Meu Amado Seboso escrita por paddyblack, maribocorny


Capítulo 6
Problemas de Família


Notas iniciais do capítulo

esse capítulo é da mari



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Quando eu cheguei à minha carteira habitual da sala de DCAT, no dia seguinte, percebi que o protesto de Lily não surtira efeito algum. Minha classe estava coberta com uma gosma verde que ninguém sabia dizer ao certo o que era. Sobre aquela meleca toda, tinha uma folha de papel com uma caveira desenhada. Quando eu peguei o papel, o desenho abriu a boca e uma serpente surgiu, irrompendo em chamas em meus dedos logo em seguida.

Régulo e alguns outros garotos da Sonserina deram uma risadinha abafada e senti o meu rosto se tingir de vermelho, sem saber direito se era raiva ou vergonha.

Então eu percebi que eu não era a única. Nigel Banks, Fiona Ackerman e Jay Parker, os outros alunos filhos de pais trouxas, também estavam com as classes melecadas e os dedos sujos de cinzas.

Stella surgiu na minha frente, com os grandes olhos cinzentos maiores do que nunca.

- Estou testando um novo feitiço de limpeza. – Ela disse. – Posso testar nessa gosma?

- Ah... – Eu encostei na gosma para sentir a textura (que parecia com muco). – Fique à vontade.

Não tinha muita certeza daquilo, mas Stella parecia saber o que estava fazendo. Bem, até minha mesa explodir e a aula ser cancelada por causa disso.

- Eu poderia jurar que daria certo dessa vez. – Stella suspirava enquanto íamos para o banheiro.

- Não se preocupe, sei que vai funcionar na próxima. – Eu tentei confortá-la. Se nós não éramos exatamente amigas, éramos alguma coisa parecida. – E eu tenho certeza que suas sobrancelhas vão crescer...

Stella esfregou as sobrancelhas, preocupada. Depois de uns segundos de silêncio, ela me perguntou:

- Quer ir comigo à biblioteca? Vou tentar descobrir o que saiu errado.

- Não, obrigada. – Eu respondi, triste. – Tenho que mandar uma carta para casa. Eles devem estar... preocupados.

Minha mãe deveria estar preocupada. Meu pai deveria estar com um advogado fazendo de tudo para me deserdar, mas achei que Stella não precisava saber disso.

Stella segurou minha mão e olhou profundamente nos meus olhos.

- Promete que vai me deixar testar meu feitiço a próxima vez que sua mesa estiver suja? – Ela perguntou, toda séria.

- C-claro. – Eu respondi, um tanto aliviada por ela não ter se interessado pela minha família e um tanto confusa. Stella sabia ser extremamente perceptiva, mas na maioria das vezes ela era apenas extremamente estranha.

Ela sorriu e foi embora, me deixando sozinha para fazer o percurso até o Corujal.

Eu ainda não tinha escrito a carta, mas tinha papel e pergaminho na mochila. Não sabia o que dizer aos meus pais. Enquanto caminhava, fiquei imaginando versões da carta na minha cabeça.

Queridos Papai e Mamãe” começava a primeira versão. “Hogwarts é mágica. Mas acho que isso já está implícito, porque é uma escola de magia...” Não era uma boa.

Enquanto eu passava por um corredor, pensei em mais uma.

Mamãe e Papai. Desculpem pela demora para mandar notícias, mas tem tanta coisa para fazer em Hogwarts. Eu estou me divertindo muito, fiz muitos amigos e...

 Parei por aí. Não queria mentir. Eu até poderia ter feito alguns amigos, era cedo demais para ter certeza disso. E ser azarada e ter minha classe coberta por um líquido viscoso e fedido não era a minha idéia de “diversão”.

Vários começos se formaram (e foram igualmente terríveis) enquanto eu subia até a torre do Corujal.

Gostaria de deixá-los tranqüilos, tudo aqui é...

