A Relíquia Perdida escrita por letter


Capítulo 23
Capítulo 22 - Reviravoltas


Notas iniciais do capítulo

Penúltimo capitulo, aproveitem ^-^



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         Muitos bruxos tinham problema com a tecnologia trouxa, e para eles, elas eram um verdadeiro mistério. Mas para bruxos nascidos trouxas, ou mestiços, a tecnologia trouxa às vezes era um alivio. E pela primeira vez na vida, Albus agradeceu por seu pai e sua mãe insistirem em usarem métodos trouxas em casa para não perderem o habito e serem dependente da magia.

        - Mãe? – perguntou Albus ao ouvir uma voz feminina do outro lado do telefone.

        - Al? – perguntou Gina assustada, até onde ela sabia, não havia telefone em Hogwarts. Mas logo ela ouviu um barulho escandaloso de mais – uma sirene –, e concluiu que seu filho não estava em Hogwarts – Al onde você esta? – perguntou a mulher do outro lado da linha com a voz alta de mais, que poderia indicar desespero e preocupação, mas Albus sabia, ela não poderia estar mais preocupada ou desesperada que ele.

        - Mãe, o pai está aí? – perguntou ele direto.

        - Onde você esta? O que aconteceu?

        - Por favor, mãe, não tenho muito tempo, explico depois, o pai está ai?

        - Albus Severus... – começou Gina, mas Albus cortara sua mãe pela primeira vez na vida.

        - Não começa mãe, é muito importante, depois a senhora ralha comigo e faz o que quiser, mas por favor, o pai ta aí? – por um segundo Gina não respondeu, mas logo ele ouviu um “Harry, vem de pressa”

        - Oi? – a voz de Harry Potter anunciou do outro lado da linha.

        - Pai, me ouça, não tenho tempo e é muito importante.

        Em dois minutos, Albus sintetizou tudo o que precisava contar ao pai antes da ligação finalizar. Não fora fácil encontrar moedas trouxas para colocar no telefone trouxa, e muito menos fora fácil se lembra o numero de casa, afinal, Albus vivia a filosofia de seu avô Weasley “nunca confie em nada que não tenha um cérebro” e por esse motivo ele preferia usar pergaminho, pena, tinta e coruja, mas nesse caso não. Nesse caso tinha coisas de mais, e tudo tinha de ser feito muito rápido.

         Enquanto Albus caminhava em direção a uma loja abandonada, ele foi obrigado a ouvir comentários esquisitos, de trouxas esquisitos, que lançavam a ele olhares esquisitos, “esses jovens e essas roupas” “filho meu não saí de casa assim” “Creio em Deus pai, é o fim do mundo”. Albus olhou para si, por baixo da capa sua roupa estava chamuscada pelo fogo e até rasgada, devido os acontecimentos na orla da floresta, mas ele jogara a capa preta por cima e a fechara bem, de forma que cobria desde o pescoço até os pais. Não tinha nada de esquisito nisso, ele estava perfeitamente normal, ora.

          A loja abandonada no centro de Londres era apenas uma fachada para enganar os trouxas, por trás dela, havia o maior e melhor hospital de todo o mundo mágico, o St. Mungus.

          Ao entrar o garoto se sentiu melhor, ali ninguém o olhava estranho, curandeiros andavam para baixo e para cima, e por onde ele olhava, ele via pessoas com problemas, uma mais estranha que a outra, a maioria era vitima de mal uso de feitiços.

          Albus sabia o caminho a percorrer, e sem dificuldades seguiu até o fim do corredor e subiu para o terceiro andar. Lá o movimento era quase inexistente comparado ao saguão, e não foi difícil avistar Meryl sentada em uma das cadeiras depositadas no corredor.

          - E então? – perguntou ela.

          - Falei com meu pai, ele deve apartar por aqui em instantes – respondeu o moreno fechando os olhos e apoiando a cabeça na parede.

          - Sinto muito Al... Por tudo – disse Meryl.

