The Twin Turnabout escrita por Randy_Farfnair


Capítulo 4
Capítulo 3: A falha do testemunho




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Testemunho

                - Eu estava voltando para casa, meio cansada depois do meu dia de trabalho.

                - Eu passei pela mansão dos Farfnair no caminho.

                - Ao passar por lá, eu notei um casal abraçado no canteiro de flores ao longe.

                - Eu me aproximei para ver: eu sou...muito curiosa, sabe?

                - E então, pouco tempo depois, eu vi a mulher pegar algo do parceiro.

                - Logo depois, ela pegou a faca presa em uma bainha marrom do homem e o atacou!

                - Logo depois disso, ela correu para dentro da mansão. E então eu imediatamente chamei a polícia.

                - Hum... – O juiz começou, logo depois que o testemunho acabou. – Entendo. Então você viu tudo por acaso?

                - Sim, Meritíssimo. Foi o que eu vi.

                - Muito bem. A defesa têm algo a dizer?

                Eu olhei para Lili. Ela consentiu com a cabeça. Era óbvio, afinal esse testemunho parecia ter vários pequenos buracos que eu ainda não conseguira completar. Talvez até...contradições.

                - Sim, Meritíssimo. A defesa pede para interrogar a testemunha sobre seus pontos feitos.

                - Muito bem, Sr. Farfnair, prossiga.

Interrogatório

                - Eu estava voltando para casa, meio cansada depois do meu dia de trabalho.

                - Uma artista costuma trabalhar tanto? – Eu perguntei. Mera curiosidade, mas nunca se sabe...

                - Eh? Bom, eu fiquei até tarde tentando fazer um quadro bom, mas...ops!

                - Hmm?

                - N-Nada! Isso não têm nada á ver com o caso, né? É melhor eu me focar no importante...hehe... – Ela deu um sorriso sem graça.

                Tive a impressão de que ela tinha escondido algo, mas deixei-a passar para a próxima parte de seu testemunho.

                - Eu passei pela mansão dos Farfnair no caminho.

                - Você sempre passa pela mansão dos Farfnair ao voltar para a casa?

                - N...quer dizer, sim, sim, eu passo! É-É o caminho mais curto entre meu trabalho e minha casa!

                - Hum... – Pensei para mim mesmo. – Isso está estranho...será que eu devo pressioná-la mais nesse ponto? É, vou fazer isso.

                - Você têm certeza, testemunha!? – Eu disse, batendo com uma mão na mesa. – Por um momento, achei que você ia dizer que não!

                - PROTESTO!! – Gritou o promotor Howard. Droga. – Sr. Farfnair, eu sinto por lhe interromper, mas tenho duas coisas á dizer. A primeira é que isso não têm nada a ver com o caso. A segunda é que, se você está mesmo curioso, olhe isso. – Ele havia pegado um pequeno mapa da cidade e marcou dois pontos, meio distantes um do outro, mas com uma rua que cruzava os dois, a Inmerstone. Era a rua da mansão. – O caminho mais próximo entre esses dois pontos, que, de acordo com a testemunha, são o seu trabalho e sua casa, passa pela sua mansão. Portanto, essa parte não têm nada de mais.

            - Ah...entendo... – Eu disse, me sentindo derrotado.

            - Meritíssimo. Por desviar a atenção da corte para assuntos menos importantes e gastar nosso tempo, acho que o Sr. Farfnair merece uma penalidade.

            - O-O quê!? – Eu fiquei nervoso ao ouvir aquilo, mas o juíz não se importou.

            - O ponto da promotoria é verdadeiro. Me desculpe, Sr. Farfnair, mas terei que penalizá-lo.

            Ele marcou algo no papel. Lili ficou nervosa também.

            - Ah, não... – Ela disse, com voz fraca.

            - Lili? – Eu perguntei, sentindo o medo contido em sua voz.

            - Pequeno mestre, por favor se esforce para não cometer erros assim de novo...se você for penalizado vezes demais, eu vou ser culpada!

            - Argh... – Essa tinha doído. – N-Não se preocupe, Lili, eu vou tomar cuidado!

            - Muito bem, Srta. Jiggs, pode continuar com seu testemunho.

            - OK, Meritíssimo.

            Me preparei para ouvir de novo.

            - Ao passar por lá, eu notei um casal abraçado no canteiro de flores ao longe.

