Começar a Ser escrita por WinnieCooper


Capítulo 11
Dia dos namorados




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Dia dos namorados

Hugo limpava seus sapatos cheios de neve quando chegou ao Corujal. Ia enviar uma carta a seus pais. Era extremamente cedo num sábado, jamais esperaria que alguém além dele estivesse lá também.


– Hugo – uma garota loira de cabelos curtos e lisos o cumprimentou.


– Oi Sarah – ele disse meio deprimido.


– Veio mandar seu cartão de dia dos namorados? – ela tentou puxar assunto.


– Se eu tivesse alguém para mandar. Vou enviar uma carta aos meus pais. Minha mãe é meio obcecada por estudos, gosta de acompanhar as notas de perto, se eu não a informar como estou na escola, é capaz dela aparatar até aqui e falar com os professores pessoalmente, na verdade, acho que ela se corresponde frequentemente com eles.


– Sua mãe é Hermione Granger não é?


– Weasley, Hermione Weasley.


– É, Weasley. Ela é famosa, quer dizer, lutou na Grande Segunda Guerra, com seu pai e Harry Potter, pai da Lily.


– Andou pesquisando? – ele perguntou entediado, não estava com vontade de ouvir o quanto seus pais e seu tio eram famosos.


– Eu só... – ela estreitou seus olhos – Só queria te conhecer Hugo. Não como uma forma interesseira, só te conhecer e eu acho que você...


– Fui grosso com você? – ele perguntou, não esperando resposta – Olha me desculpe, é que você...


– Sou irmã do Sam – completou a frase do jovem – Acredite, ser irmã do Sam ultimamente não me faz bem.


– Por quê? – Hugo sentou-se no pé da escada e ela o acompanhou.


– Não quero falar do meu irmão, tudo bem? – ela perguntou chateada.


– Não falar do Sam? Isso é que mais quero, eu só falo dele – ela o olhou sorrindo.


– Você também é como eu Hugo.


– Como você?


– Eu odeio as pessoas desta escola, cultuando meu irmão como se ele fosse algum tipo de milagre.


– Eu odeio mais as pessoas desta escola que você.


– Não é possível – ela rebateu.


– Ok, desafio você. Concurso de “Odeio Mais as Pessoas desta Escola que Você”.


– Topo – a garota olhou-o com as sobrancelhas erguidas – Começo: Eu odeio como o pastelão de rim dos elfos dessa escola cheiram como ovo cozido.


– Nem elfos e nem comida de Hogwarts são pessoas – ele constatou rindo.


– Pra você ver como meu quadro de “odeio” aumenta e eu nem percebo. Porque acha que não estudava aqui?


– Por quê? – perguntou curioso.


– Isso não sou eu: Pessoas ligando para a aparência e como ser mais popular a cada dia.


– Por que voltou?


– Sam – ela respondeu, olhando para baixo chateada – Não me leve a mal, eu amo meu irmão, mas... De repente minha vida parou para que eu vivesse a vida dele.


– Normalmente é assim que a gente se prende a pessoas e lugares como Hogwarts, sempre tem alguém precisando de nós – ele comentou displicente.


– Quem precisa de você? – Sarah perguntou curiosa.


– Não precisa mais – respondeu pensando em Lily.


– Azar seu, agora que poderia ir embora daqui para sempre, eu preciso de você.


Ele a encarou incapaz de responder.


xx


– Dia dos namorados, mais uma data supérflua para mostrar os supostos casais adequados desta escola e aqueles que jamais namorarão – reclamou Sarah para Hugo enquanto o quinto ano cantava uma música no coral da escola.


O jovem ruivo estava parado fingindo que cantava uma música clássica das Esquisitonas da época de seus pais, ao seu lado direito Lily erguia seu rosto evitando encará-lo, do seu lado esquerdo, Sarah reclamava e não fazia questão nenhuma de fingir que cantava.


– Essa fala é minha – constatou Hugo quase rindo do jeito carrancudo da amiga.


– Cobre direitos autorais então.


– Vamos todos juntos o refrão! – pedia o professor erguendo os braços e regendo os alunos.


– Now, believe, that magic works…


– A Sarah é legal, não é? – perguntou Lily aos sussurros para o primo.