          - Não sinta, você salvou varias vidas hoje – respondeu ele ainda de olhos fechados.

          - Eu estava errada... Eu não deveria querer mudar o futuro. Eu acho que só... Sou má perdedora.

          - Tudo bem, nós todos passamos por momentos assim...

          - Não, eu iria destruir várias vidas – disse ela – Mas... Meu pai estaria vivo – Albus abriu os olhos abruptamente – Dolohov... Já ouviu falar? Pois bem, era meu pai. Depois da batalha em Hogwarts ele foi preso, mas depois de uns anos teve a pena reduzida, e conheceu minha mãe. Ela engravidou, meus avôs queriam obrigar minha mãe a me abortar, mas meu pai não deixou. Algumas semanas depois de eu nascer ele faleceu. Meus avôs casaram a minha mãe com o pai de Quin... Sou uma bastarda bastante indesejada. Mas eu não seria se ele tivesse o absoluto poder, afinal, eu seria a filha de um de seus conselheiros, seria bem tratada... Me aceitariam.

         Por um segundo Albus ficou em silêncio, mas logo falou:

         - Não Mel, Dolohov não seria seu pai se ele ainda tivesse no poder, nada poderia ser garantido, nada seria como é.

        - Que seja, agi por impulso... Não penso em tudo, embora pareça.

        - Albus? – chamou uma voz, o garoto virou a cabeça e viu seu pai ao fim do corredor.

        - Pai – exclamou ele aliviado ao ver Harry, Harry o abraçou forte quando chegou perto.

        - Nunca mais faça isso... Nunca mais – falou Harry – Só Deus sabe a sorte que você tem de estar bem.

        - Eu sei – respondeu o garoto se afastando – Obrigado por vir.

        - Você está bem?

        - Estou pai.

        - E você? – perguntou Harry se virando para Meryl, a morena assentiu e Harry sorriu acenando a cabeça – Avisei sua família antes de vir – Meryl abriu um sorriso amarelo e assentiu de novo.

        - Anda pai – disse Albus impaciente puxando Harry até o quarto mais próximo.

        Albus evitara entrar no quarto, evitara ver o que via. A única cama de tinha no quarto estava sendo ocupada por uma garota que foi avaliada em estado de coma, uma garota loira, de pele pálida. Elizabeth Gaunt.

       - Os agentes do ministério querem explicações – contou Albus – Querem saber como eu e Meryl supostamente a encontramos. Você não pode contar que voltamos no tempo pai, isso é ilegal, iríamos para Askaban.

        Harry estava ciente do que o filho fizera, pois ele narrara rapidamente ao telefone, mas ainda sim estava impressionada ao ver a garota.

        - Eu resolvo isso, irei providenciar documentos para ela... E... Uma história para o ministério.

        Albus assentiu aliviado em ouvir aquilo.

        - Quais as chances de ela acordar? – perguntou Harry Potter.

        - Segundo os curandeiros, nem sabem como ela ainda respirada – respondeu Albus, mas o que ele queria dizer era “nenhuma”. Um conflito de sentimentos se travara dentro do garoto, pois ele perdera Elizabeth, nem teria mais seu espírito por perto. Ele perdera Elizabeth e perdera Meryl, pois ela sabia que o que ele sentia por ela não poderia ser tão verdadeiro e puro, e Meryl tinha amor próprio para não aceitar isso.

         - Vamos, você tem de voltar para o castelo, eu cuido do resto aqui – disse Harry.

         - NÃO! – exclamou Albus alto de mais, assustando Harry e a si mesmo com a atitude.

         - Al, você não pode fazer mais nada aqui... Ela não vai acordar.

         - Eu sei, mas... Por favor, pai, eu preciso de um tempo... Me dê um dia aqui e depois eu... Eu vou para casa e para o castelo.

         Harry pensou por um segundo e assentiu, afinal, que mal faria? As férias de verão já estavam para começar, e Albus parecia estar realmente abalado com aquilo tudo.

         - Vou levar sua amiga e volto mais tarde.

