POV Jason

Chocado. Era como eu estava. Paralisado entre o amor e ódio. É engraçado como as coisas na vida mudam de uma hora pra a outra.

Há algum tempo ela era a única coisa que importava pra mim. Mas o que eu sinto agora que a vejo em minha frente é vontade de estrangulá-la. Não é uma forma de falar. É exatamente o que sinto.

Meu coração começou a bater diferente. Ele era sensível à voz dela. DELA!
Mas isso não mudava o que eu sentia. Meu ódio era o mesmo. Mas é diferente quando se está frente a frente com... Bem com quem... Com a Angie!

Mas as vezes, no jogo da vida, precisamos descartar algumas cartas boas para conseguir melhores. É o que eu fiz. E encontrei algo melhor do que ela. Não que ela seja substituível, mas...

Então a ficha caiu. Caí dos meus pensamentos direto em Strattford. E ela estava lá. Berrando e pulando em cima de mim, sendo impedida apenas por Drew, Chay e Rick.

– Me solta! – Ela berrava. Eu olhei em seus olhos. Idiota, como pode se apaixonar por essa psicopata?

– Eu... Chega! Vou embora! – Eu disse me rendendo e sai caminhando. Pensando e lembrando.

Choque. Minha reação era de total choque. Eu sentia uma coisa no meu coração que só Deus pra dizer o que era. Por um lado ou outro, ela não era mais a mesma. E eu podia jurar que era apenas uma garota maluca de outro planeta que eu nunca vira na vida. Se eu não encontrasse o seu olhar. Seus lindos e perfeitos olhos castanhos por quem eu escrevi tantas melodias.

– Olha só quem voltou! O garoto prodígio está de volta, eh? – Aquela era a voz mais odiosa possível. Felipe.

– Olha, eu não to a fim de confusão! – Eu disse. E era a verdade. Eu só queria descansar!

Ele estendeu os braços em sinal de rendição.

– Certo certo! Entendi o recado! Mas eu tenho um pra você também – Ele disse se aproximando e o olhei mal encarado. – Fica longe da minha menina!

– Ah qual é... Você quem sempre quis a minha namorada. Eu não quero nada seu!

– Então é bom saber que a Angie tá comigo agora! – um martelo bateu em minha cabeça. Era como se eu estivesse sentindo... Ciúmes. Mas aquilo era impossível

– Que faça bom proveito! – eu disse me virando

– Ah, estou fazendo sim. E se eu soubesse como essa garota sabe deixar um homem satisfeito eu teria tomado ela a muito tempo! – Fechei os olhos. A tática de tentar me controlar não estava dando certo. – Devo admitir que ela é a melhor que eu tenho!E ela faz direitinho!

Aquilo não dizia respeito a minha pessoa, ou alguém da minha família, mas seja o que fosse, senti algo no peito que fez com que uma fúria brotasse no meu corpo. E meu braço criou vontade própria e eu ouvi o seu rosto estralar com o murro.

Bem feito!

– Aí cara... Tá se achando o super herói, é? – Ele disse passando a mão onde eu tinha batido – Muito obrigado pela ferida... Pelo menos a mamãe será mais piedosa comigo esta noite!

Ele disse e saiu deixando-me com o ódio passeando pelo meu corpo.

Eu estava com ciúmes. Não daquela assassina. Mas da minha menina! MINHA princesinha encantada. Aquela com quem eu sonhava todas as noites. Aquela cujo eu me apaixonei de certa forma que nunca a esqueceria.

Fechei os olhos. A rua estava isolada, não havia perigo de encontrar-me com alguém! Tentei ver a sua imagem antes de sair daqui. Mas não eram lembranças boas. Na verdade eram as piores lembranças que alguém pode ter. O último dia que passei aqui.

Tudo mudou naquela carta. Oh maldita carta. Às vezes a verdade não é a melhor opção. Mas foi e é melhor assim. Embora, com direito a escolha, eu nunca teria lido aquela carta. E nunca teria sentido aquelas palavras.

Eu podia ouvi-la gritando meu nome. Pedindo perdão. Desgraçada!

E a vi novamente. Com os olhos apavorados. O cabelo tomava o rosto. Aquele lindo rosto que me fez tão feliz. Aquela linda menina por quem eu morreria estava ali me implorando por ajuda.

Senti meus olhos encherem-se d’água e então recuei. Recuei no passado.

Agora estávamos felizes. Ela sorria pra mim e eu pra ela. Estávamos em seu quarto. Trocando beijos. Ora, eu não era um sortudo? Eu podia senti-la e sentir seu cheiro. E eu sentia o que ela sentia. Éramos um só, mas em corpos separados. Dá pra entender? Eu estava apaixonado!

Abri os olhos. E lá estava ela. Não a linda garota dos meus sonhos. Não a menina por quem eu morreria. Era alguém muito diferente que poderia me deixar louco, mas eu nunca faria nada por ela.

A olhei de cima abaixo. Então aquela era a verdadeira Angelina.

– Você sempre foge né?

Sorri irônico. Por mais que eu estivesse odiando-a a sua voz tinha um efeito imediato que fazia meus pelos se ouriçarem.

Senti um arrepio na nuca.

Olhei-a de cima abaixo.
– Você cortou o cabelo! – foi só o que eu disse. E era a verdade. Seus cabelos que nunca antes haviam visto nada químico nem tesoura parecia ser cortado por uma velhinha cega. Eu não podia ver seu rosto por causa de uma franja. E seu cabelo que um dia fora castanho dava lugar a um fogo profundo. Um vermelho que consumia tudo.

– Sem esperança, sem cabelo. É o meu dilema agora! – Ela disse brincando com um pedaço de pau qualquer que pegara do chão

– Não há vida sem esperança! – Eu disse segurando a raiva. Mas filosofar não era o melhor a fazer no momento.

–Vida? – ela disse e riu - Você acabou com a minha vida Jason! - e jogou o pau de volta ao chão – E agora eu vivo pra acabar com a sua! – senti minha nuca arrepiar novamente. Ela estava tão diferente.

Olhei suas roupas. Roupas que eu vira garotas de gangue vestir. Ousadas o quanto podem. Era o que ela parecia. Andei pra trás.

– Aí... Não vai fugir pra sempre! – Ela disse e deu meia volta – E a propósito... Você matou meu pai!