Minha Viagem Infernal escrita por Mandy-Jam


Capítulo 13
1, 2, 3.. Diversão!


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem!

Essa é só a primeira parte do parque, ok?

Aqui vai...



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- Já disse que não! – Exclamou meu pai com raiva. Franzi o cenho sem entender porque ele estava irritado daquele jeito, mas então pude notar que ele estava no celular – Não me interessa. Só porque ela manda na agricultura quer dizer que eu tenho que acelerar os pedidos dela? Tenho o Olimpo inteiro para ajudar, sabia?

- Dá para resmungar em outro lugar? – Reclamou Ares virando-se para ele – Eu quero ver TV, droga!

Meu pai fez a mesma coisa que eu faria. Gesticulou perfeitamente com a boca um “vai se ferrar” para Ares sem pronunciar nenhum som, e voltou a falar no telefone.

- Ok... Acho que o passeio acabou. – Comentei colocando as mãos nos bolsos. Meu pai baixou o telefone e olhou para mim franzindo o cenho – Está tudo bem. Você é ocupado. Eu entendo que não vai ter tempo, e realmente não quero atrapalhar.

- Alice, eu posso dar um jeito. – Disse ele tampando o celular para que a pessoa do outro lado da linha não ouvisse – Sério. Isso não é problema. Você não vai atrapalhar em nada.

- Vou sim. Aposto que Deméter quer que você entregue algo para ela. – Falei olhando para ele – Por mim... Sem problemas.

- Deméter sempre quer que eu entregue alguma coisa para ela. Vive querendo furar a fila. Provavelmente vai fazer todos as entregas que forem flores murcharem, mas quem liga? Não são para mim mesmo. – Ele riu e deu de ombros. Meu pai falou mais algumas coisas e simplesmente bateu celular. Com um movimento descontraído, ele jogou o aparelho no sofá.

Só que ele acabou caindo no colo de Ares, que deu um pequeno pulo ao sentir as duas cobras se mexendo na antena. Não pude deixar de rir.

- Joga essa porcaria em outro lugar! – Reclamou ele lançando o celular com força contra Hermes, que o segurou sem problemas e jogou novamente longe. Ele caiu na poltrona desconfortável e dessa vez ficou lá – Ninguém merece essas cobras...

- Vamos logo? – Perguntou ele animado. Hermes abriu um sorriso para mim e piscou – Acho que temos umas horas antes que acumulem mais de 1000 ligações perdidas.

- Vamos. – Confirmei segurando as chaves do meu carro novo. Apolo me abraçou com força e pude sentir o calor de seu corpo – Apolo?

- Isso vai ser demais! Nós podemos ir juntos em todo lugar. Nas montanhas russas, nas casas mal-assombradas... Aliás, sinta-se a vontade para se agarrar á mim se levar um susto. Podemos ir também no túnel do amor... – Apolo murmurou o último lugar no meu ouvido, mas o meu pai deu um passo na frente e abraçou a mim também.

- É. Tem razão. Todos nós podemos ir ao túnel do amor. – Comentou meu pai fuzilando o Apolo com um olhar severo – Ares também.

- Blargh. Ninguém merece essa frescura de túnel do amor. – Comentou ele se levantando do sofá e desligando a TV – Se é para ir ao parque, pelo menos vamos em brinquedos de verdade. Tiro ao alvo, aqueles outros que você tem que bater com um martelo para medir a sua força e...

- Desculpe cortar a sua animação, mas não é você que está fazendo 20 anos. – Disse o meu pai interrompendo a lista de Ares – Alice vai escolher os brinquedos.

- O que?! Todos eles?! Isso não é justo! – Exclamou Ares revoltado.

- Age desse jeito infantil e ainda me chama de pirralha. – Comentei indo para a porta. Apolo me seguiu, Ares resmungou um pouco, e meu pai arrastou ele junto.

Eu resolvi, é lógico, que iria com o meu lindo carro novo. Ares falou que eu era um desastre no volante, e que preferia ir na sua própria moto. Apolo disse que queria ir comigo no carro.

- Você sabe... Devemos sempre prestar atenção ás curvas. – Lembrou Apolo fazendo um gesto para eu passar na frente. Só que Apolo parou para olhar as minhas curvas enquanto falava – Mas se você quiser, eu não me importo de olhar para você.