– Está falando comigo? – perguntou friamente para ela.


– A Sarah, irmã do Sam, parece que estão se dando bem – comentou novamente - Isso é ótimo!


– Fico feliz que aprova – disse sarcástico.


– Vozes altas cantem! Quero ouvir vocês! - o professor voltou a pedir.


Enquanto o coral gritava desafinado, Hugo e Lily podiam conversar mais a vontade, sem que os outros ouvissem o que falavam.


– Desde quando você é tão interessada nas pessoas que posso sair? – ele perguntou levantando as sobrancelhas.


– Ah, não sou – tentou desviar o assunto – É só que, bom, ela é irmã do Sam, você é meu primo...


– Bom, esbarramos um no outro, peguei os livros dela do chão, o Lorcan disse que isso era clichê, alguns casais que ficam juntos se conhecem assim. Assim logo posso pedir a mão dela em casamento – terminou sorrindo falsamente para ela.


– Eu só não sabia que você estava interessado nela, só isso – comentou sussurrando.


– Quem disse que estou interessado nela?


– Se tivesse eu poderia ajudar...


– Oh – ele exclamou sacudindo a cabeça – E porque pediria sua ajuda?


– Então está interessado – ela confirmou virando o olhar para ele feliz.


Hugo queria dizer a Lily que o motivo de ela querer tanto que ele saísse com outra pessoa era esquecê-la, tentar ser feliz, para que ela não se sentisse culpada saindo com Sam, mas não disse.


– Ela é atraente – comentou.


– É sim – Lily confirmou.


– Ela tem um jeito misterioso, o cabelo dela de certa forma me lembra de personagens de mangás, o jeito despojado dela é totalmente o contrário do que odeio das garotas dessa escola, garotas que prezam ser populares e a aparência.


– Garotas tipo eu? – ela perguntou ofendida.


– Eu não disse isso.


– Olha Hugo eu sei que está chateado, mas... – ela começou.


– Não, você não sabe, você não faz a menor ideia – ele a cortou assim que a música que cantavam acabou fazendo o cômodo que estavam ficar em absoluto silencio.


– Muito bem, formem duplas, quero que façam uma resenha sobre músicas clássicas e suas influências nos dias atuais – anunciou o professor esperando a turma se reunir.


– Duplas – Lily sussurro no ouvido dele – Ótima desculpa.


– Ei Hugo! – chamou Lorcan se aproximando dele.


– Lorcan, quero fazer dupla com você – a jovem ruiva puxou o garoto loiro antes que ele fizesse dupla com o Hugo.


– Sarah, você já tem par? – ele perguntou meio tímido.


– Estava esperando você chamar – ela sorriu e ambos se encaminharam para uma mesa afastada de todos – Já não basta eu ter que aturar as aulas de musicas em dias que não quero comemorar tenho que fazer um trabalho para ganhar nota.


– Então... o que... que... o que... – Hugo gaguejava, Sarah o encarou estranhando seu comportamento – O que vai fazer essa semana?


– Essa semana? – perguntou sorrindo.


– É sabe? Quis dizer... – ele riu nervoso.


– Vou fazer o usual – respondeu revirando os olhos.


– Legal, legal – ele pegou sua pena e começou a bater repetidamente no pergaminho.

– O que está fazendo? – ela indagou totalmente confusa.


– Oh, sabe... – ele tentou encara-la sem sucesso – Quero dizer, não tenho nenhum plano, só... só...


– Isso foi estimulante.


– Quer fazer alguma coisa, qualquer hora? – conseguiu perguntar em um folego só.


– Se você fosse mais especifico ajudaria.


– Comigo – ele prontamente disse – Gostaria de sair comigo?


– Como um encontro?


– É – ele suspirou olhando para baixo.


– Alguma hora particular? – ela perguntou.


– Amanhã, amanhã durante o dia.


– No dia dos namorados? – ela perguntou levantando as sobrancelhas.


– Oh, não – ele negou gaguejando – eu esqueci seu ódio pela data e...


– Está tentando desistir? – Sarah questionou com um sorriso aberto nos lábios.


– Não, eu apenas pensei que...


– Bom, porque eu topo.


