Senhora Sulista escrita por Nynna Days


Capítulo 9
Dinnie Ray


Notas iniciais do capítulo

Desculpem por ter demorado a postar. Eu perco tanto tempo lendo, que esqueço que também tenho que postar. Mas, aqi está o Capítulo novo.



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Capítulo 9 – Dinnie Ray

A reunião finalmente tinha acabado com o tratado de fechamento das divisas feito. Daiene reclamou um pouco, mas depois de uns bons argumentos, ela aceito a ideia.

Eu estava voltando para casa no Suv com Kayla e Filipe no banco da frente. Assim que passamos a divisa e entramos em nossa área, mande-os parar. Saímos do carro o mais rápido possível e eu já tinha a ideia do que fazer por hoje, enquanto me arrumasse para dar a trágica notícia das divisas. Primeiro me virei para Kayla.

“Kayla, quero que você vá até o quartel general e avise que ninguém saíra do Sul hoje. Se possível chame Noah e Luanne também. Preciso conversar com eles.”, então minhas expressão ficou ainda mais carrancuda. “Se Luke quiser fazer isso por você, não deixe. Eu te dei esse trabalho, não a ele. E me avise se ele me desobedecer”

Luke havia entrado muito nos assuntos vampíricos que não lhe faziam respeito. Ele era apenas um vampiro qualquer, como qualquer outro. Não especial como Luanne e Noah. Me virei para Filipe.

“Quero que você vá a divisa e dê ordem de deixar ninguém passar. Nem entrar e nem sair, escutou?”, ele assentiu. “Não quero saber se é vampiro Sulista, do leste, do oeste, nordestino, duende, fada , o que for. Não quero aqui no sul.”

Os dois disseram um “sim, senhora”, em um uníssono e já iam fazer suas tarefas, quando Filipe hesitou me estudando.

“Senhora, precisamos escoltá-la até em casa”, ele disse e isso fez Kayla parar e também me estudar. Mas eu continuei dura e irrelevante.

“Não. Não precisam. O que você precisam fazer é cumprir as ordens que eu lhes dei. Estou a dois quarterões de casa e ainda está no final do entardecer. Você acha que esse tal vampiro assassino é burro o suficiente para me atacar sem que as forças estejam no máximo?”

Eles ficaram em olhando por mais alguns momentos , até que concordaram e foram embora. Vampiros difíceis. Apostava minhas presas que Luanne que os havia escolhido.

Luanne , Luanne... sempre preocupada comigo. Mesmo naquela minha época mais sombria ela esteve ao meu lado, junto com Noah e Mikael. Abigail chegou quando eu já era Senhora Sulista, mas não deixou de me impressionar com as suas habilidades.

Por exemplo, ela e Luanne eram as únicas vampiras que eu conhecia que tinham o poder da compulsão. Um poder que vinha para muito poucos vampiros e para os Senhores de Seattle, obviamente não podemos usar uns contra os outros, mas isso não me impedia de usar.

Continuei meu caminho, pensativa. Era bem curto e pouco iluminado, mas eu aproveitava os últimos rastros de sol que me acompanhavam. A essa hora Kayla e Filipe já estavam longe, assim como Daniel.

Ah, Daniel. Se ele entendesse como era especial para mim. Foi o único que tinha me feito sorrir nesses últimos vinte anos, também aquele que havia tirado o meu sorriso.

Balancei minha cabeça, teimosa. A essa hora ele já estava bem longe com seu avô, exatamente como deveria estar, ou melhor, nunca deveria ter saído.

A ideia de colocar Jane aos serviços deles, foi estritamente minha. Ela poderia satisfazê-lo, em todos os sentidos, mas eu sabia que ele não era um maluco sádico por sexo vampírico. Deveria odiá-los, pela sua profissão. Mas, quando rimos lá na cozinha, tive uma breve impressão que ele não me odiava. Claro que isso foi apagado quando eu tentei tocá-lo e ele se recusou.

Isso me machucou, claro, mas era bom. Não podia me envolver com um humano. Não depois de Marco. Pena que Abigail não entendia aquilo como eu. Se soubesse sobre a dor de perder alguém, antecipadamente, talvez nunca tivesse quebrado a minha regra.

Sorri com a lembrança da pequena e distraída Abigail. Ela sempre sorria, mesmo em meio a confusões e ficava tímida com a aproximação de qualquer um. Mas, conforme o tempo foi passando, ela se descobriu uma grande vampira, tanto que se um dia eu me aposentasse (algo que passava constantemente pela minha cabeça), daria o posto de Senhor ou Senhora Sulista para ou Abigail, ou Luanne ou Noah ou Mikael.