- E eu olho você. Para que nenhum acidente aconteça. – Sorriu meu pai colocando a mão sobre o ombro de Apolo. Ele riu um pouco para Hermes dizendo que estava só de brincadeira, mas eu duvido que meu pai fosse ignorar aquilo – Eu vou com vocês, se não se importarem, é claro.

- Claro que não. – Respondi entrando no carro.

- Imagina... – Disse Apolo em um tom pouco convincente, entre dentes. Eu ri olhando a cena e acenei para eles entrarem no carro.

Assim que Apolo sentou-se na frente comigo, e o meu pai logo atrás de Apolo, eu acelerei. Aquela foi a sensação mais doce que eu já experimentei. Sim, eu já dirigira o carro de Apolo, mas não era a mesma coisa que aquele carro.

Só de saber que ele era meu, aquilo já tornava tudo bem mais confortável. Poderia dirigi-lo a hora que quisesse sem que ninguém reclamasse comigo sobre arranhões, ou controlasse o jeito como eu dirigia.

Apolo vivia falando para eu fazer o carro voar mais alto, ou mais baixo, ou outros comandos. Ares não deixava eu nem mesmo tocar na moto dele, com medo de eu a arranhar, amassar, manchar, estragar, quebrar, explodir, destroçar, ou qualquer outro ato de vandalismo.

Mas aquele lindo BMW Z8 era meu e ninguém ia me controlar com ele. Sorri durante todo o percurso, mesmo com o meu pai e Apolo discutindo sobre qual seria a velocidade máxima de um carro como aquele, ou sobre como eu deveria ir mais rápido para ele testarem suas teorias sobre o modelo.

Assim que eu estacionei na frente do parque de diversões, Ares já estava lá.

- Finalmente. – Comentou ele – O que aconteceu? Pegaram todos os sinais vermelhos da cidade?

- Não enche. Vamos logo comprar os ingressos. – Disse eu. Assim que nós saímos da fila e entramos no parque, pudemos ver os milhares de brinquedos diferentes. Rodas gigantes, montanhas russas, casas estranhas... Era bem legal. Tá... Talvez eu pudesse passar o meu aniversário em um lugar mais igual á minha idade.

Estava pensando que talvez estivesse agindo de modo um pouco infantil. Eu estava fazendo 20 anos, e estava indo comemorar em um parque de diversões. Bem... Esse pensamento só ficou na minha mente por alguns segundos, pois Apolo começou a puxar meu braço para cima e para baixo.

- Vamos na montanha russa? Vamos? Vamos? Vamos? – Pediu ele como se fosse uma criança.

- Só se for naquela. – Apontou Ares para uma que os carrinhos andavam de cabeça para baixo. Apolo fez uma careta e negou com a cabeça, mas Ares sabia que quem escolheria seria eu – Vamos, Kelly! Você sabe que aquela é a melhor!

- Ela quer ir em outra, não é? Aquela de madeira ali! – Apontou Apolo animado.

- Não! Ela quer ir na de cabeça para baixo! – Insistiu Ares.

Eu estava tentando não rir. Bom... Se eles dois tinham uns 3 mil anos e estavam agindo como crianças, acho que não ia ter nenhum problema se eu entrasse na brincadeira.

- Não. Quero ir á casa mal assombrada. – Escolhi apontando para uma casa enorme pintada de preto, com janelas quebradas, e gritos vindos de seu interior. Apolo dez uma careta para Ares.

- Se deu mal! Ela não escolheu o seu brinquedo! – Riu Apolo.

- Se toca, raio de Sol! Ela também não escolheu o seu! – Exclamou Ares retribuindo a careta. Ri dos dois, e meu pai me puxou.

- Deixa eles aí e vamos logo. – Disse ele correndo em direção ao brinquedo. Comecei a correr com ele, e só depois de alguns metros é que Ares e Apolo se tocaram que eu estava á meio caminho.

Quando nós chegamos ao fim da fila, eles demoraram cerca de 2 minutos para nos encontrar. Apolo e Ares olharam para a casa e viram algumas pessoas saírem lá de dentro gritando. Outros estavam rindo, mas pareciam ter levado belos sustos.

