MIC escrita por NT


Capítulo 3
Cristini




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/146117/chapter/3


Acordei com o despertador, levantei fiz minha higiene, coloquei uma blusa babylook branca, um jeans, meu all star e desci. Tomei café e saí. Cheguei na casa da Gabi e toquei a campainha, na segunda vez abriram a porta. Quem abriu a porta? O Lipe! Aff, mas aquele garoto não vai desaparecer nunca?

- Oi Manu, dormiu bem? Sonhou bastante comigo?

- haha, vai sonhando vai. - ri ironica.

- Credo, você não sabe que a gente levanta com o pé direito de manhã?

- Você já pensou em tentar ser palhaço?

- Se você for me assistir todo dia eu posso considerar a ideia...

- afff.

Fui entrando, afinal eu era de casa.

- Oi querida, tudo bem? - a mãe da Gabi (e do Lipe) disse.

- Oi tia, tudo sim e a senhora?

- Tudo bem, a Gabi já está descendo, avisa ela que eu já sai ok. Tchau Lipe.

- pode deixar. - falei.

- tchau mãe. - Lipe disse.

Quando ela saiu Lipe chegou perto de mim, eu estava sentada no sofá, ele deitou e colocou a cabeça no meu colo e ficou me olhando.

- você é tão linda! - ele disse alguma coisa tão baixo que eu mal ouvi.

- O que? Para de sussurrar garoto! E levanta do meu colo!

- Manuzinha, faz cafuné em mim faz, eu to cansadinho...

- Cansado de fazer o que? Pegar meninas?

- é sabe que eu to um pouco cansado disso sim. – ele me olhou nos olhos.

- vai virar gay?

- Não, acho que vou procurar a menina certa.

Quando ele falou aquilo eu gelei, não sei porque mas gelei. Disfarcei e comecei a rir.

- você vai se apaixonar? O Maioral da escola? ta me zuando.

- é, o problema é que eu já estou apaixonado.

Quando ele disse isso eu congelei, meu Deus, porque eu estava sentindo aquele medo estranho?

- a é? E ela, ama você?

- Eu não sei, eu também não tenho certeza do que estou sentindo.

- Então boa sorte pra você...

Nesse instante a Gabi desceu e pulou em cima do Lipe.

- Oi amiga, oi maninho, vamos?

- Vamos. - eu e ele falamos juntos.

Fomos para o colégio calados, só a Gabi que ficava cantando e tagarelando como uma louca.

Logo que chegamos Cristini abraçou Lipe:

- Oi meu lindinho, sentiu minha falta? - ela disse e eu quase vomitei com aquilo.

- hã? Ah, ta, sim, senti sua falta Cristini... -ele disse virando os olhos.

- Vamos amiga, porque eu to sentindo um cheiro de vadia no ar.

- dois, eu também sinto o mesmo cheiro.

- eu vou com vocês. - ele disse.

- não amorzinho, fica aqui comigo, quero te mostrar uma coisa. - a vadia puxou ele.

Ela ficou segurando ele e eu e a Gabi fomos pra sala. Bateu e logo o Lipe entrou, ele sentou-se atrás de mim. Me virei e falei:

- Olha, obrigada por ontem, eu não tive tempo de te agradecer, obrigada mesmo, você salvou minha vida. Mas o que te deu na cabeça de entrar no mar pra me salvar hein? - ri da loucura dele.

- Eu senti medo. - ele me encarou, estremeci.

- Medo de que? - perguntei baixo.

- E ai brother, tudo beleza? E ai gatinha? - Rafa chegou na hora.

- tudo irmão.

- Beleza... - sorri ignorando o ''gatinha''.

O professor chegou e começou a aula, Cristini não parava de se jogar para o Lipe, aquilo me irritava até que uma hora falei:

- Professor eu não sabia que podia ficar dando em horário de aula.

- Manuela! Olha a boca! - O professor disse censurando.

- Mas é verdade, parece que a cobra tá em época de recriação!