Mas a primeira das minhas opções era Abigail. Tanto que nesses últimos tempo eu passei a ensiná-la um pouco mais sobre a realeza e o comando do Sul. Alguns vampiros rapidamente perceberam minhas preferencias, mas optaram por ficar em silêncio e esperar a sua vez.

Um ruído me fez parar de repente. O céu já estava num tom de azul não tão escuro, mas que sinalizava o começo do anoitecer. Olhei para os meus lados e para minha costas. Nada. Eu já estava bem perto do meu prédio, tanto que até conseguia ver a entrada.

Dei mais um passo em sua direção, então, tão rápido que nem percebi, fui derrubada no chão pelas costas e meus olhos foram tampados. Eu caí com meu lado direito direto no chão, fazendo-me ralar tanto meu rosto quanto meus braços nus.

“Finalmente te peguei, Dinnie Ray.”, um rugido feminino ecoou em meus ouvido. Não era nenhuma voz que eu conhecia, mas eu sabia perfeitamente quais eram as suas intenções.

Me matar.

“O mestre vai ficar tão feliz quando você morrer que vai me recompensar.”, ela disse e eu percebi que ela estava em cima de mim. E que precisava escovar os dentes.

Eu esperava não estar enferrujada porque faria a coisa mais ousada de toda a minha vida. Usei minha pernas livre e a derrubei de cima de mim. Então me levantei como um raio. Já podia sentir os primeiros sinais vampírico em mim, sinalizando que a noite estava cada vez mais perto.

A primeira coisa que eu fiz assim que levantei foi tirar a venda, precisava ver quem era a vaca que estava me atacando. Não era ninguém que eu conhecia.

Ela parecia ter uns quinze anos, seus olhos negros arregalados de susto e um cabelo loiro com cachos rebeldes. Mas, o que mais me chamou a atenção foi sua tatuagem.

Mesmo a distância pude ver que que era um tigre branco. Droga! Não tinha como saber de que área ela era, mas também ela não iria sobreviver para contar história.

Ela avançou na minha direção e eu desviei com rapidez e até uma certa elegância. E com essa rapidez, quebrei-lhe o pescoço e deixei seu corpo ali, sem vida. Mas antes que pudesse comemorar a minha vitória, fui atingida nas costas com força e cai de cara no chão.

Esse homem ( porque só pela sua força pude deduzir que homem), se inclinou um cima de mim e rosnou em meu pescoço. Então senti algo afiado sendo passado em meu pescoço, cortando-o de leve, fazendo minha reação quase que instantânea.

Levantei e saí correndo. O vampiro deve ter ficado tão surpreso comigo que ficou um bom tempo ali, sentado, sem correr atrás de mim. Corria igual uma louca, sem me permitir olhar para trás e em um dado momento, tropecei e cai, torcendo meu tornozelo.

Estava poucos metros do meu prédio e continuei, mesmo que mancando. Conseguia ouvir seus passos se aproximando, então aumentei minha velocidade.

Como ainda não era noite, isso custou boa parte da minha energia e eu estava respirando com dificuldade no elevador. Só me permiti relaxar quando a porta do elevador se fechou.

Me encolhi em um canto e comecei a normalizar minha respiração. Eu estava tão exausta que estava ao ponto de desmaiar, ali mesmo. Mas me segurei até quando cheguei a minha porta, quando me lembrei que tinha saído tão depressa de casa que tinha esquecido a chave do lado de dentro.

Eu tinha duas opções: Ou bater na porta e rezar para que Daniel não tivesse ido embora, ou ir em algum vizinho e pedir para usar o telefone. Ligaria para Luanne e ela me levaria para o quartel general.

Tentei a primeira opção. Bati uma vez na porta.

Silêncio.

Bati a segunda vez , enquanto tentava deixar meus olhos abertos. A quanto tempo eu não bebia sangue? Dois ou três dias, eu acho.

“Quem é?”, a voz de Daniel era quase um canto perfeito para mim. Graças a Deus ele não tinha ido embora. Com o restantes das minhas forças, eu respondi.

“Daniel, abra a droga da porta” e assim que ela foi aberta, senti meu corpo sendo levado pela inconsciência.