Sinto falta de vocês, mas a escola é fascinante...

Peço desculpas por ter esses poderes, mas...

Quando eu cheguei peguei papéis, tinteiro e pena e sentei perto da beirada de uma janela. Fiquei olhando a Floresta Negra por um bom tempo antes de desistir de tentar escrever a carta perfeita. Suspirei, triste ao perceber que não havia nada que eu pudesse dizer ao meu pai que ele fosse, de fato, ouvir (ou ler).

Comecei a escrever.

Mamãe. Hogwarts é legal, mas não é diferente de qualquer outra escola. As matérias não são convencionais, claro, não estou aprendendo nada de Cultura Doméstica como você e o papai queriam, mas a diferença fica aí. Existem alguns alunos legais, outros nem tanto. Queria que o papai entendesse e aceitasse a magia. Ele ainda está muito bravo? Com amor, K.

Dobrei o pergaminho e o lacrei com a cera de uma das velas que iluminava o lugar. Prendi a pequena nota na perna de uma coruja bege. Ainda não estava muito certa quanto ao correio-coruja, mas a ave saiu voando com segurança.

Estava cansada e triste, me sentindo mais sozinha e miserável que nunca. Desde pequena, eu sempre quis deixar meus pais orgulhosos de mim, mas... Para conseguir deixar meu pai orgulhoso, eu precisaria agir como a filha perfeita, uma jovem dama da sociedade, destinada a casar com um membro nobre do country club ou alguém que fosse bom para os negócios da família.

Estava pensando nisso no caminho de volta para a torre da Corvinal. Eu estava desanimada demais para ter fome, mas a maioria dos alunos deveria estar jantando, porque os corredores estavam praticamente vazios. Até eu ouvir uma voz conhecida.

- Eu não acredito que você fez isso, Régulo! – Era Sirius Black. Eu me escondi atrás de uma armadura e continuei escutando.

- Foi só um pouquinho de gosma. – A voz do mais novo era incerta, como se ele não soubesse se sentia orgulho ou vergonha. – Não é nada que você não tenha feito antes!

- Não é da gosma que eu estou falando. – Sirius disse, impaciente. – Eu falo de andar com esses idiotas.

- Idiotas? – Régulo disse com a voz baixa, mas visivelmente (ou eu deveria dizer sonoramente?) irritado. – E você? Andando com mestiços e sangues-ruins? Você suja o nome Black, Sirius!

- O nome Black estava sujo muito antes de eu nascer! – Sirius se enfureceu. – E eu tinha a ilusão que você me ajudaria a limpar nosso nome.

Régulo respirou fundo, furioso, e deu meia volta. Eu me espremi mais ainda atrás da armadura, torcendo para não ser vista. Ele passou reto por mim, mas eu pude ver seu rosto rubro. Só quando ele já estava fora de vista eu voltei a respirar.

O que foi um erro. Bati na armadura, fazendo um barulho não muito alto, mas acusador.

- Saia daí! – Sirius ordenou, com a varinha em punho.

- Desculpe! – Eu disse, saindo de trás da armadura com os braços erguidos, como se ele me apontasse uma pistola, não uma varinha de freixo. Engoli o choro o máximo que pude, mas ainda assim minha visão estava embaçada por causa das lágrimas. – Eu não queria ter ouvido nada, não foi minha intenção...

A expressão de ataque de Sirius logo se tornou um sorriso inocente.

- Srta. Ranhoso. – Ele disse, abaixando a varinha. Ainda tinha um sorriso nos lábios, mas os olhos cinzentos estavam tristes. – Não se preocupe. Todos nós temos problemas com a família, não é?

Dei um sorriso triste para ele também.

- Você nem tem idéia. – Suspirei.


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Notas finais do capítulo

[se não deu pra perceber, a stella é a mãe da luna ;D só pra deixar isso bem claro. ah, e agradecer muito, mas MUITO mesmo por todos os comentários.]