                - Como você conseguiu vê-los ao longe se estava escuro? Afinal... – Eu adicionei, pensativo, pois tentava lembrar da distância que o canteiro de flores estava da rua. - ...é uma distância considerável.

                A testemunha pareceu se assustar. Será que era por coincidência que toda a vez que eu perguntava algo para ela, ela ficava aflita?

                - Bom...é um canteiro de flores rasteiras, né? D-Daria claramente para ver um casal lá.

                - Hmm... – Agora eu estava pensando. Era realmente possível, mas tinha algo errado ali.

                E então estalou o entendimento em mim. Eu bati na mesa.

                - Testemunha. Por favor pule para a parte no seu testemunho em que você fala do ataque final.

                - Eh? O-OK...aqui vai.

                - Logo depois, ela pegou a faca presa em uma bainha marrom do homem e o atacou!

                Bingo.

                - PROTESTO!! – Eu gritei. Todos os olhos se voltaram pra mim. Eu olhei para a corte. – Devo dizer, garota, que você não poderia ter visto uma “bainha marrom”.

                - H-Hein?! – Ela disse, confusa.

                - Eu tenho certeza de que, ás 11:00 da noite, está bem escuro. Então...nessas condições e sem conhecer a vítima, como é que você pode dizer que era uma bainha marrom!?

                - Quê!? Bem...na verdade...eu conhecia a vítima, Sr. Advogado.

                - Isso é novidade para mim! – Disse o juiz, realmente surpreso. – Quer dizer que você conhecia a vítima?

                - Tipo, sim... – Ela disse, insegura. – Eu o conhecia sim. Nós éramos amigos.

                Eu olhei para o relatório do interrogatório de Lili, na Court Records. Ela tinha dito a mesma coisa também. O que que havia com aquele cara e as garotas que o cercavam?

                - Bom, Sr. Farfnair... – O promotor, começou, sorrindo. – Têns ainda algum problema com esse testemunho?

                - S-Sim! – Eu disse. Achei que não devia parar agora, mas minha voz tremeu. – Se ela era apenas amiga da vítima, por que ela sabia da bainha? Afinal, acho que não é algo que...err...se leve para todo o lugar, né?

                Todos ficaram em silêncio. Achei que tinha sido inseguro demais, e engoli em seco. O promotor pegou algo da mesa dele, que parecia uma foto.

                - Sr. Farfnair, a vítima era uma celebridade. Algumas celebridades têm várias excentricidades, e essa não era diferente. Essa foto mostra a vítima em um show especial em Las Vegas. Notem bem que ela está com a faca dentro da bainha, que por sua vez está presa ao cinto.

                - G-Gah!! – Senti como se tivessem me acertado com uma faca. O povo da corte começou a falar sem parar, entre eles. O juiz bateu o martelo.

                - Ordem, ordem! É de certa forma duvidoso, o uso constante de uma faca no cinto, não?

                - O Sr. Star era um cantor renomado. – Disse o promotor, novamente tranqüilo. – A gravadora que lucrava com suas canções não podia deixar que as excentricidades dele fizessem ele parar de cantar, então o suportavam. Outra coisa é que ele estava sempre lezando por sua própria higiene, ao ponto de apagar até digitais de outras pessoas que o tocavam assim que chegava em casa. Mas acho que já dissemos o suficiente.

                - Hum...sim, creio que sim. – Disse o juiz, pensativo.

                Tinha mais alguma coisa na qual eu podia trabalhar, tinha que ter. Não era um bom testemunho, aquele...devia ter mais aberturas do que eu notara primeiro! Mas...onde elas estariam...?

                - Testemunha, tenho uma perguntinha... – Eu realmente não conseguia manter uma pose ao páreo de Howard. Algo se remexia no meu estômago, estava me fazendo sentir mal. Eu definitivamente precisava de algo que livrasse a minha cliente de tanta pressão.

                - Ah? Tudo bem, pergunte, Sr. Advogado. – Ela disse. Agora que a promotoria estava quase garantida a vitória, ela parecia mais aliviada.

                - Quando exatamente você chamou a polícia, como disse na última parte de seu testemunho?

                - Hum? Ah, acho que eram 11:05. – Ela disse, mais feliz.

                - Entendo. Obrigado. – Eu comecei. Mas...então eu notei algo MUITO errado naquilo tudo. – Espera espera espera espera!! O quê você disse!? – Eu perguntei, exasperado.

