Um Nerd em Minha Vida escrita por piiileite


Capítulo 8
DING DONG


Notas iniciais do capítulo

N/A: As reviews foram lindas ^^
Mas eu quero mais, muito maisss MUAHAHAHHA!

Queia fazer um agradecimento especial hoje para mia-angeli que fez a segunda recomendação da minha fic, obrigada *.*

E capitulo granndee, hein galera? 18 paginas de word.
Então, Have fun!



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XxX

Bella PoV

—Bella! Bella! Fale comigo! Bella?

Eu ouvia alguém me chamar... Alguém me chamar ao longe. Mas quem seria? Eu conhecia a voz. Tinha certeza que conhecia. E que cheiro era aquele? Era bom, sem dúvida... Suave, másculo e infinitamente agradável.

Uma sensação boa. Alguma coisa estava me aquecendo.

Parecia que haviam passado com um trem por cima de mim.

Esse foi meu primeiro pensamento ao recobrar a consciência. Tudo no meu corpo doía e a sensação de não querer abrir os olhos era péssima. Eu simplesmente não conseguia me lembrar do que havia ocorrido. Comecei a me remexer, lentamente, numa espécie de reconhecimento corporal.

— Bella? – Ouvi uma voz preocupada me chamando. – Está acordada?

Com o soar daquela voz, lutei com todas as minhas forças para conseguir abrir os olhos, mas toda minha força não era suficiente. Não estava dando resultados. Só consegui abri-los quando senti uma mão segurando meu pulso. Por reflexo despertei.

— Oi Emmett... – Disse de forma sonolenta.

— Olá. – Respondeu ele com um sorriso aliviado. – Está se sentindo melhor?

— Hum, melhor de quê? – Disse praticamente inconsciente.

— Você não se lembra? – Perguntou ele com cara de dúvida – Ontem você desmaiou na cozinha.

Logo após ter recebido essa informação algumas vagas lembranças começaram a passar pela minha cabeça.

Estudando... Edward... Ausência de luz... Apaguei de vez.

Ah sim. Agora tudo tinha sentido.

— E... – Um bocejo – E que horas são?

— Sete.

— Da noite? – Outro bocejo.

— Da manhã... É claro.

— O QUE? Meu Deus! Eu fiquei apagada esse tempo todo? Lascou! Lascou tudo! Estou super atrasada! – Disse desesperada, praticamente levantando vôo da cama. Mas antes que eu conseguisse me firmar em pé no chão, Emmett me empurrou de volta para o colchão macio.

— Não senhora! Você vai ficar bem AÍ, de repouso, o dia INTEIRO! Me ouviu bem?

Qual era a dele?

— Ficou louco? Eu preciso ir assistir aula! Por que está fazendo isso afinal?

— Vai dizer que não sabe? Bella, você está queimando em febre! Achou que desmaiou ontem de graça? Você pegou uma virose louca ai, que dá febre, enjôo, tonteira e mal estar... Bem, pelo menos foi isso que o médico disse.

Ah... Não era ressaca afinal.

— Hum... Entendo. Mas eu acho que já estou melhor, sabe? Não posso perder essa aula e-

— Acho que você está passando muito tempo com Edward, sabia? – Emmett disse com um sorriso debochado. – Por falar nele é só pedir para seu "colega de trabalho infinito" te passar o que você perdeu.

Emmett como sempre teimoso.

— Eu acho que não preciso dar esse trabalho desnecessário ao Edward. Posso muito bem ir para a aula.

Emmett passou alguns segundos calado como se estivesse assimilando o que eu havia falado. Parecia levemente surpreso.

— Ah, é mesmo? Pois eu acho que você vai dar muito mais trabalho á ele se for para escola.

— E por quê? – Perguntei confusa.

— Por que você provavelmente vai terminar desmaiando de novo e, com isso, o Edward vai ter que te carregar pelo lugar todo até uma cama E (ênfase no "e") cuidar de você... DE NOVO!

...

...De novo?

DE NOVO?

— Edward... Carregou... Cama... Cuidou... Eu...

Quando finalmente tudo fez sentido, comecei a adquirir uma coloração escarlate da cabeça aos pés.

— HAHAHAHA, viu maninha? Acho melhor você ficar em casa mesmo. Será mais "Saudável". Hum, a não ser que você queira tanto assim ser carregada novamente pelo Edward... É talvez seja isso.

