The Twin Turnabout escrita por Randy_Farfnair


Capítulo 5
Capítulo 4: Beco sem saída




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                - Vejamos... – Pensei aonde começar. Precisava não avançar muito rápido, para não correr o risco de perder minha chance. – As possibilidades do diagrama que a promotoria apresentou primeiro estar errado são muito poucas, afinal, o promotor é muito competente e eu sei que deve zelar por isso. Então eu acho que o problema está nessa foto. Eis o que aconteceu! – Eu disse, não contendo a excitação e batendo de novo na mesa. – Essa foto nunca foi tirada na cena do crime! Ela foi produzido depois, através do que essa testemunha “testemunhou”!

                - Hein? – O juiz estava pensativo e sério: parecia mais atento. – O que você quer dizer com isso, Sr. Farfnair? A testemunha produziu essa foto depois pelo que ela viu?

                - Sim, Meritíssimo. – Eu disse, concordando com a cabeça. – Então, essa foto não serve para confirmar o álibi dela! Ela poderia estar em qualquer lugar quando testemunhou o crime. Ora, ela poderia até mesmo ter ASSASSINADO a vítima, Hiro Star, e depois produzir essa foto depois para lhe dar um álibi!

                A testemunha se encolheu como se eu tivesse acabado de lhe dar uma facada. Ótimo, agora o caso está na mão!

                - PROTESTO!! – Disse o promotor, estalando os dedos.

                Pensando bem...talvez não esteja tão na mão.

                - Sr. Farfnair, eu discordo de você em alguns pontos. Mas têm algo que devo admitir. Essa foto realmente está editada.

                A corte começou a virar uma bagunça de novo. O juiz bateu o martelo pedindo ordem.

                - Sr. Howard, você...concorda com a defesa!? – Perguntou o juiz, surpreso.

                - Sim, Meritíssimo, a lógica é verdadeira. Porém! Eu tenho uma idéia que pode muito bem caber nisso. Só preciso fazer um pequeno teste para confirmá-la.

                - D-Do quê você está falando? – Eu perguntei. Realmente ao tinha idéia do que ele estava falando.

                - Pense. Essa imagem foi editada para manter um álibi, sim. Porém, quem a editou? Creio que você lembre quem a testemunha é? Uma simples, humilde e pobre artista? Não! Uma pessoa que teria muito mais condições de editar isso, pois vivia em uma mansão e trabalhava para uma família abastada...era a RÉ!

                - Q-Quêêê!! – Eu quase caí sobre a bancada ao ouvir aquilo. – Espera um segundo! A testemunha era uma artista! Artistas não só pintam em telas, eles pintam imagens no computador também!

                - Tsc tsc...sinto lhe informar, Sr. Farfnair... – Ele disse, balançando o dedo indicador como quem diz “não”. - ...que a testemunha não têm computador.

                - I-Isso não é desculpa! Qualquer Lan House podia fazer o serviço...

                - Esqueceu que a testemunha viu o incidente por acaso? Como é que ela saberia exatamente como a cena do crime iria parecer se ela não á tivesse visto antes?

                - Ela passa pela mansão Farfnair todo o dia, como ela mesma disse! E foi ela, ela cometeu esse assassinato! Já havia planejado tudo e fez essa foto baseada nisso! E é justamente por isso que ela errou em um ponto: ELA NÃO CONHECIA DIREITO O TERRENO!

                - Você está se esquecendo de um fato importante! Não há nenhuma evidência, ainda, que prove que ela que a fez! E aqui, evidência é tudo, meu caro!

                - Ah, claro! – Eu disse, cruzando os braços, mas sorrindo. – Então façamos o teste. Meritíssimo!!

                Eu talvez tenha bradado forte demais, por que ele se assustou. Acho que a curta batalha de argumentos me deixara á toda.

                - S-S-Sim? – Ele perguntou, finalmente.

                - Eu proponho que haja uma confirmação das digitais presentes nessa foto! Por aí veremos a verdade!

                - Não há necessidade, Sr. Farfnair. – O promotor disse, pegando algo do seu lado da bancada. Parecia um pote e um pincel. Não consegui ler o que estava escrito na estampa do pote, mas era verde, e o pincel era um tanto grande. – Isso se chama “pó de alumínio”. O que precisamos fazer é passar um pouco por cima da evidência, espalhar e soprar. As digitais presentes, se houverem, estarão á mostra assim que soprarmos. Concorda com o teste, Randy?

                Era a primeira vez que o promotor me chamara pelo primeiro nome. Tudo bem. Olhei para a Lili, ela parecia ainda nervosa.

                - Lili...você nunca tocou naquela foto, né?

                - Não, pequeno mestre. – Foi a resposta. – Nunca soube da existência de uma foto.

                Bom, era o que eu precisava. Virei-me para o promotor e consenti com a cabeça.

