cobria boa parte do seu corpo, o que foi um alívio para mim. Odiava quando as estátuas ficavam nuas – Acho que a voz vai falar sobre mim se eu for até lá.

Meu pai de uns passos e parou em frente da estátua. Ele estava certo.

- Hermes era o Deus dos ladrões. Mercadores, viagens, corridas e estradas. Ele é representado pelo caduceu, seu símbolo e também da medicina. – Contou a voz.

- Não disse? – Comentou meu pai em um curto intervalo.

- Filho de Maia e Zeus, é o único filho do Deus dos raios que não é odiado por Hera, sua esposa. – Meu pai sorriu implicante para Apolo, que começou a resmungar coisas como “Sortudo” – Isso é devido a sua inteligência e esperteza, que foi posta a prova várias vezes. Ainda muito pequeno, roubou metade do rebanho de vacas de Apolo, seu meio irmão, tornando-se a partir daí, Deus dos ladrões.

- As pessoas adoram repetir essa história... – Murmurou Apolo – Eu quase me dei muito mal por culpa sua, mas tudo bem. Eu deixei isso de lado, maninho.

- Como você não viu alguém levando metade do seu rebanho? – Perguntei ainda sem entender essa parte da história. O rosto de Apolo ficou vermelho, e pude notar que Ares reprimiu um riso.

- Ahm... Er... Eu estava olhando para o outro lado. – Disse ele, mas duvidava que aquilo era verdade.

- Ele estava namorando algumas ninfas. – Respondeu meu pai – Estava meio “ocupado” no momento em que eu roubei ele.

- Que esperto, hein? – Comentei para Apolo, mas ele fez “tsc” e revirou os olhos. Eu olhei em volta, e vi que Ares estava fazendo o mesmo. Naquela sala tinham todos os 12 Olimpianos, e mais alguns Deuses, mas...

- Onde estou eu?! – Perguntou Ares irritado – Eu não consigo achar a minha estátua! Se eles não fizeram uma minha, eu juro que vou acertar umas contas com o dono desse parque. Isso é um insulto!

- Ahm... Você deve estar por aqui. Procure alguém com uma espada. Deve ser você. – Comentei andando para ver os Deuses.

Tinha um baixinho gordinho, que estava na cara que só podia ser o Dionísio. Tinham as Deusas, mas eu não parei para olhar melhor para elas. Tentei achar Ares.

Tinha outro homem, só que ele estava estranho e diferente demais para ser Ares. Olhei melhor e vi que ele segurava o que parecia ser um martelo. Hefesto.

- Se você disser que eu pareço com ele, eu vou até aí ajeitar a sua visão. – Disse Ares em um tom ameaçador. Desviei o olhar da estátua na mesma hora. Ok... Falar de Hefesto perto dele era um assunto delicado.

Tinha um que estava vestido com poucos pedaços de pano, só que tinham ondas aos seus pés, e ele segurava um tridente. A barba de Poseidon não tinha nada a ver com ele de verdade. Na realidade... Ele mal tinha barba.

O próximo era Zeus. Era óbvio, até porque era o único que tinha um raio na mão e parecia estar pronto a atirá-lo na sua cabeça á qualquer momento.

Eu me virei quase desistindo.

- Talvez você esteja em outra sala. – Disse olhando para Ares e encolhendo os ombros.

- Ah, tá. Todos os principais estão aqui, mas eu estou em outra sala. – Concordou ele com raiva – Não! Eu tenho que estar aqui em algum lugar. Exijo isso!

Andei até perto dele e parei na sua frente.

- Ares, você... – Fui interrompida pela voz metálica.

- Ares, o Deus da guerra e das batalhas. Desde de jovem Ares foi preparado para as grandes guerras que viriam pela frente. Com sua agressividade e enorme força, resolvia todos os seus problemas de maneira violenta e eficaz. – Disse a voz. Franzi o cenho ao mesmo tempo que Ares. Nós dois nos olhamos por alguns segundos e depois olhamos para a estátua no meu lado direito.

- Não... – Murmurou ele chocado – Só pode ser sacanagem.

Olhei para a estátua, e sem querer lancei o meu comentário no ar.