Eu já disse que às vezes ODEIO o Emmett?

— Ca...Cala a boca, seu bocó! Eu não quero ser carregada pelo Edward. E aposto que ele só fez isso para garantir o dinheiro dele. – Eu não podia me iludir. – Se eu não melhorasse e morresse, não ia ter ninguém para pagar ele! – Disse tentando parecer vitoriosa.

— Ah sei. E ficar do lado da cama com cara de preocupado, esperando a febre baixar, influência em quê na melhora do paciente mesmo?

E a cor escarlate ataca minha face novamente.

— VAI LOGO EMBORA EMMETT! – Disse jogando um ursinho nele com o intuito de expulsá-lo do quarto.

O que milagrosamente deu certo.

Depois que Emmett foi para escola, fiz de tudo para desviar meus pensamentos de Edward.

"E pensar que da próxima vez que o vê-lo eu terei que me desculpar... Lastimável realmente." Pensava nervosamente.

Passei a manhã sem sair da cama como haviam requisitado. Mas aproveitei para estudar e revisar as matérias de leitura. Afinal, já era quinta-feira, e as provas começariam segunda.

Pouco depois do almoço minha febre melhorou e eu comecei a me sentir bem melhor. Fiquei naquela estranha expectativa "será que ele vem ou não vem?", mas com certeza foi pelo fato de eu ter que pedir desculpas para ele. Ia ser sacal, eu iria me enrolar... Você sabe, odeio pedir desculpas. Somente por isso.

E então deu a hora exata de Edward chegar à minha casa. Escutei a campainha tocar e fui prontamente até a porta. Abri-a e então:

— Oi Bella.

Ele era pirado?

— Humm, oi... Posso saber que porra é essa? – Perguntei inconformada cruzando os braços.

— Ué, o que você acha que é?

— Um nerdão de classe A vestido a caráter, que por acaso eu estou pagando para ser um gato pelas próximas semanas.

Edward simplesmente estava usando suas roupas de costume e óculos habitual. O que não me deixou nada, nada feliz.

— Sim, e daí?

— E daí que você deveria estar um gato agora! É para isso que estou te pagando!

Edward permaneceu parado com a feição séria e calma, porém parecia meio confuso.

Então ele botou cada uma de sua mão em um ombro meu, me conduziu delicadamente para trás, fazendo com que entrássemos de fato na casa, fechou a porta por trás dele e então começou a falar:

— Primeiro: O trato é VOCÊ me fazer ficar gato. Minha produção é toda por sua conta. Você mesmo deixou isso BEM claro, principalmente porque faz parte da sua diversão. E visto que você não foi hoje à minha casa me "embonecar", eu não tinha obrigação nenhuma de fazê-lo. Segundo: Isso tudo é para o SEU divertimento, então ir para a escola todo "gato" sem que você esteja não tem sentido nenhum. Terceiro: Dormi pouco e muito mal, o que dá menos vontade ainda de me arrumar.

É, talvez ele tivesse um pouquinho de razão. Mas só um pouquinho.

— Sei, sei, espertalhão. Vamos logo aos estudos.

Eu? Saindo pela culatra? JAMAIS! Impressão sua.

Edward se limitou a dar um sorriso torto e me seguir. (Para minha sorte)

— Então... Já está melhor? – Perguntou com um tom desinteressado.

— Bem melhor. Só espero não ter uma recaída e sair desmaiando por ai de novo.

— Eu também. – Ele falou parecendo estar se livrando de um peso.

Um peso... O peso de me carregar? Havia incomodado ele tanto assim?

Uma pontada de raiva e indignação me atingiu, mas permaneci calada.

"Melhor ficar na minha"

Edward PoV

O alívio que senti em ver Bella melhor foi imediato. Na noite anterior ela estava extremamente mal, chegando a delirar de tanta febre, e olhá-la daquele jeito havia me incomodado profundamente.

Eu havia ido a sua casa com um intuito maior de visitá-la do que de ensiná-la, mas aparentemente ela não queria perder tempo na hora de estudar para as provas. Em menos de dois minutos que estava lá, ela já havia me chamado para meter a cara nos livros. Ela deveria querer mesmo tirar notas boas.

Durante os estudos Bella parecia estar se sentindo desconfortável, meio incomodada. Será que me minha aparência de Nerd era assim tão desagradável para ela?