- Tudo bem pra mim. Verdade acima de tudo. – Eu disse, sorrindo para ele.

                - Perfeito. A corte por favor aguarde um minuto e observe com atenção. Meritíssimo, eu peço permissão para chamar a detetive Emily Gumshoe para me ajudar a recolher uma amostra das digitais da ré, do advogado e da testemunha.

                - Hein? Do advogado também? Ele é suspeito? – O juiz perguntou, novamente surpreso.

                - É só para confirmar quais são as dele, visto que ele tocou nessa evidência também.

                - Ah, sim...perfeitamente. Err...guarda! Por favor, chame a detetive. Ela deve estar na ante sala.

                - Estranho, ela já estar por aqui... – Eu falei, baixo, para Lili. Ela olhou pra mim. Não consegui desvendar sua expressão, mas ela parecia meio triste por dentro.

                - Sim...eu nem imagino o por quê. Talvez já soubessem que ia ter alguma evidência mal investigada?

                Eles esperaram enquanto o guarda fora lá fora e Richard espalhava o pó de alumínio pela foto com cuidado. Logo depois veio a detetive. Era uma mulher atraente, de cabelos longos marrons e olhos verdes. Seu rosto era bem bonito, era magra e trazia uma flor presa ao cabelo de alguma forma. Usava um jaleco verde por cima de uma blusa cor-de-rosa e calças jeans. Também usava uma sapatilha vermelha que não combinava bem, na minha opinião, mas o que eu sei de moda, né?

                Ela veio primeiro á testemunha, e usou uma máquina em que a pessoa colocava a mão toda aberta sobre ela e ela aparentemente gravava a imagem das digitais, mostrando-a depois em um visor que tinha. Depois que acabou de pegar as digitais de Panelia, ela veio até mim.

                - Hum? Colega, você é um Farfnair? – Ela perguntou, com um ar surpreso. Sua voz era tão feminina quanto seu físico e rosto sugeriam.

                - Sim, eu sou...como você sabe? – Eu perguntei. Devia ter soado surpreso também, por que eu estava: como diabos ela tinha visto isso de primeira?

                - Eu trabalho muito com o promotor chefe! – Ela disse, sorrindo. – Ele descreveu uma família uma vez, quando eu pedi pra saber mais sobre vocês.

                Enquanto falava, ela tomou minha mão direita e colocou sobre a máquina. Eu deixe-a, claro.

                - Sério? Meu pai nunca falou de você. Você é a detetive chefe? – Eu perguntei.

                - Não, não, eu não sou nem perto disso, colega. – Disse ela, abandonando o sorriso e adotando uma expressão neutra. – Seu pai é que fez questão de trabalhar comigo. Ele diz que eu prometo mais que os outros! Não é legal? – Ela falou, adotando novamente um sorriso.

                - Impressionante, vindo do mestre. – Disse Lili, logo depois que a detetive acabou a frase.

                Emily olhou para Lili um segundo, e a examinou com os olhos. Seus olhos se demoraram um pouco no cabelo dela.

                - Diga-me...esse cabelo é natural? – Ela enfim indagou, enquanto colocava minha mão esquerda sobre a máquina, agora.

                - Sim, é. – Lili respondeu, naturalmente. Claro, quase todo mundo perguntava isso pra ela. Ela suspirou. – Por que, detetive Gumshoe?

                Ela não respondeu. Seu rosto escondia uma expressão surpresa e pensativa, aparentemente: eu consigo avaliar melhor isso por causa da minha mãe, que uma vez tentou me ensinar sobre as expressões faciais. Finalmente Emily acabou com minhas mãos, agora bem séria.

                - Ei, Sr. Farfnair, é algo crítico! – Ela disse, depois. – Me faz um favor, colega? Pegue as digitais da sua amiga enquanto eu mando uma mensagem para o time de detetives!

                Ela ficara tão séria de uma hora pra outra que eu achei que devia. Tomei a máquina dela e, como tinha visto como ela estava usando, tentei pegar as digitais de Lili. Emily pegou o celular do bolso e começou a apertar os botões freneticamente, provavelmente escrevendo a mensagem. Eu não sabia sobre o que poderia ser, mas fiz o que ela pediu para fazer. Eu acabei mais ou menos ao mesmo tempo que ela acabou de escrever a mensagem. Entreguei a máquina á ela, e ela foi até o promotor, que estava olhando para nós e esperando. Parecia que já tinha soprado a foto do alumínio: e, realmente, as digitais lá ficaram claras como a neve. Interessante, preciso lembrar de comprar uma dessas.

                Todos olharam nervosos para Emily e Richard. Emily estava agora comparando as digitais que ela tinha pego com as presentes. Um minuto depois ela declarou:

                - Há digitais de 4 pessoas diferentes nesta foto!

                A corte entrou em caos novamente. O juiz bateu seu martelo.