-Manuela! - ele censurou de novo. - Cristini, por favor será que a senhorita poderia descer do colo do Senhor Felipe e voltar para sua classe, isso é uma sala de aula caso tenha esquecido.

- Qual é garota? Cuida da tua vida! - Cristini disse.

- Eu to cuidando da minha vida e você esta me atrapalhando, caso não tenha notado tem gente que precisa estudar aqui dentro porque não ganha um salário do papai por mês. - sorri ironicamente sem mostrar os dentes.

Ela se levantou e voltou para o lugar dela, o Rafa falou:

- Olha, você as vezes é bem chatinha viu Manu, corta o barato da gente, o Lipe já tava quase comendo ela aqui na sala mesmo.

- Cala boca cara. - o Lipe disse pro Rafa.

- eita, parece que o mau humor da Manu é contagioso... - Rafa riu e deu de ombros.

O restante das aulas passaram rápido, até que bateu para o intervalo, depois nós teríamos educação física. Passei o recreio com a Gabi, nós sempre nos sentamos em um banco em baixo de uma árvore no pátio, eu e ela estávamos conversando.

- Amiga, acho que estou apaixonada! - ela me pegou de surpresa.

- hã? Como assim? Por quem? Como tu não me fala essas coisas antes?

- Mas eu não sei bem... ta, tipo assim, faz alguns anos que eu não via mais o Rafa, e quando eu era mais novinha, era apaixonada por ele, aquelas paixões de pré-adolescente sabe? Pois é, só que agora que eu vi ele de novo, depois de tanto tempo, cara, sei lá, meu coração parece que ta acordando sabe...

- que lindo amiga! - falei.

- pois é, lindo mas não vai dar certo...

- Por quê não amor?

- ah, tu já conheceu o Rafa, e meu irmão também, e tu sabe que um é mais galinha que o outro... eu que não quero ter fama de chifruda...

- Mas e ele? Ele sente alguma coisa por ti?

- eu não sei bem, mas eu já ouvi ele comentar com meu irmão que sente uma queda por ruivas, e também eu já ouvi ele dizendo que eu to linda e não sei o que... mas eles devem falar isso pra todas...

- é mas o Rafa nunca falou isso pra ti, ele falou pro teu irmão, e se fosse só por pega talvez ele tinha jogado papo pra cima de ti, não comentado com teu irmão...

- Pior, que lindinho ele. - o olho dela brilhou.

- é mas vai com calma né amiga... porque nunca se sabe...

Bateu e eu subi para a quadra, Gabi foi para sala.

Fui para o vestiário feminino e coloquei a roupa de ginástica que é uma blusa, uma calça de moletom e um tênis pra jogar bola, amarrei o cabelo e voltei para a quadra, hoje jogaríamos futsal. Eu adoro.

As meninas começaram jogando, e um pouco antes do nosso tempo acabar eu tirei a bola da Cristini e driblei outra menina, a Cristini não se conformou e veio correndo atrás de mim, ela colocou o pé com tudo na frente do meu e eu voei para o chão. O professor tirou Cristini do jogo dizendo que aquilo era atitude antiesportiva e a mandou para o chuveiro. Eu caí com força no chão e machuquei meu joelho. Na hora que eu caí Lipe veio correndo até mim.

- Tudo bem? Você se machucou? Ta doendo?

- to bem, to bem, só não to conseguindo levantar. -respondi.

- Calma, eu te ajudo.

Ele me pegou no colo e me levou até a enfermaria, sua cara estava preocupada.

- Vai virar herói agora? - sorri.

- Se for pra te salvar sempre, eu viro herói mesmo. – ele me olhou sem jeito, eu congelei.

- O que você quis dizer com isso?

- O que você ouviu. –ele me pôs em cima da maca da enfermaria.

- Manuela, não te vejo aqui desde que você estava na oitava série, quando abriu o supercílio. O que houve? - a enfermeira disse.

- A mesma garota que abriu meu supercílio, Bruna... Você sabe que ela odeia perde pra mim... - ri.

- ah, aquela lá... pronto, esse curativo vai fazer a dor passar, pode ser que mais tarde doa novamente, ai você leva esse comprimido e toma.