- Puxa, eu sou mais forte que você. – Comentei sem querer. Ares olhou para mim e depois para a estátua com raiva.

- Isso está errado! – Exclamou ele apontando para ela. A estátua que o representava era de um cara magro. Bem magro. Acho que o meu braço era mais musculoso que o dele, sendo que eu nem mesmo malho. Ele estava em pé. Uma manta caía pela sua cintura, enquanto ele segurava um escudo. Seu cabelo era cacheado também, e seu rosto parecia representar tédio – Olhe só para esse magrelo! Não sou eu!

- Há Há! – Meu pai começou a rir de repente, e Ares se virou para ele com raiva.

- Cala a boca! – Exigiu ele trincando os dentes – Eu não sou assim! Não malho todo dia para um artista medíocre me esculpir desse jeito! Olha só para isso!

Ares apontou para a estátua ainda indignado, e depois para seu próprio braço. Ele forçou seus músculos e mostrou como era no mínimo umas 5 vezes mais forte.

- Ok... Isso foi divertido. – Disse Apolo rindo um pouco – Vamos embora logo.

- Miseráveis... Artistas idiotas... E vai dizer que essa voz não vai falar mais nada sobre mim também?! Minha vida inteira, mais de 3 mil anos, só se resume ao meu nascimento! – Exclamou ele olhando para o teto.

Revirei os olhos tentando não rir. Ares pulou na frente de sua estátua novamente só para ouvir a voz falar.

- Ares, o Deus da guerra e das batalhas. Desde de jovem Ares foi preparado para as grandes guerras que viriam pela frente. Com sua agressividade e enorme força, resolvia todos os seus problemas de maneira violenta e eficaz. – Contou a voz novamente – Ares não era muito aceito entre os Deuses, sendo evitado por causa de seu pavio curto.

- Pavio curto?! – Repetiu ele indignado.

- Sh! Quer ouvir ou não?! – Reclamei.

- O Deus da guerra teve inúmeras amantes, dentre elas Afrodite, Deusa do amor. Casada com Hefesto, Deus das forjas. Ares foi pego...

- Tá. Chega. Podemos pular essa parte. – Falou ele apressado em ir embora dali. Eu comecei a rir, junto com Hermes e Apolo. Ares não gostou daquilo, mas antes que pudesse reclamar, a voz completou a frase.

- Ares foi um Deus grandioso para os espartanos. Ele era responsável por garantir a vitória aos guerreiros. Era considerado o mais bravo dos oponentes. – Ares abriu um sorriso triunfante e mostrou todos os músculos de seu braço.

- É isso aí! É disso que eu estou falando! – Disse ele sorrindo, mas logo parou ao ver que nós estávamos indo embora – Ei, seus derrotados! Onde estão indo?!

- Sair daqui. – Respondeu Apolo.

- Logo na hora que ele fala bem de mim?! – Exclamou Ares – Fiquem aqui e não mexam nenhum músculo, seus miseráveis!

-... Porém era considerado só pela parte violenta da guerra. Sua meia irmã Atena é que representava a estratégia e a parte inteligente. – Terminou a voz.

- Ok. Acho que você podia ter dormido sem essa. – Comentou meu pai com um sorriso zombateiro.

- Tsc. Ela sempre leva o crédito por tudo! Aquela sabe-tudo metida a besta. Acha que é a melhor Deusa da guerra, porque tem um super cérebro. – Resmungou Ares – É irritante ter uma irmã assim. Queridinha do papai...

- Vamos agora? – Perguntei apontando para o fim do corredor. Ares seguiu de mal gosto ainda reclamando da estátua dele. Apolo colocou a mão sobre seu ombro e tentou consolá-lo. Algo engraçado de ver, na minha opinião.

- Tudo bem... Passou, passou... – Disse Apolo dando alguns tapinhas em suas costas. Ares olhou para ele sério, e Apolo sorriu inocentemente – Eu também fui injustiçado. Viu a minha estátua? Eu não tenho um nariz tão grande, e sou muito mais bonito que aquilo. Mas estou reclamando disso? Não.

- Eu vou quebrar o seu nariz tão perfeito, se você não tirar as mãos das minhas costas. – Disse Ares devagar em um tipo de rugido. Apolo tirou as mãos de lá e correu para o meu lado. Assim que estávamos prestes a sair do lugar, o chão começou a tremer.

