Coeur Faible escrita por NRamiro


Capítulo 8
Parte 7.1




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Uma chuva branda e fina caía sobre Salismouthh quando Henrie e eu procurávamos por algum lugar para ficar. Precisávamos estudar os papéis que nos foram entregues.

Acabamos por escolher um hotel de aparência antiga que talvez não recebesse clientes há um bom tempo. A chuva começava a engrossar, então este hotel com a fachada já desgastada era nossa única opção. O seu interior até que me surpreendeu um pouco, era bem arrumado e as paredes e móveis possuíam uma coloração clara e convidativa.

- Boa noite - A atendente sorriu-nos. Tinha cabelos negros e ondulados que combinavam com a cor também escura de seus olhos, mas sua pele era demasiada branca. - No que posso ajudá-los?

- Queremos um quarto. Tempo indeterminado.

A mulher que se chamava Andy – estava escrito em seu crachá – começou a digitar algo em seu computador e logo começou a perguntar por meus dados, e os de Henrie também.

- Estamos tendo muitas mortes por aqui - Começou a falar estralando os lábios. - Temos que ter cuidado com quem se hóspeda aqui. Entendem?

- Claro - McMahon sorriu. Lançou-me um olhar preocupado, mas também curioso, e tornou a falar. - Mas... E essas mortes? A polícia já descobriu o que aconteceu?

- Não. Ainda não - Suspirou. - Começou com desaparecimentos. Homens e mulheres desapareciam todas as semanas, porém, agora só homens estão desaparecendo. A polícia acha que é um serial killer, mas ainda não descobriram o padrão dele.

- Isso é preocupante - Comentei. De fato a polícia não havia descoberto nada ainda, pois se tivesse, já teríamos sido informados. Muitos da CF estavam inseridos no serviço secreto e governo de vários países, é claro. - Bom, poderia nos dar a chave do quarto?

- Ah sim, claro - Andy se afastou do balcão e mexeu em algumas caixas, voltando com uma chave pequena em mãos. - Hm, os senhores vão ter de pagar a primeira diária agora. Questões de segurança.

A contra gosto comecei a enfiar as mãos em meus bolsos procurando por algum dinheiro. Não que eu não quisesse pagar as diárias desse hotel, eu teria, de qualquer maneira. Empurrei algumas notas para a mulher que as guardou com um sorriso para finalmente nos a chave do quarto.

- Terceiro andar. Quarto 301.

Peguei a chave e comecei a subir pelas escadas com Henrie nos meus calcanhares. Primeiro, segundo e logo já estava no terceiro andar. Assim que girei a chave na fechadura esperei Henrie entrar para voltar a trancar a porta e então falar: - Acho que as coisas estão um poucochinho pior do que eu imaginava.

- É. Mesmo.

- Por onde começamos? - Perguntei apontando pra maleta que ele ainda carregava.

- Vamos analisar o material - E então abriu a malta encima da cama, revelando seu conteúdo.

Vários papéis com anotações manuscritas, fotos e recortes de jornais estavam jogados pela superfície não tão plana da cama. Olhei cada item com extremo cuidado para me decidir por onde começaria. Peguei uma foto onde mostrava uma mulher, uma succubus, que possuía longos cabelos vermelhos, a pele era muito branca e seus lábios eram grossos e de coloração tão vermelha quanto seus cabelos. Não podia ver seus olhos, já que estes eram escondidos por uns óculos escuros, mas eu sabia que seriam castanhos. Succubus e inccubus apenas possuíam olhos castanhos.

Peguei o próximo papel. Uma anotação em caligrafia legível diziam sobre as datas que Spork – o inccubus que fora encontrado morto – e Janester foram vistos e então mais uma data, esta de quando o corpo do inccubus foi achado num necrotério de Londres. Claro que, quem trabalhava neste necrotério, não deve ter acreditado no que via ao examinar o corpo do protegido. Quando morrem, o coração continua a bater em ritmo acelerado por uma semana até então parar subitamente. Incrível, na minha opinião.