– Ok – ele confirmou sorrindo quase não acreditando.


xx


– Ei Lily – Sam cumprimentou a namorada lhe dando um leve beijo nos lábios quando a viu sair da sala pelo fim das aulas – Ei Hugo, irmãzinha...


Cumprimentou o ruivo e sua irmã que saiam juntos do aposento.


– Não devia estar em aula agora? – pergunta Lily estranhando.


– Sabe a vantagem de ter batido a cabeça? – ele pergunta sorrindo para os três – Os professores são flexíveis, fingi uma dor de cabeça, eles logo me liberaram das aulas.


– Desse jeito não adianta nada voltar a estudar – constatou Sarah com os braços cruzados na frente do corpo.


– Só vim aqui pedir um favor a você Hugo – ele disse ignorando a irmã.


– Pra mim?


– Queria que me ajudasse a estudar certas coisas.


– Porque não pede a mim? – questionou Lily apavorada.


– Sinceramente Lily, se eu estudasse com você, não me concentraria.


– Acredite Lily, isso é um elogio – comentou rindo Sarah.


–Tudo bem, a gente pode estudar qualquer dia desses – respondeu Hugo transtornado.


– Sabe o que descobri? Dizem que esse ano em Hogsmeade haverá pista de patinação no dia dos namorados – comentou Lily feliz.


– A gente pode ir lá Hugo – sugeriu Sarah.


– Vocês vão sair juntos no dia dos namorados? – perguntou Sam surpreendido.


– É... – respondeu Sarah sorridente.


– Podemos ir os quatro não é? – Sam questionou inocentemente.


– Os quatro?! – perguntaram Lily e Hugo ao mesmo tempo.


xx


Lily precisava falar com o primo e sabia onde encontrá-lo. Á noite, se certificando que ninguém estava a observado, subiu até a torre particular que haviam se beijado, e o encontrou sentado com fones de ouvido, jogando algum jogo no aparelho eletrônico que levava em mãos.


Hugo levantou o rosto e viu a presença dela.


– Eu preciso falar com você – ela começou vendo-o retirar os fones de ouvido.


– O quê?


– Eu preciso falar com você – repetiu apertando as mãos, nervosa.


– Isso eu entendi, quero saber sobre o quê. Achei que quando sua vida voltasse para a órbita original, me esqueceria – ele voltou a olhar seu jogo deixando de encará-la.


Ignorando a cortada do primo, ela se agachou de frente a ele, e perguntou:


– O que exatamente está havendo entre você e Sam? Digo, porque está dando um de “amigão” com ele? - acrescentou assim que viu que ele tinha levantado o rosto.


– Primeiro: não estou dando um de “amigão” com ninguém. Ele se aproximou de mim.


– Ele? Por quê? – questionou confusa.


– Não sei. Talvez ele me ache bonito – levantou as sobrancelhas zombando dela.


Ela suspirou olhando para baixo e voltou a dizer:


– Eu estou falando sério, você deve ter feito algo pra conseguir a atenção dele e não acho isso bom, não só por mim, mas por todo mundo.


– Legal pensar e todo mundo de repente e não só em você mesma – seu tom era rude.


– Como é? – perguntou o encarando abalada.


– Olha, afinal, qual é o problema?


– Sem problema, só é desconfortável.


– Por quê?


Lily mordeu os lábios e desviou o olhar do dele.


– Deixe pra lá – Hugo respondeu tristemente – Olha, eu não tenho interesse em ser melhor amigo do seu namorado, não tem nada com que se preocupar.


– Então – ela começou receosa – não vai falar nada sobre...?


Hugo sabia que Lily se referia aos beijos que tinham trocado.


– Não, não vou – respondeu automaticamente.


– Obrigada – sua voz mostrava alivio – Era tudo que precisava ouvir.


Lily se levantou e começou a andar em direção a porta.


– A menos que... – ela parou virando-se novamente para Hugo que estava em pé – É claro, se ele me perguntar diretamente.


– Perguntar o que? O que ele te perguntaria?


– Não sei, mas não vou mentir. Digo, você que me beijou.


– Você me beijou primeiro – disse desesperada.


– Não se preocupe porque não se repetirá – ele sorriu satisfeito pela reação dela.


– Está tentando me chatear Hugo?


– Só estou sendo honesto.


– Honestamente falando, acho que você e Sam não deviam ser amigos, quer dizer, não parece que tenham algo em comum.


