Coeur Faible escrita por NRamiro


Capítulo 7
Parte 6




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/147271/chapter/7

- Merda... - Xinguei enquanto acordava. Os raios de sol que escapavam por entre as cortinas batiam bem em meu rosto. Remexi-me um pouco e me levantei rapidamente. Minha cabeça doía um pouco decorrente a luminosidade que batia em meus olhos.

Com passos largos fui até a cozinha, enchi um copo de água e bebi sem pressa. A dor de cabeça passando aos poucos.

Já havia passado quase duas horas desde que acordei. A casa estava totalmente silenciosa, mas o barulho estridente de meu celular rompeu esse confortável silencio. Corri até onde o aparelho estava e o atendi, xingando mentalmente quem estava me incomodando.

- Sei que você não pretendia vir hoje, mas...-

- Não só pretendo, como não vou - Cortei Henrie enquanto falava.

- Você deve. Temos serviço.

- Nós terminamos um recentemente. Jason e Bette, eles não podem cuidar disso? - Os nomes que sugeri, assim como Henrie e eu, pertenciam ao mesmo círculo. E como havíamos saído há pouco tempo para um serviço, era muito pouco provável nos chamar para este.

- Eles já estão em um.

- Já estão em um? Como assim? - Era raro mais de uma dupla saírem para serviço ao mesmo tempo. Isso só acontecia quando algo grave estava para acontecer, ou acontecendo. - O que está havendo ai, Henrie?

O ouvi suspirar e fechei os olhos esperando que sua voz voltasse a soar pelo aparelho. O que está havendo lá? Depois de vasculhar minha mente diversas vezes em segundos não consegui achar nenhuma resposta. Quando Henrie voltou a falar, senti minhas mãos gelarem.

- Recebemos uma mensagem. É de um dos protegidos. E nela dizia: “Eles me pegaram, e Spork também. Eles sabem de tudo”. Venha o mais rápido Francesca.

Assim que ouvi suas últimas palavras, desliguei o celular e praticamente corri até o quarto para vestir algo adequado. Botas e calças escuras, blusa sem mangas branca e uma jaqueta. A OTs-38 escondida na parte de trás da calça.

As pessoas em seus carros andavam de um modo tão lento que me irritavam de um modo insano. Eu precisava chegar na Coeur Faible o mais rápido possível, e aquelas pessoas não estavam ajudando em nada.

Coeur faible, originado do Francês, significa coração fraco. Por centenas de anos, boatos rondavam as cabeças mais esclarecidas. Boatos que começaram na charmosa Europa e se espalharam por todos os bem informados no mundo. Vivíamos escondidos pelas sombras e mentiras, mas também possuímos infiltrações em grupos governamentais. Coeur faible tinha inimigos, e não eram poucos. Para uma organização que protegia há séculos obscuros inccubus e succubus, éramos muito bem sucedidos no que fazíamos. Não podíamos ter falhas, e isso que estava acontecendo só podia significar uma coisa: falhas.

Quando finalmente cheguei ao local e pude me sentir segura atrás da porta de isolamento acústico, vi a desorganização ocupando cada centímetro daquele lugar. Vozes altas, passos rápidos e sussurros preocupados.

Andei rápido até o aposento onde Henrie e eu costumávamos ficar e o achei sentado na poltrona, bebendo impaciente um copo de café.

- Henrie! - Exclamei ao vê-lo.

- Fran! - Levantou-se e me estendeu um outro copo de café. – Beba.

- Não. Eu quero saber o que está acontecendo.

- É melhor você beber, hoje o dia vai ser longo.

Rendi-me ao café e deixei que o líquido quente amargasse minha boca de um jeito delicioso. Henrie me observava e eu podia ver que ele estava se segurando para não demonstrar toda sua preocupação com sentimentos desesperados. Fazia muito tempo que não via McMahon nessa situação.

Deixei o copo em cima da mesa e cruzei os braços, esperando que ele começasse a me informar sobre o que estava acontecendo.