         Albus assentiu, e se encaminhou para o lado de Elizabeth.

         Sentou na poltrona que havia o lado da cama e grudou os olhos na garota. Ele apenas queria vê-la respirar, afinal, nunca imaginou que isso seria possivel. Colocou a palma da mão sobre o peito de Lizzie o sentiu bater lentamente, sorriu diante disso. Ela estava viva, de alguma forma viva.

        Não fora fácil levá-la até ali. Ele a carregou no colo até a saída do castelo de Hogwarts, e de lá, Meryl que já era mais experiente de forma teórica em aparatação, desaparatou com sucesso pela primeira vez direto ao St. Mungus.

        Elizabeth vira Albus ao longe, caído no chão, Meryl estava perto, e tinha outra pessoa que ela não conseguia enxergar direto, mas julgava que mesmo se não conseguisse, não saberia quem ela. Elizabeth não iria se aproximar, mas ao ver seu Albus carregar a outra pessoa nos braços e correr em direção a saída do castelo sua curiosidade foi despertada, e quando finalmente alcançou eles, os três desapareceram no lugar. Desparataram, pensou ela, com pensamentos formigando em sua cabeça.

         Vagueou de volta ao castelo e ficou lá dentro, andando sem ser vista por entre os alunos, vigiou os amigos de Albus a fim de ouvir algo útil que explicasse o que ele fez mais nada ouviu. Estava seguindo a irmã do garoto que subia para biblioteca quando viu uma versão do garoto, só que mais velha. Era seu pai. Era um Potter.

        Elizabeth o seguiu, andou do seu lado e cara a cara reparou os olhos e as feições preocupadas, o homem era chamado de Harry, e segundo Elizabeth ouvia, ele era bem famoso. Elizabeth subiu ao seu lado até o gabinete do diretor, e sentou-se na poltrona de frente a mesa da diretora enquanto se colocou a ouvir o que Harry falava.

        - Desculpe aparecer assim Minerva – pediu Harry andando de um lado para o outro – Mas creio que não está á par dos últimos acontecimentos.

       - Pois fale Harry – disse a velha McGonagall calmamente sentada em sua poltrona.

       - Acabo de trazer a senhorita McLoren do St Mungus – contou ele – Albus ainda está lá, não sei lhe contar detalhes, mas sei apenas dizer que ele, com a ajuda da garota eles voltarem por algumas horas no tempo de meu avô e... E lembra do corpo que achamos ano passado em um fosso? Da garota Gaunt? Trouxeram-na de volta ao tempo. Está internada no St Mungus, e Albus não quer desgrudar de lá.

        As palavras que Minerva disse em resposta a isso foram inteligíveis á Elizabeth, eram apenas ecos estranhos em seus ouvidos.  Ela repassava em sua cabeça o que acabara de ouvir. Não poderia ser verdade... Deveria estar delirando... Mas...

       - Não... – ela sussurrou, embora nenhum dos presentes pudesse a ouvir – Como é possivel? – mas ela não obteve resposta.

       - Estou voltando para lá agora... Se a senhora puder avisar James e Lily – pediu Harry.

       Elizabeth ouviu as palavras e depois de um segundo as entendeu. Ele iria voltar para lá, e ela iria junto.

       - Vou poupá-lo ao trabalho de descer tantas escadas e ainda sair dos terrenos para aparatar – disse Minerva – Use minha lareira – ofereceu ela indicando a lareira que ficava do lado da vidraçaria.

      - Fico agradecido – disse Harry – Mando noticias em breve – assegurou-se ele andando a paços largos até a lareira. Elizabeth agarrou-se aos braços de Harry, sem que o mesmo pudesse se quer imaginar isso. Harry pegou pó de flu nas mãos e exclamou em alto e bom som “St. Mungus!”. Elizabeth não tinha nenhuma garantia que isso fosse dar certo, apertou bem os olhos por medo de ficar ali a onde estava, afinal, ela era apenas um espírito, mas quando abriu os olhos não viu Minerva ou um gabinete cheio de retratos de antigos diretor, e o que vira foi pessoas de branco andando para baixo e para cima, e bruxos e bruxas com qualquer coisa de muito estranho.

