Onze

  O gramado esta perfeitamente igual, à arvores por toda parte. Sinto o cheiro de grama no ar, tudo esta muito igual, minha praia, os elefantes, tudo. Parece que foi ontem que vim aqui com Damen pela primeira vez. Eu era desconhecida neste rumo naquela época, já agora não. Já estou por aqui à muito tempo, sei como lidar com as coisas. Antes não, eu fazia tudo precipitadamente para que aja tudo bem, mas não acontecia. Agora consigo pensar perfeitamente antes de fazer, para que não saia tudo errado. Penso como seria importante para mim, se tudo isso não estaria assim, se fosse junto com minha família, se morresse... mas não, agora não adianta mais lamentar, o destino me reservou isso, ou melhor dizer, Damen fez assim tudo isso.

   Estou tecnicamente com pensamentos cheios de merda, não estou agüentando essa atormentação que Haven esta fazendo, não vejo a hora de ela parar com isto e cair na real, tomara que este dia não demore. Dou uma grande arfada em cima da minha cama, com as cobertas em cima de mim mesma, e meu travesseiro na cabeça. Meu coração esta apertado, uma coisa que os imortais poderiam não ter: dor no peito. Não estou dizendo de dores físicas e, sim de dores emocionais. Quero aproveitar novamente a chance de voltar ao tempo com a lua azul que se aproxima, mas como estou afim de largar tudo e, simplesmente voltar ao tempo com minha família e, fazê-la não ir aos passeios no lago, para que não aja acidente algum.

   Será que existe uma coisas que nós imortais podemos mudar, exceto de sermos pessoas que nunca morrermos? Nunca saberei.

   - Sabe estava pensando, que poderíamos sair de Nova Zelândia, para podermos ficar mais tranqüilos para esquematizarmos melhor a chance de pegar a lua azul. – digo para Honor que esta no meu lado, sentada no sofá. Estamos conversando faz um bom tempo. Ela agora esta dormindo em casa.

   - Certo, mas para onde iremos? – ela pergunta para mim, encarando-me nos olhos.

   - Tem vários lugares que podemos ir, estava pensando no Brasil. – olho para o longe, sei que ela esta olhando para mim, esperando algo mais. Então digo: - Sabe lá, Haven demoraria para achar nós. É o melhor, poderíamos ter uma vida, tecnicamente perfeita, digamos.

   - É uma boa idéia. Mas Ever, e Damen? Temos que ficar aqui. Não sei muito sobre a luz azul, então acho melhor permanecermos aqui. E quem sabe você e Damen possam ir para lá no futuro juntos? – ela abre um sorriso contemplando-me.

   - Quem sabe não é? – pela minha surpresa dou também um sorriso. – Verdade, nunca imaginei eu e Damen no Brasil. Alem do mais, qual o problema? Tenho que pensar em tudo, para que tudo saia bem. – paro, fico olhando chocada pelo que lembrei: - Honor, não podemos ficar aqui. Temos que irmos para Laguna Beach o mais rápido possível! – exclamo.

   - Para que Ever? Tem algo lá de tão importante? – ela esta um pouco em choque pela minha preocupação de voltarmos para Laguna Beach.

   - Como você disse, você não sabe muito sobre a lua azul e, nem eu. Quando peguei-a estava em Laguna, e se não tivermos lá desta vez? Se Damen acordar em um belo dia e deparar-se sozinho lá? 120 anos depois de sua morte? – falo, sabendo que posso ter exagerado mas, neste caso, o exagero nunca é grande coisa.

    - É uma hipótese sensata e faz sentido. Então vamos para Laguna Beach – ela para e olha para mim com uma cara maliciosa. – e, estou ate com saudades de lá, o melhor será visitar o tumulo se Stacia, será muito divertido. – ela dá um sorriso muito malicioso.

   Dou uma risada, mas pouca. Não gostava de Stacia, mas mesmo assim, não quero me sentir superior à ela, coisa que sempre fui. – Sim, mas você era amiga dela, não deveria falar assim.

   - Eu não gostava muito dela, na verdade eu odiava ela. – ela se levanta, indo em direção as escadas. Ela percebe que não estou acompanhando-a, então fala: Ora, você não fará suas malas?

   - Como assim? – estou surpresa pela rapidez que ela pretende em ir para Laguna Beach. – Nós vamos agora? Pensei que iríamos daqui alguns dias...

   - Não, acho melhor irmos o quanto antes. – ela afirma com a cabeça olhando para os degraus à sua frente. – Então, vamos. Prepare suas coisas.

   - O.k. – indico com a cabeça que irei subir as escadas. Ela sai de minha frente para que eu possa passar.

   Subo as escadas, não estou acreditando que vamos para Laguna Beach. Tipo, faz muito tempo que não visito-a. Teve ate uma época em que, não sabia se esta cidade ainda existia, mas para minha sorte ela ainda esta em pé. Pego minha mala que esta em cima de meu guarda-roupa. Abro-o e coloco-o em minha cama. Despejo algumas roupas em cima do mesmo, perto da mala. Pego todas, já que não sei quanto tempo demorarei para voltar para cá. Ainda tenho que avisar para Clarisse e, é claro Stanford. Poderia simplesmente escrever um bilhete mas, já fui muito desleal com eles e, não quero perdê-los.

   Honor aparece na porta, perguntando se preciso de ajuda. Falo que não, porque afinal, imortais nunca cansam. Logo todas minhas coisas estão arrumadas, e estou pronta para ir. Minha casa irá ficar aqui, sozinha. Posso pedir para o vizinho, olhá-la de vez em quando. Mas o mais importante agora é avisar Clarisse e Stanford.

   - Honor, que preciso avisar para meus amigos que estou saindo da cidade. Será que posso falar com eles? Se não for possível sair com eles, não tem problema de eles vir aqui. – Peço permissão para Honor. Sabendo que ela concerteza concordará. Ela olha para mim com uma expressão seria. – Então...?

   - Ever, acho melhor você não avisá-los. É melhor não saberem que estamos saindo. Será muito perigoso se isso chegar aos ouvidos de Haven. Fique tranqüila, não acontecerá nada com eles, pode ter certeza. – ela tem um olhar de sabedoria. Mas não me convence.

   - Como assim? Eles são meus amigos, não posso abandoná-los desse jeito. – fico em choque.

  - Por favor Ever, não fique brava, é para seu bem. Eles entenderão no final.

  - Não, mesmo assim. Dever de amigos é avisar o outro de tudo! Não posso simplesmente abandoná-los deste jeito, nunca. – abaixo a cabeça. Pego a mala e saio do quarto.

  - Tomara que não aconteça como da outra vez... – escuto Honor dizer enquanto saio. Sei que ela esta totalmente certa. Então aceito seus conselhos.