Acordei como se minha cabeça estivesse pesando mil quilos, vi que horas eram no relógio em cima da bancada: 8:14. Isso é muito estranho! Eu sou a Sam Puckett, eu nunca acordo cedo. Mas também, eu nunca fico me revirando na cama antes de conseguir dormir, geralmente eu só deito e durmo, durmo, durmo. Só que não é bem minha culpa, não conseguia parar de pensar no que ia fazer hoje: Eu conto pro Freddie? E se contar, como conto? O que será que ele vai fazer quando descobrir? E o Will? Eu fico com ele ou termino tudo e explico que só tava com raiva do Freddie? Se eu pudesse nunca teria acordado hoje. Só teria dormido em paz pra sempre e nem me preocuparia com Will, Freddie ou quem beijou quem. Mas infelizmente, eu acordei. Me levantei da cama já sabendo que não ia voltar a dormir com tanta coisa na cabeça.

Coloquei a primeira roupa que vi no armário, peguei qualquer coisa pra comer na cozinha do Will e sai. Eu era a única acordada na casa, claro. Peguei meu carro e comecei a fazer o caminho que conhecia tão bem: O Bushwell. Precisava falar com o Freddie, conversar sobre a nossa briga e sobre o que aconteceu depois. Mesmo odiando ter que contar, e odiar pensar em qual seria a reação dele. Quase não tinham carros na rua, era um domingo (mas eu nem precisava me preocupar com a segunda, viva as férias) e todo mundo devia ta dormindo. Depois de uns minutos cheguei na casa do Freddie. Nem me preocupei em gritar de volta pro Lewbert, só conseguia pensar em uma coisa: Como contar pra ele? Eu trai ele por causa de uma besteira e ele não merecia isso! Sou eu que não mereço ele. Suspiro quando penso nisso e o elevador abre no oitavo andar. Toco a campainha e o Freddie vem atender a porta.

- Sam ele levanta uma sobrancelha Acordou cedo?

- É, a gente pode conversar?

Olho pro chão sem conseguir encarar ele. Eu juro que não conseguiria me sentir mais culpada nem se tentasse. Ele começa a dizer alguma coisa mas não consegue terminar já que a mãe dele é mais rápida.

Freddie! Quem é?

Ouço ela gritar lá de dentro e fecho os meus olhos. Eu realmente não preciso ver a mãe dele hoje, já tenho muita coisa pra me preocupar.

- É a Sam! - Freddie rola os olhos e sorri pra mim, um sorriso que eu não consigo retribuir Fala, que foi?

- Ah, é que...

Não consigo terminar a frase, ele me puxa pra perto e me dá um selinho demorado. Geralmente eu retribuiria e ficaria feliz, mas não hoje. Só consigo ficar triste e envergonhada pelo o que fiz ontem. Eu ofego e sinto meu rosto vermelho. Meu corpo todo está quente.

- Porque vo-você fez isso?!

Ele dá de ombros ainda sorrindo, um sorriso que me tira o fôlego, confesso.

- Que foi? Você é minha namorada ele sorri ainda mais eu tava com saudade.

Culpa. Culpa. Culpa. Não consigo em nada pra responder ele.

- A gente pode conversar em outro lugar?

- Tá.

Ficamos em silêncio quando ele chama o elevador e aperta um andar que eu já conheço. Em alguns segundos chegamos naquele lugar tão dolorido pra mim: Escada de incêndio. Parece que o mundo ta contra mim, Senhor! Sentei no mesmo lugar que o daquela noite e ele fez o mesmo. Pena que o que nós começamos aquela noite eu posso estar para terminar agora.

- Freddie, eu tenho que te falar uma coisa.

- Eu primeiro, ok? Desculpa pelo o que falei. Não falei nada pra te provocar mas se você se chateou com o que eu disse eu te devo desculpa.

Ah Freddie. Sempre tão perfeito. É isso que sempre faz nossa relação valer a pena, apesar de tantas brigas: O jeito que ele não tem orgulho nenhum. Suspiro triste, eu vou sentir falta disso. Eu vou sentir falta dele. O Will sempre foi meu amigo, mas o Freddie é mais que um amigo. Ele sempre foi mais.

- Eu não posso aceitar suas desculpas.

- Mas, Sam...

- Só escuta, ta? Ele suspira inconformado, mas não diz nada Você pode ter me deixado brava, mas eu fiz algo pior pra você.

Engulo em seco, as palavras presas na minha garganta.

- Sam, ta tudo bem?

Adeus Freddie.

- Não. Não ta tudo bem eu fecho os olhos me preparando pra o que tenho que falar ontem, depois da nossa briga eu fui pro shake da hora. A Carly tava lá com o Will também. Ele me consolou quando eu comecei chorar e a gente... A gente se beijou.

Continuo de olhos fechados, meu peito doendo de tanta dor pelo o que fiz. A última coisa que eu queria era magoar o Freddie.

- Vocês se beijaram?

A frase sai em um fio de voz. Abro meus olhos e só balanço a cabeça positivamente. As lágrimas começam a se formar nos meus olhos, como eu pude fazer isso com ele?

- ...Porque?

- Eu...

- Porque Sam, Porque?! A voz dele se torna rígida e alta Ele pode te dar algo que eu não posso ou eu sempre fui só um brinquedo?

Não tenho coragem pra responder, as lágrimas escorrem pelo meu rosto. Eu estou com medo. Medo de perdê-lo. Medo de nunca mais as coisas voltarem a serem como eram. Ele se levanta e começa a gritar.

- Quer saber um segredo?! Todos esses anos eu nunca te odiei. Você só fazia as coisas que fazia porque era seu jeito. Mas você me machucou de verdade hoje e eu não consigo te perdoar. Meu Deus, quantas vezes eu te avisei sobre ele, Sam?! Eu deixei você morar com ele porque confiava em você, mas eu estava errado.

- Freddie, eu...

- Sai.

- O quê?

- Eu disse pra você sair! Me deixa sozinho!

Me levantei com as lágrimas jorrando pelo meu rosto.

- Me desculpa, Freddie. Me desculpa.

Sai correndo com a visão embaçada, abro a porta da escada mas não consigo mover minhas pernas. Caio no chão e começo a chorar na escuridão. Sozinha. Desprezada. Minha imagem sendo um perfeito reflexo de como eu me sentia.