Meu Amado Seboso escrita por paddyblack, maribocorny


Capítulo 8
Um Simples Jantar Entre Amigos


Notas iniciais do capítulo

esse capítulo é da mari



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Era a terceira ou quarta vez que eu mudava de direção a caminho do Salão Principal? Eu havia perdido a conta. Tentava ficar calma, me convencer que aquilo não seria um encontro, apenas um simples jantar entre amigos. Aí eu pensava que ele só estava falando comigo por pena e dava meia volta. Não demorava muito para eu lembrar que ele havia me contado que era mestiço (e ameaçado me matar logo em seguida, mas isso não contava) e mudava de rumo. Até que eu fiquei tonta com todo aquele vai e vem.

- Merda! – Eu resmunguei para mim mesma. – Se era pra agir como uma estúpida inconseqüente, porque o Chapéu não me colocou na Grifinória de uma vez?

Sacudi a cabeça, decidida. Se fosse para eu ser corajosa, eu seria corajosa até o final. Ou até eu ter uma opção melhor. Respirei fundo e fui caminhando determinada até o Salão.

Poucos alunos ficavam na escola durante o Natal, e eu não pude deixar de me perguntar se eles teriam famílias tão problemáticas quanto a minha e a do Severo. As quatro grandes mesas das Casas estavam praticamente vazias, salvo um que outro aluno salpicado aqui e ali. Ele estava ali, como prometera. Senti milhares de borboletas surgirem no meu estômago.

- OiSeveroquebomquevocêveio. – Eu disse, me engasgando e em um fôlego só.

- Eu disse que eu viria. – Ele disse. – Mas você está atrasada.

Eu sorri para ele e me sentei. Já estava me acostumando com o jeito dele ser. Toda vez que dizia alguma coisa que pudesse ser vista como remotamente gentil, emendava rapidamente com uma frase áspera. Ele não podia arriscar a reputação dele.

- Posso lhe perguntar uma coisa, Kassandra? – Ele disse, se servindo de purê de batatas.

- Claro. – Eu respondi, disfarçando o arrepio que o meu nome pronunciado por ele me causava.

- Você estava fingindo ir mal em DCAT? – Ele perguntou sem rodeios.

- O quê? Do que você está falando?

- Eu não estava mentindo quando disse que você poderia vir a ser a melhor da sua classe. – Ele deu de ombros. – Mas eu nunca vi alguém progredir tão rápido.

- Você é um bom professor. É isso. – Eu disse, e tive vontade de vomitar de nervosismo.

- Não respondeu minha pergunta. – Ele levantou os olhos do prato e me encarou.

Tive vontade de gritar que não era justo ele me olhar de maneira tão profunda com aqueles olhos negros. Como se eu fosse capaz de mentir para alguém que fazia com que eu me sentisse tão exposta!

- Por que eu iria comprometer o meu currículo fingindo ir mal em uma matéria?

- Isso ainda não é uma resposta. – Ele não desviou o olhar.

- Não! – Eu disse com mais veemência que pretendia. – Não estou fingindo nada.

Ele voltou a comer e eu segui o exemplo dele, fazendo força para controlar os meus braços trêmulos. O que ele estava querendo insinuar? Passaram-se alguns minutos até ele voltar a falar alguma coisa.

- Seria realmente estúpido comprometer o seu desempenho por causa de alguma coisa. – Ele falava mais para o além que para mim. – Ainda mais por causa de alguém como Sirius Black.

Eu me engasguei com a saliva. Fiquei tossindo por alguns instantes, esperando que o Severo dissesse mais alguma coisa. Qualquer coisa. Mas ele não falou. Esperou pacientemente eu me recompor e ergueu uma das sobrancelhas, me convidando (ou seria obrigando?) a responder.

- Sirius? – Foi a minha resposta brilhante. Ele não ficou contente, então me vi forçada a continuar. – Eu não estou tendo dificuldade em DCAT por causa do Sirius!

Eu não poderia dizer o mesmo quanto a ele, claro. Eu jamais comprometeria minhas notas por causa de algum garoto, mas não poderia dizer que estava exatamente triste com o fato de poder ter passado a tarde estudando com ele. No máximo, eu estava unindo o útil ao agradável.

- Você não seria a primeira a fazer algum tipo de estupidez por causa do Black. – Ele disse, dando de ombros como se não acreditasse no que eu tinha dito. – Só estou dizendo que ele não vale a pena.

Só então eu percebi que ele já tinha terminado de comer e o meu prato estava praticamente intocado. Suavemente, ele se levantou e pegou a sua mochila.

- Não vou poder lhe ajudar com Poções amanhã. – Ele disse, voltando com o seu tom de voz desinteressado. – Preciso ir a Hogsmeade.

Não consegui responder, então apenas acenei com a cabeça.

- Até mais, Kassandra.

Pela primeira vez, eu não senti nenhum arrepio na espinha quando ele disse o meu nome. Ele foi embora silenciosamente e eu fiquei brincando com a comida, sem de fato comer, até o Salão ficar vazio.

Enquanto eu caminhava lentamente até o dormitório feminino da Corvinal, que felizmente estava vazio para o feriado, eu me perguntei como eu pude pensar que as coisas poderiam ficar bem no Natal.

Admito que fiquei decepcionada (embora não surpresa) ao ver que não havia coruja alguma na minha janela. Será que minha mãe recebera a carta? Eu sentia uma saudade desesperadora de casa... Faltavam mais de seis meses para eu poder finalmente voltar. Respirei fundo.

Seriam longos seis meses.


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