- A saída de vocês está bloqueada pelos Deuses. Terão que ser espertos para sair, fugindo dos monstros. – Disse a voz. Eu franzi o cenho e olhei em volta. Não tinha anda. Mas então... Mãos começaram a surgir do chão pare tentar agarrar nossos pés.

- Wow! O que é isso? – Perguntei surpresa. Apolo sorriu animado.

- É a emoção do brinquedo! Corre! – Disse ele correndo e tentando desviar das mãos. Meu pai exclamou “Eu chego antes de você!” e saiu correndo mais rápido que Apolo. Eu e Ares tivemos mais dificuldade para desviar das mãos.

- Isso é muito estranho! – Exclamei tentando não rir. Imagens da medusa apareciam em vários lugares da parede, assim como hidras, e minotauros. Corremos o máximo que pudemos até finalmente alcançar o fim.

Para uma pessoa que não convivesse com esse tipo de monstros ou Deuses todos os dias, o brinquedo poderia mesmo ser assustador. Mas para mim estava mais engraçado mesmo.

Foi muito divertido, ou pelo menos para mim. Eu estava rindo da idéia de Deuses de verdade estarem fugindo de robôs do parque, quando Ares me alcançou.

- Não tem nenhum brinquedo que não tenhamos que correr para a saída? – Perguntou Ares olhando para trás e vendo o templo Olímpico do lado de fora.

Eu ri mais um pouco, e ele riu de mim.

- O que? – Perguntou ele.

- Nada. É só que... – Tentei parar de rir, mas foi difícil. Eu puxei a manga da minha camisa e mostrei meu braço. Tentei forçar os músculos a aparecerem e fiz pose de forte – Acho que consigo ganhar de você. Te derroto, aí serei Alice Kelly, a Deusa da guerra sangrenta.

Eu comecei a rir, e Ares revirou os olhos. Ele estava tentando esconder, mas podia notar que ele também estava querendo rir.

- Aham. Claro. Vai rindo. – Concordou ele sem ligar. Eu continuei rindo e olhei para Apolo e Hermes rindo um do outro para á frente. Estava prestes a ir até lá, quando... – Pensando bem, eu aceito o desafio.

Só deu tempo de eu me virar para Ares. Ele me deu uma gravata com seu braço, tornando impossível que eu escapasse dele.

- E agora? Quem é magro e fraco, hein? – Perguntou ele rindo. Eu queria bater nele, mas ao mesmo tempo, queria rir também.

- Me solta, magricelo! – Reclamei zombando dele – A não ser que queira que eu quebre o seu bracinho fino de moça.

- Ah, você vai fazer isso, é? – Perguntou ele rindo. Ares fechou o punho e esfregou na minha cabeça. Eu me debati sentindo um pouco de dor, e meu cabelo ficou totalmente bagunçado – E agora, ahm? Vai fazer o que?

- Ai! Ares! – Reclamei. Ele começou e rir, e eu acabei mordendo seu braço. Ele me soltou surpreso, e olhou incrédulo para mim.

- Você me mordeu?! – Exclamou ele.

- Você que começou. – Disse fazendo uma careta.

- Eu vou te pegar, Alice Kelly! – Alertou ele.

- Se você conseguir me alcançar. – Corrigi e saí correndo na direção de meu pai e de Apolo. Ares veio atrás de mim, mas por sorte não era tão rápido – Que foi? Está cansado? Suas pernas também são magras, é?

- E você?! Vai correr para perto do seu papaizinho, é? Medrosa! – Exclamou ele me perseguindo.

Embora estivéssemos nos ameaçando, eu estava morrendo de vontade de rir. E posso apostar que ele também. Nós paramos só quando estávamos perto de Apolo e Hermes.

Aí nós fingimos que nada aconteceu.


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Notas finais do capítulo

O que acharam?

O próximo capítulo vai ser o último no parque de diversão. Eu enrolo demais, né? Ha ha!

Bom... Fico feliz se vocês tiverem gostado. Agradeço aos reviews que já recebi! Vou respondê-los mais tarde, ok?

Beijos, gente!