– Guardas... Levem a menina! – o Juiz disse melodicamente. Talvez estivesse com pena de mim. Senti meus braços serem envolvidos e tremi. Medo? Talvez... Eu estava só agora. E era a última coisa que eu queria naquele momento.

Até que as portas se abriram mais uma vez!

– Esperem! – A voz de Felipe invadiu a sala e todos olharam-no assustado.

– Mas o que significa isso? – o juiz perguntou olhando afrontamente para ele. Olhei-o assustada e senti meus pés formigaram.

– O que... – balbuciei. Felipe correu até a frente.

– Eu tenho provas de que a Angie é inocente! – ele disse ofegante para o juiz.

– Felipe, o que pensa que está fazendo? – perguntei assustada e ele me olhou da mesma forma.

– O que deveria ter feito há muito tempo!

– Protesto! Meritíssimo!

– Calada! A senhora não tem direito de protestar nada! – o Juíz respondeu a minha “mãe” – O que tem a nos dizer, jovem.

– A senhora mãe da Angie, conseguiu aqueles vídeos que a acusam. E eu também. Porque ela implantou câmeras na casa. E eu... Consegui isso na casa dela.

– Como ousa... – ela disse vindo em direção a ele.

– Silêncio! Meirinho, ponha os vídeos do menino! – o juiz disse e o meirinho o obedeceu. – Espero que isso resolva esse caso de vez.

A televisão foi ligada. E tudo o que eu evitei a minha vida toda se passou diante dos meus olhos.

– Mãe... Por favor! – Fechei meus olhos ao ouvir a voz de William. Ela ainda continuava em meus pensamentos, mas não era onde eu o estava ouvindo – Mãe, não! – o silêncio tomou conta do local.

– Você não foi um bom garoto! – abri os meus olhos. Aquela cena assombrara-me por toda a minha vida. E revê-la de novo era a única coisa que eu queria.

A imagem mudou de cena.

– Seu pai vai morrer logo logo! – ela disse e eu senti as lágrimas nos meus olhos. – Por bem, ou por mal! – ela disse e quando meus olhos se levaram à televisão. E quando ela apertou a seringa contra ele eu senti minhas forças acabarem e desabei no chão – Agradeça ao seu namoradinho! – a voz se repetiu em minha cabeça e tudo se apagou.

Abri os olhos vagarosamente e percebi que não estava no mesmo lugar.

– Angie... Que bom que você acordou! – Felipe segurou minha mão e eu senti a minha cabeça doer. – Eu não disse a você? Disse sim. Eu sabia que você ia sair dessa.

– O que aconteceu?

– Sua mãe foi presa. Mas ele não... Não foram encontradas provas o suficiente! – ele disse abaixando os olhos – Mas agora você está livre!

– Onde eu estou? – levantei-me e senti a minha cabeça doer novamente.

– Estamos na enfermagem da delegacia. Mas logo logo a gente vai ser liberado.

Na delegacia. Levantei-me e saí andando.

Fundo Musical Do Capítulo : http://www.youtube.com/watch?v=JRfuAukYTKg

Atravessei os guardas tão calmamente que eles nem me perceberam. Passei os olhos através das grades e ver todas aquelas mulheres com quem eu já dividi a cela antes. Mas não era ali que eu procurava.

– Você venceu! – finalmente encontrei o que eu queria. Levei meus olhos para a última cela no canto da parede – Queria que eu estivesse aqui, não é? Conseguiu! – ela cuspiu as palavras – Você nunca presta pra nada. E quando a gente te usa, ainda reclama! Ingrata! Você ainda vai me pagar por tudo que estou passando! – falou sorrindo – Aliás, você já está pagando, certo? Você nunca vai ter o seu pai de volta. Isso é gratificante, pra mim.

Senti minhas pernas bambas.

– As suas palavras não vão me derrubar! – senti as lágrimas em meus olhos.

– Você está chorando? Você é muito fraca! – falou rindo e eu sorri pra ela.

– Lágrimas não significam que eu estou perdendo. Olhe só pra nós. Você está sorrindo porque é forte, e eu chorando porque sou fraca! Mas, não sou eu quem está do lado de dentro da cela! – falei e me afastei – Você escolheu isso! Se derrubou sozinha, mas eu não vou deixar você me derrubar também! – falei e deixei-a ali sozinha.

“Eu te amo”

Talvez meu pai estivesse orgulhoso de mim uma hora dessas. Talvez, se ele estivesse aqui comigo.

– Angie... Acho que lhe devo desculpas. Olhe, sobre o que a sua mãe disse... – Paula disse vindo até mim e eu tive vontade de mandá-la para marte.Mas a sanidade falou mais forte e eu apenas olhei em seu olhos – Me perdoe! – ela disse e saiu chorando.

Senti minhas pernas enfraquecerem enquanto eu descia as escadas. Eu não sou fraca. Não. Muito pelo contrário. Mas a criptonita pode acabar com o superman, certo?

Qual é a sua criptonita? A minha... Acho que não preciso nem dizer.

– Posso falar com você?