E Então, depois de várias horas estudando ela se manifestou:

— Cansei... – Ela disse num suspiro.

— De quê? – Perguntei desinteressado.

— De estudar... – Resmungou fazendo um bico em desgosto. – Estou estudando desde manhã. Não agüento mais.

— Já estava estranhando. Você parecia tão destemida para estudar hoje que até pensei que sua doença era séria, para estar afetando até sua personalidade. Mas parece que está tudo normal mesmo.

— HAHA, como sempre um comicozinho. – Um sorriso sarcástico se formou em seus lábios.

— Se eu sou um comicozinho você engoliu um palhacinho, porque está tão engraçadinha quanto eu. – Eu adorava vê-la com cara de estressadinha.

E lá veio ela com suas reações... Me lançou um olhar mortal, deu a língua e voltou a falar.

— Ignorando seu comentário inútil. Bem, não agüento mais, eu quero fazer outra coisa.

— Tipo o que? – Perguntei desinteressado, voltando minha mente para os livros.

Ela podia até querer fazer outra coisa, mas provavelmente desistiria antes mesmo de tentar e voltaria aos estudos sem eu ao menos ter que pedir.

— Não sei... Hum... – Ela parecia pensativa, até uma idéia "brilhante" cruzar sua mente, e então um sorriso safado (isso mesmo) surgiu em sua face. – Edward, tive uma grande idéia.

— I- Idéia? Que idéia?

Por que ela fazendo "aquela" cara me deixava nervoso?

— Sabe o que é? Papai e mamãe não estão em casa... Você sabe. – Disse ela rindo de forma estranhamente sedutora e empolgada.

— Hammmm, e daí? – Perguntei com o coração acelerado.

Por que ela estava com aquela cara? E se aproximando estranhamente de mim? E por que eu não conseguia mais respirar direito?

— E ai que a gente vai poder fazer outras coisas... Sabe? Sem ser estudar. Coisas que envolvam um pouco de barulho, mas sem se preocupar que eles escutem.

— Do- do que diabos você tá falando? – Disse eu nervosamente, mas sem conseguir e nem querendo me afastar nenhum centímetro.

— Ah, você sabe. Tenho certeza que você gosta também. Todo mundo gosta. –E então ela pegou minhas mãos. Delicadamente.

— Eu sabia que você provavelmente deveria ser bom nisso, mas não sabia o quanto. Você realmente tem muito jeito com os dedos, é incrível!

— Obrigada Bella. Nunca pensei que fosse dizer isso, mas... Você também é incrivelmente boa. Talvez a gente devesse ter feito isso antes, mas eu jamais imaginaria que você gostava desse tipo de coisa.

— Ah, fala sério. Meu vicio. Adoro jogar Guitar Hero, jogava todo dia até meu pai me colocar de castigo. – Ela disse fazendo um bico.

Foi realmente uma surpresa descobrir que Bella jogava vídeo game. Nunca em minha vida eu pensaria que ela, a menina patricinha, fresca, que se acha a bala, metida e esnobe, que queria substituir Rosalie, gostasse desse tipo de coisa. E o mais incrível, que ela era realmente boa.

Ultimamente Bella andava me surpreendendo bastante. Nunca imaginaria que ela se esforçaria tanto na hora de estudar, e que aprenderia as coisas tão rapidamente, nem que ela trabalhava de tradutora em RUSSO antes de vir para Forks, e muito menos que ela seria viciada em vídeo game.

Isso me fazia pensar o quanto as aparências enganavam. No final das contas, ela é uma pessoa realmente muito interessante de se ter por perto, incrível.

...

...

Peraê, eu pensei mesmo isso?

Oh meu Deus, o doente aqui sou eu! Devo estar ficando louco, ou no mínimo perturbado.

Eu devia estar passando gel demais no meu cabelo e isso deve estar afetando meu cérebro. Só pode.

— Edward... – Bella me chamou vagarosamente. Ela me encarava com um olhar que podia penetrar na minha alma.

E isso estranhamente fez meu estômago revirar.

— Hum, oi? – Respondi em tom de pergunta.

Era incrível como de um segundo para o outro eu me sentia inseguro perto dela. Isso nunca havia acontecido antes.