                - Ordem, ordem, ORDEM!! – Finalmente eles acalmaram. – I-Isso são muitas pessoas que podem ser suspeitas!!

                - Na verdade, não, Meritíssimo. – O promotor disse, estalando os dedos. – Observe. Emily, quais são as pessoas cujas digitais estão presentes?

                - Bom...de acordo com o que eu coletei...estão as digitais do Sr. Farfnair, do promotor Richard...

- Ou seja, eu. – Disse ele, se curvando como se fizesse uma reverência.Não entendi bem por que ele pareceu tão vitorioso agora.

- ...da testemunha aqui...e da ré, Srta. Liliam Aurice!

- ...QUÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊ!?

Caos. Mas não era nem por isso que eu estava preocupado. De acordo com a Lili, ela

nunca tocara naquilo! Como pode, então, haver digitais dela ali? Olhei para ela, desesperado, nem sabia bem o que pensar. Ela pareceu tão surpresa quanto eu, e temerosa. Será que ela estava com medo...de mim? Que eu descobrisse...?

                - Não é possível... – Ela disse, baixinho. – Pequeno mestre, eu juro que nunca toquei naquela foto! Juro! Eu nunca nem a vi antes! – Ela parecia a beira das lágrimas. – V-Você...acredita em mim, né, pequeno mestre?

                Eu pensei. Essa era uma evidência irrefutável, por hora. Parecia mesmo que ela tocara na foto, e então ela estaria mentindo? Ela me enganou esse tempo todo? Fora ela a culpada? E eu um tolo para acreditar, só por que eu...eu gosto dela?

                - Bem, olhem só... – O promotor disse, triunfante. – Parece que a ré têm envolvimento com essa foto, afinal? E não era a editada? Bom, eu tenho uma explicação. Foi ela que fez justamente o que você antes disse que a testemunha fez: ela planejou tudo, criou uma foto, editou-a para criar um álibi e BAM! Aí está ela.

                Eu não conseguia nem pensar direito. O fato que a Lili tinha mentido pra mim estava demorando para ser ingerido. O que eu ia fazer? Deixar rolar e deixar ela ir para a cadeia como culpada, agora, não parecia mais uma visão terrível. Retribuição, sim, é o que seria. Justiça acima de tudo. E mesmo assim...mesmo assim algo dentro de mim não queria isso.

                Lembrei do que eu tinha lido sobre o Phoenix Wright. O que havia levado ele tão longe em sua carreira? Não era apenas sorte. Não, ele...ele tinha confiado em seus cliente até o fim. Fora o que ele fez. Eu queria ser como ele. Mas...mas tinha sido provado que ela tocou na foto!

                Ou...não?

                Tive um flashback. Quando eu era bem menor, Lili e alguns empregados costumavam ficar de olho em mim quando eu passeava pelos terrenos para brincar. Porém, nesse dia, só estava a Lili comigo. Ao passar perto do canteiro de flores, ela começou a apontar o que cada flor significava pra ela: alegria, amor, solidão, estresse, etc. Aí ela chegou a pegar um lírio e olhá-lo bem e disse.

                - Essa é a verdade.

                - Você gosta da flor? – Eu perguntei, curioso, do seu lado.

                - Você está perguntando isso a cada flor que eu pego! – Ela disse, fingindo irritação, mas sorrindo. – Gosto muito dessa, sim.

                - Quer dizer que você não mente, Lili?

                - Não é bem isso... – Ela disse, afagando meus cabelos. Ela era bem mais alta que eu naquela ocasião. Eu ainda era um moleque, de certa forma, e ela era uma adolescente. – Mas eu procuro não mentir pra ninguém.

                - Por que você não pode falar a verdade o tempo todo, Lili? – Eu perguntei, inocente.

                - Bem...por que a verdade ás vezes dói. – Ela disse, tocando no lírio. – Mas, se você quizer, eu nunca minto pra você, pequeno mestre.

                - Eu quero! Quero sempre ouvir a verdade! – Eu disse, levantando a mão de animação. – Minha mãe diz que a verdade liberta pessoas!

                - Hihi...ela está certa. – Lili respondeu, rindo. – Muito bem. Eu juro que nunca mentirei pra você. Mas cuidado, viu? Isso pode lhe machucar mais depois.

                - Verdade acima de tudo! – Eu disse, ainda com a mão levantada.

                - É, meu pequeno justiceiro... – Ela falou, me levantando do chão. – Vamos ver o resto das flores, sim? Olha, aquela é a força...

                O flashback acabou por aí. Eu olhei para a Lili que estava ao meu lado naquela sala de corte. Ela estava com os olhos fechados, e olhando para baixo, pensativa e possivelmente chorando.

                Já chega. Eu tinha tomado minha decisão sobre o que fazer. E nada iria mudá-la.


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