Ele suspirou olhando para baixo virando as costas para ela.


– Não, não, quero dizer... – ela tentou concertar, mas as palavras não vinham.


– Você está certa – virou novamente para ela, furioso – Porque o cara mais perfeito do mundo teria algo em comum comigo?


– Não foi o que quis dizer – sussurrou tentando acalmá-lo.


– Foi exatamente o que quis dizer, só não pretendia! - Ele gritou assustando-a.


– Isso tudo é difícil pra mim também. Eu quero ser sua amiga, como éramos antes, sério, mas... Agora que Sam voltou á escola, você mesmo disse, ele precisa de mim. E eu... Bom, estou tentando descobrir como balancear tudo isso – seus olhos estavam marejados – E eu vou descobrir... Só que é tão complicado.


– Eu acho que você devia ir pro Salão Comunal, não quero que se meta em encrencas por minha causa – ele passou por ela e abriu a porta que dava acesso á torre, esperando-a passar.


– Ok – Lily concordou tristemente ao passar pelo portal. Hugo fechou rudemente a porta em seguida.


xx


Alvo, Rose e Scorpius estudavam no Salão Comunal da Grifinória, já era tarde da noite, os dois meninos já não ouviam nada do que Rose dizia, parecia que somente a garota estava entendendo alguma coisa.


– Eu vou dormir. Você vem Scorpius? – ele perguntou ao amigo que estava com a cabeça na mesa com os olhos fechados.


– Vai na frente, já estou indo.


Scorpius levantou a cabeça e esticou os braços, cansado e com sono.


– Está entediado? – Rose perguntou levantando as sobrancelhas.


– Não, é que não dormi direito noite passada. Alvo começou a falar durante o sono às três da manhã.


– Sabe o que é amanhã? Dia dos namorados – ela falou encarando seu livro.


– Oh, droga! – Scorpius exclamou de repente – A gente tem que fazer alguma coisa juntos certo? Hogsmeade?


Rose fez uma careta e respondeu:


– Eu acho que nós estamos numa rotina.


– Rotina? – perguntou confuso.


– É como se tivéssemos nessa fase do nosso relacionamento onde já passamos por todas as coisas ruins e agora a única coisa que nos resta fazer é... – ela fez uma pausa – terminar ou casar.


– O...O que? – perguntou gaguejando, completamente acordado.


– Não estou dizendo que vamos terminar ou casar agora, só estou querendo dizer – Rose olhou para baixo – estou preocupada, sempre fazemos as mesmas coisas.


– Mas gostamos de ir a Hogsmeade, cinema na sala precisa e... – ele tentou pensar em outra coisa, mas nada lhe veio à cabeça.


– É, eu sei, mas quando foi a última vez que fizemos algo emocionante?


– Mas, fazemos isso o tempo todo – ele disse convicto – Ver um filme, tomar uma cerveja amanteigada...


Tentou pensar em outra coisa, mas nada lhe veio à mente.


– Você olha para mim como se esperasse um jantar na sua casa, seu pai querendo me matar seria emocionante – Scorpius exclamou chateado.


– Não estou te cobrando nada – Rose respondeu quase rindo – Ok, eu pensarei em algo melhor do que nos entupirmos de cerveja amanteigada amanhã.


– Boa sorte.


xx



– Oh Merlin! Não acredito! – gritou Lily animada olhando para a pista de patinação que haviam montado em Hogsmeade para comemorar o dia dos namorados – Temos que patinar!


Puxava Sam caminhando em direção à pista.


– Ah, sei não Lily, não sei fazer isso – ele respondeu desanimado.


Sarah e Hugo caminhavam um pouco atrás dos dois, conversam animados.


– O Sam nunca gostou de patinar Lily – disse a loira se metendo na conversa entre os dois.


– Não gostava? – perguntou Sam.


– Mas eu posso te ensinar a gostar – a ruiva insistiu – Eu amo neve, amo patinar. Uma vez ensinei ao Hug... – ela parou de falar de repente.


Sarah e Sam olharam para Hugo, curiosos, o jovem ruivo por sua vez, fingiu indiferença.


– Ei Hugo vamos patinar? – Sarah chamou e o garoto apenas concordou com a cabeça.


