Taemin P.O.V

             Tinha acabado de sair do banheiro e precisava de um tempo pra mim mesmo. Fui em direção à varanda e me sentei na cadeira. Olhei as pequenas pessoas desconhecidas passarem de um lado para o outro e observei outras pessoas correrem atrasadas para algum compromisso. Algo me chamou a atenção.

             Pelo canto do olho vi um vulto branco passar do outro lado da rua. Um gato. Olhei atenciosamente para ele. Seu pequeno corpo ofegante parou e olhou para trás. Ele parecia perdido, ou apenas confuso. Ele se virou e me encarou. Levei um susto com o olhar surpresa e encostei as costas na cadeira. Seus olhos estavam vivos em mim e seu corpo com o tempo foi parando de ofegar.

             - Taemin? – alguém me distraiu do olhar do pequeno gato branco e eu me virei para ver quem era.

             - MinHo? – me levantei surpreso por ver quem era. – O que quer agora? – perguntei desta vez ficando ofegante.

             Ele deu um passo à frente. Esticou os braços numa tentativa vacilante de tentar pegar minhas mãos, mas eu tirei-as de perto e as coloquei para trás de meu corpo. – Podemos conversar? – ele disse.

              - Fale – disse. Eu queria saber o que ele tinha a falar. Ele hesitou e se sentou na cadeira ao meu lado. Sentei-me de novo.

              - Bem, sobre aquele dia; em que brigamos – ele voltou no assunto que tanto me incomodava. – Eu não queria te magoar, nunca quis e nunca vou querer. Eu só quis te contar aquilo para não ficar com aquilo na minha garganta, eu só fui lá a pedido de Yuri, sem outras intenções – ele levantou o olhar finalmente e me olhou. – Taemin, por favor, me perdoe – minhas mãos estavam encima de meu colo e ele as pegou.

             Olhei para nossas mãos antes de respondê-lo. Eu devia? Sim, eu havia sofrido muito mesmo quando descobri que MinHo iria namora-la. Porque nessa época, eu já estava apaixonado, e no fundo eu sabia que ele sabia.

             - Taemin, eu não consigo viver sem você – ele afirmou apertando minhas mãos frias contra as suas quentes. – Me perdoe, porque eu sinto sua falta, não posso sentir mais essa dor no peito quando te vejo por perto, volte pra mim – ele suplicava.

              - Deixe-me pensar, tudo bem? – falei sentindo meu coração palpitar em meu peito.

              Ele olhou para nossas mãos entrelaçadas. Nosso primeiro toque depois de tanto tempo. Ele esfregou seu dedão em minha palma e concordou com a cabeça. – Tudo bem, apenas pense rápido – disse e se levantou indo para dentro de casa de novo.

               Vi ele sair devagar do cômodo frio por causa do vento que batia no local. Quando o vi virar o corredor e ir para sala, senti meus ombros caírem e eu finalmente soltei o ar preso em meus pulmões. Eu ainda não sabia o que tinha acontecido ali e talvez nunca soubesse. Estava tremendamente confuso e desorientado. “Ele... sentia... falta de mim” pensei e minha mão foi para meu peito apertando de leve o local. 

              Respirei fundo mais uma vez e olhei para fora de novo. Não havia mais pessoas, não havia ninguém correndo ou ao menos conversando uma com as outras. Olhei para o outro lado da rua e procurei pelo gato branco que havia visto agora pouco. Seu rabo balançava de um lado para o outro e ele andava de vagarosamente até o prédio vizinho encaixando-se perfeitamente por entre as grades.

              “Até ele se foi” pensei me sentindo solitário. Bem, então não havia mais nada a fazer ali. Levantei-me e saí dali indo para cozinha, não poderia ir à sala agora, não com MinHo lá.

              Peguei um copo de leite e enchi até o topo deixando quase transbordar. Levei até a boca e tomei um gole grande e grosso do leite gelado e branco. Meu coração bateu descontroladamente pela falta de ar, descolei o leite de meus lábios e coloquei o copo na pia com força. Estava ansioso.

               Levei a manga comprida de minha blusa e passei por meus lábios tirando o líquido dali. Suspirei e fechei os olhos. Minha garganta agora estava doce e gélida demais. Fui até a mesa e me sentei. Eu só queria resolver as coisas de uma vez...

             MinHo P.O.V

               Sentei-me no sofá e olhei para imagem vulta que passava na pequena tela. Key me cutucou e tentou me olhar, mas meu rosto estava tampado por meus cabelos já grandes. – Aconteceu algo, MinHo? – ele perguntou colocando sua mão em meu ombro. – Algo com Taemin? – ele perguntou com um ar de preocupação.