                - Err...hum... – Ela estava pensando agora, talvez nervosa pela minha reação. – Sim, eram 10:05... por quê?

                Acho que o promotor entendeu o ponto. Ele fez uma cara surpresa e, se não fosse pelos óculos escuros, eu tinha certeza que poderia ver seus olhos esbugalhados com aquela informação.

                - Testemunha, eu tenho fortes razões para lançar suspeita em você com essa afirmação! – Eu disse, apontando para a testemunha.

                - Q-Quê!? – Ela estava bem surpresa.

                Eu peguei o laudo que estava na Court Record e conferi o tempo de morte. Exatamente 11:00. Perfeito.

                - Como a corte poderá ver aqui... – Eu disse, olhando para o papel enquanto falava. – ...o laudo declara que a vítima morreu exatamente as 11:00 horas.

                - E o que isso tem de mais, Sr. Farfnair?

                - Ora, o laudo da vítima declara que ele morreu precisamente ás 11:00 horas. Percebe a contradição? Ela só chamou a polícia as 10:05.

                - A-Ahhh! – Ela disse, percebendo o que eu queria dizer.

                - Srta. Panelia, você disse que chamou a polícia “imediatamente” depois que testemunhou o crime. – Eu bati na mesa. É legal de fazer isso. – Então por que seu chamado não foi recebido ás 11:00 horas, exatamente??

                - PROTESTO!! – Gritou o promotor. – Têm um motivo perfeitamente plausível para isso.

                - T-Têm? – Ele não podia estar falando sério.

                - Há algum motivo, Sr. Howard? – Perguntou o juiz, novamente confuso.

                - Naturalmente, Meritíssimo, você deve saber que os laudos nunca dizem exatamente a hora da morte. A margem de erro pode estar em alguns minutos. O que estou dizendo é que a vítima pode, sim, ter morrido ás 10:05, quando a polícia recebeu o chamado. Agora, não se preocupe, minha querida... – disse ele, mais baixo, para a testemunha. – Está tudo sob controle. Não precisa ficar tão nervosa por nada. Você não têm culpa nenhuma.

                A testemunha estava realmente parecendo prestes a ter um tique nervoso. Eu notei. E o comentário que ele fez acabara de me despertar uma possibilidade. Uma possibilidade vaga...mas talvez que fosse a chave de todo o caso. Eu olhei para a Lili. Ela ainda olhava para a testemunha, mas quando notou meu olhar sobre ela, fez uma cara meio triste, corou e desviou um pouco o olhar.

                - Lili... – Eu comecei, mas ela não estava parecendo bem. Parecia muito triste agora, e culpada.

                - D-Desculpa, pequeno mestre... – Foi o que ela falou.

                - Está vendo? – O promotor disse, apontando para mim. – Infelizmente, Farfnair, você estava para perder desde o começo. Todas as provas estão contra ela. Naturalmente, só ela pode ser a culpada. Meritíssimo?

                - Err...sim, Sr. Howard? – Ele parecia ter se distraído de novo. Pelo amor de Deus.

                - A promotoria, diante de tudo isso, pode assegurar que a ré é culpada. Não há mais ninguém que cometido o assassinato.

                Isso era mal. Eu tinha que continuar, se eu queria qualquer esperança da Lili ser considerada inocente.

                - A defesa não concorda, Meritíssimo.

                Toda a atenção foi para mim. De novo. Isso estava ficando velho. Apontei para a testemunha.

                - TINHA mais uma pessoa na cena do crime! E, de acordo com o que sabemos e as evidências apresentadas,seu álibi NÃO vale! E essa pessoa é a testemunha, Panelia!

                A corte entrou em estado de intensa falação, como eu queria chamar o momento. O juiz bateu com seu martelo.

                - Ordem! Ordem! Sr. Farfnair! Isso é uma acusação muito séria que você está fazendo!

                - Eu sei, Meritíssimo. Sou obrigado á fazê-la. Agora, ouça bem, promotor Howard! – Eu acrescentei, batendo na mesa. – Você até agora não apresentou evidências de que a testemunha realmente viu o crime”daquele ângulo”. Assim como não têm fortes evidências de que a ré realmente estava na cena do crime.

                - Oh, é mesmo, meu jovem? – Ele disse, divertido. – Então como é que o sangue da vítima foi parar no uniforme dela? E quem você acha que a testemunha viu? Um fantasma matando o homem? Francamente, eu...