Ambos se encaminharam a uma bancada perto da pista montada no vilarejo para pegarem patins especiais.


– Eu vou pegar uma cerveja amanteigada pra gente – anunciou Sam indo até um bar próximo.


Lily sentou-se num banco perto da pista e ficou apenas observando.


xx


– Legal. Festa tropical! – exclamou Scorpius entediado.


Rose havia pegado alguns peixes e frutas na cozinha, levou até uma torre isolada do castelo, montou uma espécie de churrasqueira com pedaços de madeira e acendeu com sua varinha.


– Seria mais legal se estivéssemos no verão, e não estivesse frio aqui fora – ele esfregava as mãos e viu a namorada tentando cozinhar uns peixes para ambos comerem – Isso é um teste para sobrevivência, numa comunidade onde não há comida instantânea?


Rose virou seu rosto aparentando raiva para ele e lhe entregou um espeto com pedaços de peixes e abacaxi.


– É pra comer? – a pergunta de Scorpius foi respondida com a feição carrancuda que Rose lhe lançou – Delícia – exclamou antes de criar coragem e morder o espeto que a namorada havia lhe entregado.


Rose comeu seu espeto fazendo careta admirando o namorado saboreando a iguaria sem reclamar.


– Podemos entrar? Está frio – sugeriu o sonserino.


– Não.


– Você não está com frio? – ele perguntou surpreendido vendo a namorada tirar o grosso casaco de cima de si.


– Não, na verdade estou com calor, e você também poderia estar se estivesse junto comigo no fogo! – disse zangada.


Scorpius andou a passos curtos em direção á ela, quando quebrou a distância abraçou-a pelas costas.


– Seu coração está batendo muito rápido – ele falou preocupado.


– Deixe-me tirar meu blusão – ela se soltou dele retirando sua segunda blusa de frio – Está me aquecendo demais.


– Parece corada – ele constatou enquanto observava-a retirar seu cachecol e luvas ficando somente com uma blusa sem manga – Na verdade – Scorpius segurou os braços olhando atentamente – parecem ser manchas.


– Manchas? O que? - ela perguntou sem fôlego e começou a se coçar.


– Tem uma mancha enorme bem aqui – ele apontou para a bochecha esquerda dela.


– No meu rosto? – Rose questionou apavorada, coçando o local que Scorpius tinha apontado – Estou me sentindo meio tonta.


Ela deu um passo em falso e quase caiu se não tivesse sido segurada por Scorpius.


– Quer ir pra enfermaria? – perguntou preocupado.


– Não, não, não, não, não – negou com a cabeça – Estou bem.


Rose colocou a mão na boca e quase vomitou.

– Você também está com manchas – ela anunciou ao reparar o pescoço completamente vermelho dele.


Scopius começou a coçar freneticamente.


– Vamos pra enfermaria – decidiu, levando-a consigo.


xx


Sarah já havia patinado bastante com Hugo, com um copo de cerveja amanteigada na mão sentou ofegante ao lado de Lily.


As duas ficaram olhando a pista durante um tempo, o ruivo agarrava-se ás grades laterais ao tentar permanecer em pé.


– Cadê o Sam? – perguntou a loira displicente.


Lily apenas apontou a cabeça para um grupo de garotos conversando animados.


– Nossa – Sarah exclamou sem se conter – Um ótimo jeito de passar o dia dos namorados, com um monte de gente em volta.


– É... – a ruiva suspirou tristemente.


Escutaram um barulho de repente e viram Hugo no chão, bufando de raiva. Sarah não resistiu e caiu na gargalhada.


– Isso não tem graça! – ele gritou, tentando levantar-se novamente bem devagar.


– Parece que vocês estão se divertindo – Lily constatou.


– É, até agora ele não esta desapontando.


– Hugo é legal – a ruiva voltou a comentar.


– Qual o grande defeito dele? – Sarah perguntou curiosa.


– O que quer dizer? – perguntou sem entender.


– Por que, afinal, ele não está saindo com ninguém? Deve ter algum segredo por trás... – a loira disse interessada.


– Nenhum segredo. Só acho que ele não encontrou a pessoa certa ainda – Lily respondeu, olhando para baixo.


– Ele terminou com alguém, ou alguma coisa assim? – Sarah voltou a questionar.


