Acordei com meu celular tocando. Abri os olhos meio sonolentos e olhei a janela a minha frente. Ainda estava escuro. O barulho do celular ainda tocava e aquilo me irritava, tateei pela cômoda ao lado da cama e peguei o celular atendendo-o sem me importar de olhar quem era.

    - Ainda está dormindo, amor? – uma voz feminina falou.

    - Ah, oi Yuri – respondi meio irritado por ser ela. Achei que seria alguém mais importante. – Como assim “ainda acordado”? Eu deveria estar dormindo a essas horas – respondi já perdendo o sono.

    Ela riu de leve. – Ah, então deve ser eu. Eu acordei sem sono há pouco tempo e acho que todos deveriam estar acordados – ela riu de novo confusa e deu pra perceber que estava corando.

    Sentei na cama. – Mas agora eu também estou acordado. Você me acordou – disse evitando a voz irritada. Ela soltou mais uma risada leve. Apesar de sua risada ser bem fofa e aconchegante algumas horas, eram bem irritantes para meus ouvidos agora.

    - Oh, desculpa. Tonta eu – ela estava toda tímida e não tinha mais o que falar.

   Fui direto ao ponto. – Yuri, tem algo que queira me contar? – minha voz saiu meio irritada. E olha que eu juro que tentei ser gentil.

    Yuri estava meia confusa. Ficou bastante tempo calada. – Hum... Na verdade tem sim, MinHo – ela falou depois do longo tempo de silêncio. Revirei os olhos. “Daqui a pouco estou eu casando com ela” pensei.

     - E você quer me contar? – perguntei. O sono me batera de novo. Fechei os olhos quase caindo na cama de novo. Ainda nem havia nascido o Sol direito, saiam pequenos raios por detrás dos prédios e parte do céu estava escuro.

    Ela deu um suspiro. – MinHo, eu quero, na verdade queria, bem... – ela foi falando rápido e depois parou de novo. – Ah, quer saber? Eu posso te encontrar hoje? Quero falar isso pessoalmente. Pode ser? – ela decidiu no final das contas.

    Dei um suspiro cansado e esfreguei os olhos. – Pode Yuri. Mas eu vou aí, na sua casa. Tchau – falei e desliguei quando ela concordou devagar. Minha vida até algumas horas atrás estava boa demais.

    Joguei o celular na cômoda e me joguei na cama deitando-me de costas. Minhas pernas estavam abertas formando um V ocupando o espaço inteiro da cama por causa de minhas pernas grandes. Minhas mãos bateram de leve em meu rosto tampando-o por completo e eu fiz uma expressão de cansaço por entre elas. – Yuri, pare de me perseguir desse jeito... – murmurei totalmente exausto.

    Mas também, não era culpa da coitada. Tirei as mãos de meu rosto e as coloquei em minha barriga entrelaçando-as. Eu era seu namorado e normalmente era assim que namorados agiam, certo? E nós tínhamos dormido juntos. Sentei-me na cama de novo encarando a porta. – Mas então por que eu não a amo? – falei em voz alta e nítida.

    A imagem dele me veio à cabeça. A pequena imagem dele escorregando as pequenas mãos nas minhas e caindo na minha cama. A pequena sombra que havia aberto minha porta poucas horas atrás e entrado de fininho em meu quarto procurando abrigo entre meus braços.

    E então o gosto de seus lábios me veio à mente. Eram tão aveludados que eu poderia senti-los pressionados contra os meus nesse exato momento. O cheiro de canela de seus cabelos me veio à mente também, tudo que era seu me veio à mente. Eu queria sentir seu abraço apertado de novo, queria dormir com ele abraçado ao meu lado, mas... Por que ele tinha que ter voltado com o Onew justamente agora? Justo agora que eu sinto sua falta, justo agora que eu sei o quanto o quero por perto.

    Mas então uma imagem desconhecida das outras me veio à mente. Era a da Yuri. Ela chorava. Era a mesma cena de quando eu a havia encontrado no apartamento depois daquela ligação. Balancei a cabeça fortemente de um lado para outro nervoso. Eu não iria me lembrar disso agora, não dela. Tinha que me lembrar dele. Era das imagens dele a qual eu mais gostava.

     Deitei-me mais uma vez na cama e olhei para janela a qual agora já mostrava o Sol pela metade. Brilhando forte. O céu agora tinha as cores diferentes, eram muitas, as mais vistas eram laranja e amarelo, mas tinham mais misturadas ali. Meus olhos se fecharam, totalmente sonolentos.

                JongKey P.O.V

      O Sol acabara de nascer. Isso os dois sabiam, pois já estavam meio acordados e faziam carícias um ao outro. – JongHyun, pare com isso! – Key exigiu quando o outro fazia sua pele de braço se arrepiar com seu dedo passando de cima para baixo. Ele ria com o nervo desnecessário do mais novo.

      - Mas você gosta – ele respondeu ainda se concentrando no braço do menos vendo os pequenos pelos subirem a cada passada de seus dedos pelo local. O mais novo estava de costas para JongHyun, mas ele estava colado nas costas de Key com as pernas entrelaçadas nas do mesmo.

      Key ignorou a verdade que o mais velho havia dito e apenas sorriu vendo o Sol nascer diante da janela. Ele estava feliz demais. Mas também preocupado demais. Estava preocupado com MinHo, ele ainda não havia esquecido aquela cara triste dele ontem à tarde e quando ele havia chorado abertamente em seus ombros. Key gostava demais de MinHo para vê-lo chorar tanto assim.

       - O que está pensando? – JongHyun passou a mão na bochecha do mais novo que estava perdido em seus pensamentos e sorriu com o susto do mesmo. – Seu sorriso se fechou – ele falou.

      Key balançou a cabeça devagar e se virou para o peito do mais velho. JongHyun passou as mãos pela cintura de Key e retribuiu o abraço. – Eu só quero ficar nessa posição e esquecer o resto do mundo – Key falou enterrando a cabeça no peito de JongHyun.

      O mais velho não protestou. Queria ficar assim com o mais novo. Era bom sentir o calor de seu corpo e o cheiro de maça de seu cabelo. “Eu te amo, KiBum” pensou o mais velho sorrindo e apertando mais um pouco o mais novo. “E eu ainda vou ter a coragem de te falar isso”.