Acordei com o barulho de carros lá fora. Ainda sonolenta, tentei me mexer, mas eu pude sentir que braços e pernas estavam amarrados. Com isso em mente, eu acordei na mesma hora e vi que Sam dirigia concentrado, e Dean estava desmaiado no banco de trás do carro.

- Mas que diabos...? – tentei me soltar.

- Você não vai sair daí. – Sam disse, rígido.

Eu tentei, mais uma vez, me soltar, mas as cordas estavam amarradas muito fortes. Eu tentei puxar, mas acabei ganhando escoriações nos braços e com isso, um gemido de dor.

Sam não olhou para mim durante alguns minutos, mas eu senti que ele queria dizer alguma coisa durante todo o percurso. Eu vi que ele abriu a boca centenas de vezes querendo dizer alguma coisa, mas ele apenas fechava-a novamente e voltava a dirigir.

Quando nós passamos por uma curva, Sam balançou com o carro e eu fui jogada para o lado, e o machucado feito pela corda, ficou pior. Eu podia sentir a corda “dançando” no meu braço e corte ficando pior.

Involuntariamente, eu soltei um gemido de dor e Sam me olhou pela primeira vez. Ele fez cara e poucos amigos e voltou a olhar a estrada.

Não aguentando mais o silêncio, eu decidi falar alguma coisa.

- Você está me evitando? – perguntei.

- Não. Só estou tentando me manter a salvo de um demônio. – respondeu.

Então, tudo ficou mais confuso. Demônio? Do que ele estava falando? Eu estava tão perdida em pensamentos que nem percebi quando Sam me chamou e perguntou quem eu era de verdade.

Eu rebati e perguntei se ele era normal. Por alguma razão, Sam não respondeu e continuou a dirigir. Eu podia ver seus braços se contraindo contra o volante e seus dentes rangerem uns contra os outros com raiva.

Eu queria tanto ter respostas. Sam estava lucido? Ele realmente achava que eu era um demônio ou coisa parecida?

Pombas, eu tinha acabado de perder o meu irmão. Eu o tinha matado. Eu ainda estava em choque e quando eu menos espero, aparece um cara e me diz que eu sou um demônio? Que tipo de pessoa gostava de brincar com isso?

- Onde foi possuída? – Sam perguntou.

Foi então que eu fiquei louca de vez. Coloquei de lado toda a minha educação de anos e joguei na cara dele o porquê daquelas perguntas insensíveis.

- Tá me achando um demônio? Espera pra me ver normal. – eu respondi e bufei.

- Normal? – Sam bufou. – Você não é normal. É um demônio.

- Ah, merda! Não sou demônio nenhum. – rebati.

- Aham, e meu nome é Professor Xavier. E eu tenho superpoderes, não sabia? – ele ironizou.

Eu decidi ficar quieta, não queria confusão. Eram só mais alguns quilômetros e eu estaria livre deles e nunca mais os veria.

Bem, isso foi até um cara com um sobretudo marrom e olhos lindos aparecer. Foi aí que a merda toda começou.