- Ok, obrigada Bruna, bom te ver de novo. Ai, – dei um gemido quando desci da maca, Lipe no mesmo instante me segurou.

- vem, eu te ajudo. - ele falou e sorriu.

- valeu. - agradeci.

Voltamos para sala e Lipe ficou lá comigo, nem voltou para jogar bola, eu não entendi bem porque, mas tudo bem né...

- aquela garota não se toca mesmo. - ele comentou.

- ela sempre foi assim, se eu jogo bem, ela tem inveja, se eu vou bem em uma prova, ela tem inveja, se fico com um garoto ela cai matando em cima dele, se um garoto fala comigo como amigo, ela não descansa até pega ele. Aff, ela me irrita.

- que vadia. - ele riu.

Bateu o sinal e todos voltaram pra sala. Cristini veio até mim:

- então, já deu o show de hoje?

- sai daqui garota, se toca. - Lipe falou ríspido.

- que isso Lipezinho, você nunca falou assim comigo.

- ai garota desinfeta vai! - ele fez uma cara feia pra ela.

Ela saiu dali, foi até a porta e do nada agarrou o Rafa e deu um beijão nele, depois largou dele e foi sentar na classe dela. Rafa veio até nós:

- que deu na louca ali? Piro de vez? - Rafa disse rindo.

- ela é assim mesmo, VADIA. –falei o vadia bem alto pra ela escutar, ela não retruca as coisa que eu digo porque sabe que apanha de mim, uma vez quebrei a cara dela, na oitava série.

A ultima aula passou rápido, e quando estávamos saindo do colégio (eu e Gabi), Lipe e Rafa vieram até nós:

- esperem. - eles falaram.

- vamos andando Manu, não quero ver o Rafael na minha frente, nunca mais! - Gabi disse.

- hã? Mas você não tava...

- Não, eu não estava, não estou e nunca vou estar!

Mesmo caminhando rápido os meninos nos alcançaram.

- Deixa que eu levo pra você, por causa do joelho. – Lipe foi pegando minha mochila.

- ah, se o Lipe vai da uma de bom moço, eu também posso né, me da tua mochila ai Gabi. - Rafa disse.

Ela se virou para ele com uma cara furiosa:

- Não toca em mim! – nós nos entreolhamos com a reação dela.

- o que foi Gabi? O que eu fiz? - Rafa disse confuso.

- Nada, você não fez nada! - ela ainda parecia furiosa.

Rafa ficou parado sem entender nada e a Gabi seguiu andando, fui atrás dela, Lipe ficou com Rafa.

- Gabi, o que foi aquilo? - perguntei.

- Manu, eu vi, eu vi ele beijando aquela vadia, eu vi!

- o que? Como assim?

- agora quando bateu na ultima aula, ele beijou a Cristina, aquela vadia!

- Gabi, não viaja meu! Ele não beijou ela!

Ela parou e me olhou:

- não tente me iludir! Eu vi!

- você acha mesmo que eu estaria defendendo ele e a Cristina? Acha? A Cristina se irritou porque o seu irmão me defendeu e ai pra provocar ele ela agarrou o Rafa, ele logo se soltou dela e veio até nós e ainda riu da cara dela, falou que ela tava pirando.

- ai meu Deus! - Gabi pôs a mão na boca. - E eu falei daquele jeito com ele! Ele nem fez nada! E afinal o que eu quero, o garoto nem é nada meu! Cara como eu fui criança! E agora?

- calma, amanha isso se resolve, vamos dar uma volta na praça hoje a tarde, tomar um tererê*, como a gente fazia quando era criança? Vamos amiga, please! - fiz bico.

- Só você mesmo, - ela riu - vamos sim, eu levo a pipoca ta.

- ok, a gente se encontra aqui em casa depois.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

*tererê é no Rio Grande do Sul, uma bebida feita de erva especial para tererê e suco, ou refrigerante. Não é alcoólica, a não ser que seja colocada alguma bebida no suco.
Quero comentários! *-*



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "MIC" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.