– Não mencionou ninguém para mim – Lily negou com a cabeça.


– Namorada Trouxa?


– Acho que não. – voltou a negar com a cabeça.


– Sabe, não sei por que estou surpresa em ver que as meninas daqui são tão estúpidas que não reconhecem o cara mais legal do castelo.


– Bom... – Lily começou a dizer, gaguejando – Do que é que você gosta nele?


– Ele é aquele cara que você gostaria de sair, mesmo se estiver namorando outro, e ele é lindo, como aqueles de filmes. O cara que você quer que fique com a garota no final, que ninguém acha bonito, mas na verdade é.


Lily concordou com a cabeça, evitando encarar a irmã de Sam. Sarah levantou-se do banco, deixou sua caneca nele e voltou para pista, indo atrás de Hugo que ainda tentava se sustentar em pé, escorando nas grades laterais.


– Vamos – ela tentou o puxar para o meio da pista novamente.


Quando viu que ele relutou acompanhá-la, deu um puxão quase fazendo-o cair.


– Ok, já entendi.


– Você consegue – ela ria.


Ambos começaram a dar círculos na pista, sem desgrudarem as mãos.


Lily olhou para baixo e sentiu Sam sentar ao seu lado.


– Não sabe da maior, eu consegui me lembrar de coisas que fazia com eles – Sam apontava para o grupo com que conversava anteriormente – Tudo bem, que não lembro o nome deles agora, mas eu me lembrei de coisas Lils.


– Que ótimo – ela tentou lhe entregar um sorriso que no fim pareceu mais uma careta.


Voltou seu olhar para pistar e ficou a observar Sarah e Hugo.


xx


– Coça muito – Rose reclamou já na enfermaria sentada numa cama para madame Pomfrey.


– Realmente coça muito – concordou Scorpius sentado na cama ao lado.


– Estão com febre – a curandeira anunciou anotando num bloquinho – Qual foi a última coisa que comeram?


– A senhora quer dizer além de um abacaxi e um peixe num espeto? – Scorpius perguntou sarcástico.


– Peixe com abacaxi? – madame Pomfrey questionou quase rindo.


– Desculpe-me por tentar salvar nosso relacionamento – Rose disse raivosa.


– Deixando nós dois doentes? O que acontecerá no final? Terminaremos, casando ou morrendo? O que acha?


Rose lhe lançou um olhar cortante.


– Acho que é melhor calar essa boca Scorpius Malfoy, ou eu mesma irei fazer isso.


– Oh Droga! – o loiro disse antes de pegar um balde ao lado e vomitar – Não é necessário.


Rose seguiu o namorado, e vomitou em seu próprio balde.


– Enjoo, febre, alergia – enumerou a curandeira ao lado.


Ela pegou um livro e começou a folheá-lo tentando achar alguma resposta.


– Você não se importa com nada que façamos ou se importa? – Rose perguntou nervosa – Por você nosso relacionamento ia para o lixo!


– Você é uma neurótica e só fala, fala, fala – ele abria e fechava sua mão rapidamente – reclama, reclama, reclama.


– Essa é uma conversa muito madura Malfoy! Estou tão feliz de estarmos tendo essa conversa!


Scorpius abriu a boca para rebater, mas madame Pomfrey foi mais rápida.


– Descobri! – elevou sua voz para que ambos a ouvissem – Estão com uma intoxicação alimentar devido a peixe mal cozido.


Deixou seu livro do lado e pegou uma poção na cor azul, entregado um copo para ambos.


– Bebam isso, melhoraram amanhã pela manhã. Aliás, só saíram daqui amanhã. Boa noite!


Ela virou as costas e se trancou na sua sala, deixando ambos sozinhos. Eles apenas olhavam com desgosto pra a poção que deviam beber.


xx


– Mais esforço Weasley! Precisa de mais esforço! - ordenava Sarah.


– Eu já gastei... – ele tropeça no gelo e tenta manter o equilíbrio com os braços – uma infinita quantia – terminou de dizer sem fôlego, segurando-se nela.


Ela apenas riu e se soltou da mão dele.


– Então venha me pegar! – patinou para longe dele.


– Sim, isso com certeza irá acontecer – respondeu sarcástico.