                - Pare!!

                Fora a testemunha. Ela olhava para mim e parecia extremamente ofendida. A similaridade com a Lili acabava lá, pois eu nunca tinha visto a Lili furiosa. No máximo, triste.

                - P-Por que você fica me acusando tanto assim!? Se você quer algo, tome isso! – Ela disse, jogando uma foto pra mim, que incrivelmente cortou o ar sem desviar nenhuma vez até mim. Eu agarrei-a entre meus dedos e olhei. Podia se ver um canteiro de flores ao fundo, depois de muito gramado, e uma parte da mansão na parte esquerda da foto. Ao longe, no meio do canteiro, era meio difícil de ver, mas haviam dois vultos, um perto do outro, como se estivessem abraçados.

                Pouco depois que a recebi, passei-a para o juiz, que tratou de examiná-la e demonstrou surpresa.

                - E-Essa foto...essa foto foi tirada por você, testemunha? Quando testemunhou o crime?

                - Sim, Meritíssimo! – Ela disse, sorrindo vitoriosa. – Não concorda que isso é uma prova de que eu estava vendo o crime acontecer? Hein?

                - Mas por que a Srta. Tirou uma foto, pra começar? – Perguntou o promotor, confuso. Aparentemente era uma prova que ele não tinha recebido da testemunha antes, por qualquer motivo.

                - Ora, eu não disse que sou curiosa? E aquele momento me interessou...por coincidência, eu tirei uma foto.

                - Eles não notaram? – Eu perguntei, decidido a pressionar mais esse ponto.

                - Eh? Não, acho que não. Se um deles tivesse me notado, a assassina abortaria a missão, talvez, né? Ou então viria para cima de mim depois do assassinato, e não fugiria.

                - Um ponto bem feito. Eu não o poderia fazer melhor! – Disse o promotor, sorrindo. – Você é espetacular, minha querida.

                - Ah...não é nada. – Ela respondeu, aparentemente se achando.

                - Não obstante isso, testemunha... –Eu falei, cruzando os braços e sorrindo, pois acabara de notar uma outra coisa e estava pronto para esfregar na cara deles. - ...você está mentindo.

                - Eh? Eeeeeu? – Ela disse, indignada. Interessante que ela tinha ficado assim tão rápido.

                - Sim. E, realmente, é uma importante notação. Meritíssimo, note nessa foto.

                - Hm? A foto que á pouco a testemunha ofereceu como evidência? – Ele perguntou.

                - Precisamente. Lembra do diagrama que o promotor Howard mostrou no começo? Lembra da descrição dele?

                - Hmm... – Ele se demorou longamente pensando. – O ponto da defesa é...?

                - Meu ponto é que há uma contradição aqui! Perceba...Sr. Howard, seu diagrama, por favor.

                O promotor abriu o longo diagrama. Depois pegou a foto que eu joguei para ele logo depois e olhou para as duas. Ficou surpreso bem rápido: era notavelmente perspicaz, aquele cara.

                - O-O quê é isso!? – Ele exclamou. A testemunha ficou confusa.

                - Richard, o que foi? – A testemunha perguntou, nervosa também. Ah, finalmente eu ouvi o primeiro nome do promotor. Richard.

                - O ângulo não faz sentido!

                - Huh?

                - Precisamente. – Eu disse, batendo na mesa. – Meritíssimo! Como mostrado no diagrama, que têm uma visão aérea FRONTAL do local...o canteiro de flores está na parte superior esquerda do mapa, com a mansão no centro.

                - Sim, isso é bem verdade. – Concordou o juiz, sério.

                - Olhe essa foto. Ela mostra o canteiro de flores, o casal, tudo certo...mas concorda que, se essa foto quisesse fazer sentido, a mansão não devia estar...do lado DIREITO da foto!?

                - H-H-Huh!? – Bingo. Ela tinha entrado em um estado pré-pânico. A corte entrou em caos.

                - Ordem, ordem no tribunal!! – Bradou o juiz até que tudo ficasse mais calmo. – Sr. Farfnair! Qual é o significado disso!? A foto e o esquema contradizem-se!

                - Esse é o ponto, Meritíssimo. Se me permite... – Eu passei a mão no meu próprio cabelo e me preparei. - ...eu posso dar uma hipótese para esse caso.

                Todos pararam e olharam para mim. Agora era a hora de tentar.


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