[POV Annie]

Annie olhou novamente em pânico para o pedaço de papel que estava em sua frente, não conseguia acreditar no que estava escrito ali. Ela havia lido errado, isso não estava acontecendo. Não sabia se alegrava-se ou não com a notícia.

Ela estava grávida.

Tudo agora perecia fazer tanto sentido: os enjoos, seus hormônios malucos, desejos estranhos, menstruação atrasada. Como ela não havia percebido antes? Era tão óbvio. Mas tantas dúvidas a rondavam... Como Martin reagiria? Ela estava pronta para cuidar de outra pessoa? Ela mal sabia cuidar de si mesma. Lembrou-se de quando tomou a decisão de morar sozinha, sua mãe havia rido e depois lhe falado que ela era uma “jovem louca e inconsequente”. E o pior era que ela era mesmo assim. Sua vida havia sempre sido uma verdadeira loucura, só sossegou um pouco quando conheceu Martin.

E os seus pais? Como iria dizer a eles que seriam avós em breve? Suspirou aliviada por eles estarem em outro país, não queria os confrontar naquele momento.

Que droga! Tudo o que ela queria naquele momento era se entupir de tequila. Mas ela não podia beber. Isso definitivamente era demais para a sua cabeça.

[POV Emma]

Aquele dia estava sendo realmente longo e estranho para Emma. Não havia conseguido dormir por conto do que acontecera, em um momento tinha certeza de tudo e no outro já sentia-se culpada pelo que estava fazendo. Por que ela tinha o dom de sempre complicar? Por que tinha que se apaixonar por quem não devia?

Um dia havia se passado e a noite já estava quase chegando e Peter ainda não tinha terminado o assunto que havia começado no dia anterior. Tentava tomar coragem para confrontá-lo, precisava saber o que ele queria lhe dizer, sabia que isso teria grande efeito sobre ela, mas estava pronta para o que viesse. Pelo menos tentava se convencer disso.

Mas o que ela teria a perder com isso? Seria uma boa oportunidade para acabar com toda aquela história antes que ela fosse longe demais.

Mas você conseguirá ficar longe dele?

Não tinha resposta para aquela pergunta. E se ela se arrependesse depois? Mas no fim do mês ele iria embora, ficaria longe tanto tempo que poderia tentar esquecê-lo durante esse período. Seria a saída perfeita. Ainda sim isso lhe parecia tão errado e impossível, como se ele já fosse tão importante em sua vida que nunca poderia esquecê-lo.

Tolice...

Aproveitando-se de um impulso saiu pela casa à procura dele. Resolveria tudo e nada a impediria. Ou quase nada.

Acabou o encontrando antes do que desejava. Ele estava, bem, fazendo absolutamente nada, mas não podia estar mais lindo. Sentiu toda sua determinação fraquejar e deu meia volta para ir embora dali, mas ele a viu antes que pudesse fugir.

Merda!

- Emma?

- Err... Oi! – tentou parecer despreocupada, mas soou mais como uma criança que havia sido pega fazendo travessura.

- Algum problema?

- N... Não.

- Ok. – ele pereceu não acreditar nela. – Mas que bom que está aqui...

Droga! Por que ela não fugiu antes?

-... Eu tenho que falar com você.

- Hum... É mesmo? – Praguejou baixo. Ela também tinha o dom de falar coisas brilhantes na frente dele.

- É sobre aquele beijo...

- Olha Peter...

- Só me deixe terminar. Eu sei que eu devia pedir perdão e dizer que isso nunca mais vai acontecer. Mas eu não vou fazer isso porque não é o que eu quero dizer. Eu queria fazer aquilo e não me arrependo de ter te beijado. E eu faria isso de novo.

Emma engoliu em seco. O que iria lhe dizer depois daquilo? Resolveu optar pela verdade.

- Eu não sei o que dizer.

- Me diga apenas o que você sente. Esta situação está acabando comigo. – seu olhar lhe implorava por aquilo. Tão fofo...

Emma! Não é hora para ter acessos de loucura!

- Só me resta dizer o que eu já havia falado: Isso é errado! – ele desviou o olhar do dela. Ela havia lhe atingido falando aquilo. – Mas eu não posso negar que eu também quero isso, por mais errado que seja.

- Então Emma, o que nos impede?

- Eu não quero ser a responsável pelo fim de um casamento. Eu não conseguiria acordar todos os dias com esse peso na minha vida. – expôs toda a verdade que estava dentro dela. Precisava tirar isso de dentro dela.

- Emma, você não vai acabar com o meu casamento.

- Peter, eu...

- Não, você não vai! Ele já está acabado à anos.

- Hã... Como assim? – ela realmente se sentia muito estúpida às vezes.

- Você não tem ideia de quantos problemas nós temos. Nós dormimos em quartos separados, nunca conversamos, apenas brigamos um com o outro. Eu estou sempre viajando por causa da banda, ela nunca quis ir comigo. Quando eu volto de viagem ela não para em casa, como você já deve ter percebido.

- Então por que você ainda está com ela?

- Boa pergunta. Eu vivo me perguntando isso, acho que apenas por conveniência. Parecia ser o certo estar com ela, afinal de contas nós temos um filho para criar. Mas você me fez rever esses conceitos.

- Olha... – Emma começou a falar, mas o barulho da campainha a interrompeu.

- Continuamos essa conversa depois, tudo bem?

Emma apenas assentiu em respostas, vendo Peter se afastar sem conseguir conter um sorriso.

Domingo, 03 de abril, 18h

Querido Diário

Eu não sei nem por onde começar... Estou absolutamente feliz! Sabe quando tudo lhe parece lindo e perfeito? Eu estou assim nesse instante e antes que você me pergunte (é, eu estou mesmo falando com o meu diário. Mas eu não ligo!), sim, é por causa dele.

A gente teve uma conversa e agora eu não me sinto culpada por nada. Quero apenas aproveitar cada segundo de tudo isso. Tenho agora a mais absoluta certeza que Peter gosta de mim tanto quanto eu gosto dele. Isso parece tão bobinho, mas estou nas nuvens e não quero sair delas tão cedo.

Agora eu tenho que ir, depois te conto o que está acontecendo.