- Ok... Isso me surpreendeu de novo. Achava que você ia escolher o carrossel, ou aquelas xícaras de giram. Pensei que brinquedinhos de criança fossem mais do seu gosto. – Falou Ares para implicar comigo.

- São os próximos. E você vem comigo. – Rebati, implicando de volta.

- Vai sonhando. – Respondeu ele. Ele não parecia nem um pouco incomodado com aquilo. Ares estava na verdade... Pela primeira vez... Bem relaxado. Assim que o responsável pelo brinquedo abriu as portas para nós, nós entramos. Apolo segurou a minha mão.

- Lembre-se... Se quiser me agarrar... – Falou ele sorrindo.

- Eu não vou ficar com medo disso. – Falei rindo – Não vou te agarrar.

- Mesmo assim. Se você por um acaso quiser... – Insistiu ele.

- Esquece. – Fiz uma careta para ele e corri para frente. Apolo foi atrás de mim, mas nós dois paramos quando demos de cara com uma parede. Franzi o cenho – Isso não estava aqui antes, não é?

- Acho que não. Mas... Está escuro. Eu posso não ter visto. – Respondeu ele dando de ombros. Apolo se aproximou e tocou a parede para ver se ela se movia, mas acabou levando um susto quando Ares berrou em seu ouvido.

- Cuidado! – Apolo de um pulo ao ouvir a voz de Ares tão perto de seu ouvido. Ares começou a rir, e passou a mão sobre o ombro dele – Uma aranha.

- Filho da...! – Apolo engoliu o resto da frase – É a terceira vez, seu miserável! Eu te mato!

Apolo saiu correndo atrás de Ares, que saiu correndo para longe de Apolo ainda rindo de sua cara. Eu tentei acompanhá-los, mas estava escuro. Acabei me perdendo. Não sabia nem mesmo onde estava o meu pai.

Tinha quase certeza que as paredes estavam se mexendo. Olhava em volta e não sabia dizer de onde eu tinha saído. Estava pensando em parar um pouco, quando senti uma mão passar pelo meu pescoço. Virei-me repentinamente e levei um susto ao ver uma pessoa vestida perfeitamente de zumbi. Sem querer acabei gritando, e saí correndo pelos primeiros caminhos que vi.

Depois de virar vários corredores á alta velocidade, acabei esbarrando em alguém que também estava correndo. Nós dói gritamos e caímos um por cima do outro no chão.

- A-Ah... Desculpa... – Disse baixinho ainda me recuperando da queda. Minhas mãos estavam em seu peito, e eu podia sentir a sua respiração se misturar a minha. Estava muito escuro, por isso levei um tempo para reconhecer quem era – Ares?

- Que? – Perguntou ele em resposta. Sua voz estava falhada, como se ele também estivesse se recuperando da queda – Vai dizer que se machucou?

- Não. Eu estou bem. – Respondi. Foi aí que notei que meu corpo estava contra o dele. Minha mãos estavam em seu peito quente, e meu rosto estava perto do dele. Me levantei desajeitada. Para a minha sorte, estava escuro demais para ele notar que meu rosto estava vermelho – De onde você veio?

- De onde você veio? – Corrigiu ele coçando a cabeça – Você sumiu do nada, Kelly. Apolo também se perdeu por aí... Deve estar chorando como um bebê nesse exato minuto.

Revirei os olhos, mas me controlei para não rir. Olhei para o lugar de onde Ares tinha vindo. Tinha uma parede na frente. Sabia que elas se mexiam!

- Tem um cara vestido de zumbi. – Contei para ele.

- Tem um maluco vestido de múmuia também. Seu pai quase desmaiou. – Riu ele lembrando da cena. Ares coçou a cabeça mais um pouco e olhou em volta – Tsc. Acho que só dá para ir para lá. A esquerda.

- Pode ser. – Concordei. Ares segurou a minha mão, o que me surpreendeu. Olhei para ele, mesmo não conseguindo ver seu rosto – O que...?

- Vem comigo, senão nunca mais te acho de novo. Aí vão ficar enchendo o meu ouvido. – Disse ele me puxando na direção que escolhera. Algumas coisas estranhas aconteceram também. Um tipo de gemido preencheu todo o corredor, o chão rangeu, um órgão começou a tocar do nada... Era tudo muito estranho, eu tinha que admitir. Chegava a dar medo, no fundo.