        Ela tinha conseguido, ela foi para o St Mungus.

        Elizabeth estava preparada para andar ao lado de Harry, mas ela não conseguia explicar o que estava acontecendo, apenas sentia-se sendo atraída para o lado oposto, como se fosse um imã. Ela não conseguiu lutar contra isso, estava a puxando, uma força invisível a puxava, e ela foi levada escada acima para sabe-se lá onde.

        Passou por vários corredores e viu vários quartos, mas fora empurrada para dentro de um especifico.

        O quarto estava com as persianas fechadas, mas o sol de verão ainda se fazia claro. Havia um garoto dormindo com a cabeça pendida de lado em uma poltrona. Albus. E na cama, havia uma garota, bonita, Elizabeth tinha de admitir, mas ela parecia mal de saúde.

        Elizabeth se aproximou, e passou a mão pelas bochechas da garota.

        - Sou eu – murmurou ela, sem saber ao exato o que estava sentindo. Albus murmurou qualquer coisa em seu cochilo e abriu os olhos. Piscou algumas vezes até ter certeza do que estava vendo.

        - Lizzie? – indagou exasperado – Como... Como... – as palavras não saíam, afinal, como era possivel? Ele a trouxe de volta, como o espírito ainda estava vivo?

        - Você me salvou – murmurou ela – Isso deveria ser algo bom.

        - Eu... Eu não sei o que dizer... – Albus se levantou de mau jeito da poltrona e cambaleou até o lado do espírito Elizabeth.

        - Talvez agora eu simplesmente esteja livre para partir... – comentou Elizabeth.

        - Não quero que você vá.

        - Não pertenço a esse mundo... – e como se uma força a ouvisse, uma luz começou a surgir diante de Elizabeth. Ela estava indo.

        - Eu te amo Lizzie – disse Albus pela primeira vez diretamente a garota, colocou as mãos sobre as gélidas mãos da garota, e a viu ficar cada vez mais pálida, chegando ao transparente.

        - Eu te amo Albus – respondeu ela, e a luz tomou conta de Elizabeth Gaunt que desapareceu na frente de Albus.

         O garoto não sabia o que fazer agora, sentiu os olhos marejarem, Elizabeth se foi bem em sua frente, ele a perdera para sempre. Albus não sabia o que sentir, nem o que pensar, apenas sabia que não podia ficar ali parado olhando para um corpo  que continha apenas um sopro de vida, mas que não iria vivê-la.

        Era incrível com uma pessoa têm a capacidade de fazer toda a diferença no mundo, como uma vida transforma todas as outras, e como uma ação desencadeia várias reações. A vida é algo engraçado, um enigma em que se passa toda ela tentando desvendá-lo.

        Albus já ia saindo do quarto em direção a qualquer lugar quando um acesso de tosse tomou conta da garota na cama. Elizabeth. Ele voltou correndo e se inclinou ao lado dela. Ela tossia desesperadamente, Albus pegou a garrafa de água da qual bebericava há pouco tempo e levou em direção à boca da garota. Albus parou de ouvir a tosse da garota em seus braços, apenas ouvia seu coração que martelava fortemente e a pressão chegava a seus ouvidos. A garota engoliu avidamente a água e abriu os olhos. Seus olhos cinzas nunca tiveram um tom tão intenso, ela piscara várias vezes, mas quando manteve os olhos abertos e encontrou os de Albus, ele viu o reconhecimento preencher aqueles olhos frios.          


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Notas finais do capítulo

Eu gostei mucho, mas mucho mesmo de escrever esse capitulo, e espero que vocês também tenham gostado dele *-* O proximo já é o epilogo, passando de hora né? kk mas mesmo assim, sempre fico ansiosa e tals quando estou prester a finalizar uma estória *-* reviwes? besoooos :*