- Eles ficaram três semanas desaparecidos, até Spork aparecer morto - Murmurei.

- O que você acha que aconteceu durante esse tempo?

- É o que eu estou me perguntando. Três semana é um período de tempo muito grande - Suspirei e crispei os lábios. - Torturas talvez, para descobrirem algum segredo.

- Provavelmente.

- Provavelmente - Concordei.

Continuei a analisar o resto do material. Uma foto de Spork, outra de Jenester, anotações sobre possíveis suspeitos do seqüestro e assassinato. Longos minutos se passaram até eu finalmente parar de olhar os vários papéis.

- Amanhã vai ser um longo dia, Henrie - Falei olhando-o.

- Longo dia - Afirmou-me e olhou para janela. Acompanhei seu olhar e me deparei com um céu negro e ainda muito chuvoso, e foi só neste momento que notei o barulho da chuva ricocheteando o vidro. Com um suspiro senti um peso forçar meus ombros. Estava cansada, e a perspectiva de um dia cheio amanhã me deixava ainda mais mole.

- Vou tomar um banho - Henrie disse e se levantou, seguindo até o banheiro e fechando a porta atrás de si. Aproveitei o momento por estar sozinha e retirei minhas roupas, guardei-as e então me enfiei debaixo dos cobertores. Estavam quentes e me fizeram adormecer numa velocidade incrível.




Quando acordei, o céu não estava claro e convidativo, parecia como um dia chuvoso londrino. Levantei-me, reparando que meu parceiro e amigo ainda dormia, então fui para o banheiro. Precisava de um banho.

Prendi meus longos fios num coque no alto da cabeça. Lavá-los agora não seria uma boa idéia. A água quente bateu em minhas costas e foi impossível reprimir murmúrios de aprovação. Meus músculos se relaxavam deixando-me leve e aos poucos revigorada.

Não sei ao certo quando tempo fiquei ali, aproveitando a água extremamente quente que bateia em meus músculos, deixando minha pele alva numa tonalidade vermelha. No entanto, tive que interromper meu banho por causa de um barulho alto vindo do quarto. Enrolei-me na toalha branca que estava pendurada próxima de mim e abri um pouco da porta do banheiro com cautela, foi o suficiente para ver Henrie McMahon sentando no chão abraçado a uma de suas pernas.

- O que aconteceu? - Perguntei com um leve tom risonho. As feições dele demonstravam dor.

- Eu, hm, caí - Disse simplesmente. Pude ver que estava um pouco constrangido com a situação.

Não me reprimi dessa vez, deixei que uma risada leve escapasse de meus lábios. Às vezes Henrie conseguia se atrapalhar com as coisas mais simples, mas quando o assunto era nosso trabalho, ele não falhava.

- Eu vou ir lá na recepção. Ver os jornais - Disse e deixou o quarto. Aproveitei a ausência dele para trocar de roupa com mais privacidade.

Na sala onde Henrie e eu ocupávamos na CF sempre havia uma mala reserva com roupas caso precisássemos fazer viagens surpresa como essa. Nas malas havia o que poderíamos precisar, roupas e claro, munições.

Precisei escolher bem as roupas que usaria, já que estávamos numa cidade pequena e chamar atenção não seria algo bom.  Acabei por optar pelo vestido branco curto e uma calça jeans clara, as duas peças juntas davam-me um ar de uma garota normal em viagem. Nos pés, uma bota escura. No fundo da mala acabei por achar um casaco longo e de tonalidade tão escura quanto a da bota, vesti-o e reparei que havia vários fundos na sua parte interior; seria ótimo para esconder a OTs-38. Mantive o cabelo preso em coque, pois os fios soltos durante um trabalho poderiam atrapalhar.

- Não tem nada de novo nos jornais.

- Então vamos ter que descobrir mais por nós mesmos.

Puxei do pequeno bolso da mala um canivete miúdo, mas altamente cortante, e o escondi na bota.

- Vamos, estou com fome.