De certo modo, eu tinha sorte de ter achado o Ares. Senão como conseguiria voltar para a saída?! Teria que morar na casa mal-assombrada pelo resto da minha vida. Dormindo nos chãos que rangem, fugindo de fantasmas falsos e pessoas fantasiadas...

Tá. Isso era algo muito exagerado de pensar. Sei que quando finalmente achamos a saída, nós levamos um susto final. Nós estávamos andando em direção á porta, mas parecia que nós não estávamos saindo do lugar. Uma porta se abriu atrás de nós, e foi aí que me toquei... O chão estava nos empurrando para longe da saída!

- Corre! – Exclamei correndo com toda a minha força. Ares tentou fazer o mesmo, mas estava realmente difícil. Por fim, ele me pôs sobre o ombro e deu um pulo para a direção da saída. Deu certo, pelo menos.

Assim que chegamos ao lado de fora, a luz do Sol quase queimou a minha vista.

- Livres. – Suspirou ele me colocando no chão. Eu dei alguns passos para longe e olhei em volta. Meu pai apareceu do meu lado de repente.

- Se divertindo? – Perguntou ele dando uma mordida no algodão doce. Olhei para ele sem acreditar. Esperava que ele ainda estivesse preso lá dentro.

- Um zumbi quase me matou do coração, mas foi divertido. – Comenti dando de ombros – Cadê o Apolo?

- Ele foi comprar refrigerante. – Contou meu pai – Disse que precisava da cafeína da Coca-Cola para equilibrar a sua mente de novo. Aí ele fez um haicai. Eu fingi que prestei atenção e fui embora.

- Haicais... – Estremeci ao lembrar de como aquilo era chato – Bem... Acho que podemos ir andando então, não é? Digo... Para onde o Apolo está.

- Escolha outro brinquedo, e ele nos acha. – Resmungou Ares – Não vou ficar perto dele para ouvir os seus haicais.

- Ok... – Parei para pensar em outro brinquedo, mas meu pai me impediu.

- Ah! Eu vi um que nós temos que ir! Vou rir muito com isso. – Disse meu pai já rindo. Hermes olhou para longe e apontou a direção – É para lá.

- É sobre o que? – Perguntou Ares.

- Se chama “A fúria dos Deuses”. – Contou meu pai.

Eu, Ares e ele rimos um pouco.

- Sério? Como deve ser isso? – Perguntei rindo – Tem alguém fantasiado de Zeus lá dentro que joga raios nas pessoas que passam?

- Isso ia ser engraçado de ver... – Riu Ares – Vamos logo nesse aí.

Sem nem me dar chance de falar nada, Ares saiu na direção em que meu pai apontara. Eu e ele o seguimos, ainda rindo da idéia de terem feito um brinquedo com o tema do Olimpo. Na metade do caminho, Apolo apareceu com um copo enorme de Coca-Cola. Acho que Hermes não estava brincando quando disse que ele precisava de cafeína.

- Ufa... Melhor agora. – Suspirou Apolo depois de tomar um longo gole de Coca-Cola. Ele olhou para mim e sorriu – Fico feliz de saber que você ainda está viva.

- Musas imortais não costumam morrer por causa de brinquedos de parque de diversões. – Respondi fazendo pose de heroína.

- É. Mas filhinha de Hermes mimadas e medrosas, sim. – Comentou Ares virando-se para mim. Ele não perdia uma...

- Ah, desculpa, Deus da guerra. Mas eu tenho certeza que ouvi você gritar de medinho lá dentro, antes de esbarrar comigo. – Rebati e o rosto de Ares ficou vermelho.

- Eu não gritei! – Exclamou ele – Mentirosa.

- Verdade. – Retruquei. Apolo e Hermes começaram a zoar Ares, e eu acabei rindo. Ele virou-se para mim com mais raiva ainda.

- Vamos ver o que te aguarda no “Fúria dos Deuses”. – Comentou ele – Aguarde, Kelly. Você ainda me paga por essa.

- É. É. Você diz isso toda vez. – Comentei fingindo concordar com ele.


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Notas finais do capítulo

Como vocês acham que vai ser na "Fúria dos Deuses"?

Posso garantir que vai ser engraçado. He he.

Espero pelos reviews!