- Um corpo – Começou. - Mas não um humano, um corpo de um inccubus foi achado no necrotério nessa manhã.

Fechei os olhos enquanto suas palavras me acertavam violentamente. Um corpo de um dos protegidos fora achado, isso com certeza é uma tradução perfeita para falhas.

Concordei com a cabeça para que ele continuasse.

- Uma succubus está desaparecida, e nós tememos que ela esteja nas mesmas mãos dos que mataram Spork. Este é o nome do inccubus - Esclareceu-me.

- Tudo bem - Respirei fundo, estralando alguns dedos de minha mão. Esse era o modo que eu achava para manter a calma. - Então nosso trabalho é tentar achá-la, e claro, descobrir quem está por trás disso.

- Isso mesmo - Concordou com um aceno de cabeça. - Isso aqui está um caos hoje.

- Por onde começamos a procura?

- Dessa vez vamos para uma cidade pequena, no sudoeste - Abriu uma das gavetas do armário que havia naquela sala e retirou alguns papéis, começando a lê-los procurando por algo. Achando o que queria, veio até mim, mostrando-me a foto de uma mulher ruiva, pele extremamente clara e olhos castanhos. - Essa é a succubus. Janester é o nome dela, e achamos que ela está em Salismouthh.

- Essa viagem vai ser longa dirigindo. - Lamentei. Eu realmente odiava fazer viagens longas, essa era uma das únicas coisas que conseguiam me desgastar.

- Podemos ir de trem, Francesca.

- Acho que vou abrir mão do meu porshe pelo menos essa vez então. Quando deixaremos Londres?

- Assim que você estiver pronta.

Levantei-me e joguei meus cabelos para trás, com um suspiro saí daquele cômodo acenando com a mão para Henrie me seguir. O barulho da bota batendo contra o chão marcava um compasso regular, mas ainda rápido. A idéia de ter que pegar por um trem ainda me incomodava, mas era mais agradável do que ter que dirigir por longas horas. Pelo menos se tivéssemos a opção do trem bala... Mas não.

A estação de metrô não ficava muito longe dali, então decidi ir andando, ainda absorta em meus pensamentos. A única vez que algo parecido havia acontecido fora quando Lucy morrera, mas demoramos anos para finalizar o homem que havia causado aquele acidente de carro. Meu sangue fervia e algo dentro de mim me falava que quem matou Spork não duraria muito tempo, ainda mais se dependesse de mim.

Não poderia dizer que a estação de Camden Town estava um caos, mas havia um grande número de pessoas ali, e isso já era algo perto do caos para mim. Desviando de algumas pessoas e depois de comprarmos as passagens logo estávamos esperando alguns minutos para começarmos nosso caminho até Salismouthh.

Não havia muitas pessoas dentro do vagão e as poucas que tinham, iam saindo enquanto Henrie e eu continuávamos nosso caminho para o sudoeste da Inglaterra. Adormeci com a cabeça apoiada na janela e só fui acordar com o barulho estridente de algo tocando, talvez um telefone celular. Remexi-me em meu acento e olhei para o lado, percebi que o barulho responsável por me acordar era de fato vindo de um celular. McMahon mexia em seu aparelho concentrado.

- Algo importante? - Perguntei.

- Só estavam confirmando nosso destino - Disse após dar de ombros. - Trem e metrô sempre me cansaram. Desde pequeno - Comentou após bocejar.

- Quando eu era pequena quase não saia de casa. Sempre sozinha por trás de toda a proteção montada por meu pai. O que mais me cansavam eram pessoas, muitas pessoas - Confessei. Por mais que eu não gostasse de falar sobre mim, sempre deixava escapulir algo para meu parceiro. Não via problemas nisso, já que confiava nele.

- O que você acha que vamos encontrar lá? - Mudou de assunto.

- Eu realmente não faço idéia.




Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

reviews? Vamos, digam-me o que estão achando!