Sem dizer nada, Bella começou a esticar vagarosamente sua mão em direção ao meu rosto. Ela ainda me olhava profundamente como se estivesse concentrada apenas em mim. Aquele breve segundo pareceu séculos. Séculos dos quais eu não tinha idéia do que fazer. Em algum dos milésimos daquele segundo, pensei em me afastar, rejeitar seu toque, me manter longe. Para o meu próprio bem. Mas meu corpo não obedecia, parecia não estar escutando a minha cabeça. Parecia estar escutando o co-

— Seus óculos estão sujos. – Bella disse retirando rapidamente meus óculos, para a minha surpresa.

E então ela limpou-os e devolveu-os para mim.

Simples assim.

Sim, sim, ridículo, eu sei. Fiquei todo cheio de nervosismo e frescura, imaginando várias hipóteses impossíveis, quando ela só queria limpar meus óculos.

E o pior de tudo. Por que eu me sentia tão desapontado?

Quando me dei conta, estava rindo sozinho da minha própria cara.

"Que imbecil! O que diabos eu estou pensando? Qual o meu problema afinal?" Tentei raciocinar desnorteado.

— Edward? O que há de tão engraçado? – Bella perguntou desconfiada.

Minha cara de trouxa!

Sim, deu vontade de responder isso.

— O seu fraco e deprimente desempenho em Guitar Hero. Foi tão ruim que foi hilário para dizer a verdade!

Não tinha o menor sentido eu atacá-la verbalmente. Ela não me havia feito nada e tinha conseguindo uma pontuação tão boa quanto a minha no jogo. Vi que ela, inclusive, demonstrava essa mesma confusão no olhar.

Mas eu não me importava. Nesse exato momento eu havia tomado a decisão de que eu precisava me afastar dela.

A presença constante de Bella em minha vida estava me deixando estranho, diferente. Com uma coisa estranha fulminando o tempo todo no meu peito. E aquilo era... Angustiante!

Então cheguei à conclusão que a melhor alternativa era fugir. Fugir daquelas estranhas sensações. Fugir dela.

O plano era "dê sua aula, pegue o dinheiro e adeus Swan", então é melhor segui-lo a risca.

Eu estava passando tempo desnecessário demais com Bella.

— Ah... Foi fraco é? – Ela disse com um sorriso torto e debochado no rosto. – Tão fraco que fui melhor do que você!

Agora ela mexeu com meu orgulho.

— Rá! Nos seus sooonhos, Isabella Swan. Na verdade acho que NEM NELES você conseguiria me ganhar. – Falei com desdém.

— Quer pagar para ver? – Bella perguntou com um sorriso divertido e convidativo no rosto.

Sorriso que fez um frio congelante subir na extensão de toda minha espinha.

E isso me lembrou que eu deveria me afastar, o mais rápido possível.

— Eu não tenho que provar nada para você. – Disse seco.

— Ah, claro... AMARELÃO! IUUU IUUU AMARELÃOOO!

Ela obviamente não estava me levando a sério.

— Estou indo embora. – Falei subitamente saindo de seu quarto.

Passaram-se alguns segundos em silêncio. Aparentemente ela deveria estar assimilando o que eu havia dito. Quando achava que ela não mais me seguiria comecei a ouvir barulhos.

— Embora? – Bella se alarmou indo atrás de mim. – Agora? Mas ainda é cedo.

Parece que finalmente entendeu que eu falava sério.

— Mas hoje... eu... eu acabei de lembrar que tenho um compromisso, não vai dá para ficar.

Fugir, fugir, fugir.

— Mas... Hum... Então... Tudo bem... Eu acho. – Ela disse meio desconfiada, me seguindo enquanto eu arrumava minhas coisas.

— Então tá. Tchau. – Falei dando as costas para ela e saindo rapidamente da casa pela porta da sala.

Com tanta pressa que esqueci um dos meus livros, e nem voltei para pegar.

Eu sabia que não poderia evitá-la para sempre, mas achava que no dia seguinte seria mais fácil conviver com ela sem ter que interagir ou me aproximar propriamente dito dela.

Eu só havia me esquecido do fato que ela me arrumava todos os dias.

Bella PoV

Depois da estranha reação de Edward ontem, fiquei meio com o pé atrás de falar normalmente com ele. Edward parecia desesperado para ir embora. Parecia até que eu tinha lepra ou alguma coisa parecida.