Me senti sendo carregada e longo posta em uma superfície macia, então suspirei mentalmente. Já tinha caído no chão muitas vezes para um dia. Escutei alguns murmúrios distantes que eu reconhecia como a voz de Daniel. Então minha cabeça foi posta em algo meio áspero e quente, e meus cabelos ficaram sendo acariciados por alguém.

Foi ai que eu apaguei de vez.

Tive leve consciência do que estava em volta de mim não muito tempo depois. Fui acordada quando algo macio e quente pressionou-se em minha boca, mas foi tão rápido que nem pude identificar o que era.

Fiquei um tempo lutando comigo mesmo para acordar, até que fui que percebi minha cabeça de novo na mesma posição de quando eu apaguei.

Abri meus olhos e me deparei comigo mesma deitada no colo de Daniel e ele me olhava de um jeito estranho. Será que eu tinha morrido e estava no paraíso. Não me lembrava de nada depois de ter sido atacada.

“Onde eu estou?”, perguntei, minha voz um pouco trêmula e fraca.

“Em casa, Dinnie.”,Daniel respondeu. Era a primeira vez que ele me chamava pelo nome. Aquilo me causou uma emoção e tanto em mim. Ele parecia tão aflito comigo. “O que aconteceu?”

Demorei um pouco em responder, meditando se deveria ou não incluí-lo nessa confusão, de novo. Mas que fosse o que Deus quisesse.

“Ele me atacou”, ou melhor, tentou me pegar. Mas eu não estava ligando para a minha quase morte, mas sim para aquele momento. Ele havia me chamado de Dinnie. Era como ouví-lo falar a sua primeira palavra de novo. Meus olhos se encheram de água e eu me esforcei em não chorar. Não na frente de Daniel.

“Quem te atacou, Dinnie?”, ele perguntou. Meus olhos começaram a irritar, então me lembrei que ainda estava de lentes de contato. Tirei-as com um pouco de dificuldade e por um rápido momento tive deslumbre de como eu estava. Toda ralada e dolorida. Horrível.

“Quem te atacou, Dinnie?”, ele voltou a repetir. Algo dentro de mim disse para eu parar, para que o envolvesse cada vez mais, mas não pude deixar as palavras pairadas no ar.

“Vampiros assassinos”, respondi.

Ele ficou tenso no mesmo momento e desviou o olhar de mim. Não muito tempo depois, Luanne e Noah apareceram, me dando os primeiros socorros. Daniel pediu licença e se retirou para o seu quarto.

Luanne me deu sangue e fez todos os curativos, enquanto Noah ficava apenas me observando da parede mais distante. Esse era o Noah. Sempre reservado para si mesmo. Ás vezes eu queria poder ler seus pensamentos e ver o que tanto ele faz em seus momentos sozinhos.

É claro que mesmo naquele estado deplorável, não deixei de levar esporro de Luanne. E o pior é que ela tinha razão. Não deveria ter ido embora sozinha, ainda mais aquela hora. E se Daniel não estivesse em casa, para onde eu iria? Eu aguentei tudo calada, tanto pela dor corporal quanto a sentimental. Eu odiava estar errada, ainda mais quando Luanne que tinha razão.

E lá se foi os dias de folga que eu os havia dado. Nenhum deles pareceu ligar para a folga, mas sim para a minha falta de senso e minha segurança. Como sempre.

Depois da terceira dose de sangue doado, caí num sono. Acordei com os primeiros raios de sol que atravessavam minha janela e pairaram em meu rosto, incomodando minha vista. Luanne e Noah continuavam ali, esperando algum sinal da minha melhora, que , felizmente, apareceu.

Eu já estava com o braço ralado, nem o tornozelo torcido. Meu lábio estava intacto e todo o resto de foi. Eu estava inteira e pronta para outra. Figuradamente, claro.

Luanne fez um café da manhã reforçado e me fez tomar mais uma dose de sangue. Assim que me vi bem alimentada, pedi que chamasse Daniel. Precisava falar com ele, ou melhor, com eles três, já que eu não gostava de repetir as coisas duas vezes.

Luanne se sentou ao meu lado na cama, enquanto Daniel e Noah ficaram de pé, cada um em um estremo do quarto. Me sentei, recostando na cama para fita-los melhor.

“A reunião foi sobre ideia de proteções para nós, enquanto esse maluco assassino não era pego.”, comecei a dizer, sem realmente olha-los.