                Levantei a cabeça um pouco e falei ainda olhando para a imagem na televisão. – Sim, mas não quero conversar agora – respondi surpreendendo até a mim mesmo com minha frieza.

               Ele piscou os olhos rapidamente e disse: - Tudo bem, eu entendo – falou e se levantou para poder ir à cozinha.

               Já era de madrugada e eu já estava na cama. Não havia nem visto Taemin depois daquela conversa. Será que ele havia ao menos pensado no que eu havia falado? Será que ele aceitaria? Soquei o travesseiro, claro que não! Ele estava muito ocupado com seu queria Onew. Fechei os olhos e tentei voltar a dormir.

               - MinHo? – ouvi o ranger da porta e uma pequena luz entrar no quarto junto com a doce voz. O formato de uma pessoa entrou no quarto lentamente e andou até minha cama fechando de leve a porta.

               Mesmo ele não podendo provavelmente ver, fiquei sentado. Ele tateou até encontrar a cabeceira de minha cama, quando viu que havia passado e encontrou direto minha perna, escorregou sua mão e caiu direto na cama. Meus lábios se abriram um pouco e soltei uma risada quase inaudível. – O que faz aqui a essa hora da madrugada? – perguntei assustando-o e fazendo o mesmo levantar-se rápido e ficar ereto.

               Deitei-me de novo na cama e esperei ele se deitar junto a mim. Tudo aconteceu bem lentamente, ele procurou não cair de novo e foi passo a passo. Perna por perna. Quando finalmente conseguiu ficar deitado ao meu lado totalmente, me abraçou com força. – Senti sua falta.

                Retribui o abraço com a mesmo força que ele me apertava. Puxei-o pela cintura e enterrei meu rosto no cabelo macio que ele tinha com o mesmo cheiro de canela que eu tanto apreciava. – Por que só chegou agora? – perguntei tentando fazer voltar as lágrimas que agora escorriam por meu rosto.

               - Porque não consigo dormir sem sua voz – ele respondeu. - Porque senti falta de seu corpo quente e seu cabelo que roça o meu rosto sempre que lhe abraço, porque quis ouvir sua voz grossa sussurra de contra meu ouvido fazendo-me arrepiar e porque eu te amo – sua voz foi fraca e baixa e ele com certeza estava chorando. Mas com certeza eu ouvira cada palavra que ele dissera.

              - Volta pra mim? – perguntei já chorando.

              Taemin soluçou. Ele agarrou minha blusa e a apertou de contra seu rosto. – Sim Eu já sou seu – ele chorou. – Mas prometa nunca mais me machucar desse jeito – ele suplicou.

               Solucei. Não podíamos simplesmente nos abraçar e esquecer isso tudo? – Claro que sim. Prometo nunca mais falar sequer uma palavra que possa te magoar – o apertei contra meu corpo e ouvi seu soluço mais uma vez.

              Ficamos ali naquela posição por vários minutos. Mas Taemin se contorceu e disse tentando me olhar. – Eu preciso ir – ele disse. Aquilo me deixou confuso. Ele já não era meu? Por que tinha que ir?

               - Por quê? – perguntei.

               Ele se levantou. – Porque eu ainda não terminei com Onew – disse. Aquilo foi como uma facada no peito. E agora doía o mesmo.

               - Mas... Você disse que já era meu... – tentei entender.

               - Eu já sou seu. Sempre fui. Mas eu ainda não tive a oportunidade de terminar com ele. Isso exige tempo, quando se é nesse caso – ele explicou.

               Hesitei. Não iria brigar com ele agora, não iria arriscar magoa-lo de novo e perde-lo dessa z totalmente. Eu havia prometido no final das contas. – Mas volte amanhã – pedi.

               Ele se apoiou de joelhos a cama e pegou meu rosto me dando um beijo. – Claro que voltarei. Eu sempre voltarei para você, MinHo – ele disse.

               O segurei pela cintura e o beijei de novo. Ah! Como eu sentira a falta daqueles lábios doces e macios! Eu nem me lembrava mais quão eram doces. Ele pegou minha nuca e a puxou para perto. Mesmo assim eu queria mais. Mas ambos não teríamos até amanhã. Taemin me soltou e saiu do quarto apenas deixando um sussurro em meu ouvido: Saranghae... Você nunca me perdeu...