Mas eu iria vê-lo de qualquer forma, afinal, eu estava pagando por isso.

Cheguei de manhã cedo na casa de Edward a fim de produzi-lo. Estacionei o carro perto de sua casa e me dirigi até a porta.

O que aconteceu foi que antes que eu chegasse a bater na porta, ela se abriu, revelando um Edward nerd com uma mochila nas costas e segurando uma torrada com a boca.

E sim, ele parecia surpreso em me ver.

O maldito estava tentando fugir.

— Posso saber para onde você estava pretendendo ir? – Disse cruzando os braços

— Eh... Hum... Para lugar nenhum. – Ele falo tirando a torrada da boca, tentando disfarçar o choque que havia levado.

— MENTIROSO! Você estava fugindo!

— Não! Não estava não! – Edward disse olhando para todos os lados menos para mim.

Definitivamente ele não sabia mentir.

Fiquei encarando-o com um olhar furioso. Qual era a dele afinal? Eu estava pagando não estava? E por que aquela atitude estranha, de repente, desde ontem? Aquilo definitivamente estava me incomodando.

— Não estava é? – Enfiei rapidamente minha mão em seus óculos e arranquei-os de sua face. – Então vá botar suas lentes AGORA. Se não quiser que EU coloque.

Ele me encarou alguns segundos, com um olhar frio e calculista, deu as costas para mim e então começou a caminhar na direção de seu quarto, deixando a porta da casa aberta. Fato que deu a entender como um convite para que eu entrasse.

Pelo visto eu colocar sua lente havia sido um acontecimento traumatizante em sua vida.

Enquanto Edward lutava arduamente contra sua lente, eu escolhia suas roupas. Logo depois de pronto fui passar gel em seus cabelos. Ele parecia estranhamente tenso enquanto eu o fazia, mas decidi que devido às circunstâncias, essa era a melhor hora de se falar o que eu queria, já que eu não tinha que olhar sua face e vice versa.

— Edward... – Disse num sussurro.

— Hm...

— Eu... Eu meio que queria... cof cof... pedir desculpas...

Nesse instante ele virou o rosto para mim com uma expressão enorme de dúvida. Aparentemente ele não sabia do que eu estava falando.

Antes que eu ficasse mais sem graça do que já estava, tornei a virar sua cabeça à força de modo que ele não pudesse mais me olhar.

— Pedir desculpas pelo dia que eu desmaiei e você teve que me sair carregando pela casa toda, que para piorar, estava escura e ainda por cima esperar Emmett chegar para tomar conta de mim. Tipo, isso nem de longe é parecido com as coisas que eu pago você para fazer. Então achei que era mais do que obrigação minha pedir desculpas a você e agradecer por ter cuidado de mim.

Edward permaneceu calado e imóvel como uma estátua. Fiz uma pequena pausa e me permiti refletir sobre o que tinha acontecido.

— Sabe, – Voltei a falar com um tom divertido – há uns dias atrás eu poderia jurar que se desmaiasse na sua frente, você simplesmente me olharia caída no chão e sairia de perto, sem me ajudar de forma alguma.

Então um riso tímido e sem humor saiu dos lábios de Edward.

— É, eu também achava isso.

Chegando à escola, a primeira pessoa que eu e Edward vimos ao sair do carro foi Rosalie nas escadas da escola nos olhando fixamente com um olhar mortal. Qual era o problema dela?

Ai me lembrei de uma coisa.

— Edward... Ontem quando você veio de... Nerd a Rosálie não se sentiu incomodada? Ela não falou nada?

Edward me olhou de maneira curiosa, provavelmente se questionando o porquê daquela pergunta.

Eu só queria saber se Rosalie havia continuado toda caidinha e oferecida para ele quando Edward apareceu de Nerd ontem. Uma curiosidade pessoal.

— Aparentemente sim. Ficou tentando arrumar meu cabelo e ficava tirando meus óculos toda hora...

Ah, como imaginei. Ela só tinha se encantado pelo exterior dele.

—... Me fez até lembrar-se de certas pessoas. – Ele disse me olhando de rabo de olho e então se afastando de mim.

Ah fala sério! Ele estava mesmo ME comparando a Rosalie? E ele estava mesmo indo de encontro a ELA?