Estava mais encarando minha mãos e minhas unhas longas e negras. Ainda bem que eu não teria que fazê-las novamente. Todos ficaram silenciosos, esperando para que eu prosseguisse. Suspirei e continuei.

“Decidimos que o melhor era fechar as divisas definitivamente. Ninguém entra, ninguém sai”, levantei meu olhar para Daniel. “Isso inclui os protegidos”

Foi só ai que ele saiu da pose de durão e seu olhar ficou espantado e incrédulo. Esperava até que ele avançasse em mim, já que ele se afastou da parede em uma distância considerável.

“O quê!”, ele berrou e eu me encolhi visivelmente. Ainda estava frágil da noite passada. Não do ataque, mas dos sermões.

“Desculpe.”, eu murmurei tão baixo que duvidava que ele tivesse escutado. Então com a voz um pouco mais alta, continuei. “Qualquer vampiro ou protegido não pode permanecer em outra área até depois do entardecer. Onde ocorrer assassinatos é a área de onde o vampiro pertence ou está. E de dia não temos nossos poderes completos, então será fácil pegá-lo.”, voltei meu olhar para Daniel. “Você não pode voltar para a sua área, porque é meu protegido e usa o colar.”, me calei. Minha culpa era quase palpável, mas nem Luanne e nem Noah disseram nada, apenas nos observavam.

“Mas, e se eu tirar o colar?”, ele disse com esperança. Aquilo me fez ficar pior e não consegui responder. Foi ai que a voz de Noah ecoou pelo quarto. De repente pareceu que meu enorme quarto era minusculo para tantas emoções.

“Não iria adiantar. Uma vez que você se torna um protegido, todos os vampiros sabem, ainda mais depois que ela te deu o colar na frente de vampiros do Leste.”, sua voz parecia tensa e , ao mesmo tempo, morta e cruel. Me fez tremer.

“Calma, querida.”, Luanne disse e passou a mão pelo meu cabelo emaranhado. Odiava me sentir vulnerável. Mas era como sentia diante da raiva de Daniel.

Parece que ele viu o que estava fazendo comigo, porque voltou a recostar na parede, mas desviou seu olhar para a janela. Eu sabia o que ele estava pensando. Estava preso ali comigo. Ele deveria me odiar pelo resto da vida , claro. Mas o que ele disse a seguir me surpreendeu.

“Ligarei para o meu avô e vou pedir para que ele vá a fronteira e me traga uma mala de roupa.”, com isso ele saiu do quarto. O silêncio reinou então, mas eu fui bombardeada por olhares acusadores.

Assim que ouvimos a porta da frente se fechando, o inferno se instalou. Noah começou a balançar a cabeça de um lado para o outro, mas Luanne que falou, acusando-me:

“Dinnie Ray Dallas, você não está se apaixonando por um Gonzales, está?”, ela parecia minha mãe falando e se não estivéssemos nessa situação, eu riria.

Mas , envés disso, abaixei minha cabeça e deixei que as lágrimas que eu estava segurando desde ontem caíssem. Eu não iria aguentar tudo de novo. A mesma época sombria.

“Humanos são frágeis e sua vidas acabam muito rápido.”, Noah disse. “Você tem que se conformar que a morte de Marco não foi culpa sua e não tentá-lo substituir por seu filho.”, ele mirou aqueles olhos azuis pálidos e duros em mim. “Você sabe muito bem das consequências de quebrar a própria regra.”

Mas eu ainda não estava pronta para falar. Apenas as lágrimas faziam jus as minhas respostas. Teria que dar um jeito com meu sentimento com Daniel. Afastá-lo estava fora de cogitação, nem pensar. Luanne me abraçou e lançou um olhar mortal para Noah.

“Noah! Seja sensível com Dinnie. Ela ainda está passando por um trauma.”, ela o repreendeu, mas antes que ele respondesse, limpei minhas lágrimas e forcei minha expressão a se recompor.

“Não, Luanne. Ele tem razão. Eu sei das consequências. Somos de raças diferentes e eu tenho um deve com a minha e vou cumprí-lo.”, comecei a me levantar, sem ser impedida.

Assim que levantei, vacilei um pouco, mas antes que eu caísse, Noah me segurou. Quando encarei seus olhos azuis , ele sorriu. Mesmo sendo duro, ele ainda era um ótimo amigo e Luanne também.

Eu precisava ir ao quartel general essa noite para dar as notícias. Não poderia segurá-los sem mais nem menos. Só esperava que eles recebessem a notícia melhor que Daniel.


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