Descemos os lances de escada e chegamos até o hall onde a recepcionista, que eu me lembrava se chamar Andy, nos sorria largamente.

- Como está bonita, Isabelle - Esse foi o nome que lhe informei quando perguntou meus dados na noite passada.

- Hm... Obrigada – Sinceramente, não conseguia entender a necessidade das pessoas em ficar distribuindo elogios.

Saí do hotel acompanhada de Henrie e entramos na primeira lanchonete pela qual passamos. O lugar era até arrumado, mas a comida não me atraiu em nada, no entanto, como teria que me sentir satisfeita durante o dia, acabei por acompanhar McMahon no pedido dele. Um capuccino acompanhado de alguns bolos.

Os bolos e a bebida não estavam tão ruins quanto imaginava, então em poucos minutos eu já havia terminado, e Henrie também. Pagamos pela comida e saímos dali.

- Por onde começamos? - Perguntei enquanto equilibrava um cigarro em meus lábios e o acendia com cuidado. Soltei a fumaça lentamente e encarei meu parceiro, esperando alguma resposta.

- Estou com uma foto de Spork e Janester aqui - Mostrou-me. - Precisamos perguntar se alguém os viu.

Andamos por alguns minutos até virarmos numa rua onde havia alguns comércios. Entramos em um pequeno mercado, uma padaria e um bar. Neste último, a barwoman que nos atendeu, informou-nos que havia visto Janester com Spork aqui. Nossa primeira pista.

- Ela costumava vir aqui, a ruiva. Sempre pedia uísque e no final da noite saía com algum homem. Agora, o amigo dela era mais recatado. Ficava num canto quieto, sempre fumando.

- Você se lembra a última vez que os viu?

- Lembro sim. Faz três semanas completas. Sei com precisão, já que eles viam aqui sempre, algo como três para quatro vezes por semana - Explicou-me enquanto ajeitava alguns copos em cima do balcão. - Apesar dessa ruiva ser bem estranha.

- Estranha? - Perguntou Henrie curioso.

- É. Ela atraía homens apenas com olhares - A barwoman riu, senti-me forçada a fingir uma risada junto à dela. Olhei pelo canto dos olhos para Henrie, parecia bastante pensativo. Quando voltei a mirar a barwoman ela tinha um ar estranho e nervoso, mas tentou disfarçar quando percebi isso. - Vocês vão querer alguma coisa? - Perguntou estranhamente.

- Nada, por enquanto.

Logo nos afastamos para um canto do bar mais silencioso. Sentei-me à uma pequena mesa e apoiei meus cotovelos na mesma antes de voltar a olhar para a barwoman. Ela limpava alguns copos nervosamente, quase quebrou um deles.

- Por que você acha que ela está agindo assim? - Perguntei. - Mudou de postura tão repentinamente.

- Eu não sei, mas precisamos ficar alerta - Avisou-me. É claro que ficaríamos.

Ajeitei-me sobre a mesa e cruzei os braços. Meus olhos rolaram por todo o bar, analisando o local. As paredes eram pintadas de uma coloração que lembrava a madeira, isso combinava com as mesas que eram do tal material. Havia também um pequeno palco onde provavelmente aconteciam apresentações de música.

- Francesca - Henrie chamou-me. - O que você acha que e-- Mas ele não conseguiu completar sua frase. A barman o havia acertado com algo na cabeça, fazendo-o desmaiar. Levantei-me num pulo e enfiei a mão nos bolsos interiores do longo casaco na procura de minha arma, mas fora tarde demais. Algo acabara de colidir em minha nuca, fazendo-me desmaiar assim como Henrie. Não percebi quando meu corpo se colidiu contra o chão.




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Notas finais do capítulo

E ai, gostaram do capítulo? Se sim, comentem por favor! Se não, falem porque :))) reviews, reviews *-*
Beijos x
* Eu esqueci de falar no capítulo anterior, então vou falar agora. Salismouthh não existe! É uma cidade inventada por mim :)



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