RAH! Que piada! A super e perfeita e odiosamente famosa Rosalie caidinha por um nerd bruto, ignorante e sem sal. Está bem que ele, na verdade, estava muito gato, mas por MINHA causa. Além disso, não muda o fato que ele é MESMO um nerd bruto e ignorante que hora me carrega por aí quando eu desmaio e hora foge de mim.

Ah, quer saber? Eles se merecem.

Em uma das muitas aulas que tive naquele dia, peguei acidentalmente o livro de Edward que eu havia ficado de devolver.

Como quem não quer nada, comecei a folheá-lo. Quem sabe eu não achava uma anotação útil para mim?

E foi ai que a surpresa tomou conta de mim. Senti minha espinha congelar por um segundo. Uma foto de Rosalie, que obviamente havia sido tirada sem sua consciência, entre as folhas do livro.

Ah, era óbvio. Simplesmente ÓBVIO! Como eu não tinha percebido isso antes? Isso, na verdade, explicava muitas coisas.

Agora era claro como a água que Edward vinha sustentando uma paixão secreta por Rosalie desde muito antes da minha chegada em Forks. Por isso que ele me odiava tanto! (Ou me odeia... sei lá) Ele achava que com a minha chegada e Rosalie estando no intercâmbio, eu a substituiria e roubaria o lugar de luz da sua amada.

Por isso que ele havia se derretido de primeira aos charmes dela na sua festa de boas vindas, mesmo sendo tão exigente e durão!

Esse... Esse... IMBECIL! Ele devia BEIJAR ATÉ MEU DEDÃO ENCRAVADO DO PÉ! Fui EU quem o colocou no mapa para que Rosalie finalmente o notasse. Se não fosse por mim ele NUNCA teria uma chance com ela. Mas nããão, ele tem que ser um ingrato que só tem olhos pra Ela!

Se ele quiser essa porcaria desse livro ele vai ter que IMPLORAR!, pensei fechando-o e jogando-o dentro da minha bolsa.

--

Na hora do almoço a última coisa que eu desejava era ver Edward, nem que tivesse pintado de ouro. Mas, é claro, que com a incrível sorte que eu tenho, eu o vi. E só para ficar ainda melhor, junto a Rosalie.

Por razões óbvias, eu os ignorei completamente e decidi me alojar em um desses corredores vazios da escola, já que tanto Edward como Rosalie estavam sentado na mesa junto Alice, Jessica, Jasper, Angela e até o Emmett.

Realmente hoje não deveria ser meu dia.

Principalmente porque antes que eu conseguisse achar um corredor adequado para minhas acomodações, que provavelmente envolveriam uma boa cochilada, alguém me puxou pelo braço.

Virei já pensando em bater no infeliz que estava me perturbando.

— Oi Bella. – Aquela voz extremamente suave e encantadora soou em meus tímpanos.

Okay, por essa eu não esperava. Rosalie Hale me perseguindo.

— Hum... oi.

— Por que não ficou para o almoço?

— Digamos que eu estava com mais sono do que fome. – Respondi naturalmente.

— Hum, entendo. – Ela disse seca.

Um silêncio constrangedor se instalou no local, então resolvi começar a falar para terminar logo com aquilo.

— Suponho que você não tenha me seguido até aqui para perguntar minhas preferências de afazeres durante o intervalo.

— Isso mostra que você é uma pessoa com o mínimo de bom senso.

Ela estava sacaneando com a minha cara?

— E então? – Perguntei ríspida cruzando os braços.

— Qual sua relação com Edward? – Ela perguntou direta.

Ah, claro. Só podia ser isso.

— Vejamos... São muitas! – Falei alegremente. Ao dizer isso Rosalie conseguiu a façanha de ficar ainda mais branca que o normal. Eu tinha deixado ela preocupada, isso era bom. Muito bom. – Temos a relação de "ódio profundo", a relação "Barbie e dona da Barbie", e por último, mas não menos importante, "aluna e tutor".

Ela apenas pareceu ter apreciado a relação ódio profundo.

— Acho que você não foi muito clara. Podia ser mais específica?

— Nós nos odiamos, mas eu pago ele para me ensinar as matérias escolares e arrumo ele antes de vir para escola. – Disse como se estivesse falando da grama da minha casa. Totalmente desinteressada.

— Você... ARRUMA ele? Todo dia?

— Isso mesmo. Escolho a roupa, boto gel, essas coisas.