– E se eu patinar mais perto? – ela riu e começou a patinar em volta dele, fazendo círculos.


– Eu posso bater em você, fazendo-a cair – ele constatou sensato.


– Tem certeza?


– Com certeza.


Ela se aproximou de Hugo, agarrou-o pelo casaco de frio com as duas mãos, aproximou ainda mais seus rostos.


– Eu desafio você a não cair.


Ela o soltou e voltou a dar voltas ao seu redor.


– Não estou caindo – disse o garoto orgulhoso.


– Espera – parou novamente na frente dele – Tem mais.


Inclinando-se Sarah selou seus lábios. Hugo passou a mão no rosto dela com os olhos fechados e quando ia aprofundar o beijo, perdeu o equilíbrio e ambos caíram no chão dando risadas.


– Me dê mais uma chance – pedia Hugo tentando se levantar enquanto Sarah já estava de pé.


– Já te dei uma.


– Melhor de três? – perguntou ao conseguir ficar em pé na pista de gelo.


– Só se conseguir me pegar – anunciou patinando para longe dele.


Lily olhou para baixo tentando evitar a cena que se seguia, Hugo e Sarah protagonizando um casal apaixonado.


– Quer falar sobre isso? – perguntou Sam.


– Conversar sobre o que? – questionou chateada.


– Hugo e Sarah – o namorado a encarou – Está te incomodando, posso ver isso.


– Porque me incomodaria se fui eu que disse para ele convidá-la para um encontro? – tentou fugir da afirmação de Sam.


– Olha, eu sei que alguma coisa aconteceu entre vocês dois quando eu estava fora, apenas me diga.


Lily engoliu em seco, era incapaz de mentir a ele.


– Como você sabe? Hugo...?


– Eu imaginei Lily! – disse zangado – Por que não me diz o que aconteceu?


– Porque isso não importa – evitou encará-lo.


– Bem, isso importa para mim.


Lily suspirou derrotada e resolveu confessar.


– Eu senti sua falta e ninguém realmente parecia entender. Então meu primo Hugo reapareceu, de certa forma, e entendeu... Então ficamos muito tempo juntos porque ele era o único que eu podia conversar, mas... – ela fechou os olhos quase rindo – Eu sei que isso pode parecer esquisito, mas sempre tinha a ver com você.


– No começo você quer dizer – comentou o jovem.


Ela mexeu em seus cabelos inquieta e voltou a falar:


– Uma noite, eu e Hugo tínhamos acabado de levar detenção por estarmos fora do castelo, e fomos, pra um determinado lugar, sozinhos, e... – Sam levantou as sobrancelhas, mas não disse nada esperando ela prosseguir – Ele me beijou.


– Você o beijou de volta? – Sam perguntou calmamente.


– Sim – confessou fechando os olhos.


– Antes ou depois de eu voltar?


– Você já tinha voltado.


– Nunca passou pela sua cabeça o que estava fazendo com nós dois ao mesmo tempo? – o garoto perguntou acusando-a.


Lily levantou-se do banco na qual estava sentada e resolveu se defender.


– Olha, o Hugo é meu primo, e o que aconteceu com a gente foi coisa de momento, antes de você me julgar por isso, pense em todas as coisas que fiz por você, pense nas horas que tive tentando convencer, nossa diretora, e meus pais, seus pais, a me deixarem ir te ver no hospital, para apenas pegar em sua mão, pense no quanto pesquisei pra convencer seus pais a fazerem a cirurgia trouxa. Eu não conseguia comer Sam, não conseguia dormir, não me concentrava nas aulas, perdi a maioria dos meus amigos. E quando você finalmente acordou, nem se lembrou de quem eu era – ela falava sem parar, tentando faze-lo enxergar aquilo que ela tentava se convencer - O que eu deveria fazer? Não sei mais!


– Eu também não sei – admitiu Sam – Apenas queria que tivesse sido honesta comigo, semanas atrás – Lily suspirou tristemente e voltou a se sentar ao lado dele – Quando eu saí do hospital, não sabia quem você era. Mas eu sei agora. E eu realmente gosto de você.


A garota encarou-o esperançosa.


