Domingo, 20 de março, 13h30min

Querido Diário

Logo irei encontrar-me com Annie para sairmos juntas, por isso resolvi escrever um pouco antes de ir. Confesso que estou bem ansiosa, mas acho que você já deve ter reparado nisso.

Ontem à noite eu liguei para vovó, como havia dito que faria. É claro que a primeira coisa que ela me perguntou foi se eu já tinha arrumado um namorado sueco... Sem comentários, por favor. Estou com tantas saudades dela, ela também disse que os meus pais agora estão aceitando mais a minha viagem, mesmo não achando certo. Eles não podem fazer mais nada, eu já estou aqui! Até parece uma alucinação, um sonho, como algumas das histórias que foram contadas a mim durante toda a minha infância.

Hoje de manhã finalmente eu consegui organizar um pouco das coisas que eu trouxe. Eu estou achando que exagerei ao fazer minhas malas, trouxe quase meu guarda-roupa inteiro, todo o meu material de fotografia e filmagem (achei que seria uma boa idéia para registrar tudo o que acontece aqui), isso sem falar em livros e filmes que eu trouxe. Estou achando que eu exagerei MESMO.

Agora eu irei esperar por Annie, depois eu lhe conto como foi o nosso passeio.

P.S: Podem me internar, eu continuo falando com o diário...

Emma e Annie se encontraram no saguão do prédio.

- Oi!

- Oi! Onde você vai me levar?

- O que você prefere: parque ou shopping?

- Não sei, parque?

- Então nós vamos ao parque. Fica perto daqui, podemos ir andando. É um lugar que eu gosto de ir quando eu quero pensar. Acho que você irá gostar também. É claro, se você quiser nós vamos.

- Por mim tudo bem.

Emma já sentia uma grande amizade por Annie, ela era tão animada e simpática. Haviam se dado bem desde que se viram. Foram conversando amenidades até o parque. Era um lugar muito bonito, um lago era o centro do parque, com muitos bancos ao seu redor. Podia ver várias pessoas por lá, muitas árvores completavam o lindo cenário. Sentaram-se perto do lago.

- Quantos anos você tem, só por curiosidade? – perguntou Annie.

- 19. E você?

- 22 anos. E aí, qual foi sua primeira impressão sobre tudo isso?

- Bom... Adorei a cidade, é tão linda! Mas ainda não conheço muito, não tenho muito o que falar.

- Não tem problema, eu te apresento os melhores lugares. Logo você sairá por aí sozinha.

- Me apaixonei imediatamente por Rick. Ele é um doce!

Annie riu.

- Verdade! Eu o vi nascer e crescer, amo muito aquele garotinho. O que achou de Isabel?

- Não sei, não falei muito com ela, mas ela parece ser legal...

- Como? A Isabel não é nada legal! – gritou Annie totalmente espantada. – Você não a conhece direito ainda...

- Por que você não gosta dela?

- Por vários motivos... Acho ela tão mesquinha, fútil, arrogante. Ela não se importa com o próprio filho, só com ela mesma. Peter é um cara tão legal, e acredite, todo mundo se pergunta como ele casou-se com ela. Eles são totalmente opostos. E também teve uma coisa que aconteceu a alguns anos atrás, são só rumores, mas eu acredito que sejam verdadeiros. Tenho muitos sinais que talvez comprovem. É um dos principais motivos da minha antipatia por ela...

- E o que é? Você pode me contar?

- Sim, mas você não pode contar para ninguém que eu lhe contei.

- Tudo bem, eu não conto.

- Quando eu me mudei para onde eu moro hoje, Isabel estava grávida. Na época eu não os conhecia direito, mas observava muito o comportamento deles. Depois quando eu conheci o pessoal da banda ouvia eles comentarem sobre isso. Segundo o que eles falavam, Isabel engravidou por acidente, ela nunca quis um filho. Depois que ela engravidou, ela tomou a decisão de fazer um aborto. Peter, é claro, foi totalmente contra, eles brigavam muito por conta disso, eu o via constantemente preocupado, como se tivesse medo de que ela fizesse algo por impulso. E hoje eu vejo o modo como Isabel despreza Rick, não sei explicar o modo como isso me faz ter tanto ódio dela. Peter ama Rick mais que tudo na vida, dá pra ver isso nos olhos dele. Ele nunca quis falar sobre esse assunto com ninguém, por isso não posso afirmar nada com 100% de certeza... Mas é melhor nós esquecermos isso. – Annie ficou em silêncio durante alguns instantes. – Então, você já conhecia o Crashdïet antes de vir para cá?

- Conhecia quem?

- Acho que isso é um não. Crashdïet é a banda do Peter, você precisa conhecê-los. Eles praticamente vivem lá no apartamento de Peter, ele montou um estúdio para eles ensaiarem. Você vai os ver tanto que até vai enjoar, mas enjoar deles é difícil... – Annie suspirou.

- Parece que você gosta mesmo deles!

- Fã número um, prazer! Peter é o baixista, ainda tem o Simon, que é o vocalista, Eric, o baterista e Martin... – Annie parou de falar de repente.

- Não foi dele que você falou sexta-feira, quando nos conhecemos?

-Sim...

- Vocês são namorados?

- Não, na verdade eu nem sei direito o que somos. Gosto muito dele, mas brigamos demais. Garanto que você ainda vai presenciar várias delas... Mas sempre acabamos nos reconciliando.

- Quanto você gosta dele?

- Muito! Muito mesmo!

Depois de algumas horas, Emma e Annie resolveram voltar para casa. Subiram pelo elevador juntas, a tarde havia sido ótimo, prometeram sair mais vezes juntas ao se despedirem. Emma subiu até a cobertura sozinha, parou em frente à porta do apartamento sem saber o que fazer. Apertava a campainha ou entrava direto? Ela já tinha a chave, porém ainda não se sentia confortável para agir como se aquela fosse sua casa. Resolver apertar a campainha.

Ouviu algumas vozes vindas lá de dentro até que alguém abriu a porta. Emma não esperava pelo que viu, sentiu suas pernas bambearem, seu corpo tremer, seu coração palpitar, suou frio...

Peter London estava ali na sua frente.