Rah, isso ia incomodá-la. Tá certo que, na verdade, eu só tinha arrumado Edward pouquíssimas vezes, mas ela não precisava saber disso.

— E porque faz isso? – Ela perguntou com uma veia aparecendo na testa. Provavelmente proveniente da raiva.

— Ué, porque eu quero! E você deveria me agradecer. Se não fosse por mim, ele viria todo dia para escola com aquele visual de nerd que você provavelmente viu ontem.

— Ah é mesmo? Não se preocupe, você já pode se aposentar dessa árdua tarefa. Eu mesma posso fazê-la.

— Acho que você não está entendendo. Edward é MINHA Barbie. MEU brinquedinho temporário. Eu estou pagando-o por isso. Não pense que vai tirar isso de mim.

Que sentimento possessivo todo era aquele?

— Ah, então você realmente também o quer? Eu já tinha certeza.

Um nervosismo estranho subiu na minha cabeça e então destrambelhei a falar.

— O quê? Você tá louca? Eu não tenha NADA com Edward e nem quero ter nada com a aquele pé rapado nerdão! Se quiser pode ficar para você!

Por que eu sentia uma estranha dor no peito ao dizer aquilo?

— Ah é? – Ela disse em tom de ironia. – Então quer dizer que se eu quiser, eu posso mesmo ficar com ele? Você não vai se importar? Você não vai fazer nada?

— É claro que eu não vou fazer nada. Ele é todo seu. E a respeito das nossas relações, não se preocupe, elas tem prazo para acabar. Menos a parte do "ódio profundo" entre nós.

Por que me doía tanto dizer aquilo tudo? Mesmo sabendo que era a pura verdade?

— Ah, que ótimo então! – Rosalie deu um grande o longo sorriso. – Foi bom conversar com você.

— É, é, é... Claro. – Disse fazendo um bico emburrado.

— E mais uma coisa... – Ela começou a falar com seriedade e segurança na voz – Mesmo que você o queira, ele vai ser MEU.

Após dizer essa "magnânima" frase, ela se virou de costas e partiu com um rumo qualquer.

Ai, que raiva.

--

Hoje as aulas com Edward estavam ainda mais cabulosas e estranhas do que de costume. Edward continuava com a atitude "quieto, seco e distante" perto de mim, pior do que quando havíamos acabado de nos conhecer, e eu estava naquela de "não dou a mínima para você e sua birra, seu loser!". Então deve dar para imaginar como estava o clima.

Ele explicava as coisas e me passava exercícios falando somente o necessário e eu o respondia no máximo com um "Hum..."

Então, finalmente, veio a esperada pergunta.

— Isabella, você por acaso viu um livro meu nas suas coisas?

"Isabella" é? Havia tempo que não me chamava assim. Então ele queria bancar o durão? Certo, dois podem brincar esse jogo.

— Não, não vi. Por quê?

Cínica, eu sei.

— Por que tenho quase certeza que esqueci um livro meu aqui. Você poderia procurar? – Edward perguntou em tom de ordem.

— Por que tanta pressa? Tem alguma coisa importante no tal livro?

Nessa hora levantei minha cabeça que estava direcionada para os livros, só para poder acompanhar sua reação. Realmente eu queria ver o que o espertalhão falaria.

Edward pareceu ficar ainda mais pálido que o normal, por um segundo, e perdeu ligeiramente a compostura, mas logo se recuperou.

— Não, nada em especial. É apenas um livro necessário para os estudos. Se encontrar me avise, por favor.

Mentiroso de uma figa.

— Claro. – Disse com um sorrisinho falso.

— E outra coisa.

— Fale. – Disse voltando a atenção para os livros.

— Eu não virei dar aulas para você amanhã.

Uma raiva muito grande começou a invadir meu corpo. Que tipo de trabalhador era aquele que só avisava que ia faltar em vez de pedir permissão?

— Pirou de vez? Amanhã é SABADO! SEGUNDA começam as provas! E ai você resolve não vir dar aula amanhã! Tá achando que isso aqui é o que? Casa da mãe Joana?

— Não venha com frescura. Você SABE que não precisa mais de aula.

— Talvez não de aula, mas quem sabe uma longa revisão! Não sei se você não percebeu, mas eu quero tirar só "A". Eu estou te pagando CARO por isso, Edward!

— Então você pode descontar o pagamento todo de amanhã, pois eu não virei.