– O único problema é... – Sam continuou – você não foi capaz de tirar os olhos dele o dia todo.


xx


Era sábado de manhã, Scorpius havia juntado a cama de Rose com a sua durante a noite turbulenta entre vômitos dos dois na enfermaria. A garota abriu os olhos devagar e o observou já acordado.


– Ei – ela cumprimentou.


– Bom dia.


– Oh Deus! – ela sentou-se na cama – as aulas!


– Hoje é sábado Rose, e provavelmente nem iria, lembra que ontem nem saiu do banheiro?


– Ohh – ela fez uma careta – nem me lembre.


Rose voltou a deitar e cobriu sua cabeça com a coberta que usava.


– Está conferindo se está nua? – perguntou Scorpius sorrindo fracamente – você não está, não se preocupe.


Rose tirou a coberta do rosto e deu um soco na barriga dele.


– Não – ele gemeu – meu estômago!


– Desculpe – ela se aproximou dele e deitou sua cabeça no peito de Scorpius – Desculpe por ontem também. Não queria dizer todas aquelas coisas, ainda mais no dia dos namorados. Eu só, não quero que fique entediado comigo.


– Minha neurótica – ele beijou o topo da cabeça dela apertando-a no abraço – Desculpe-me por ter feito você ficar paranoica, especialmente porque tem razão.


– Está entediado comigo? – perguntou e levantou a cabeça, encarando-o tensa – Eu sabia.


– Não, não – se apressou a dizer – estou de acordo em que ás vezes as coisas podem ficar tediosas e eu finjo que não. Você tenta fazer as coisas e ser original, e eu que devia fazer isso, porque, de vez em quando, nos cansamos um do outro e acho que isso é normal. Na verdade acho que é por isso que os adultos têm empregos.


Rose riu pelo nariz e respondeu:


– Possivelmente, não tem relação alguma com dinheiro.


– Ontem demonstramos que podemos fazer coisas sem precisar casar ou terminar e tudo mais.


– Vomitar juntos não conta com uma coisa nova – ela riu.


– Não, mas dormir juntos sim.


Ela sorriu, balançando negativamente a cabeça. Rose voltou a deitar a cabeça nos ombros dele.


– Sexo também seria uma coisa nova – ele disse marotamente.


Rose deu um leve soco na barriga de Scorpius.


– Meu estômago – gemeu.


– Desculpe.





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Notas finais do capítulo

N/B: Scorp, Scorp, você me mata de rir!!!! Adorei, morri mesmo, esse foi o Dia dos namorados mais fracassado de todos para o Malfoy e a Weasley, mas valeu a intenção né?
E... Uuuuuiiii. Toma Lily. Bem feito, vai ficar sozinha... la la la la la Sem Hugo e sem Sam. Quem dera né? Será que alguém vai ter a coragem de dizer para mim que o Shipper de Começar a Ser é Lily e Hugo e não Sarah e Hugo?
Porque a beta aqui está desejando com todas as forças que o Hugito fique com a Sarah, porque Winniezinha, você ainda não conseguiu me fazer gostar da Lily. Sorry...
Bom... Acho que esse foi o maior cap até agora. A Rose é uma neurótica fofa. E o Scorpius nervoso é engraçado. O Hugo arrasa. E eu quero um. Um Hugo gente. Mas pode chamar Matheus, ou Lucas ou James ou Arthur. Eu realmente não sou muito exigente com nomes.
É impressão minha, ou eu pareci um pouquinho desesperada nas frases acima? Quem liga?
Esperam que tenham gostado. Do cap, obviamente. E pergunta: Quem finalmente tá de férias aí?
N/A: Ei, desculpa a demora, vamos ver se ainda resta leitores meus aqui...
Então, eu tenho escrito até o capítulo 13 nessa fic, falta só mais um para termina-la, e agora com as BENDITAS férias (que sai hoje aliás) acho que o tempo vai ser melhor...
Então, o shipper não é Sarah e Hugo gente ahahahahahahha, mas é até bonitinho escrever eles e a Sarah é realmente legal, nem parece irmã do Sam...
Epa o Sam é legal também... pelo menos nesse capítulo...
E Scorpius e Rose é legal de escrever *-*
Quantos legal escrevi...
Enfim... espero que não tenham me abandonado, os meus capítulos nessa fic tendem a ser enormessssssss
Beijosssss