Perdi Minha Cabeça? escrita por kagome girl


Capítulo 20
Confusão




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Não sei por quanto tempo continuei chorando, me sentindo a pior pessoa do mundo. Eu não lembro um dia que eu tivesse chorado tanto em tão pouco tempo. Ouço a porta se abrir, e com vergonha demais pra olhar pra ele, só reprimo meu choro por um momento, desejando mentalmente que pudesse ter forças pra correr de novo. Eu percebo que Freddie não se move. Ignorando minha vergonha, cedo a minha curiosidade e levanto o meu rosto pra ele. E tudo congela. Eu vejo as lágrimas nos olhos dele, eu vejo raiva, tristeza, mágoa e é como se uma luz tivesse sido apagada. Como se uma faísca que esteve sempre escondida dentro dele tivesse ido embora. E era minha culpa?

- Freddie...

O nome me machuca. Eu sei que foi minha culpa. Por um segundo eu vejo a boca dele se abrir e depois fechar de novo. Ele só anda até a escada e me ignora completamente. Eu não consigo fazer nada a não ser chorar mais, até que o barulho do meu celular me desperta.

- Alô?

- Sam? Ta tudo bem? Eu e meu pai ficamos preocupados, onde você ta?

As lágrimas ainda caem descontroladas e não me deixam falar direito, porque justo o Will, de todos os contatos tinha que me ligar agora?

- Sam? Sam! O que foi?

- Eu...to no Bushwell...Eu...

- Calma. Sam, você ta chorando? Olha, esquece isso. Eu vou te pegar e a gente conversa.

Ele desligou. E eu continuei lá. Acho que esse é o problema, eu não quero conversar. Eu não tenho vontade de fazer nada, só de voltar a dormir pra a qualquer momento acordar e pensar que isso tudo foi um pesadelo. Eu ainda o odeio, ele ainda me odeia, nós ainda fazemos o iCarly...iCarly...o que vai acontecer agora? Eu não quero olhar pra ele e ver, nem quero olhar pra Carly e ver a cara dela depois que descobri que eu fudi tudo. Meu namoro e nossa amizade. Eu nunca me senti tão burra.

- Sam? Sam?

Droga, eu deixei meu celular ligado? Merda, agora que o Will me ouviu chorando ele...

- Sam!

Levanto a cabeça e vejo que não deixei meu celular ligado, Will que ta ali. Lágrimas escorrem com mais força. É tudo culpa dele. Se não fosse por ele eu estaria feliz. Eu poderia ter sido atacada, mas eu ainda estaria feliz, porque teria uma pessoa que – eu sei – nunca me deixaria. Nunca faria o que eu fiz com ele. Porque ele tinha que voltar pra cá? Minha vida estava tão bem sem ele!

-... Eu pai, nós procuramos e fica-

- VAI SE FUDER!

- O quê?

- É tudo culpa sua! – Eu choro com mais força – Era um plano? Me fazer feliz e me deixar na merda quando você voltasse?!

- Do que você ta falando, Sam?

Ele olha surpreso pra mim. Meu Deus, eu o odeio. Odeio esses olhos, odeio essa boca, odeio até esse cabelo. Eu odeio tudo nele, absolutamente tudo, porque foi esse conjunto maldito que tirou a melhor coisa que eu já tive.

- Você sabe do que eu to falando! Seu trabalho era ser meu MELHOR amigo e não meu pior inimigo! E você estava cumprindo isso até-

- Eu ainda sou seu-

- ATÉ VOCÊ ME BEIJAR, SEU BABACA! EU TINHA UM NAMORADO, EU TINHA UMA AMIGA QUE ME ADORAVA!

- A Carly não vai deixar de ser sua amiga só por causa de uma merda que você fez!

- EU NÃO SEI! Sabe como a Carly reagiu quando eu não contei pra ela que eu e o Freddie nos beijamos? Ela quase me matou! QUASE! MAS AGORA ELA VAI!

- EU NÃO TE AGARREI, PORRA!

Aquilo me chocou. Claro, já gritaram muito comigo, mas ele nunca. A não ser que as brigas de criança contem, eu nunca tinha escutado ele gritar comigo. Alguma coisa dentro de mim se quebrou quando ele olhou pra mim com tanta raiva.

- Na verdade, você me beijou de volta. Acho até que gostou do que aconteceu, se já se esqueceu.

E ele se aproximou com os olhos que me assustavam. Os olhos de alguém que eu não conhecia, não era o do meu melhor amigo de infância. Os olhos dele ardiam e eu me senti suja. Não. Não. Não. Agora não.

- Para!

Empurro ele e sinto mais uma lágrima cair. Mas que porra ta acontecendo na minha vida?

- Me deixa... Me deixa pensar...eu quero ir pra casa.

Ele respira alto, dá pra ver que ele ta alterado. Mas quem sou eu pra dizer isso? Aposto que pela minha cara agora eu também to “alterada”. Na verdade eu to destruída. Eu não sei o que sou. Eu vejo ele dar meia volta e entrar na escada e acompanho ele. O som dos passos dele se tornando a trilha sonora do inferno pra mim. Uma coisa me tortura. Eu acabei com duas pessoas em um dia, na mesma tacada. Eu não vou pro céu, vou?

Ele murmura alguma coisa. Eu não tenho a energia de perguntar o que ele quis dizer. Foda-se ele. Foda-se tudo. Mas quer saber? Principalmente, foda-se o amor. Eu to cansada disso, nunca da certo mesmo: Deveria ter aprendido isso quando era pequena e meu pai saiu de casa. Mas não. Precisou que isso acontecesse comigo pra eu entender porque não se deve amar. Homens são desprezíveis, todos eles. Meu pai, Benson, Will. Aposto que até o pai dele deve ser um babaca.

Vejo a luz que leva até o estacionamento do Bushwell e o meu carro estacionado lá. Will vai pro lado dele sem falar nada. Ah, agora ele vai bancar o inocente? Eu tava com raiva, esse é o único motivo pra que eu o beijei de volta. Eu não amo ele. Eu amo outra pessoa, merda. Eu amo e fui estúpida demais pra perder isso. Sinto mais lágrimas caindo. A essa altura, ele já deve ter virado uma piscina deformada.

Eu amo ele. Eu amo ele.

Não, eu o odeio. Ele não foi o culpado por isso.

Não foi, eu fui. Ah foda-se, eu o odeio.

Mais lágrimas.

No fundo eu o amo.

Essa voz minúscula na minha cabeça que fala bobagem pra mim. Eu o odeio, como sempre o odiei. Foi tudo uma fase. Mas eu nunca mais vou me machucar.

Mais lágrimas. A rua sempre foi manchada?

Nunca mais.

Mais lágrimas. Merda! Porque eu não consigo parar?!

Como deveria ter sido.

Tudo vira um borrão. Cedo a voz minúscula e desabo ali mesmo.

- Você é estúpida ou o quê? Levanta daí.

Will olha pra mim como se eu fosse uma retardada. E devo ser, mesmo.

- Cala...a...bo...

Mal consigo falar entre soluços. Ele pega meu pulso e sai andando. Machuca, mas eu não digo nada. A dor maior não é no meu pulso, acredite.

- Eu disse que eu ia te levar pra casa. 


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