Mas que absurdo! Que calúnia! Pela primeira vez nessas duas semanas que se passaram, eu me senti realmente arrependida por ter contratado Edward.

Apesar de toda raiva que ele sentia por mim desde o primeiro dia, jamais pensei que ele faltaria com profissionalismo comigo. Jamais pensei que ele faria isso.

— E posso saber por que razão você não poderá vir amanhã? – Falei controlando toda minha raiva e dando voz a razão.

Talvez ele tivesse mesmo algum motivo para faltar amanhã e eu estivesse sendo injusta com ele só criticando e reclamando.

— Motivos pessoais. – Respondeu seco.

Ah, era só o que me faltava. Agora não queria dizer o motivo!

— Ah claro! Eu até imagino os fortes motivos pessoais de um NERD! "Que tipo de jeito vou coçar o saco hoje?", "'Star Wars' ou 'De volta para o Futuro'?", "Video Game ou Computador?"–

Então Edward bruscamente me interrompeu quase gritando.

— Vou sair com ROSALIE! Satisfeita?

Senti todo o meu sangue subir para a cabeça e então começar a fumegar loucamente.

O ódio tomava conta de mim.

Que muleque mais egoísta, sem profissionalismo, irresponsável, antipático e imbecil!

A raiva que sentia por ele era tão grande que não conseguia expressá-las com meras palavras.

Como ele tinha assim tanta cara de pau? Logo no fim de semana antes das provas? No fim de semana mais importante, me deixar na mão para sair com Rosalie?

Como uma pessoa podia ser tão insensível?

E então a raiva e o ódio começaram a se misturar com outros sentimentos. A mágoa e decepção.

Minha cor então começou a voltar ao normal e uma significante tristeza me invadiu.

—Sim, satisfeita. Como quiser, Edward. – Disse amargamente sem olhar para ele, me voltando para os livros.

Depois de hoje eu não tornaria me encontrar com Edward. Não iria querer mais uma aula sequer, mesmo durante a semana de provas; não iria jamais tornar a arrumá-lo, que ficasse NERD para sempre, e muito menos pretendia voltar a vê-lo.

Aliás, pretendia vê-lo só mais uma vez para pagar por todo serviço prestado. E então não tornaria a sequer olhá-lo.

Era incrível como um simples ato de uma pessoa qualquer havia me deixado tão magoada a ponto de não querer mais vê-la. Então imagine o estrago que ele faria se eu concordasse em continuar vendo-o.

— Bella... – Edward havia me chamado. Encarei-o, ele parecia confuso, tenso, como se estivesse prestes a confessar um crime. Aquilo meio que me deixou surpresa. – Eu-

DING DONG.

Edward foi interrompido pela capainha e não tornou a falar. Seja lá o que for que Edward queria falar, aparentemente ele poderia esperar.

Me levantei e fui até a porta.

Abri-a e então:

— BELLA! – Disse um rapaz muito alto de pele bronzeada e um largo sorriso no rosto.

Antes que eu pudesse assimilar quem era ou qualquer outra coisa, ele me tirou do chão para um longo e apertado abraço. O que me fez dar um "gritinho".

— Ahhh! JACOB! ME BOTA NO CHÃO! – Ordenei desesperada.

Ninguém poderia me dar um abraço daquele se não fosse Jacob.

Assim que ele seguiu minha ordem sofrida, pude olhá-lo lentamente. Como ele havia crescido.

— Desculpe Bells, é que não consegui me conter quando te vi. – Ele respondeu com um belo e simpático sorriso.

Não pude evitar em sorrir de volta.

Jacob, meu amigo de infância de Phoenix. Eu havia sentido tanto sua falta. Era bom vê-lo novamente.

Mas o que ele estava fazendo aqui afinal?

— Jacob, o que você-

— Bella! Aconteceu alguma coisa? – Perguntou Edward surgindo atrás de mim com uma voz ligeiramente preocupada.

No mesmo instante em que surgiu, os olhos de Jacob e Edward se encontraram. E posso jurar que saíram faíscas.

— Hum... Edward, Esse é Jacob.

XxX


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Notas finais do capítulo

N/A: A mesma coisa vale pro capitulo passado. O próximo capitulo já tá pronto. Ou seja, quanto mais review tiver mais rapido eu posto ^^ NHE